Sutilmente escrita por Akemihime


Capítulo 11
Quando há dúvidas e preocupações




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Todoroki sabia que tinha algo errado a partir do momento em que Yaoyorozu acordou no dia anterior e mal o encarou. Ela costumava sorrir para ele, lhe dar bom dia ou iniciar alguma conversa sobre qualquer assunto trivial. Mas não dessa vez.

Ela passou não só a manhã, mas o dia inteiro como se estivesse o evitando. Durante as aulas, como se sentavam um do lado do outro, era normal trocarem conversa sobre a matéria ou o que quer que fosse, mas Yaoyorozu não falava nada. Nem olhava em sua direção.

No mesmo dia Todoroki lhe mandou mensagem no celular, perguntando se tudo estava bem, e só mais tarde ela lhe respondeu que sim, agradecendo por se preocupar com ela. Depois disso, ele achou que tudo ia voltar ao normal, mas então, no dia seguinte ela novamente mal o olhava nos olhos e parecia um pouco distraída nas aulas também.

Todoroki não sabia o que fazer, mas estava incomodado. Mais do que isso, estava realmente preocupado.

Ele pensou em perguntar à Jirou sobre o assunto, mas a garota parecia muito envolvida em uma conversa com Kaminari durante a manhã toda, algo sobre música e acordes, Todoroki não entendeu muito, mas preferiu evitar se aproximar e interromper.

Foi com Uraraka que ele encontrou alguma resposta, embora não tivesse esclarecido muito a sua cabeça em relação à mudança de Yaoyorozu.

“Você está com dúvida na matéria sobre as leis dos heróis profissionais, não é? Aproveita e vá perguntar à Yaomomo, assim você vê se ela está bem…”

Todoroki não sabia se tinha sido uma boa ideia a da amiga, mas decidiu seguir mesmo assim.

O problema é que Yaoyorozu não saía do quarto desde que chegara do estágio naquela tarde. Shouto já tinha lhe mandado uma mensagem, mas a garota nem ao menos tinha lido ainda.

Todoroki suspirou, olhando o elevador que dava para a ala feminina dos dormitórios.

Aquela área era fora dos limites dos garotos, mas ele não parecia tão preocupado com isso no momento.

— Oi, meio-à-meio, vai ficar parado em frente ao elevador por quanto tempo? — Todoroki se virou, vendo Bakugou o encarar enquanto pressionava o botão do elevador do lado que levava para os quartos dos garotos.

— Eu não estava...

— Não interessa — Bakugou revirou os olhos, tentando segurar a raiva — Você quer ver a rabo-de-cavalo, não quer? Então só vai logo e para de ficar que nem um idiota aí.

Todoroki suspirou, voltando a encarar o elevador. Ele não imaginava como Bakugou sabia que sua intenção era ver Yaoyorozu, mas não importava. E por mais que odiasse concordar com o loiro, ele estava certo afinal.

Ele queria vê-la, ainda que fosse com a desculpa de tirar uma dúvida sobre o estúpido exercício que tinham que fazer.

Todoroki apertou o botão do elevador e esperou, entrando assim que ele abriu vazio à sua frente.

Ele agradeceu mentalmente por não ter encontrado com nenhuma das garotas durante o pequeno trajeto até o último andar aonde estava o quarto de Yaoyorozu. Shouto não se importava com os comentários que elas faziam, mas se dependesse de Ashido ou Hagakure, ele nunca sairia dali de tanto que as duas começariam a falar em seu ouvido por estar na ala feminina – e proibida – dos dormitórios.

De qualquer forma, lá estava Todoroki agora, dando leves batidas na porta do quarto da vice representante de turma, enquanto segurava seu caderno com a outra mão.

— Uraraka-san, eu já disse que...! — A voz de Yaoyorozu sumiu quando viu que se tratava de Todoroki e não da amiga ao abrir a porta. — Todoroki-san! O-o que faz aqui?

— Eu te mandei mensagem, mas você não respondeu… — Ele começou — Preciso de ajuda com um exercício que o Aizawa-sensei passou, se não se incomodar.

— Não, não, de modo algum! — Momo exclamou, dando espaço para o garoto entrar em seu quarto — Eu estava distraída, er… estudando! Não vi sua mensagem, desculpa!

Ela parecia de algum jeito nervosa, Todoroki observou. Como estivera mais cedo e no dia anterior também.

— Yaoyorozu — ele a chamou de modo sério, fazendo a garota parar de mexer em seus cadernos e olhá-lo — Tem alguma coisa acontecendo? Eu posso ajudar?

