A Filha de Mycroft Holmes escrita por Jace Jane


Capítulo 4
Capítulo 4 - Dura Lex sed Lex


Notas iniciais do capítulo

Tive que correr para finalizar o capitulo no prazo, espero que gostem.



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A vida de um sem teto não é nada agradável, você tem que lutar a cada instante para sobreviver, uma batalha sem pausas para descanso, mas não precisaria travar essa batalha árdua, o prazo estipulado por Sherlock Holmes havia chegado ao fim, finalmente teria o que queria isso se pensasse positivamente. Estava caminhando em direção a Baker Street quando um carro preto cruzou meu caminho, meus instintos me mandavam correr imediatamente, eu ia ser sequestrada!

A porta se abriu e um homem de meia idade, vestido com um terno cinza que deveria custar mais que o aluguel da minha casa e uma bengala igualmente luxuosa desceu do carro. Sua expressão era seria. Pense Merope, pense! Se fosse um sequestro não faria a luz do dia, muito menos no meio da rua e de forma espalhafatosa, seria discreto e rápido, qual a outra possibilidade? Governo, mas porque motivo o governo britânico teria interesse em mim, me levar para o orfanato, talvez? Não, as roupas dele são caras demais para ser da assistência social. Inteligência britânica? O salário condiz com as roupas, mas eu teria que ter agido de forma suspeita para chamar a atenção desses caras. O que esta acontecendo aqui?

— Antes que pense em correr saiba que tem atiradores nos prédios só esperando uma ordem minha para atirar. – Seus lábios formavam um sorriso seco, quase forçado.

Olhei para os prédios e pude ver atiradores posicionados. Aquilo era ridículo, eu era uma moradora de rua não uma terrorista!

— Eu não fiz nada, sou apenas uma moradora de rua. – Céus, isso tinha que acontecer justo hoje que iria me encontrar com o Sherlock Holmes! – Seja lá quem pensa que sou esta terrivelmente enganado, não sou ninguém que a inteligência britânica teria interesse.

Seus olhos semicerraram, meu coração a essa altura batia em uma frequência preocupante.

— Você é Merope Sabine Richards, tem quinze anos e é filha de Agatha Richards? – Enruguei a testa confusa.

— Sou..

— Então é exatamente a pessoa que procuro. – Meus braços foram levados para trás em quanto meu pulso era algemado.

— Me solte! Eu não cometi crime algum, vocês não tem o direito de me prenderem. – Não importava o quanto eu me debate-se, eram mais fortes do que eu. Fui colocada dentro de um carro. Fiz inúmeras perguntas, mas fui completamente ignorada. – Eu tenho direito a um advogado, e estar acompanhada por um responsável durante um interrogatório!

— Fique quieta!

— Sou presa sem motivo algum, tenho meus direitos constitucionais violados e ainda sou mandada a calar a boca? Quanta audácia! Vou processar todos vocês quando sair daqui, isso é um abuso de autoridade.

***

Eles só podiam estar zoando com a minha cara, depois de toda aquela pressa para me conter tiveram a cara de pau de me enfiar em uma sala de interrogatório e me dar chá de cadeira. Teria cruzado os braços se eles não tivessem algemados em cima da mesa.

Depois de uma hora um homem abriu a porta e me lançou um olhar gentil, humf, não caio nessa, vi filmes o suficiente para saber que sempre tem o policial mal e o bonzinho, e o cara de terno caro é o malvado, por tanto este é o bom. Sem pressa arrastou a cadeira e se pôs a me observar com interesse.

— Você sabe por que foi trazida para cá? – Seus olhos verdes pareciam analisar cada expressão que eu fazia.

Me contive para não da uma resposta que me deixaria de castigo em qualquer outra circunstancia.

— Pensei ter deixado claro no carro. – Minha resposta arrancou um meio sorriso de sua face envelhecida, ele parecia ser um pouco mais novo que o outro homem, e tinha mais cabelo também. – Mas eu adoraria saber por que o meu direito de ir e vir esta sendo violado.

— Você esta nervosa e irritada. – Observou.

— Estou algemada, esperava que eu estivesse calma? – A indignação na minha voz era clara. – Ao invés de me fazer perguntas seja bonzinho e me dê respostas. Primeiro: quem é você?

Minha mudança de atitude pareceu agrada-lo, céus! Qual era o problema desse cara, e de toda essa gente?

— Eu sou o agente Rupert Smith, da MI6. – Franzi a testa por reflexo, como assim MI6?

— Aquele cara que fez vários snipers apontarem suas armas para o meu coração é seu superior? – O indaguei. Minha pergunta lhe fez rir, como se eu tivesse lhe feito lembrar-se de uma piada interna, que cara estranho.

— Pode-se dizer que sim. Minha vez de fazer perguntas, o que você sabe dos antigos empregos da sua mãe? – Franzi a testa confusa, o que minha mãe tinha haver com essa maluquice? Seu olhar foi serio ao fazer a pergunta, será que ela era o motivo da minha prisão.

— Acabei de me lembrar de que um interrogatório só pode ser feito a um menor de idade na presença de um adulto, como seus pais ou assistente social. – Não sei por que estou me esquivando de sua pergunta, estava fugindo daquela mulher, não fazia sentido defendê-la. Por quê? Porque estou protegendo-a?

— Porque esta se esquivando? Tem algo a esconder. – Seus olhos me encaravam fixamente, eu tinha despertado seu interesse.

— Não tenho nada a esconder, mas se me impedirem de exercer meus direitos irei processa-los. – A velha ladainha de volta, não que eu estivesse errada. – Dura Lex sed Lex.

