Sasuke estava concentrado em seus pensamentos, quando aquele estúpido homem voltou a resmungar. Sem muito interesse lançou seu olhar na direção dele, vendo-o se mover com maior ênfase. Estava acordado.

－Droga. －praguejou o homem enquanto tentava se sentar em seu colchão, outros prisioneiros da cela deram risada, que foi cortado instantaneamente com o olhar de Sasuke em sua direção. －Acho que quebrei o maldito braço.

Sasuke voltou a mirá-lo.

－O que foi uma sorte depois daquela queda. －Observou o shinobi.

Sasuke não estava muito animado em iniciar conversas desnecessárias pela prisão, mas tinha que admitir, apesar do desfecho da fuga, aquele homem tinha coragem.

－Acho que sim... － Disse ao produzir uma careta engraçada de dor. －Isso de fato está quebrado. － Disse observando o próprio braço, qual tocava com cuidado.

Sasuke manteve o olhar sobre ele por um tempo, para então desviar e se encostar na parede, precisava colocar a sua mente em ordem e analisar melhor as alternativas que tinha por estar infiltrado como prisioneiro. Todavia o homem não estava satisfeito somente com a atenção anterior, ele queria mais.

－Mas, quer saber? －Sasuke apenas virou o olhar para ele, sem esboçar interesse. －Está tudo bem, pois na prisão tem uma nova médica! －Na visão do Uchiha era débil o sorriso que o homem delineou ao dizer isso. －E ela é muito bonita e gentil. Um supro de beleza e felicidade para nós infelizes.

Sasuke sentiu um incomodo ou ouvir aquilo e precisou fechar sua mão com força para controlar a vontade desnecessária de quebrar o outro braço daquele homem.

Suspirou e resolveu que não valia a pena continuar qualquer conversa com ele, virou o rosto para o outro lado e passou a observar a parede. O homem não se importou com a recusa de conversa.

－E o melhor é que a médica é solteira. Ela não tem namorado!

Sasuke virou imediatamente o rosto na direção do homem, arqueando sua sobrancelha diante aquela afirmativa tão prepotente.

－E como tem certeza disso?

－Ela não usa nenhum anel! －Sasuke o olhou confuso, o que fez o prisioneiro continuar. －Havia me esquecido que não é daqui, que veio de outro país. Em Shidaku, quando as pessoas se casam, trocam anéis juntos, usando um anel no dedo da mão esquerda. É um símbolo de que são casados. Essa doutora não usa anel.

－O que é uma sorte para todos nós. －um dos outros prisioneiros comentou, mostrando um sorriso tão idiota quanto do primeiro.

Sasuke precisou respirar fundo diante aquele assedio e logo se levantou. Bastou isso para que todos recuassem e olhassem atentos para ele, Sasuke não fez o que passou por sua mente, afinal aqueles infelizes não sabiam que a médica que mencionavam cheio de cobiça era casada e que ele era seu marido. Uma verdade que ele adoraria, nesse momento, jogar na cara deles.

O fato era que ele não estava ali para provar isso, estava em missão e tinha que se manter nela, qualquer atitude mal pensada poderia colocar em risco seu disfarce.

 Andou até a pequena janela que havia na cela, por entre as grades um ramo, de uma árvore da ala de lazer, perpassava. Sasuke em meio as seus devaneios acabou por tirar dali um galho flexível, que logo passou a mover por entre os dedos, voltando a se mover pela cela, logo se colocou perto das grades e se escorou nelas ao guardar no bolso da sua calça de prisioneiro o pequeno galho.

 O silêncio que conseguira ao se levantar, voltou a ser quebrado com o azarado prisioneiro, que não tardou em se aproximar, mas ao contrário do Sasuke pensou, ele não veio para conversar.

O homem pediu a um dos guardas que passava para levá-lo a ala hospitalar, mostrando o estado lastimável de seu braço. Sasuke suspirou e fechou os olhos, a imagem de sua esposa tocando naquele homem lhe perturbou imensamente, que só percebeu o que estava fazendo, quando o guarda bateu forte em sua cabeça. E no mesmo instante o Uchiha largou o braço sã do homem e caiu desacordado na cela.

•••

－Sasuke-kun. －a voz melodiosa e baixa de sua esposa brindou seus ouvidos quando a consciência se fez presente.

Soube logo que não estava mais em sua cela. Repreendeu-se mentalmente, enquanto abria devagar os olhos. Sua esposa estava com o rosto sobre si, visualizou nas íris dela o alivio e alegria, um sutil sorriso confirmava a paz que repousou nela ao vê-lo acordado.

－Estou bem. －disse para quebrar qualquer dúvida.

－Sei que está. －Ela olhou ao redor e Sasuke fez o mesmo, viu então o prisioneiro da sua cela deitado em uma cama mais a frente, aparentemente adormecido. －Ele estava com muita dor, principalmente no braço esquerdo.

Sasuke voltou a olhar ela.

－Achei que era o direito que estava quebrado. － mencionou casualmente.

