Capítulo 40 – Um lugar que está entre sonhar e acordar

|NARRADOR|

Os dias em Pizzighettone estavam sendo tão ensolarados e animados quanto deveriam o ser. Divididos entre os que conheciam a cidade e os irmãos Hale. Isabella, Edward, Alice e Emmett tentavam seu melhor para deixar os irmãos bem misturados com seus amigos locais. Jasper sempre foi expansivo e extrovertido, para ele o que importava era estar confortável, já Rosalie – ainda que tão parecida com o irmão, poderia ser bem diferente.

O problema não era a família de Emmett, os Giolo-Swan-Prescott estava animados por estarem reunidos e, mais que isso, todos estavam completamente rendidos por Henri. O problema de Rosalie começava quando ela pensava e via todos os seus amigos tão entrosados com os amigos que ela não conhecia e, mais que isso, quase não tinha coisas em comum.

Entre os meninos da banda que estavam enterrados em ideias e projetos para aproveitar a estadia de Bella e Edward na cidade e Camila e Marco que pareciam tão doidos por Alice, Rosalie não sabia onde ela – uma mãe – poderia ter algo em comum com qualquer um deles.

Era fato que Lisa estar bem mais inserida no meio de todo mundo deixava Rosalie um pouco mais insegura.

Ela oscilava de completamente segura de si e do amor de Emmett, para completamente aterrorizada em perder tudo o que ela lutou tanto para conseguir. E ela realmente tinha lutado, a felicidade da família que ela construiu com suor não foi dada de bandeja para eles, era irracional que ela estivesse duvidando ainda de tudo, mas era difícil pensar que Emmett preferia toda a dificuldade que eles passavam à todo o comodismo, bons amigos e histórias incríveis que eles vinham vivendo nos últimos dias na cidade que roubara Emmett de Rosalie não uma, mas duas vezes.

Ainda que o pensamento viesse com força, Rosalie o obrigava a sumir com o dobro de velocidade, ela não ia parecer uma psicótica trazendo aquele tipo de insegurança para Emm, não poderia.

Para Emmett, o completo desconhecimento do que Rosalie estava pensando e sentindo vinham de sua plenitude completa. Entre dias agitados e noites calmas de um pai de família, Emmett pensava que nunca Pizzighettone pareceu tão especial, as pessoas o viram em seu pior momento da primeira vez em que esteve na cidade, depois o viram se descobrindo da segunda vez e agora, na terceira vez, as pessoas viam sua primeira versão, tão plena e completa que agora tinha uma miniatura e todos amavam seu pedacinho, como ele sabia que sempre teria que ser.

Ele estava brincando com Henri no jardim de seus avós enquanto Rosalie estava dentro da casa cuidando da louça – uma vez que ele havia sido responsável pelo almoço. Alec, Claire e Lorenzo estavam juntas as últimas coisas para que os cinco pudessem seguir para a fazenda dos Giolo.

Seria lá a virada do ano, Rosalie e Emmett negaram passar em Milão com os amigos e irmãos já que Henri não poderia passar daquela forma, seria agitado demais para ele, então decidiram em conjunto ficar com os “adultos” numa ceia simples.

Alec ainda estava incerto que gostaria de passar a virada do ano daquela forma, mas por agora gostaria de passar os dois dias que precederiam a virada do ano com a família.

Bella e Edward até cogitaram a possibilidade de ir com todos, mas Marco lançou a ideia de gravarem a música que eles fizeram como um single no começo do ano, então eles estavam no sub-estúdio da Italian Pack – que ficava na garagem dos pais de Lucca – prontos para gravarem o single surpresa da Italian Pack. Alice e Jasper estavam entre turistar a cidade toda e passar tempo com os pais dele – que estavam demandando uma grande atenção do filho, parecendo sentir todo o medo dele desaparecer novamente. Naquele momento, os dois estavam na fazenda dos Giolo, mas iriam para Milão o quanto antes fosse possível.

Rosalie passou na janela de frente da casa percebendo Lisa parada no portão, falando com Emmett e sorrindo.

Ela era mesmo muito bonita.

—Falou alguma coisa, querida? – Claire perguntou se aproximando da onde ela estava.

—Ó, não. Nada, senhora Giolo – Rosalie sorriu amarelo antes de voltar a atenção para a louça.

