happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 21
Recuperamos a tranquilidade, pensando como acabaremos por dentro




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Capítulo 21 – Recuperamos a tranquilidade, pensando como acabaremos por dentro

|ALICE|

Deitei no sofá de acompanhante, inquieta. Rose estava concentrada no filme que passava, mas eu precisava falar com ela – ao mesmo tempo que, se ela não tinha trazido o assunto à tona, eu pensava se era correto preocupá-la com aquilo. Ou até mesmo, dar uma esperança que poderia ser infundada, mas não parecia. 

—Por que está tão quieta? – perguntou quando o comercial apareceu.

Suspirei e sentei-me, resolvendo que a deixaria conduzir a conversa.

—Tantas coisas acontecendo em tão pouco tempo, não sei como ficar – confessei e ela sorriu de canto, abaixou a cabeça encarando as mãos.

—Eu estou pensando nele sem parar. Não aguento a ideia de que meu filho não o conhecerá, que não é com ele que você vai se casar, que ele não vai poder discutir comigo sobre coisas que ele acha saber antes de mim, que não vai mais me tranquilizar só com um olhar – ela suspirou pesadamente – Estou morrendo, uma parte minha foi com ele...

—O que você sabe sobre isso? – perguntei curiosa.

—Papai disse que o avião caiu e não houveram sobreviventes...

—É mentira – falei rapidamente, levantando-me e indo para o lado dela.

Rose olhou-me, confusa, limpou as lágrimas e ficou me encarando. Perdi a coragem diante ao seu olhar quase suplicante. 

E se eu estivesse errada?

—Alice, diga o que quer dizer. Como assim “É mentira”?

Contei a ela sobre o que aconteceu naquela manhã no quartel de Jasper. Sobre a pose de seu pai e a mulher que nos atendeu e parecia tão sem informações quanto nós mesmos. Apontei que a base de Suffolk só deu parte do desaparecimento dele, não havíamos recebido certeza alguma de morte e, mesmo assim, foi a informação entregue pela base de Nova Iorque.

—Como...? – Rosalie parecia sem chão, pasma, assombrada com a possibilidade.

—Rose, desculpa, mas tenho que falar isso, tenho que contar a história inteira para que sua mente possa ser formada sobre isso. Se nós duas nos negarmos a assinar os papéis de liberação da certidão de óbito, seu pai fica de mãos atadas. Jasper é um transferido em Suffolk, a base concreta dele é aqui, o que significa...

—Que nós somos as responsáveis por ele – ela completou e eu assenti, gostando que ela estivesse entendendo o meu ponto com rapidez – Não sei o que fazer, meu pai disse que traria alguns documentos para eu assinar, Alice, por que meu pai quer dar o meu irmão como morto sem provas? – ela perguntou quase magoada demais.

Eu não fui muito imparcial nesse julgamento. Conversei com Bella e Edward sobre e eles pareceram sensatos com as colocações que fizeram então resolvi oferecer à Rose, exatamente, o ponto de vista do meu irmão e minha cunhada, para que ela pudesse criar seu próprio julgamento.

—Ele é pai, Rose, a notícia da morte é dolorosa e deve causar um torpor sinistro na mente dele. Imagine você receber uma notícia dessas, mas mais que isso, como chefe da família ele se sente responsável em entregar a você e sua mãe uma certeza. E o “não” é melhor que o “talvez” nesse caso, porque, sim, as possibilidades apontam para a morte dele, mesmo que ele tenha conseguido sair do avião antes do mesmo cair, ele caiu em local de guerra e ele é novo nessa coisa toda – falei com o coração comprimido, como se falar aquilo desse força à ideia – E pode ser que o corpo dele nunca volte. Seu pai não quer enterrar-se na possibilidade, quer resolver, quer que Jasper seja lembrado por tudo o que fez e seja condecorado por seus feitos, ele foi um bom soldado – falei quase um discurso perfeito da fusão de ideias entre Bella e Edward.

Por outro lado, Rosalie permanecia impassível. O rosto preso em uma emoção neutra que fez meu coração acelerar, querendo mais que nunca poder ler a mente dela, entender o que ela pensava.

Ela encarou-me com os olhos frios, os semicerrou parecendo que conseguia ver a minha alma, então negou com a cabeça devagar.

