Uma canção de Sakura e Tomoyo: Vamo alla flamenco escrita por Braunjakga
Capítulo 12
Entendimentos
I
— Eu já disse e repito: as Cartas Clow, que vocês chamam de Cartas Sakura, são propriedades da Ordem há 300 anos… Eu ainda tenho o pergaminho de escamas de dragão branco que Clow assinou com o próprio sangue!
Sentado na mesa da cozinha, os cotovelos apoiados, segurando o queixo como se estivesse pensativo, Zigor, o homem grisalho, se explicava com os olhos fios e cinzas bem aquecidos. Na frente dele, surpresos, estava Sakura, Tomoyo, Touya, Fujitaka, Nakuru (transformada em Ruby Moon) e Yue. Encostado na parede, Iñigo escutava tudo de braços cruzados e olhos fechados.
Aquela situação só aconteceu porque Tomoyo entrou de volta na casa dos Kinomoto com pressa, assim que Iñigo estava saindo e Nakuru chegava. Touya não queria saber dele dentro da casa, mas ela insistiu para que todo mundo ouvisse o que ele tinha para falar. Fujitaka concordou em deixá-lo entrar. Eles não sentiam perigo vindo dele, mas, mesmo assim, estavam em estado de alerta.
— Isso é verdade, Yue? — perguntou Sakura.
— Fala a verdade, seu cretino! — Yue deu um soco na mesa com tudo e ficou encarando Zigor. — Eu fui sequestrado na época! Clow foi forçado a fazer isso!
— Eles se conhecem há trezentos anos, né? — comentou Fujitaka com Touya, sussurrando no ouvido do filho.
— Errado! Vocês invadiram território espanhol em plena época de guerra, justo quando meu país perdeu Gibraltar pros ingleses… Se o maldito Clow tivesse ficado quietinho naquela cela, o miserável do Enric não teria chantageado ele, mas não! Ele resolveu saber como as malditas cartas dele estavam! Que coisa, não? — respondeu Zigor.
— Mas é claro que sim! Você acha que a gente ia deixar um item como esse ficar fazendo farra no mundo? — retrucou Yue.
— Quer dizer que teve outra pessoa que usou as Cartas Clow antes da Sakura? — Perguntou Tomoyo.
— Sim. — disse Zigor.
Todo mundo ficou atônito.
— Só que eu não quero me lembrar dessa história… — respondeu Zigor. — Eu vim aqui só pra explicar os pontos mal contados da história que o meu mutila não quis falar…
— O senhor quem sabe… Eu não perco, nem ganho nada com isso mesmo… — disse Iñigo, ainda de braços cruzados.
— Hoe! Que história é essa? — perguntou Sakura, com preocupação.
— Como eu tava dizendo, há 300 anos atrás, Enric Miró, guardem esse nome, viu o poder que as Cartas Clow tinham e quis a magia delas pra ele. Pra isso, ele chantageou o Clow e se aproveitou da burrice dele…
Yue não gostou do que ele disse. Fechou a cara e cruzou os braços.
— Se essas cartas sempre foram da Ordem e vocês são tão bonzões assim, por que não foram atrás delas antes? — perguntou Ruby Moon.
— Por que o maldito Clow sabia que o Enric não queria usar as cartas pra fazer caridade, mocinha, e fugiu com elas. Pelo que eu vejo, ele fugiu pra bem longe mesmo e veio parar nesse fim de mundo… Pra vocês verem o medo que ele teve do Enric…
Todo mundo ficou se entreolhando.
— O Clow derrotou o Enric antes de vir pra cá! — disse Yue.
— Para de ficar babando ovo! Derrotou uma ova! Ele incorporou a Neus dentro dele, só assim que ele conseguiu enfrentar aquele coiso… — Zigor abriu uma garrafa de saquê na mesa que Fujitaka deu e ficou bebendo ela.
— Senhor Zigor, que tipo de coisa o Enric Miró queria fazer com as cartas? — perguntou Tomoyo.
— Criar o Dragão de Diamante que vocês viram lá no parque e, partindo do princípio que o mutila alí veio do futuro, tô vendo que a Ordem no futuro ficou muito incompetente mesmo pra ter deixado uma coisa dessas acontecer! — Zigor deu outro gole na garrafa de saquê.
— Incompetente o escambau! Fomos traídos, isso sim! — respondeu Iñigo.
— Eu fui traído, não confio nos meus irmãos de armas e, mesmo assim, estou aqui. Que desculpa você me dá, garoto? — perguntou Zigor. Iñigo se calou.
— Isso é mais motivos pra desconfiar de vocês, né? — disparou Touya.
— Não, rapaz, isso é mais razões pra vocês saberem que ou o seu pirralho ou o moleque dessa menina perderam as cartas no futuro e um deles acabou virando esse Dragão de Diamante que vocês viram! — respondeu Zigor.
Todo mundo ficou surpreso.
— Filhote meu com o Touya? — disse Ruby Moon.
— Meu filho? — perguntou Sakura.
— Pois é, ou daquele inglês com a professorinha… O Enric queria usar o sangue do Clow ou de qualquer um que conseguisse dominar as cartas pra criar o Dragão de Diamante. Mas ele também queria o Clow pra criar um dragão mais forte, feito de cristal, sabe? Essa é a propriedade daqueles que tem o sangue de Clow misturado com o poder da Ordem.
— E o que ele queria fazer com esses dragões? — perguntou Fujitaka.