Discretamente Claire alcançou um canto da janela para ver exatamente o que estava incomodando Rosalie e segurou o suspiro ao guardar a mousse de chocolate na geladeira. Gostaria de dar algum conselho para Rosalie, mas a namorada do neto não era tão aberta quanto Alice e não era neta dela como Bella, por isso a mulher escolheu o silêncio. Se Rosalie não reclamou de nada, talvez gostaria de ser deixada sozinha.

Quando terminou de guardar as coisas, Claire disse a Rosalie que ficaria um pouco com Henri e Emmett lá fora esperando por ela.

—Joga a bola para o papai, filho – Emmett pediu sorridente.

Lisa ainda estava apoiada no portão da casa de Claire, lançava olhares esporádicos para Emmett e Henri, mas sua concentração estava focada no aparelho celular em sua mão.

Claire sabia que a menina era inofensiva, mas também sabia o quão difícil poderia ser para Rosalie, que não conviveu com Emmett na época em que ele viveu na Itália, ela não poderia enxergar a diferença palpável entre ele agora e ele na época.

—Como vai, Lisa? – Claire cumprimentou educadamente.

—Estou ótima, senhora Giolo. Achei que o pessoal da banda estava aqui, vou com eles para Milão, mas parece que fui esquecida – ela sorriu de canto – Estou esperando alguém me responder – ela explicou.

—Ora, querida, entre e espere aqui – a mulher sugeriu docemente.

—Eu a ofereci tudo o que a educação demanda, vovó, mas a chata está dizendo há dez minutos que só vai esperar por mais cinco – Emmett contou antes de arremessar a bola nos pés de Henri que gargalhou ao cair de bunda no gramado da casa da bisavó.

—Eu ainda tenho fé nos meus amigos – Lisa riu.

—A inocência nem sempre é uma dádiva, querida – Claire brincou se sentando na cadeira de balanço.

Todos os membros da banda, mas principalmente Lucca e Bobby, eram como netos para Claire também.

—Bisa – Henri gritou andando vacilante até ela que sorriu abrindo os braços para o neném.

Bobby logo apareceu e Claire expressou seu descontentamento por ele não se dignar a responder as mensagens que Lisa o havia enviado.

—Não se faz isso com ninguém, garoto – Claire brigou e Bobby riu abertamente.

—Vó, eu não respondi porque vim eu mesmo a buscar, como pode estar brava com tamanho cavalheirismo? – ele se fez de chateado.

—Pois que avisasse, ela poderia ter tomado um suco e se refrescado – Claire rebateu.

—Essa menina já é fresca demais – Bobby caçoou levando um soco no braço.

Depois de mais algumas provocações, Lisa e Bobby saíram de lá juntos.

Claire olhou para dentro da casa, Rosalie parecia distraída ainda, então a avó virou para Emmett que estava deitado na grama enquanto Henri estudava as flores que tinha no canteiro com cautela para não “machucar as plantinhas” como Emmett o lembrava vez ou outra.

—A mudança que você apresenta é palpável – ela falou distraidamente e Emmett levantou o olhar para o rosto esperto da avó.

—Estou escutando... – ele a encorajou sorridente.

—A primeira vez em que você esteve aqui eu fiquei verdadeiramente desconfortável. Você parecia terrivelmente perdido, os primeiros meses entre festas e rebeldias discretas, eu não gostava de o ver assim, foi um alívio quando você achou com o que distrair sua mente nos meses seguintes – ela narrava fingindo estar distraída com Henri – Depois teve a vinda compulsória, suas distrações foram mais saudáveis, deu tudo de si no trabalho, depois aqui comigo e seu avô... Mas você é mais parecido com sua mãe do que pensa – a mulher falou sabiamente.

—Vovó, a senhora já passou da idade de falar em enigmas – Emmett sorriu se sentando para a encarar sem o sol machucar seus olhos.

Claire riu, voltando a olhar para a cozinha antes de descansar o olhar no neto.

—Sua mãe amou seu pai à primeira vista e deu tudo de si rápido demais, o sentimento a apavorou e ela fugiu com você a tiracolo, mas teve que voltar. Na segunda vez foi ainda mais cruel, com Bella e você sem o pai de vocês... O que quero dizer é que você e sua mãe acharam que vocês eram pássaros e o amor era uma gaiola trancada, mas ele é uma gaiola aberta, ele é o sentimento de querer ficar mesmo podendo sair – Claire disse sabiamente e Emmett sorriu.