—Okay, Bella ou Edward, aceito a ideia empática de vocês e aceito entender esse lado, mas agora preciso da sua opinião, Alice. O que você acha sobre isso? – perguntou Rosalie séria e eu respirei fundo.

Ela agiu exatamente igual a Jasper e aquilo me deu coragem para bufar alto e bater o pé no chão como eu sempre fazia quando estava brava com algo.

Ele achava muita graça dessa atitude infantil.

—Que seu pai está longe de sua consciência. Que ele pensa que está dando a Jasper uma paz louca porque, sei lá, talvez se sinta culpado por interferir com tanto afinco sobre o seu futuro e quase ter te perdido. Jasper não falava muito com eles, provavelmente o deixou como responsável por ele porque sabia que seria bom ter o amparo legal, mas ele escolher tio Charlie como seu segundo responsável mostra que ele queria alguém sensato e imparcial para colocar senso na cabeça de seu pai porque sabemos que quando a questão é você e Jasper ele fica completamente irracional – falei numa enxurrada de palavras, mas Rosalie encarava-me mostrando que entendia o que eu dizia.

—E sobre a morte dele?

—Não diga morte – falei séria passando os dedos pelo meu cabelo – Ele não morreu, Rosalie. Desculpe-me, eu posso estar errada e tenho essa consciência, mas entenda que, no meu coração, na parte mais pertencente ao Jasper que ele bate, eu não consigo acreditar que ele esteja morto e, a única forma da minha aceitação acontecer será quando eles entregarem o corpo sem vida do seu irmão – falei sincera – Mas eu não acho que serão capazes.

—Mas você disse que a probabilidade...

Eu respirei fundo porque aquilo era o que vinham tentando me fazer engolir desde manhã cedo. As “probabilidades”.

—São nulas – falei séria – Não de que ele esteja vivo, mas de que alguém saiba dele. Não há probabilidades de alguém, além ele mesmo, saber sobre qualquer coisa. Porque foi ele quem me prometeu que voltaria – continuei e encarei Rose – Eu sei que você é a irmã dele, ainda mais gêmea. Não esteve sem ele nem por um dia da sua vida e agora foi posta contra meses de espera, mas entende que, em meu ponto de vista, no lado que eu defendo, Jasper é ponto fora da curva.

Ela ficou quieta, seu lábio inferior começou uma batalha contra seus dentes enquanto ela encarava-me, fria, calculista. A televisão com o filme que passava foi esquecida. Reparei nos dedos dela batendo com certo ritmo em sua cama e eu resolvi que daria uma última opinião e então a decisão era dela.

—Eu não vou assinar nada – contei e ela voltou a me encarar – Mas você pode liberá-los de procurar o seu irmão, não há problema algum nisso e não se sinta compelida a fazer nada só porque eu penso que é o correto. Se for o que precisa para dar um fechamento a qualquer coisa, se for ser mais feliz aceitando a morte dele, sem provas, está tudo bem, mesmo, não julgarei – falei sincera – Mas se um por cento da sua mente está concordando comigo, peço que não assine os papéis, Rose.

Ela travou o maxilar e reparei que uma lágrima solitária fugiu de seus olhos antes dela limpá-la com certa raiva, então negou com a cabeça rapidamente e eu reparei que ela tinha se decidido e, sim, Bella e Emm eram os mais cabeças duras do grupo. Mas desde a infância, Rose e Jazz tinham alguns pontos que eles se decidiam que era mais fácil arrancar a cabeça deles fora do que tirar a ideia de lá.

Algo em meu íntimo avisou que eu estava diante de um daqueles momentos.

—Que me perdoem, mas não posso ser racional com isso – ela começou e então riu um pouquinho – Não há uma só razão que eu possa pensar que me faria preferir aceitar a morte de um filho meu do que agarrar o fino fio de esperança de que ele talvez esteja vivo. Eu sou mãe agora, Lice, sei do que falo – Rose concluiu.

Fiquei a encarando, confusa.

