O plano inefável de Crowley escrita por sherllttozierr


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Desde que eu terminei Good Omens em todos os sentidos (livro e série, não nessa ordem), e sendo fã de Supernatural a quase 12 anos, eu não consegui descansar até entrelaçar esses dois universos. Em minha defesa, eu ingeri muitas fanfics gringas com esse crossover e meus dedos coçaram para escrever o meu próprio. Então, a história se fez nesse pequeno conto triste e triste, onde o Crowley de Good Omens (o primeiro demônio, a serpente do Éden, o cara que perdeu o anticristo) é o mesmo Crowley de Supernatural (Rei do Inferno, as vezes ajuda os Winchesters, só queria ser amado e, aparentemente, um demônio que antes era um humano). Desconsidere Rowena, por favor, e vamos lá.

Boa leitura.



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Seis mil anos e algumas décadas.

Talvez um pouco mais que algumas. Mas, muito tempo de fato se passou. Ele se lembrava do sorriso tímido e das roupas ridículas. Ele odiava particulamente o século XIV, assim como amava Roma, onde finalmente percebeu o que sentia. Era estranho um demônio amar; mais estranho ainda amar um anjo, mas quem não amaria Aziraphale, aquele fanático por livros com um dom quase exuberante de expulsar clientes de sua livraria? Ninguém poderia culpar Crowley, ele amava seu anjo com toda a sua existência miserável.

Mas já havia sido o tempo em que ele havia sido feliz.

Ele manteve o nome, claro. Mas, agora pensando melhor, talvez ele entendesse a profecia de Agnes Nutter sobre rostos. Ele não manteve seu rosto conhecido (olhos dourados, cabelo ruivo). Assumia que sentia a ligeira falta de seu carro e do característico óculos escuro em seu rosto. Demorou pelo menos dois anos para ele se acostumar completamente com o corpo de John... alguma coisa. Talvez Jake. Ele não sabia, na realidade. O pobre homem estava em uma cama de hospital, com uma morte cerebral realmente séria e ninguém o esperando do lado de fora. Era um escritor de livros fracassado e britânico. Crowley havia escolhido o corpo minuosamente, imaginando que Aziraphale ficaria realmente chateado se ele possuísse um inocente sem motivos suficientes.

Porém, ainda é muito cedo para falarmos sobre os planos de Crowley na década de 90's. Ainda há o antes, cenas que se repetiam na mente do demônio de novo e de novo, durante os anos que passou quieto.

O primeiro-não-armagedon ocorreu em 1990. Eventos que foram impedidos de se concretizar por um demônio, um anjo, um anticristo, algumas crianças, uma ocultista (ou descendente de bruxa), dois caçadores de bruxas e uma médium. O fracasso no que se diz a respeito "Apocalipse Mark 1" fez com que o anjo e o demônio fossem severamente punidos. Ademais, eles conseguiram enganar a administração, mas não pensem que os anjos e demônios se deram por vencidos. Naquela época, eles sentiram-se muito ofendidos. Talvez Gabriel pudesse fazê-los esquecer dos dois nativos, mas, o que Crowley e Aziraphale não sabiam era que o Arcanjo estava muito longe, sendo abrigado pelos pagões e se tornando, o que seria conhecido no futuro, como o Malandro.

Isso é uma outra história, o que temos hoje é diferente.

Crowley se lembra de estar terminando de cuidar das plantas quando o seu telefone tocou. Dois toques e ele sentiu um estranho frio na espinha. Os olhos dourados pousaram no aparelho. No terceiro toque, ele atendeu.

━ Crowley? ━ a voz suave de Aziraphale não parecia mais tão suave. O demônio sentiu o medo e a insegurança nele.

━ Anjo? O que foi? Está tarde... ━ ele falou confuso. Olhou o relógio na parede e viu que era quase duas da manhã. Seja o que for que fez Aziraphale ligar para ele, era importante.

━ Querido, talvez eu esteja sendo apenas um bobo medroso, mas acho que estou sendo vigiado. ━ disse e Crowley segurou o telefone fortemente contra si.

━ Eu estou indo ai. Você acha que consegue aguentar? Não vou demorar. ━ o demônio tentou passar confiança em sua voz, mas estava tão apavorado quanto o anjo. ━ Aziraphale?

O anjo ficou em silêncio por longos segundos. Se não fosse sua respiração na linha, Crowley diria que a ligação havia caído.