— Qualquer coisa de ruim que vocês pensarem ainda é fichinha diante do que eu conheço que pode ter vindo da cabeça perversa do Enric! — Zigor deu um gole na garrafa e todo mundo começou a discutir entre si, assustado. Iñigo, não se aguentando de ficar muito tempo calado, descruzou os braços e falou:
— A Torre… A Torre tava tentando arrancar as Cartas Sakura da mão da própria Sakura! Só não sei se eles conseguiram antes de eu vir pra cá… Deixei a Sakura ficou sozinha lutando contra eles… Mas ela que me pediu pra vir aqui e salvar meu irmão…
Todo mundo ficou confuso com o que Inigo disse, mas Zigor entendeu. Ele parou de beber na hora, se levantou da mesa e olhou sério para o rapaz.
— A Torre? Isso é grave.
— Se meu irmão foi capaz de viajar no tempo ou no espaço, sei lá, só como Dragão de Diamante, imagino o que eles não vão conseguir fazer se pegarem a Sakura e criarem um Dragão de Cristal… Eles vão ser capazes de fazer isso quando quiserem. — disse Iñigo
— Eu sempre estive suspeitando que a Torre tivesse alguma coisa a ver com os incidentes de cinco anos atrás aqui…
— O dragão vermelho, né? — comentou Ruby Moon.
— Quando você diz, Sakura, Iñigo, quer dizer euzinha? — perguntou Sakura.
— Ixi, não sei. Estou dizendo da Sakura KInomoto que eu encontrei. Ela ainda tem umas anteninhas na cabeça, uns olhos verdes e ainda tem o cabelo curto, sabe? — Iñigo sorriu. Touya deu um cascudo na irmã por ela não ter percebido uma coisa tão óbvia e Tomoyo sorriu de leve, tapando a boca. A cardcaptor não gostou nada daquilo.
— Tô vendo que essa Torre não é de brincadeira, não é mesmo? — perguntou Fujitaka.
— Não é mesmo. Mesmo que Clow tenha combinando de entregar as Cartas pra gente, a Ordem nunca precisou delas. Somos orgulhosos demais pra aceitar esse tipo de coisa, a gente tem nosso próprio poder… — disse Zigor com os olhos brilhando em vermelho. — Fora que essas cartas não são vantagem assim, uma hora o poder delas ia acabar depois que o Clow morresse.
— Isso é verdade! — comentou Yue.
— Pois é… — disse Iñigo, fazendo o mesmo gesto que Zigor fez, deixando a íris dos olhos vermelhos.
— Eu acho que mais ou menos eu sabia disso… — disse Tomoyo, sorrindo.
— Não ria, garota! Mesmo que há trezentos anos atrás o Gerard tenha rejeitado as cartas e as Interventoras depois dele, a Meritxell, a Elsa e o Martí, tenham feito a mesma coisa, isso não significa que todo mundo concordou.
— Como assim? — perguntou Touya.
— A Ordem é muito dividida. Tenho medo que… Um desses ramos da Ordem tenha desobedecido a instrução dos demais interventores e tenha procurado pelas Cartas Clow, até hoje…
O pessoal fez mais uma pausa pra processar a informação que Zigor passou. Depois de um tempo, ele continuou:
— Não vai pensando, garota, que a armadura do seu pai foi dada como um souvenir, aquilo era uma sonda pra tentar localizar quando e onde as cartas despertariam. — disse Zigor, falando para Tomoyo. A costureira ficou preocupada e prosseguiu:
— Se foi uma sonda, então, será que…
— Sim, é como você tá pensando, muitas outras partes do mundo também receberam armaduras como aquela. E antes que me perguntem, já recolhi elas antes que elas fizessem mais estragos por aí!
— Se essas são armaduras da Ordem pra sondar quando e onde as cartas despertariam… — começou a perguntar Touya, sendo imediatamente interrompido por Zigor.
— Você é cabeça dura, hein? Eu já disse que a Ordem não tem interesse algum nessas cartas. A única pessoa interessada nessas cartas não está mais aqui… E não pense que era por causa do poder delas, era pra jogar elas no fundo do mar, se possível…
— Mas quem era essa pessoa? — perguntou Sakura.
— Gerard Bernat. Mas isso é uma longa história e eu não tenho tempo, nem saco pra explicar. Só tenho a dizer que foi uma história de amor que não deu certo…
— Essas histórias de amor envolvendo as cartas são tão traiçoeiras… — comentou Tomoyo.
— Hoe! — Sakura se arrepiou toda com o comentário da amiga.
— Mas pode ficar tranquilo, garoto. — disse Zigor, olhando para Touya. — Agora tô investigando de onde essas armaduras foram enviadas… E tô muito perto mesmo de saber mesmo quem são os herdeiros de Enric Miró… São esses os ratinhos que eu tô falando que estão infiltrados na Ordem e eu vou fazer questão de esmagar! — Zigor segurou a garrafa de saquê tão forte que quebrou ela. Os cacos e o resto da bebida que ficou foi evaporado com raios vermelhos que saíram das mãos dele.
Todo mundo ficou assustado com a raiva do homem. Fujitaka deu alguns passos pra frente e tocou no ombro de Zigor.
— Senhor Zigor, eu tenho certeza de que o senhor vai conseguir seus objetivos, porque vejo que são os nossos também. Agora, se me permite, vamos traçar um plano pra pegar o irmão desse garotão aqui e… Fazer com que a minha Sakura não sofra tanto no futuro, afinal, pai é pai, mãe é mãe, não importa a época… — disse Fujitaka, entregando uma garrafa de uísque para o homem.
— Negócio fechado! — Zigor aceitou a garrafa e apertou calorosamente as mãos do professor.
Continua…
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