— Na sua cara, Césaire! – comemorei enquanto Alya assistia o vídeo, chocada.

— Eu disse, amor. – Nino apontou para o celular, levando um olhar feio da minha melhor amiga.

— Mas as nossas provas, como... Ah! Ok, vocês venceram. – entregou o celular pra mim e cruzou os braços emburrada.

— E o time Agreste venceu! – Adrien comemorou e eu olhei para.

— Eu não concordei com esse nome.

— Por quê? É um nome adorável, assim como você. – meu namorado sorriu e de me deu um beijo na bochecha, porém endireitou a postura assim que Kim passou por nós estreitando os olhos.

— Agreste, será que eu posso falar com você?

— C-Comigo? – apontou para si, fazendo Nino rir.

— É óbvio. A Marinette vai ser Agreste só depois do casamento. – arregalei os olhos constrangida e Alya deu uma cotovelada em Nino. Preciso agradecê-la mais tarde.

— O que você quer com ele, Kim? – perguntei sem entender a atitude dele.

— Conversar. Nada demais. – alternei meu olhar entre ele e Adrien. Meu namorado então assentiu, e saiu seguindo o meu irmão.

— Eu estou de olho, hein! – gritei e Kim fez uma careta.

— Ai ai, esses garotos! – minha melhor amiga levantou – Preciso terminar o meu trabalho com a Sabrina e o Max.

— Ah, e eu preciso revisar o meu.

— Tudo bem, vão lá Alyno. Eu vou aproveitar e beber uma água. – os dois ficaram constrangidos e eu saí rindo na direção do bebedouro. Vingança.

— Se eu fosse você não bebia aí, já vi algumas pessoas colocando a boca aonde sai a água. – pulei com o susto, quase me babando com água que eu tomava e me deparando com Félix parado ao meu lado.

— Nojento! – exclamei olhando para o bebedouro.

— Também acho. – seu tom de voz estava mais leve e eu me perguntava se ele tinha batido a cabeça hoje de manhã, ou algo assim.

— Se você não vai beber água, o que quer aqui?

— Você não deixou eu terminar de falar aquele dia.

— E você tinha mais coisas para me falar?

— Se eu não terminei é porque tinha. – revirei os olhos. E esse é o Félix que eu conheço. – Enfim, eu queria te falar uma coisa.

— Então fala. – retribuí no mesmo tom.

— Sei que não vai valer de nada agora, mas gostaria de deixar perfeitamente esclarecido entre nós que eu tenho sentimentos por você. – permaneci parada, processando sua fala. Será que eu entendi o que eu acho que entendi?

— H-Hã... Sentimentos? – Félix assentiu – Tipo...

— Gostar. – disse como se fosse óbvio, o que me deixou ainda mais surpresa e confusa – Achei que já tivesse percebido.

— É que você não demostra muito, sabe.

— Não?

— Bem, aquele dia você me disse que Paris estava ferrada se eu fosse a Ladybug. – ele parou e pensou.

— Mas aquela era a minha opinião. Eu não menti pra você. – coloquei minha melhor expressão de emburrada no rosto – De qualquer modo, você é a única que eu converso nessa escola. Por isso imaginei que tivesse percebido. – naquele momento fiquei até um pouco triste por ele. No entanto, imagino que a sua personalidade peculiar seja a grande causa disso.

— Por que não conversa com outras pessoas? – deu de ombros – Bom, nesse caso eu fico... Lisonjeada? – saiu mais como uma pergunta – Mas eu tenho namorado, você sabe.

— Sei. Só queria deixar claro. – Félix permaneceu com a expressão imparcial. Acho que talvez ele seja a pessoa que melhor lida com foras.

— Ok, então.

— Tchau. – ele virou as costas e saiu, me deixando com uma tela azul na minha mente.

— Posso saber o que o falso Chat Noir queria com você? – ri ao ouvir aquilo, mas depois a minha expressão mudou.

— Ora “posso saber”, como se eu devesse explicações. – Adrien recuou e abriu a boca para falar algo, porém eu o interrompi – Não que seja da sua conta, mas ele veio me dizer que gosta de mim.

— Eu sabia. – comemorou – Espera, o quê? – o loiro fez uma careta – Acho que vou bater um papinho com ele.

— Não, você não vai a lugar nenhum. Eu já resolvi.

— Mesmo?

— É claro. E aliás, o que o Kim queria com você? Imaginei que fosse uma coisa, mas como você voltou vivo, pude notar que não era o que eu pensava. – ele colocou a língua pra mim.

— Conversa de irmão mais velho com namorado da irmã mais nova. Tipo o seu pai, dizendo que não encontrariam o meu corpo se eu te machucasse e aquelas coisas. – balancei a cabeça em negação. – Você é muito sortuda por ter um irmão como o Kim e é claro, um namorado como eu.

— Inacreditável, Agreste. Inacreditável. – Adrien passou os braços ao redor dos meus ombros e me trouxe para perto de si.