━ Crowley, eu posso ouví-los. ━ sussurrou. Crowley iria responder, dizer que estava indo, mas Aziraphale continuou falando. ━ Eles são anjos, eu os conheço... Eu não-

A ligação caiu depois do corte.

O demônio nunca correra tanto em sua vida. Quando ele estacionou o Bentley na frente da livraria, sufocou um soluço teimoso que queria sair. De longe, ele podia ver sinais de arrombamento na porta. Sua mente não funcionou direito depois disso. Ele deixou a chave do carro cair no chão e saiu correndo. Quando abriu a porta, ela despencou no chão. Ao entrar na livraria, o demônio não conteve o maldito soluço.

Estava tudo bagunçado, de um modo que faria seu anjo ter um ataque do coração. Livros espalhados, prateleiras no chão.

━ Aziraphale? ━ o demônio chamou, tendo um pingo de esperança de seu anjo estar em algum lugar, vivo. ━ Anjo? Por favor... por favor... me responda! Aziraphale!

O demônio tropeçou, caindo no chão. Foi quando ele enxergou, de baixo de uma prateleira, os sapatos minuosamente lustrados do anjo. Crowley engatinhou desesperado até lá, levantando o móvel e tendo a pior visão de sua vida imortal:

Aziraphale estava ali, com os olhos abertos e sem o brilho angelical que ele possuía. Suas asas estavam meio dobradas abaixo de si e ele tinha uma enorme ferida no peito, provocada por uma arma de anjos.

━ Oh, não, não, não... ━ o demônio sibilou. ━ Azzzzziraphale... por favor... ━ ele sibilou como uma serpente, não se incomodando dessa vez pelo maldito tique.

Demônios, em sua totalidade, não costumavam chorar. Crowley nunca foi um demônio comum, por isso, não foi uma surpresa ao ter as lágrimas quentes molhando o tartan de seu anjo enquanto ele não escondia o luto. Não era simples; Aziraphale não iria voltar. Ele estava morto e Crowley não poderia fazer nada para trazê-lo de volta. O demônio riu enlouquecido, para logo depois gritar enfurecido. A livraria tremeu com a súbita demonstração de fúria, enquanto um demônio lamentava a morte de seu melhor amigo e amor.

O grande plano inefável de Crowley começou dois dias depois, quando ele fez sua nova identidade: Crowley, um simples demônio da encruzilhada. Foi torturado por anos após ter vendido sua alma. Crowley escolheu o século XVII, Escócia, pois o lembrava de um pequeno encontro que ele e seu anjo tiveram em um campo iluminado. O motivo da venda de "sua alma" foi a mais brega possível, pois o demônio ainda tinha certo humor.

Ele trilhou seu caminho com corpos e almas de infelizes gananciosos. Teve que modificar seus métodos, seu jeito de agir. Nada de cortes de fios de internet, ou moedas grudadas na calçada para provocar o pecado da ganância. Era passado. Ele havia, de fato, se tornado o demônio que todos esperavam que ele fosse.

Revolucionou o modo de vendas no inferno, afinal, ele era um ótimo vendedor (Eva que o diga).

Ele sabia que Aziraphale não se orgulharia do caminho que ele traçou, mas Crowley precisava de poder se queria colocar o Céu abaixo pela morte de seu anjo. E então, ele era o Rei da Encruzilhada. E depois, o Rei do Inferno. Poder, súditos e uma identidade secreta, era tudo que ele tinha e almejava para começar sua vingança.

E então, os Winchesters surgiram e com eles o Armagedon Mark 2, vinte anos depois. E Crowley ouviu, no fundo de sua mente, a voz de seu anjo dizendo que ele deveria ajudar, caso contrário, tudo iria para os ares.

Era noite, ele estava em sua casa na América. Em uma mão, um copo de uísque caro (ele nunca perdeu seu paladar para bebidas). Na outra mão, uma pena da asa de seu anjo que ele guardava como sua vida, para lembrá-lo do porque ele estava fazendo aquilo.

Crowley sorriu de lado quando sua casa teve um apagão provocado pela caçadora, Jo, ele achava. Finalmente, o demônio poderia se livrar da arma guardada em seu escritório. Guardou a pena do anjo, tomou o último gole da bebida e ensaiou seu discurso novamente, pronto para entregar a Colt aos dois irmãos caçadores e se livrar de Lúcifer de uma vez por todas (e de alguns anjos, se ele tivesse sorte).


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Espero que tenham gostado e até uma próxima vez, anjos! Beijos.



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