Uma canção de Sakura e Tomoyo: Vamo alla flamenco escrita por Braunjakga
Capítulo 6
Preocupações
Tomoeda, Japão
23 de junho de 2007
I
Já eram dez da manhã. O resto do pessoal ainda estava na cama. Núria abriu as janelas e um feixe de luz caiu nos olhos de Tomoyo. A morena espreguiçou-se com um celular na mão.
— Tava acordada, é?
— Estava falando com a minha mãe… — a menina de olhos roxos guardou o telefone e pulou da cama.
— Muita coisa acontecendo, é? Já começo a entender porque você quer dançar flamenco… Eu vi suas fotos no clube de coral da escola, tá?
Tomoyo terminou de mandar uma mensagem para a mãe e fechou o celular antes de responder:
— Sou daqui sim, Núria, se você quiser saber. Eu nasci aqui, mas passei minha infância em Kyoto… Então, voltei pra cá e depois fui pra Barcelona…
— Por isso você canta tão bem! Agora entendi tudo!
Tomoyo se sentou na cama e ficou olhando o chão com um ar nostálgico.
— E então, vocês vão me ajudar?
— Estamos pensando ainda, Tomoyo, se a gente vai te ajudar. Já tomou o café?
— Já, só tô enrolando aqui…
— Como você já tomou café e quer dançar flamenco… Vai lá buscar uma água pra gente, tá? Depois a gente te responde… — Núria jogou um saquinho com dinheiro para a estudante. Ela se levantou e saiu correndo pela porta.
II
O FamilyMart que Tomoyo foi estava vazio para um dia de sábado, quando todo mundo estava na rua aproveitando o dia livre.
Dois pacotes com doze garrafinhas de água cada passavam pelo leitor do caixa. O resultado saiu na hora na tela do computador, depois daquele barulho chato de "beep, beep".
— Deu mil ienes, moça. — disse a operadora de caixa.
— Mil ienes? Tá cara essa água…
— Oh! Você fala a minha língua! É meio difícil um estrangeiro falar japonês por aqui, né?
— Estrangeiro, ah, sim, estrangeiro… Pois é… Muchas gracias e hasta la vista!
A moça do caixa inclinou-se em agradecimento. Tomoyo colocou os pacotes de água na ecobag sem acreditar que já virou estrangeira na própria terra.
III
Mal saiu pela porta automática do FamilyMart e Tomoyo tomou um susto. Soltou a sacola no chão e arregalou os olhos com a cena que via. Sakura estava do outro lado da rua, cercada por quatro caras.
— Me solta! — gritava Sakura.
— Você é muito gatinha, menina! — disse um dos meliantes com tatuagem no pescoço.
— Vamos zuar? — disse outro de cabelo amarelo.
— Ae, gata, facilita as coisas pra nois aí! — disse o terceiro meliante com uma corrente no pescoço.
— Ae, gata, vou falar só mais uma vez: ou dá ou desce! — disse o quarto meliante, sacando um canivete. Ele gargalhou junto com os demais logo em seguida.
Assim que ele sacou a arma branca, uma garrafa de água acertou a mão dele, derrubando a arma.
— Soltem-na ou eu acabo com a raça de vocês! — disse Tomoyo. Sakura estava surpresa. Os meliantes zombaram da estudante.
— Ih, olha lá, a estrangeira fala nossa língua! — Os criminosos se afastaram de Sakura e cercaram a moça. Tomoyo nem se intimidou. O bandido que estava de canivete ficou encarando a costureira.
— Ou tu dá o fora daqui ou você vai se ferrar na nossa mão!
— Eu disse pra vocês largarem-na, mas estou vendo que vou ter que acabar com a raça de vocês. Que pena! — Tomoyo sorriu de olhos fechados e os bandidos não entenderam. Sakura ficou preocupada.
— Tomoyo! — disse a cardcaptor, colocando a mão na chave da estrela. Ela mal deu um passo pra frente e a amiga querida agarrou o braço do cara de cabelo amarelo e deslocou o cotovelo dele. O meliante ficou com o braço torto, agonizando de dor.
— Pega ela! — Os três que restaram correram, tentando dar um soco nela. Tomoyo se agachou, desviou e deu uma pisada no joelho do tatuado. Ele gritou de dor e Tomoyo deu uma joelhada no queixo dele. Ele caiu na hora.
— Filha da… — Mal o cara da corrente falou e a estudante agarrou o acessório dele, deixando-o sem ar. O cara do canivete tentou socar ela, mas socou o colega marginal. O homem ficou tão roxo pela falta de ar que Sakura pensou que Tomoyo o mataria.
— Tomoyo! — gritou Sakura. A "estrangeira" deu uma joelhada na coluna do cidadão e ele caiu, morto de dor no chão. O cara do canivete não se aguentou e sacou uma pistola da cintura.
— Dá mais um passo pra você ver só! — disse o infeliz. Sakura bateu com o báculo da estrela na cabeça dele e Tomoyo chutou o punho dele. A arma voou longe. Sakura agarrou o pescoço dele por trás com o báculo, mas ele resistia. Tomoyo deu um chute no meio das pernas dele e ele se agachou. Foi então que a costureira tomou o báculo da mão de Sakura e ficou batendo, batendo e batendo na cara dele. O rosto dele ficou inchado, sangrando e moído. Nessa hora, a polícia apareceu com cacetetes e pistola de choque nas mãos. Eles recolheram a arma com um saquinho e se aproximaram das duas.
— Meninas, está tudo bem? — disse um dos guardas.
— Nada bem, nada bem! Como a criminalidade sobe tanto assim em Tomoeda? — disse Tomoyo.
— Desculpe, senhorita, a cidade cresceu muito nos últimos anos e…
— Vocês demoraram, hein? Mais um pouco e ela sofre uma violência! — disse Tomoyo, apertando as mãos suadas de Sakura.
— A gente já estava chegando… Esse grupinho tem atuado aqui na região, perturbando todo mundo!
Tomoyo olhou para Sakura e a cardcaptor confirmou com a cabeça, o rosto tendo.
— Ele estava armado! Se eu não tivesse com… com esse "item" de Sailor Moon nas mãos o que seria dela, hein? — Sakura deu uma disfarçada, mostrando o báculo para ele, o rosto vermelho de vergonha. — Esses caras não são meliantes comuns não, são da máfia! — disse ela, gaguejando.
— Nem a máfia gosta desse tipo de gente… Vocês não querem ir na delegacia prestar uma denuncia?
Tomoyo apertou mais ainda a mão de Sakura.
— Agora não! Vocês tem muito o que fazer por esses marginais! Vamos, Sakura!
As duas saíram velozmente da cena do crime. O guarda ficou olhando para ela e para a bolsa de garrafas no chão sem entender nada. As duas estavam tão nervosas que Tomoyo até se esqueceu das compras que tinha que levar de volta para o hotel.
Continua…
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