—Eu sei disso – murmurou – Agora eu sei – ele disse deixando seu olhar vagar para sua parceira pela janela da cozinha.

—E eu sei tudo o que você sofreu e o quanto não amou ninguém que esteve aqui porque seu coração já não lhe pertencia para você entregar para outra pessoa... Mas está certo de que todas as pessoas importantes têm conhecimento disso? – ela perguntou inocentemente.

Emmett franziu o cenho, estava surpreso com a indagação da avó.

—Rosalie sabe que vivo por ela, vovó... Tudo o que fiz nos últimos meses...

—Você falou? – ela perguntou surpreendendo Emmett novamente.

—O que?

—Sei que para você as coisas são claras, mas é porque você as viveu. Rosalie não pode entrar na sua mente se não deixar, Emmett – ela disse seriamente – Antes de tudo, ela soube da parte bonita da Itália, da parte divertida e calma, mas ela é sua companheira, tem que entender que nem tudo foram flores – a mulher falou seriamente.

Tinha mais coisas que dizer, queria falar sobre inseguranças e que sabia que Emmett amava Rosalie, mas foi interrompida por Alec, Lorenzo e Rosalie saindo da casa.

—Eu guardei tudo e ainda fiz companhia para a Rose já que o namorado dela é um lixo – Alec provocou.

—Namorado? – Rosalie brincou – Seu primo só me enrola, Alec, nunca me deu o título.

Emmett ainda estava meio passado com a insinuação de Claire, então o sorriso que ele deu para Rosalie foi errado e ela que, em outra linha de pensamento, ainda via a face bonita da italiana que roubou o coração de Emmett em pouquíssimo tempo da última vez que ele estivera lá, sentiu-se ansiosa e agitada.

—Sua mãe ligou, Alec? – Claire perguntou se sentindo um pouco culpada pelo clima instalado.

—Sim, disse que estão nos esperando na fazenda, tudo pronto como a senhora mandou.

—Decidiram o que vão fazer? – Lorenzo perguntou com Henri no colo que balbuciava para o bisavô – Espere, querido, sei que quer ir com o biso, mas seus pais também têm que deixar.

Emmett riu para o avô, se levantando.

—Vamos dormir lá hoje e depois decidimos o resto, não é? – Rosalie disse rapidamente.

—Sim – Emmett se conteve em dizer.

Alec começou a dançar exageradamente para ganhar a reação risonha de Henri que se divertia com as brincadeiras exageradas do garoto.

—Eu deveria ser seu padrinho, eu sei – Alec falou esticando o braço para Henri que escondeu o rosto no pescoço do bisavô.

—Claro, Alec, é o que ele queria – Rosalie ridicularizou antes de entrar para pegar a bolsa dela e de Henri.

Ela foi até o banheiro por um minuto, apenas um momento para se repreender. Emmett estava normal, eles se amavam, tinham um filho juntos, tinham construído uma vida, ainda a construíam diariamente, era irreal pensar que qualquer coisa estava errada por conta de inseguranças infundadas. Ela tinha que ser racional.

Os cinco seguiram para a fazenda, Emmett no volante com Lorenzo no passageiro e os outros três atrás, Rosalie segurando Henri firmemente, insegura com a falta da cadeirinha.

Na fazenda foi mais fácil para ela relaxar. Alice estava roubando a cena como era de costume e Jasper era apenas complemento para a personalidade chamativa da amiga. À noite, quando foram embora, tentaram convencer Rosalie e Emmett que a ideia deles irem era imprescindível, que seria um show grande o que Bella e Edward fariam e que eles iriam os querer por lá.

—Sejam razoáveis, a gente não está negando nada, apenas pensando em como fazer para nos divertirmos com você, mas também deixar Henri curtir a família toda – Emmett disse quando foi abrir o portão da fazenda para os amigos.

—Vocês são os maiores festeiros de nós seis e todos sabemos disso. Henri não entende o que é a virada de ano, Emm – Alice disse por sobre Jasper que parou no portão aberto.

—Sejam bonzinhos e venham comemorar comigo, eu estava morto no ano passado – Jazz brincou recebendo um beliscão de Alice.

Mesmo que ela tivesse dado risada da colocação dele, ainda parecia estranho eles brincarem com aquele momento da delicado.

—Eu vou tentar conversar com Rosalie, a convencer que vai ser legal... – Emmett prometeu.

—Escravoceta— Jasper zombou antes de se despedir do amigo e começar a seguir o GPS que os levava para o apartamento de Matteo e Camila.