— A lei é dura, mas é a lei. – Traduziu o agente Smith. Usufruí um pouco de seu silencio antes dele o quebrar, parecia ter mudado a estratégia. – Meu “superior” acredita que você seja uma ameaça à segurança nacional, eu estou aqui para confirmar ou negar as suspeitas dele.

Caí na gargalhada, ameaça à segurança nacional? Que piada.

— Ora, se era por isso eu poderia ter respondido na calçada mesmo. – Não era fácil se recuperar do ataque de risos, mas tentei. – A única ameaça que eu posso representar é para mim mesmo, moro nas ruas, não tomo banho com frequência por isso por tanto estou à sujeita a mais doenças do que o esperada para pessoas da minha idade. Agora poupe o nosso tempo e remova a algema, esta perdendo seu tempo comigo.

Embora o fato estivesse claro a algema continuou no meu pulso, já o agente, deixou a sala em silencio. Suspirei cansada, só queria ir embora e bater na porta do 221B da Baker Street.

***

O agente Smith entrou na sala de observação e sorriu para Mycroft, ele estava serio demais, parecia nunca relaxar, bem, havia pequenos momentos que a face severa do Holmes dava o lugar para uma expressão mais satisfatória, esperava conseguir o feito em breve.

— O que acha? – Perguntou o Holmes impaciente.

— Ela é só uma garotinha na margem da sociedade que busca um pouco de dignidade mesmo sabendo o que lhe aguarda. – Respondeu Rupert ao encara-la com pena pelo espelho dupla face. – Não acho que ela represente qualquer ameaça a segurança nacional.

— Os meus instintos..

— São tendenciosos com essa garota, foi por isso que me chamou, para eu ser mais objetivo, e fui, Merope Richards é inocente. – Disse o agente interrompendo Mycroft – Aceite Mycroft, aceite que tem uma filha e que ela não é nenhuma Moriarty.

— Você esta certo. – Concordou Mycroft Holmes. – Esta na hora de me apresentar a minha filha, vai ser difícil me acostumar com isso.

— Não se preocupe é, mas fácil do que parece! – O agente encarou os olhos de Mycroft com ternura, ele teria um longo trabalho pela frente.

***

Quando a porta foi aberta novamente não foi o agente Smith que passou por ela, para o meu desgosto foi o superior do agente Smith. Suspirei decepcionada. Seria o policial mal que prosseguiria com o interrogatório.

Semicerrei os olhos ao encara-lo, era evidente o meu desgosto com sua pessoa.

— Esta perdendo seu tempo comigo, agente.

— Eu precisava ter certeza que não era uma ameaça a segurança nacional. - Ele parecia tão confortável quanto eu naquela situação.

— Fico grata por ter agentes tão entusiasmados na inteligência britânica, mas agora que deixamos claro que estão enganados em relação a minha pessoa, creio que as algemas e a minha presença aqui são desnecessárias. – Sua mão foi até o bolso de sua calça e tirou uma chave e segundos depois meus pulsos ficaram livres. – Meu desejo de processa-los ainda esta forte para sua informação. – Deu um sorriso cínico que foi registrado com sucesso.

— Antes de ser liberada precisa ouvir uma coisa. – Revirei os olhos. Esse pesadelo não ia acabar? – É de meu conhecimento que a senhorita foi procurar Sherlock Holmes para encontrar seu pai.

É realmente difícil ter privacidade na Era da informação.

— E por acaso era para eu estar conversando com ele hoje. – Disse cínica. Nossa, eu estava pior do que a Chloe quando esta de TPM.

— Ele encontrou seu pai. – Meu coração acelerou ao ouvir aquelas palavras. Ele colocou uma folha em cima da mesa. – Leia.

Fiquei confusa ao ler o conteúdo.

— Ele fez um teste de DNA usando a minha amostra e a dele, por quê? – Minha cabeça estava rodando.

— Para saber se o DNA do irmão dele seria compatível com o seu. – Pelo resultado eu seria filha do irmão do Sherlock Holmes. Puta merda! Olha a onde eu fui me meter.

— Acho que preciso de um chá, de camomila de preferência. – Como assim eu era parente de Sherlock Holmes?

Sem me encarar o agente falou.

— Eu sou Mycroft Holmes, irmão de Sherlock Holmes, seu pai...

Saí arrastando a cadeira para trás em choque. Não podia ser o agente que eu mais detestava na MI6 era o meu pai!

Não consegui puxar o ar dos meus pulmões, o choque me deixou paralisada. Puxei o ar para os meus pulmões e nada vinha.

— Acho que ela esta tendo um ataque de pânico. – Comentou o agente Rupert entrando na sala apressado. – Respire fundo. – Ele dizia isso em quanto segurava meus ombros e me forçava a encara-lo. – Busque uma água para ela Mycroft.

Como assim ele era o meu pai? De todas as pessoas da Inglaterra, meu pai tinha que ser justamente o cara que me colocou na mira de snipers? Foi uma péssima ideia ter ido procurar o Sherlock Holmes.

— Não é tão ruim ser filha de Mycroft Holmes. – Disse o agente depois que eu me acalmei. Ele tinha pedido ao Mycroft para nos deixar a sós, mas era obvio que ele nos observava do outro lado do vidro que tinha na sala.

— Ah é? – O tom irônico poderia ser notado até mesmo por um leigo. – Diz isso porque ele não colocou atiradores na sua mira. – Tomei o ultimo gole de água que tinha no copo oferecido pelo Mycroft.

— Ele teve os seus motivos. – Sua expressão simpática me fazia questionar de qual lado ele estava nessa história. Humf!

— Tudo pela segurança nacional. – Comentei – Seu comprometimento com país é admirável, a ponto de apontar uma arma para a própria filha, a rainha deve estar orgulhosa.


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Notas finais do capítulo

Nossa, Merope irritada é como eu na TPM kk



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