O sinal tocou, indicando o final das aulas. Grande parte dos alunos saíram apressados, exceto Marinette e seus amigos, que passaram cerca de dez minutos discutindo e combinando de irem ao cinema no final de semana.

— Ué, aquele ali não é o Luka? – Alya questionou enquanto saíam do prédio, vendo o irmão da sua amiga parado na frente da escola

— Mas a Juleka já saiu. – observou Adrien. Então o garoto se aproximou do grupinho, enquanto o coração de Marinette acelerava sem ela sequer ter notado.

— Oi pessoal. – cumprimentou, sendo retribuído por todos. – Marinette, será que eu posso falar com você?

— Claro, mas... Aconteceu alguma coisa? – questionou preocupada e ele olhou para os lados, inquieto. Ela não podia ver, mas as mãos dele estavam suando dentro dos bolsos do casaco.

— Não. Eu só... Precisava falar com você e não podia esperar. É... Podemos? – apontou com a cabeça para o lado, indicando que era um assunto particular.

— Podemos sim. – se despediu dos seus amigos e saiu na direção da sua casa, ao lado de Luka.

Depois que Alya e Nino foram embora também, Adrien permaneceu parado, observando a cena curioso. Logo seu carro parou na frente da escola e seus devaneios foram interrompidos por Nathalie, que chamava o seu nome.

— Então... O que você queria me dizer? – Marinette fitava as suas sapatilhas enquanto falava. Ficou um tanto envergonhada ao lembrar da declaração de Luka no dia em que ele foi akumatizado.

— A-Ah... Eu... – era difícil encontrar as palavras certas sem parecer rude ou muito invasivo. – Sabe... Eu estava pensando e... Meio que... – não conseguia completar uma frase, fazendo com que Marinette lembrasse de si mesma.

— Luka?

— O quê?

— Já chegamos na minha casa. – apontou para o local.

— Ah sim! – deu um sorriso sem graça. A casa de Marinette não era longe da escola e como tinha demorado para conseguir dizer qualquer coisa, já tinham chegado ao destino.

— Você quer entrar? – perguntou olhando para os lados. – Aí podemos conversar melhor.

— Ok, seria bom. – sorriu.

Após Marinette fazer uma rápida apresentação de Luka e seus pais – rápida mesmo, a fim de evitar qualquer constrangimento –, os dois foram para o quarto dela.

— Nossa, você tem bastante fotos do Adrien. – no fundo ele sabia o motivo. Contudo, não pôde deixar de perguntar à respeito.

— É, eu sou fã das criações do pai dele. – o que não deixava de ser verdade. – Mas enfim, pode ficar à vontade. – ela sentou na cadeira e Luka se acomodou no divã. – Então, pode me dizer o que você queria. – estava muito curiosa, não fazia ideia do que poderia ser o assunto.

Chegou até a cogitar que seria sobre a declaração, mas Luka parecia meio receoso e quando se declarou, foi bem objetivo. O que levava Marinette a acreditar que poderia ser outra coisa.

Luka respirou fundo, tomando coragem. Não sabia se era certo falar com ela sobre isso, só que ele precisava encerrar o assunto de uma vez por todas, caso contrário, teria um colapso guardando tudo para si.

— Eu estava pensando, sobre o dia que eu fui akumatizado. Você me perguntou se as coisas que eu disse eram verdade e eu fiquei imaginando que podia ter dito algo ruim.

— Ah não, não foi isso. – se apressou.

— Tudo bem. – balançou as mãos – É que eu fiquei tentando lembrar o que eu falei e acabei lembrando de outras coisas, tipo de ter roubado a voz da Ladybug.

— Uhum! – Marinette concordou, lembrando do ocorrido.

— E sabe, mais coisas vieram na minha cabeça, mais lembranças. E eu relacionei alguns fatos. – dizia devagar e com cuidado – Por exemplo, eu achei que tinha roubado a sua voz.

— Por quê? Você não chegou a roubar ela. – pelo menos como Marinette.