Jasper e Alice ficariam lá já que Bella e Edward estavam com Bobby e Lucca.

Emmett fechou o portão e voltou para a residência do avô. Maggie, Chelsea e Alec estavam na piscina e Emmett entrou atrás de Rosalie e Henri, já que estavam lá também da última vez que ele checou.

—Alguém viu minha mulher e meu filho? – Emmett indagou na cozinha que era um dos ambientes mais cheios da casa entre sua mãe, tias, tios e pais.

—Sem casamento não tem título – o pai dele provocou arrancando uma risada de Emmett.

—Rose foi dar banho no bebê para o sono dele da tarde, filho – Renée contou lavando algumas formas.

Ela estava orgulhosa de ver o quão boa mãe Rosalie era para seu neto, a menina que Renée viu crescer era realmente cuidadosa e muito atenta a todos os sinais que o filho apresentava, tomava todos os cuidados necessários e não foi relapsa nem por um segundo, isso desde que ele era um bebê ainda menor do que era agora. Um dos muitos arrependimentos que Renée sempre carregaria seria ter perdido a oportunidade de apoiar a forte mulher desde os primeiros momentos de sua gravidez.

Emmett subiu as escadas de duas em duas e entrou no quarto já preparado para que Henri tirasse seu cochilo, mesmo que ele ainda ouvisse vozes abafadas no banheiro da suíte em que eles dormiriam.

—Rose? – Emmett deu duas batidinhas na porta antes de entrar no banheiro.

—Imaginei que fosse chegar a tempo de o trocar – ela sorriu pelo box transparente.

Emmett cuidou e trocou seu filho, deixou o quarto fresco e cobriu o peito de Henri com o lençol de algodão, começando a cantarolar para o filho dormir em seu peito. O neném adorava sentir as vibrações que o peito de seu pai fazia enquanto cantava, era uma das formas favoritas de Henri dormir desde que era um recém-nascido.

Rosalie entrou no quarto e se trocou observando por um momento os dois homens de sua vida.

—Vou descer para checar se estão precisando de ajuda... – ela avisou com a voz branda, mas antes que pudesse alcançar a porta, a voz baixa a impediu.

—Espera, senta um pouco na varanda, eu preciso falar com você – Emmett pediu sério.

Rosalie repetia para si mesma que estava sendo psicótica novamente. Ele não ia terminar com ela.

A varanda que era padrão em todas as suítes do segundo andar da mansão que Lorenzo construiu na fazenda, eram pequenas, tinham duas cadeiras e uma pequena mesa, a ideia de Claire era que, quem quer que ficasse nas suítes, pudesse ter um café da manhã mais pessoal, se assim desejassem.

Emmett encontrou Rosalie encarando a extensão das plantações de café de seu avô. Ela parecia tensa e ele se fez presente ao ajoelhar na frente dela, segurando suas mãos.

—O que que eu estou perdendo? – ele perguntou docemente.

Rosalie se surpreendeu com a indagação.

—Sobre o que você está falando? – Rosalie devolveu.

—Por que está quieta e negou que Alec se referisse a você como minha namorada? – Emmett pediu.

—Ursão, era uma brincadeira...

Emmett negou com a cabeça, sentou nos calcanhares sem deixar de encarar o rosto e Rosalie ou soltar suas mãos.

—Você quer segurança? Quer um pedido de namoro ou noivado? Eu peço, agora mesmo, vai ser ridículo porque estou sem um anel, mas eu estava pensando, lembra aquele filme que a gente fala que é o favorito da Alice, mas todos sabemos que é o Jasper quem gosta de ver? Sex and the City? O narigudo pede a Carrie em casamento com o sapato dela, se você tirar o sapato agora eu te falo tudo o que tenho para te falar – o homem disse aflito, sua boca cuspindo tudo o que sua mente gritava.

A mente de Rosalie deu três voltas antes de ela sorrir docemente para o parceiro.

—Posso ficar com o sapato e ainda escutar o que você tem para dizer? Do que exatamente você está falando? – ela riu se agachando para mais perto dele.