—Henri Jasper sobreviveu à uma noite complexa, porque lutamos juntos contra. Não vou soltar a mão do meu irmão – ela disse e eu ampliei meu sorriso – Vamos juntas contra meu pai, mas não vou liberar ninguém de procurar o meu irmão, nem que para isso nós mesmas tenhamos que ir retirar cada pedrinha daquele lugar – ela falou certa e eu sorri, porque a força dela me deu força também.

—Somos quatro então. Emm ainda não sabe a história completa, mas Edward e Bella concordaram comigo que a minha atitude foi a correta – contei e ela sorriu também.

—Não vai ser a primeira vez que seremos nós seis contra o resto – ela disse saudosa e eu sorri, animada.

—Confio que também não será a última.

.

|EDWARD|

O toque pouco apreciado do meu celular soou e eu atendi rapidamente, mais do que apenas entediado.

—Alô?

Ned, é você mesmo? Não posso acreditar, que sorte a que eu tenho por ser atendido por alguém da junção blá-blá-Cullen, desculpa, não consegui lembrar o sobrenome dos gêmeos nem o da Bella e Emm. Mas e aí? O que aconteceu? Sumiram por dias e...

—Aidan, o bebê da Rosalie e do Emmett nasceu ontem – falei tomando o café da minha xícara e o silêncio do outro lado da linha foi bem vindo.

Eles estão bem? O que houve?— perguntou e eu bocejei com vontade.

A noite com Henri foi boa e muito calma. Cantei e conversei com ele por quase o tempo todo e até tinha começado a compor uma nova música, mas ainda não tinha certeza sobre a melodia, apenas a letra.

Ned?— Aidan chamou e eu obriguei-me a prestar atenção em meu amigo, mas mais um bocejo cortou minha resposta.

—Desculpa, passei a noite em claro com o bebê. Enfim... Eu sou o padrinho – falei ainda muito lisonjeado com a escolha dos dois.

—Edward, o que houve?— ele perguntou sem paciência.

—Venha para o hospital que eu te conto melhor, estou com muito sono, não vou conseguir manter-me acordado se o telefone for onde você quer me prender – falei e ele bufou.

O mesmo que Nate e Nora tiveram o bebê deles? — perguntou impaciente.

—O próprio. 

Victoria já sabe disso? — ele perguntou e eu bufei.

—E eu lá sei!?

Aidan bufou, ficou reclamando da péssima pessoa que eu sou e desligou na minha cara. Terminei de tomar o café que tinha comprado, pensando em meu afilhado, perfeito. Como ele parecia pequeno e delicado, vulnerável a qualquer problema e, mesmo assim, tão angelical. 

Claro que o choro era impedido devido ao cano de ar, que eu tentava não pensar, mas o ajudava a sobreviver. 

Bella entrou na cafeteria olhando ao redor e eu só fiquei a encarando, até que ela me olhou como se eu a tivesse chamado e eu sorri amplamente para a minha namorada que sorriu de volta se aproximando de mim com certa pressa.

—Rosalie vai doar parte do leite que produz porque Henri não consegue tomar tudo, mas jaja ele vai começar a mamar, ainda não dela, mas a enfermeira disse que será bom para ele e que, normalmente, a alta ocorre quando eles atingem dois quilos – ela contou animada se sentando ao meu lado e roubando um pedaço do meu lanche natural o qual eu ainda não tinha tocado – Come, vida, você passou a noite em claro e não deve nem ter comido nada ontem.

Aquilo me lembrou do vídeo de Alice.

—Você viu? Ontem Rosalie segurou o bebê pela primeira vez – contei e Bella sorriu, assentindo.

—Emmett chorou quando viu. Rosalie pediu para ele segurar o neném hoje e eles concordaram em dividir em dez e dez minutos – ela contou e eu sorri, gostando de ver que a parceria dos dois não tinha mudado depois do nascimento do meu afilhado.

Contei a ela que logo Victoria e Aidan deveriam estar chegando, então seguimos para o quarto de Rosalie, Bella encorajou-me em tirar um cochilo e ficamos quietos. Ela sentada no sofá e eu deitado no colo dela, enquanto suas mãos acariciavam o meu cabelo de forma calma e ritmada. Com o nariz colado na barriga da minha namorada, seu cheiro inebriando-me o pensamento, não foi difícil cair na inconsciência.

.