— Eu sei, mas eu lembro ter usado.

— Mas como?

— Então... A única garota que eu roubei a voz, foi a Ladybug. – a azulada engoliu em seco. Aquela conversa estava tomando um rumo perigoso – Você sabe que eu entendo de melodias, e sons. Eu não sei se é besteira minha, mas parece que eu os sinto. – Marinette escutava tudo com atenção – E hoje de manhã eu assisti alguns vídeos do blog da sua amiga pra ter certeza, e bem... A sua voz é idêntica à da Ladybug. Eu senti.

— O quê? – Marinette começou a rir nervosa. – Isso é loucura!

— Isso nos leva às inúmeras semelhanças que você tem com ela. E eu não falo somente de aparência. – ela se calou e ficou paralisada – Ambas são corajosas, altruístas, inteligentes e completamente incríveis. – as bochechas dela esquentaram. – Então você já deve ter imaginado aonde eu quero chegar.

— N-Não. – foi só o que conseguiu dizer, fazendo o garoto rir.

— Marinette, você é a Ladybug? – inclinou o seu corpo para frente, enquanto a azulada permanecia quieta e completamente surpresa por Luka ter feito toda essa relação dela com seu alter ego.

— E-Eu... Hã... – olhou para os lados atônita. Era fácil para Marinette negar a afirmação, mas era difícil negar a afirmação depois de tudo o que o garoto à sua frente tinha dito.

— Agora parando pra pensar, não consigo imaginar alguém tão incrível quanto você para ser a Ladybug. – sorriu, fazendo Marinette voltar seu olhar para ele.

— Luka... – ela suspirou pesadamente – Você não devia saber, é perigoso. – o moreno piscou os olhos, processando a confissão.

— Eu não vou contar pra ninguém, eu juro. – levantou e foi até ela.

— Sei disso, confio em você. – ficou de pé também e cruzou os braços, desviando o olhar – Só que você corre perigo sabendo do meu segredo e eu não me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você. – encarou Luka, que deu um sorriso sincero e se aproximou mais.

— Nada vai acontecer comigo. A cidade tem a melhor heroína de todas. – foi a vez de Marinette sorrir – E eu não estou falando exatamente da Ladybug.

— Como assim?

— A Ladybug é incrível, é claro. Mas você, Marinette... Consegue fazer tudo que ela faz sem precisar de um traje. – a azulada desviou o olhar novamente.

— Sim, mas a Ladybug é a parte que todos admiram. Sei que sou ela com ou sem a máscara, só que as pessoas não sabem disso e quase nunca enxergam a Marinette.

— Você está brincando? Antes eu já te achava maravilhosa, mas agora que eu descobri que você é a Ladybug... Você pode ser ainda mais perfeita do que isso? – sentiu suas bochechas esquentarem mais ainda, mesmo não achando possível – Eu já te amava muito antes de imaginar que você é a Ladybug. – ambos arregalaram os olhos, Luka por ter dito a última frase sem querer e Marinette por ouvi-la.

— V-Você me ama? – ele respirou fundo e assentiu.

— E tudo bem, eu sei que você não sente o mesmo. – Marinette suspirou.

— Eu vou ser sincera com você, já que você foi comigo. – aproveitou que foi invadida por uma onda de coragem – Realmente não posso retribuir os seus sentimentos por mim na mesma intensidade, mas eu gosto de você, Luka. Gosto mesmo. Eu fico nervosa quando você se aproxima e às vezes até gaguejo coisas sem sentido. Seu olhar prende a minha atenção e eu reúno todas as forças pra desviar e você não achar que sou um tipo de psicopata que gosta de te encarar. E eu não posso dizer que te amo, mas... – Luka colocou o indicador sobre os lábios dela.

— Já é o suficiente pra mim. – sorriu de leve e colocou a mão sob o queixo dela. Em seguida, fechou os olhos e se aproximou, encostando os lábios. Marinette se surpreendeu no começo, mas não demorou muito e acabou retribuindo.