—Estou falando do que eu sinto por você. Do quanto eu te amo – ele disse apressado, segurando o rosto dela entre suas mãos – Não sei em que universo paralelo minhas atitudes deixaram espaços para interpretações estranhas e distorcidas sobre tudo o que eu sinto, mas eu preciso que você entenda, que saiba Rose. Quando eu estou bêbado demais para tirar a mão da sua bunda, é eu te dizendo que se eu pudesse eu colava a minha mão em você para nunca deixar de te tocar. Quando estou bravo demais e bato portas porque não quero falar com você, é porque eu te amo e mesmo contos de fadas tem momentos tensos... O momento em que eu me ajoelho em sua frente – ele disse posicionando o joelho no chão e a encarando – E digo que eu te amo desde sempre, é o que eu quero dizer isso, realmente é verdade – ele sussurrou – Quer títulos? Case comigo! Quer certezas? Eu te juro, Rose, ninguém nunca foi mais que você. Você é tudo, tudo, meu amor – ele jurava veemente sem titubear – Lisa foi um momento, uma linha da minha história e não estou a diminuindo, apenas constatando um fato. Você é minha história, Rose, não tem uma felicidade que não carregue você, ao menos, no fundo da memória – Emmett sussurrava tudo aquilo enquanto ele e Rosalie choravam um na frente do outro.

—Eu te amo – Rosalie murmurou o abraçando.

—Eu também amo você, mais que tudo – ele jurou devolvendo o abraço fortemente.

Os dois ficaram ajoelhados no chão por um tempo enquanto Rosalie pensava em tudo o que ele dissera e ela percebeu, entendeu que ela só queria escutar aquilo, era só isso. Ela queria saber que ele sentia toda aquela infinidade de coisas, assim como ela também.

—A gente não vai casar – ela fungou se separando dele – Ao menos não agora – ela se corrigiu tranquilizando a feição surpresa de Emmett – Eu quero me formar e quero que você se forme também. Eu não preciso de título nenhum, eu só preciso saber que ainda somos Rose e Emm, as mesmas pessoas que saíram de Forks com um bebê a caminho apenas porque confiaram um no outro cegamente – ela disse para ele, lhe acariciando o rosto com calma – Era tudo o que eu queria saber, que tudo o que meu peito grita é recíproco. Que você é meu, tanto quanto eu sou sua, como sempre fui sua e nada mais importa – ela disse colando a testa na dele.

—Então você não aceita se casar comigo? – Emmett perguntou zombeteiro – Droga, o carma de zoar o Edward veio morder minha bunda – murmurou se fazendo de chateado e Rosalie abraçou seu pescoço, rindo da paspalhice do homem.

—Não vou nem te responder – ela murmurou roçando os lábios nos dele.

—É um talvez? – Emmett indagou baixo, abraçando a cintura da mulher.

—É um “me pergunte dentro de alguns anos quando nossas vidas estiverem mais estáveis”, que tal?

—Parece sensato – ele sorriu colando os lábios nos dela.

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No dia seguinte, todos foram para o apartamento de Camila e Matteo passar a tarde de folga que Marco concedeu à banda antes do grande show. Bella e Edward estavam fazendo passos tolos de danças sob cantaroladas de uma das músicas mais animadas da banda, enquanto Camila gargalhava esparramada no sofá.

—Que foi? Você não gostou? – Bella perguntou se fazendo de ofendida ao fim da apresentação.

—Eu amei, é claro. Vou chamar vocês de Backstreet Couple— ela zombou fazendo Jasper gargalhar da cozinha.

—Eu gostei do apelido, Mimi...

—Vou patentear – ela falou animada para o garoto.

Concentrado em finalizar seu brownie, Jasper alcançou a tábua para picar o chocolate em barra.

—Você é muito melhor que o Emmett, Jazz, eu faço a troca... Perdoo até que você foi o último membro a deixar a versão fracassada da nossa banda – Matteo riu se sentando numa bancada do balcão que separava a sala da cozinha.

—Você respeita a American Pack porque ela é mais velha e falecida – Jasper bufou.

Lucca, Marco e Alice entraram no apartamento explodindo em gargalhadas altas antes que Matteo tivesse chance de replicar o novo amigo.

—Vocês não esqueceram de ninguém quando vieram para Milão? – Marco indagou se jogando no sofá perto de Camila.

—Que? – Bella perguntou confusa.

—A Lisa mandou mensagem para quem? – Alice indagou sabendo que tinha sido para Bella.

A amiga tampou a boca com a feição culpada.

Na noite anterior, quando Alice e Jasper saíram da fazenda, os membros da banda se separaram em dois carros para irem para Milão também. Lisa ia trabalhar no pub, mas Bella havia se comprometido a esperar por ela.