Sakura o olhou com apreensão, mas logo suavizou o semblante. Certificou uma segunda vez os demais prisioneiros e a falta de guardas, para continuar.

－O guarda me informou que precisou lhe acertar com o cassetete para que soltasse o braço do prisioneiro. Descobriu algo, Sasuke-kun? Esse homem tem algum tipo de informação?

Tudo que fez foi negar com um balançar de cabeça. Não saberia como dizer o que de fato aconteceu. Sakura suspirou e lançou um olhar inquisidor, mas se ela iria ou não continuar a lhe questionar, Sasuke não soube, uma vez que um dos guardas adentrou com um prisioneiro ferido.

－Estamos movimentados hoje! －Observou Sakura com tom humorado, enquanto se aproximava do prisioneiro.

－Nem posso imaginar a razão. － o guarda comentou com ar irônico.

Sasuke entendera perfeitamente as intenções naquelas palavras e isso voltou a incomodar ele. Sua vontade era dizer nesse instante que a médica ali presente é sua esposa e portanto que deveriam ter respeito. A missão o obrigava a engolir em seco toda aquela sensação que queimava dentro de si.

Tudo que restava para ele era acompanhar com o olhar aquele atendimento. E a cada segundo que decorria ele entendia perfeitamente a razão de todos estar encantado por ela. Sakura era realmente gentil com o prisioneiro, sabia que ela era sempre assim, mas ele se perguntava se era necessário ser desse modo em um lugar como esse. Com homens desonestos e carentes por atenções femininas.

“Ela não usa nenhum anel” lembrou das palavras daquele outro prisioneiro e isso fez com que prestasse atenção no guarda presente, ele estava com o braço cruzado e a mão esquerda estava a mostra, um anel dourado se destacava em seu dedo anelar.

“Ela precisa de um anel” foi o que concluiu.

Escondeu sua mão dentro da coberta que estava sobre seu corpo e concentrou seu chakra na ponta de seus dedos, realizando movimento com os mesmos, conforme mentalizava aquilo que precisava formar. Mas não surgiu o efeito que queria, foi então que se lembrou do pequeno galho que guardara em seu bolso, rapidamente o pegou dali, voltando a realizar o ato.

Não tardou para Sakura liberar o prisioneiro, que foi arrastado pelo guarda que se mostrava impaciente com o homem. Sasuke olhou de esgueira e a viu se aproximar, exatamente no momento que ele terminava.

－Você tem que me explicar sobre o ocorrido, Sasuke-kun. Qual a razão de fazer o que fez? －Indagou ela em tom baixo ao se colocar ao lado de sua cama.

Ele apenas deu de ombros e logo se colocou sentado, encostando-se na cabeceira.

－Fiz o que foi necessário. －Disse sem grandes explicações.

Ela bufou, mas nada disse, apenas balançou a cabeça em concordância. Isso demonstrava que ela, apesar de não entender, acreditava em seu marido e no julgamento dele. Sasuke um dia explicaria para ela, mas não hoje.

－Preciso me apresentar na sala do diretor, norma da prisão, para relatar as ocorrências de hoje. － Explicou.

Quando estava para sair, Sasuke segurou sua mão, surpreendendo-a.

－Preciso lhe entregar algo. －Disse ao soltar a mão dela.

Ele puxou a coberta de lado e pegou o anel de galho verde, que agora se tornava mais vívido. Sakura mirou o objeto com o cenho franzido, claramente confusa.

－Um anel?

－Sim, eu o fiz a partir de um galho de uma das árvores que há no pátio. －explicava. －Fiz com meu chakra... Não conhecemos os perigos desse lugar e portanto não podemos vacilar em nenhum momento. E não posso ficar ao seu lado o tempo todo, por essa razão que preciso que use esse anel. Ele foi feito para você.

Sakura mirou o anel com interesse e um sorriso delineou em seus lábios. Sasuke amava aquele sorriso gentil e caloroso dela.

－Estava realmente precisando de uma desses. －Ela comentou, fazendo-o arregalar de leve os seus olhos. －Aqui as mulheres casadas usam anel, embora não precise de um objeto para me lembrar disso. Afinal o meu amor por você e meus pensamentos em nossa filha, sempre estão aqui para provar a nossa conexão. － sorriu de modo cálido. － Mas é importante que alguns presos entendam que não sou solteira!

Sasuke deu um sorriso singelo e antes que ela pegasse o anel, ele afastou a sua mão da dela.

－Sua mão esquerda, por favor, esposa.

O rosto de Sakura foi tomado por um rubor encantador, mantendo o sorriso nos lábios de seu marido. Ela esticou sua mão esquerda para ele e Sasuke com cautela colocou a representação de sua devoção, afeto e cuidado no dedo anelar de sua esposa. Ao mirar o rosto de Sakura viu os olhos marejados dela.

－Não o tirarei de modo algum. －Garantiu.

E tomado pela emoção, Sasuke a puxou para si. Não era do tipo, mas entendia quando o momento pedia por essas reações. E com fulgor capturou os lábios dela.