Garota do cabelo rosa chiclete escrita por CalixtoSama


Capítulo 1
Garota do cabelo rosa chiclete


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥️ como vão?
Então, estou repostando essa história porquê decidi reescreve-la com uma linguagem mais madura! Provavelmente o texto está com uma formatação esquisita, mas isso e porque o Nyah nunca aceita a formatação padrão do app que eu uso para escrever!
Espero que gostem!
Boa leitura!



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Garota Do Cabelo Rosa Chiclete

 

Colin é um metaleiro, líder da banda de metal The Hawks. Um dia seu caminho se cruzou com o de Karou, uma cantora Indie de cabelo cor de rosa.

Uma madrugada de conversas em um bar foi o suficiente para despertar sua curiosidade sobre a guitarrista de personalidade única.

Deveria ser mais um dia comum de ensaio na casa de shows, uma Sexta-Feira á tarde, quase noite.

Eu e Miguel estávamos sentados nos banquinhos do bar bebendo cerveja enquanto esperávamos as meninas da banda principal da noite chegar.

Quatro garotas, mas apenas duas delas haviam chegado cedo e estavam arrumando suas coisas.

Pretendíamos deixar tudo pronto, já que o show seria no dia seguinte. Pouco mais de algumas horas par organizar um cronograma e ensaiar algumas faixas.

Uma dela loira com os cabelos curto, olhos azuis e temperamento tão elétrico que foi impossível não compará-la com uma pilha.

A outra mais alta e de cabelos castanhos, estava quieta, analisando atentamente uma planilha.

Estava um calor infernal, o típico de se esperar de janeiro, organizamos nossas coisas cedo e até nos oferecemos para ajudá-las, entretanto a mais alta recusou educadamente.

Miguel estava tagarelando alguma coisa sobre sua loja de surf que já estava nos últimos ajustes para ser inaugurada.

Miguel é um cara legal, baterista da nossa banda, viciado em qualquer coisa que envolva o mar e quem sabe um biólogo futuramente.

E também tem a Nanda -com sua incrível capacidade de estar sempre atrasada- ela é a nossa baixista. Tem uma voz muito bonita, mas é realmente uma pena que seu desejos momentâneos de caráter duvidoso a estejam desviando do sonho que nós três estamos caminhando para realizar.

Ouvi uma algazarra e logo vi Mat chegando junto de duas garotas, trazendo em suas costas uma mochila preta e nos braços algumas caixas médias.

As outras duas integrantes da banda, uma com cabelo preto e azul muito parecida com a usina elétrica ambulante.

Mas a outra foi a que me chamou mais atenção, e não foi só pelo cabelo cor de rosa.

Nunca fui do tipo detalhista que presta atenção a cada mínimo detalhe, mas momentaneamente quis gravar cada mínimo detalhe dela. Sobretudo o sorriso brilhante e os olhos escuros.

Julguei-a em pensamento por usar casaco em um momento em que pareciam ter aberto os portões do inferno.

— Ei! Miguel! - Gritou a de cabelos pretos jogando a bolsa no chão e pulando em cima do Miguel.

— Quanto tempo Mila! - Ele respondeu se levantando estando ainda abraços levantando-a no ar.

— Opa! - Matt comprimentou-me fazendo um comprimento de mão comigo.

— Olá, sou Mila. - Disse a de cabelos pretos se aproximando e estendendo a mão para mim.

— Você parece até que cresceu! - Miguel exclamou abraçando a de cabelo rosa chamando minha atenção.

Ela retribuiu o abraço de maneira bem carinhosa mas pareceu-me tímida ficando na ponta dos pés para conseguir tal feito.

Miguel poderia facilmente ser confundido com um eucalipto graças a seus quase dois metros de altura.

Me cumprimentou estendendo a mão junto com um pequeno sorriso no rosto.

— Esse é Colin! - Matt me apresentou.

— Sou Karou. - Tive a leve impressão de seu olhar ter se perdido no meu, mas me recompus.

— Prazer... - Murmurei e então ela se virou caminhando em direção ao palco.

Poucos minutos a mais foram necessários até que o ensaio começasse, pretendia ir embora mas Matt me convenceu a ficar para assistir.

Karou se sentou na beirada do palco de tamanho médio com uma guitarra azul escura em seu colo.