—Eu esqueci completamente... Ela mandou num momento tão errado – Bella corou e Edward riu se lembrando dela jogando o celular no chão quando ele tirou a roupa para tomar banho.

—Ugh! Vocês são muito sem vergonha ou pudor sobre compartilhar a vida sexual de vocês, saco – Alice bufou – O Edward é meu irmão, tem coisa que eu não quero saber – ela fingiu chorar ao se esconder nas costas de Jasper que ria.

Lucca deixou o leite que Jasper pediu na bancada recebendo um “obrigado” em meio a risadas.

—Seu bem-estar nunca nos impediu de nada, Alice – Edward sorriu sacana para Bella que beliscou o pescoço dele.

—Ignorem, a gente não transa, estamos esperando o casamento – Bella riu com todos na sala.

—Casamento dos nossos pais, só se for – Edward murmurou arrancando uma carranca de Bella.

—Mas e a Lisa, hein? – Matteo perguntou voltando para o ponto inicial da conversa.

—Ah, então, Bobby foi buscá-la – Lucca contou prendendo os lábios para segurar a risada.

Camila e Matteo se entreolharam antes de soltarem, em uníssono, um barulho de vaca, deixando Alice, Bella, Edward e Jasper confusos.

—Vocês não perceberam? – Lucca gargalhou sentando-se ao lado de Edward no chão.

—O que? – Alice demandou curiosa.

—A gente vinha percebendo há algum tempo, na verdade, desde que ele apresentou a música dele para a banda – Marco contou animado.

—Fofoca, gosto. A dele é aquela “Não tem jeito”, né? – Alice indagou curiosa.

—Sim, e lembra que eu te falei que a gente estava desconfiando que era uma música bibliográfica? – Lucca indagou animado.

Alice assentiu rapidamente.

—Não mentimos, começamos a investigar a fundo, a Tina foi a cabeça da operação – Lucca continuou.

—A demônia é a mais fifi da galera e sempre faz que não quer saber – Camila bufou.

—Eu conto! – Marco demandou – Agora que já passou podemos dizer que a gente ficava zoando, achávamos que a música poderia ser para você. O Tato até zoava que nosso EP deveria chamar Alice porque tinha a música do Lucca e depois a do Bobby – Marco falou se interrompendo.

O silêncio reinou na sala, Jasper estava concentrado na receita que lia no celular, então levantou a cabeça percebendo o clima tenso que ficou na sala e riu para dar a certeza que estava tudo bem, Alice sorriu para ele.

—Style já era minha música favorita do EP – ele brincou – Continuem que eu gosto de cozinhar com fofoca de fundo – ele pediu voltando sua atenção para a receita.

Alice sorriu suspirando, antes de voltar sua atenção para Marco que tinha se recomposto.

—Maturidade é bonito né, enfim, mas o fundamento de tudo era: Bobby sempre se dispõe a ir para Pizzighettone só para levar a Alice com a desculpa de ver os pais, qual a chance de ser real se ele fala todo o santo dia com eles por telefone e, de quebra, jogou a música na nossa cara? Não né... Mas daí o highlight foi: Alice foi embora e as viagens para Pizzi não pararam, ou seja, nossa musa era de lá – Marco contou.

—Gente, quanta enrolação. A musa é a Lisa, okay, alguém põe a música que eu quero ouvir a letra pensando nessa fofoca – Jasper demandou começando a untar a forma.

—Olha a audácia da pessoa. Nem parece que chegou semana passada – Marco falou alto fazendo Jasper rir.

Alice conectou seu celular na caixa de som de Matteo e colocou a música para rolar. O refrão dizia muito: “Mas não tem jeito que não vamos chegar lá, com o jeito que estamos olhando um para o outro, não tem como não ir lá. Cada segundo com você eu quero outro, mas talvez possamos esperar por um segundo, então poderíamos manter essa tensão sob controle. Não tem como não chegarmos lá, com o jeito que estamos olhando um para o outro”.

—Eu estou impactada – Bella dizia com a boca aberta – Não sabia que precisava deles juntos até pensar neles juntos.

—NÃO – Camila gritou rapidamente – Não cita nada, a gente não sabe de nada para todos os efeitos. Uma vez o Matt brincou com isso meio bêbado e a Lisa ficou completamente na defensiva, Bobby ficou bravo ein!? – ela avisou e Bella arregalou os olhos, concordando.

