Brinquedo Velho escrita por Bélle Neves


Capítulo 1
Kirei x Kariya


Notas iniciais do capítulo

Como nunca consigo terminar fanfics longas, achei melhor treinar com algumas curtas ^^



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No porão da família Matou, um dos lugares mais escuros e pútridos que poderiam ser encontrados naquela cidade, Kariya estendia seu único braço funcional na direção da pequena garota que jurou proteger, mas ao invés de alcançá-la, seu cérebro, já deteriorado pelos vermes e sobrecarregado de dor e exaustão, apagou-se, fazendo-o deslizar escada abaixo enquanto mergulhava em desilusões dentro de sua mente.

No entanto, antes de cair no poço de vermes que perambulavam no fundo do porão, sendo apenas observado com pena por Sakura, Kirei surgiu, surpreendendo-a ao pegar com firmeza o homem já semi-morto nos braços.

Ignorando a menina e o terrível lugar onde se encontrava, o padre olhou com estranha compaixão para o rosto sofrido de Kariya, suspirando como se estivesse liberando um peso que carregasse fazia semanas, e isso só por constatar que o Matou ainda respirava.

Então permitiu-se sorrir, um sorriso tão podre quanto ele próprio.

—Ainda não - Abraçou o homem inconsciente para mais perto, suavizando o sorriso para algo que parecia falsamente gentil - Parece que não posso tirar os meus olhos de você nem por um minuto que logo está caindo para a sua morte, uh? - Recobrou a compostura e virou-se para subir as escadas devagar, sem tirar os olhos de Kariya.

Ouviu Gilgamesh gargalhar quando chegou na porta de saída do porão. Ele estava encostado lá, de braços cruzados e um sorriso como se debochasse de Kirei.

—Foi essa a razão de você ter saído correndo? Entendo que queira se divertir mais com ele, mas não acha que está obcecado demais por esse brinquedo velho? Assim como Kiritsugu já foi desgastado, você deveria jogar este fora e encontrar alguém novo...

—Está falando demais, para alguém que ainda está sem fôlego por ter me seguido até aqui às pressas - O sorriso de Gilgamesh sumiu com aquele comentário, claramente ultrajado, mas Kirei não se importou - Kiritsugu não serve mais porque ele não é a pessoa que pensei que ele seria, mas Kariya... Ele ainda me intriga, por algum motivo, não é só o sofrimento dele. Preciso mantê-lo vivo até descobrir o que é.

O Rei dos Heróis deu de ombros, dando um passo para o lado para deixar Kirei passar com o Matou pela porta.

—Se você diz. Admito que a descoberta desta vez possa ser um pouco mais... interessante.

O padre parou, franzindo o cenho para ele.

—O que quer dizer com isso?

—Haha, não há necessidade de se sentir ameaçado, eu só quis dizer que nunca te vi chorar - Kotomine percebeu com surpresa de que seus olhos estavam úmidos, não entendia por que e queria secá-los, mas seus braços estavam ocupados. Vendo a mudança em sua expressão, Gilgamesh voltou a sorrir - Mas não quero atrapalhar a sua diversão em descobrir as coisas por si mesmo, portanto esqueça isso por agora e me responda, você está pensando em levar esse mortal para a sua casa?

—Sim, a Igreja vai ser o melhor lugar para ele. Posso curá-lo... e tê-lo sob a minha supervisão o tempo todo.. Incomoda-se com isso, Archer?

—Claro que não. Presumo que a presença dele possa ser divertida, isto é, dependendo de sua atitude quando acordar.

—...

—De qualquer modo, vamos sair logo deste lugar fedorento, depois de um dia tão longo, eu quero sentar-me em uma poltrona e tomar o meu vinho.

—A luta contra Emiya desgastou o meu poder mágico e vai levar um tempo até eu me recuperar totalmente, então concordo que um repouso seria bem vindo. Volto para acertar as contas com os Matou mais tarde, não posso deixar que persigam Kariya e baguncem a Igreja de meu pai.

Gilgamesh revirou os olhos, sabendo muito bem que Kirei não poderia se importar menos com os antigos pertences de um cadáver. Pelo menos a sua fonte de diversão não acabaria mesmo com a guerra já tendo chegado ao fim, este homem continuaria a entretê-lo até o dia em que morresse, ou talvez até mesmo depois disso.

Saíam da casa dos Matou pela porta da frente, sem se importarem com os olhares pasmos das pessoas que os observavam do andar de cima, entre eles estava Zouken, Kirei tinha certeza, e não pode deixar de sorrir com a situação. Afinal, estava roubando o odiado brinquedinho dele para o seu uso exclusivo, estava curioso para descobrir que tipo de sentimento aquele velho estava sentindo, se é que realmente sentia algo. Seria raiva? Diversão? Ou indiferença? Ficou tentado a olhar na direção dele, mas sabia que não conseguiria enxergá-lo daquela distância, infelizmente.

Kariya se mexeu em seus braços, fazendo-o parar por um momento para observá-lo, enquanto Gilgamesh também parava ao seu lado para lhe dirigir um olhar de tédio, o que foi prontamente ignorado. Kotomine sentiu algo diferente dentro de si quando o Matou trincou os dentes e apertou os olhos ainda sem acordar, como estivesse tendo um pesadelo. E foi uma surpresa quando ele em seguida encolheu-se e agarrou a roupa do padre com força, soltando um gemido estrangulado de dor.

Kirei sorriu.

Só de saber que de agora em diante iria vê-lo fazer aquela expressão todos os dias, já o enchia de alegria, Kariya era mesmo adorável, tanto sua aparência horrenda quanto sua dor.


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Notas finais do capítulo

Não acho que Kirei ficou fora de personagem por ter chorado um pouquinho, haha, afinal, aqui ele está experienciando algo diferente que no anime ;)
Aliás, deixei Sakura de lado por querer, não gosto dela e ela não teria uma grande reação para a situação de qualquer modo.
Hm, se gostou, por favor, comente, assim fico mais motivada para escrever mais sobre esse anime que, honestamente, achei uma obra-prima ♥



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