— Oh, não, não é nada! — Ela falou, desviando o olhar dele então, voltando a atenção para seus materiais escolares — Eu só realmente ando um pouco distraída, não é nada demais.

— Sabe que se precisar de alguma coisa… é só falar, não sabe?

A fala dele a fez encará-lo novamente. Momo esboçou então um leve sorriso.

— Sim, obrigada, Todoroki-san. — Ela suspirou, parecendo menos nervosa agora para Todoroki — Então, está com dúvida em que questão do trabalho?

Ele decidiu não insistir mais no assunto, embora pudesse sentir que a garota ainda não estava completamente normal.

Todoroki se sentou na cama ao lado dela, erguendo seu caderno e abrindo, mostrando uma das questões que Aizawa tinha passado mais cedo.

“Determinado cidadão japonês classificado nos moldes excepcionais está praticando delito de genocídio nos Estados Unidos da América, ameaçando matar membros de um grupo étnico daquele país. Sabendo-se que você, herói profissional registrado em território japonês, está no local e presencia o delito, qual o procedimento a se fazer a seguir?”

— Hm… Isso tem haver com a matéria de extraterritorialidade — Yaoyorozu começou a explicar depois de ler, pegando seu caderno e folheando, já com o pensamento na matéria ensinada em aula — Se for um cidadão japonês comum, temos a obrigação de agir na hora, assim como os heróis profissionais registrados no país do ataque.

— Sim, mas esse é um caso excepcional — Todoroki apontou, com a mão no queixo.

— Bem, se for um caso excepcional, dentro dos moldes do artigo 230 do código penal, como embaixadores japoneses cometendo crime por exemplo, os heróis profissionais registrados no exterior não podem agir — Ela continuou, passando as folhas de suas anotações do caderno, lendo o que tinha escrito — Ah, aqui! Em relação aos heróis profissionais japoneses, é preciso uma prévia autorização do agente legal japonês responsável no determinado país, para só então poder agir.

— Isso não faz sentido. Por que teríamos que pedir autorização em uma situação de emergência? — Era inegável como Todoroki não simpatizava com o modo como as leis funcionavam, era burocracia demais para sua cabeça.

Para ele podia ser tudo tão mais simples: se alguém estiver em perigo, o herói deve salvar, independente do vilão que tenha que enfrentar.

Yaoyorozu riu de leve ao ver a pequena irritação transparecer no sempre tão neutro Todoroki Shouto.

— Bem, leis são assim — Ela deu de ombros, fechando o caderno — Mas se quer saber a minha opinião, eu duvido muito que heróis se lembrem desse tipo de coisa em uma situação de emergência, não importa onde estiverem. É claro, eles devem responder depois por violarem uma pequena lei como essa, mas isso não importa muito no fim das contas, não é? — Ela sorriu — não quando o herói consegue deter o vilão e salvar as pessoas em perigo.

Tão rápido como veio, a irritação de Todoroki desapareceu.

Ele encarou a garota, esboçando agora um curto sorriso.

— Sim, você tem razão. Obrigado, Yaoyorozu.

— Ah, mas não coloque isso como resposta! — Ela se apressou a falar, afobada, assim que Todoroki se levantou de sua cama e foi em direção à porta do quarto — Coloque o certo, o que o Aizawa-sensei quer ouvir ou ele não ficará nada satisfeito depois!

— Tudo bem, eu sei. — Todoroki então se virou para ela assim que saiu do quarto, vendo que a garota estava parada à sua frente — Espero que você fique bem, Yaoyorozu. Eu estava preocupado.

Ele viu seu rosto enrubescer, mas há este ponto já sabia bem que aquilo era apenas uma reação normal dela e não significava que ela estava passando mal, como ele insistiu em dizer tantas vezes antes.

— Eu já estou, acredite. Foi bom falar com você, Todoroki-san. — Momo sorriu e Todoroki podia jurar que sentiu algo dentro de si se aquecer, e ele sabia que não era culpa de sua peculiaridade — Nos vemos mais tarde para mais uma sessão de filmes da Disney?

— A Bela e a Fera? — Ele mais afirmou do que perguntou, vendo o sorriso dela aumentar.

— Sim!

É, realmente tinha algo acontecendo com Yaoyorozu, apesar de não parecer tão ruim quanto ele pensava pelo visto.

Todoroki refletiu enquanto voltava para o seu quarto naquele fim de tarde.

Mas não só com ela que algo estava acontecendo. Aos poucos, ele podia perceber que também estava mudando. Algo estava diferente.


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