Fingiu que trancou os lábios e jogou a chave fora e, aos poucos, a conversa foi se dissipando.

—Trinta minutos – Jasper anunciou e se deitou na poltrona desocupada.

—Faz sentido você cozinhar mal agora que sei que o Jasper cozinha bem, Lili – Camila comentou inocentemente.

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Não foi tão difícil assim para que Renée e Esme convencessem Emmett e Rosalie a irem com Alec, Chelsea e Maggie para Milão, todos os primos de Bella e Emmett estariam em Milão, no bar que a Italian Pack tinham escolhido para tocar no ano novo, era o favorito deles.

Rosalie se vestiu e ficou colada em Henri até o último momento e, apesar do nervosismo de o deixar em uma festa importante como aquela, ainda assim, ela sentia a necessidade de estar apenas com Emmett como tinham feito tão poucas vezes desde o nascimento de Henri.

—Promete que me liga se acontecer qualquer coisa, tia? – ela pediu à sogra que riu.

—Claro que não, até parece – Renée riu abertamente – Prometo que te ligo meia-noite se ele estiver acordado, fora isso, eu só prometo que vou cuidar dele como se fosse meu único e amado neto – ela disse abraçada a Henri.

Rosalie sorriu de canto, percebendo o quão tola parecia.

—Desculpe, eu confio na senhora...

—Sei que confia, querida, não tem que se desculpar de nada. Eu sei que é sempre complexo nos separarmos dos nossos filhos, mas é necessário e você não o está deixando com uma desconhecida, sou eu e seus tios e mais muitos adultos que tudo o que querem é ver cada piscada que Henri dá. Prometo que cuidarei dele e você pode se divertir e até beber – Renée falou e Rosalie assentiu.

—Obrigada, mesmo – falou de coração, já que não saberia nem se confiaria na própria mãe para fazer aquilo, mas em Renée confiava. Verdadeiramente ignorando todo o começo da gravidez como ela e Emmett faziam desde o aniversário de um ano do filho deles.

Anne seguia reticente com a aceitação do bebê, mesmo que brincasse com ele, era claro que não era com a mesma adoração que Renée tinha.

—O HENRI CAGOU? – elas escutaram Alec gritar de algum cômodo mais distante.

Rosalie revirou os olhos.

—Alec é a única coisa que liga a parte extravagante de Emmett à família – Renée comentou fazendo Rosalie rir.

—Faz sentido.

Em Milão as coisas foram muito animadas, tão animadas quanto se lembravam do aniversário de Bella, mas com ainda mais pessoas. A Italian Pack fez um show ótimo, ganhou três rodadas de shots do dono do pub e, juntos, fizeram a contagem regressiva em cima do palco, logo os casais estavam presos em si enquanto Lucca e Alec se juntaram com Bobby e Lisa, rindo de amenidades esperando todos voltarem.

—Eu mal posso esperar para ser sua esposa – Alice sussurrou nos lábios de Jasper – Eu te amo tanto, obrigada por voltar para mim, Jazz, obrigada por estar aqui – ela falou e ele fungou.

—Obrigado você pode me aceitar com todas as minhas lacunas – ele disse antes de a puxar para um novo beijo.

Rosalie e Emmett colaram as testas depois de um beijo longo compartilhado, os dois ainda de olhos fechados sentindo a explosão de sentimentos que dividiam.

—Juntos – Emmett disse para Rosalie, arrancando um sorriso amplo dela, que abriu os olhos.

—Nem um centímetro de separação – ela confirmou colando-se ainda mais nele.

Isabella estava sentada no colo de Edward, abraçada ao pescoço do namorado.

—Você sabe que eu quero me casar com você – Edward falou arrancando uma gargalhada de Bella que se separou um pouco para olhar para ele.

—Ouvi isso em algum lugar – ela brincou.

Apesar do sorriso, os olhos dele demonstravam a seriedade do que o que ele falava.

—Eu estou falando sério, eu realmente quero isso – ele disse.

—Você está bêbado – ela acusou sentindo o coração bater mais forte.

—Eu estou bêbado, mas eu te amo com tudo o que tenho. E amanhã eu estarei sóbrio, mas você ainda vai ser tudo  o que eu preciso – ele jurou – Não vou mais banalizar esse pedido, a próxima vez que eu propor isso vai ser sério, Bella, não toma mais como brincadeira, está bem? – ele falou e ela concordou com um aceno de cabeça.