— O que foi? Eu trabalho com verdades.

— Aham, é. Você é muito convencido, coitada da sua namorada. – ele riu.

— Na verdade, ela é louquinha por mim, você tem que ver. Fica me pedindo beijos e essas coisas, além de ficar toda hora mandando mensagens. – dei um soco no seu peito – Ai! Que agressividade.

— É claro, você vai levar um soco todas vezes que mencionar que eu pedi um beijo aquele dia.

— Ah, nesse caso vale a pena.

— Ok, dois socos.

— Mas...

— Três. – Adrien respirou fundo e deu um sorriso.

— Parei. – levantou as mãos em sinal de rendição. – Mas você não pode negar o seu passado.

— Quatro. E se reclamar, vou deixar você amarrado no topo da Torre Eiffel e você sabe que eu consigo.

— E eu te amo muito, por isso não vou mencionar mais esse fato. – sorri ao notar que minha chantagem tinha funcionado.

— Acho bom.

***

O que você acha? Cueca branca ou preta?

Não sei, manda foto pra eu avaliar melhor.

Brincadeira, não manda!

Ah.

Já estava tirando.

Imaginei já que você demorou para responder.

Rsrs!

Cueca branca, aliás.

Ok.

Balancei a cabeça e dei risada. Adrien é um completo idiota e eu sou completamente apaixonada por ele.

— Que sorrisinho é esse? – Tikki parou na minha frente, comendo um biscoito.

— Nada não. Estava conversando com o Adrien.

— Vocês fazem um belo casal.

— Obrigada. – agradeci, fazendo uma reverência e nós duas rimos.

— Já vou dormir. Boa noite, Marinette.

— Boa noite, Tikki. – desliguei a luz do quarto e me ajeitei para dormir, porém logo a luz foi ligada novamente – Mas o que...

— Shh! – Chat Noir colocou o indicador na frente dos meus lábios – Não grita. Não quero seu irmão aqui com a vassoura de novo. Vai que ele traz o seu pai junto. – tive que rir.

— O que você está fazendo aqui?

— Você acha que eu pedi pra você escolher a cor da cueca por qual motivo? – arregalei os olhos e ele riu. – Claws in!

— Ah, finalmente! – Plagg exclamou sonolento, pegou o camembert da mão de Adrien e saiu para algum lugar do meu quarto.

— Estou brincando. Só vim aqui porque amanhã só vamos nos ver na escola, tenho alguns compromissos.

— Entendi.

— Posso? – apontou para o lugar ao meu lado e eu assenti. Em seguida, Adrien foi para baixo das cobertas e ficou de frente para mim. – Você está tão bonita hoje, Bugaboo.

— O que você está querendo?

— Nada. – ele riu – Não posso te elogiar?

— Pode sim. Inclusive, deve. – nós dois sorrimos e ele se aproximou mais, ficando com o rosto quase colado no meu.

— Eu te amo, my lady.

— Eu também te amo, kitty. – em seguida ele me beijou. Depois disso, Adrien me puxou para os seus braços e eu fiquei assim até adormecer.

Sinceramente nem vi quando ele foi pra casa, se foi logo depois ou se foi na manhã seguinte antes de irmos para a escola. A única coisa que eu tive certeza, é que aquele foi o melhor sono da minha vida.

***

— Dessa vez eu acho que descobri o furo de reportagem do ano. – Alya sussurrou e eu já olhei para Adrien com uma expressão de “o que essa louca está aprontando agora?”. Sempre que ela vinha com esse tom, coisa boa não era – Acho que dessa vez eu posso ter descoberto a verdadeira identidade da Ladybug. – arregalei os olhos e paralisei. Minha melhor amiga estava com uma expressão indecifrável, o que me deixou ainda mais ansiosa.

— O quê? – Adrien perguntou, pois eu não tinha forças para tal.

— Essa garota parece com ela, age como ela e eu nunca vejo ela quando os akumas atacam. Ou seja, temos evidências. – continuei parada sem mover um músculo.

Será que Alya tinha descoberto o meu segredo? Será que o ar estava terminando e por isso que não conseguia mais respirar? Ficou quente de repente, ou é impressão minha? O chão ainda estava no mesmo lugar? Porque parecia que ele estava se movendo. Ai meu Deus, o chão está se movendo! Não, sou só eu delirando. Seria uma boa fingir desmaio ou sair correndo? Talvez eu pudesse dizer que na verdade eu era o Chat Noir.

Respira fundo, Marinette. Caso contrário você vai entrar em colapso.

— Quem é? – Nino perguntou curioso e a minha melhor amiga deu um sorriso maior ainda. Os dois eram claramente os únicos animados ali.

— Kagami.

— O quê? Não! – despertei. – Você endoidou de vez? – Alya cruzou os braços.

— Ah é? Quer apostar?

Respirei fundo e revirei os olhos. E lá vamos nós de novo.