Acordei com as vibrações da risada de Isabella que parecia tentar mantê-las baixas, as mãos paradas em meu cabelo ainda eram tão tranquilizadoras como poderiam ser.

—Falo sério, não entendo como pode esperar isso – escutei uma voz em minhas costas.

—E se eu a disser que não espero? Nunca disse que sua aprovação era algo que eu necessitasse – falou mais debochada que rude e eu sorri de canto.

—Madrinha – escutei o bufar – Estive com ela desde que esse neném foi concebido – ouvi Victoria murmurar.

—A dor de cotovelo deve ser incômoda, nem vou leva-la a mal – Bella disse baixinho e escutei a risada de Aidan.

Abracei a cintura da minha namorada e beijei sua barriga incontáveis vezes, gostando de ver ela interagindo com os meus amigos daquela forma.

—Bom dia, sonolento – Bella disse delicadamente.

—Quanto tempo dormi? – perguntei em meio a um bocejo.

—Pouco. Uma hora ou algo assim – ela disse e eu levantei devagar deixando um selinho em sua boca. 

Reparei o livro perto dela e sorri sabendo que ela ficara comigo o tempo todo. Eu gostava tanto de dormir com ela.

—Oi, ridículo – escutei nas minhas costas e reparei que eu encarava Bella como o tolo que era.

—Oi, gente – eu ri levantando e abraçando meus amigos. 

Acordei, realmente, revigorado da soneca que tirei. Fui ao banheiro e lavei meu rosto, escovei meus dentes com a pasta que tinha ali e usei meu dedo mesmo já que não havia trazido minha escova de dentes.

—Onde estão todos? – perguntei curioso.

—Foram almoçar, a não ser a mãe e pai de Emmett que acham que são os únicos que podem ver o bebê – Victoria disse e eu percebi que ela estava uma reclamona.

—Alguém está de TPM? – perguntei e ela arremessou o sapato em mim.

Começamos a gargalhar dela.

—Não me irrita, Ned, não estou nos meus melhores dias. 

Levantei os braços e voltei a sentar com Isabella no sofá de dois lugares. Victoria estava lixando as unhas sentada na cadeira perto da janela e Adrian estava na cama, como o grande sem noção que era.

A porta do quarto foi aberta e Rose e meu sogro entraram, seguidos por minha sogra. Eles foram simpáticos com os convidados. Vic e Dan os cumprimentaram, mas se apressaram para a UTI Neonatal quando Rosalie disse que Emmett os estava esperando.

Fiquei conversando com meus sogros, Bella e Rose por bastante tempo. Até que Alice chegou com os pais de Rose e nossos pais. Eu não deixava de reparar a frieza com que os pais de Jasper estavam tratando minha irmã desde que ela tomou uma das decisões mais inteligentes e bem pensadas que eu já imaginei.

A frieza dela se deixar vulnerável a esperar Jasper, morto ou vivo, era realmente admirável, ao menos eu pensava assim. Ela estava abdicando de uma certeza, da solução mais fácil, com apenas a possibilidade de que ele não tivesse desistido dela também e eu sabia que aquilo tomava uma coragem e força que poucas pessoas teriam, eu talvez não teria, mas Alice tinha e eu a via mais certa daquilo a cada momento que tio John a tratava friamente e ela levantava a cabeça, pronta para bater de frente contra ele.

—Vamos almoçar? – tio Charlie sugeriu e Bella e eu concordamos, assim, saí com meus sogros e namorada para comer em um restaurante perto do hospital, depois de prometer a Rose que voltaríamos logo.

—O que acham dessa história toda de Jazz? – tia Renée perguntou tranquilamente enquanto comia o prato que pedira.

—Que Alice é uma pessoa brilhante e Jasper o garoto mais forte que conheço – Bella disse na defensiva – Achamos que não há o porquê de abdicarmos dele.

Meu sogro sorriu singelamente comendo de seu prato sem dar uma opinião e, ali, reparei que, por mais vezes que poderia contar, ele era nosso elo forte contra os adultos. E, se fosse para ser sincero, eu sempre pensei em meu sogro como o mais inteligente e imparcial dentre os seis pais, ou seja, era uma coisa boa que fosse com ele que dividíssemos nossas opiniões.


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