Os assuntos sérios foram deixados para o lado quando todos os casais e solteiros se reuniram voltando a beber como comemoração para o ano novo.

Alguns diriam que todo o cachê da banda foi gasto na consumação que eles fizeram no pub, mas eles não conseguiriam confirmar ou negar completamente aquela ideia. Jasper ajudou Edward a chegar no andar do apartamento de Bobby enquanto Emmett carregava Isabella com Alice e Rosalie logo atrás.

—Puta que pariu, eu exagerei – Bella disse completamente jogada no colo do irmão.

—Imagina, Bella, que isso – o mais velho zombou.

—Jazz, se eu vomitar em você, você vai ficar bravo comigo? – Edward perguntou de forma embolada fazendo Jasper rir.

—Feliz eu não vou ficar – ele ofereceu – Que tal irmos para o banheiro? – ele sugeriu.

—Não – Edward se ajeitou na postura rapidamente – Onde está a Bella? BELLA? – ele chamou olhando ao redor.

—Emm, o Edward está me chamando – Bella falou se remexendo.

Emmett a ajudou a ficar de pé dividindo risadas com Rosalie, Alice e Jasper.

—Amor, você está bem? – Bella perguntou quando Edward se aproximou.

—Você está, vida? – Edward perguntou e os dois se beijaram sem ninguém responder nada.

Dentro do apartamento dos amigos, Bella e Edward se jogaram no sofá sem se importar. Como Lucca foi dormir na casa de Marco com Bobby, o apartamento era para os seis naquela noite. Alice arrumou a cama de Lucca para ela e Jasper enquanto Emmett arrumava a de Bobby para ele e Rosalie.

—Eu estou passando mal, vida – Bella murmurou para o namorado.

—Quer ir ao banheiro? – Edward indagou recebendo uma afirmativa de Bella e, meio cambaleantes, os dois chegaram no banheiro principal do apartamento.

Os outros quatro se concentraram em se arrumarem para dormir já que também estavam exaustos, o relógio de cabeceira de Lucca marcava seis e quarenta e dois da manhã, não era choque para eles o por quê de estarem tão esgotados.

—É melhor nós irmos checar o casal? Eles ficaram quietos demais – Jasper disse para Alice que quase caia na inconsciência.

—Quem falou que tem que levantar e checar – Alice murmurou com humor.

As risadas altas de Jasper no corredor do apartamento despertou os outros três, fazendo Emmett ir checar se estava tudo bem e as portas abertas dos quartos trouxeram a voz de Jasper clara para os ouvidos de Rosalie e Alice.

—Gente, essa é a coisa mais nojenta e linda que eu já vi, eu juro – ele falou alto a caminho da sala, apressado para pegar seu celular.

Edward tinha prendido o cabelo de Bella de um jeito doido com o prendedor de cabelo que sempre carregava em seu pulso, ficou acariciando as costas dela, mas logo foi tomado por uma ânsia e, quando Bella olhou para ele foi mais para o lado, agora os dois acariciavam as costas um do outro com os rostos enterrados na privada.

Na porta do banheiro, os quatro irmãos se prensavam para ver a cena.

—Eles são muito apaixonados – Alice riu alto.

—Cupido dos alcoólatras junta mesmo os corretos – Jasper riu tirando foto – Estou lembrando do Aidan falando que eu deveria namorar a Bella, eu não ia dividir privada de vômito com ela nem em duzentos anos.

Bella parou de acariciar Edward por um minuto, levantou a cabeça e mandou um dedo do meio para Jasper.

—Saiam daqui, seus nojentos – Edward pediu tentando chutar a porta.

Não acertou, mas os quatro saíram quando ele voltou a vomitar, fazendo careta.

—As escovas de vocês estão na pia do banheiro – Emmett avisou colocando a necessaire de Bella ali antes de  voltar para a cama.

Bella e Edward foram piada na roda de amigos e também na família quando a história e as fotos começaram a ser espalhadas, mas não realmente se importaram e acabaram achando bem adorável depois de passada toda a ressaca, mesmo que não se lembrassem do momento.

Diferente do ano passado, a vida dos seis não estava em pausa ou a ponto de explodir em uma das piores coisas que aconteceu com eles. Os seis estavam bem e juntos, realmente prontos para todas as coisas que estavam chegando no caminho deles e, mesmo assim, ninguém conseguiria projetar tudo o que a vida tinha planejado para o próximo ano deles.