Meu olhar se perdeu várias vezes entre seus dedos deslizando de maneira habilidosa pelas casas da guitarra e o jeito único que ela parecia absorver cada acorde da música.

Com as costas encostadas em uma pilastra, vez ou outra notei sua pender para os lados no ritmo da música e os pés batucando no ar por estar com as pernas para fora do palco.

Ela riu discretamente quando seus chinelos caíram dos seus pés e ficou levemente sem graça ao notar que eu estava olhando.

Mila estava na bateria.

A loira chamada Júlia no teclado.

A de cabelo castanho, Jéssica, no baixo.

A grande parte das músicas tinham letras animadas, outras eram mais quentes e algumas são cover.

Mas a que mais me chamou atenção foi Karou. Não importava quantas garotas passassem pela minha frente, ela ainda conseguiria sem o mínimo esforço prender minha atenção.

Sua voz tem uma tonalidade levemente grave, concentrei-me tanto nela que apenas no fim do ensaio notei que não há uma vocalista central, Jéssica e Karou se dividem vez ou outra trocando de posição, mas Karou é a base na maioria das músicas.

Quando o ensaio finalmente acabou, ajudamos a guardar algumas coisas tomando cuidado para não misturarmos com as nossas.

O silêncio de Karou em meio a algazarra das outras garotas me deixou curioso.

Uma pessoa de poucas palavras talvez?

— Ela não é muito sociável... - Sussurrou Matt próximo ao meu ouvido notando que eu a estava olhando.

— Porque? - Perguntei de maneira automática acompanhando-o até o camarim com algumas caixas.

— Ela sempre foi quieta assim... Ela é meio tímida também. - Explicou enquanto guardava a caixa em cima de uma mesa comprida.

Observei-me no espelho que fica preso a parede.

— Ei, vamos sair pra ir em um bar... Querem vir? - Perguntou Mila da porta do camarim.
— Pode ser... Bora? - Perguntou Matt, apenas concordei com um aceno silencioso de cabeça.

Dei uma última olhada em meu reflexo antes de sair em busca da minha mochila.

Fmos para um bar conhecido nosso, nos dividimos em dois carros.

As meninas logo foram dançar, Miguel não perdeu tempo e logo se juntou a elas sobrando apenas eu e Matt na mesa.

Ana Júlia e Jéssica dançavam animadamente, estavam de mãos dadas sorrindo abertamente uma para outra.

Mila estava com Miguel, rodopiando pelo salão, ele sem nem sequer disfarçar sua intenções.

Karou que estava dançando com um rapaz, foi para o balcão e pediu uma cerveja.

— Algo sobre ela? - Perguntei ao notar Mart me olhando descaradamente.

— Não sei quase nada, ela não é de falar muito. - Murmurou após bebericar sua cerveja.

— Isso é vem desmotivador. - Resmunguei.

— Elas se conheceram na faculdade de música pelo o que me contaram. Sei que Karou lutou muito pra conseguir formar a banda.

— Ela é bem dedicada aparentemente. - Ponderei fazendo um sinal para que continuasse.

— Ela tem mais responsabilidade que eu em meus 26 anos - Respondeu rindo.

— Como se conheceram?

— Ela já namorou um colega meu.. A uns...3 anos atrás. - Explicou e logo sorriu maliciosamente. - Ficou bem interessado nela.

— Não enche. - Resmunguei.

— Vou dar uma volta... Tem uma morena bem interessante lá no balcão. - Se levantou e se espreguiçou caminhando em passos lentos até o balcão, sentando-se ao lado de Mila.

Karou ficou sozinha na mesa, quando ela olhou para mim fiz um sinal com a mão a chamando discretamente, ela jogou a lata num cesto no chão e caminhou até mim.
— Posso? - Perguntou apontando para o lugar de frente para mim na mesa onde antes Matt estava.

Apenas confirmei com um sorriso.
— Então... Fala algo. - Disse sorrindo.

— Algo? - Ela revirou os olhos mas sorriu. — O que?

— Idiota. - Seu tom é descontraído.

Ok, ela me chamou de idiota mas sorriu... É um bom sinal né?

— Pode me chamar de amor da sua vida também. - Declarei a pior cantada possível e ela gargalhou.

— Boa... Conta outra. - Disse rindo enquanto prendia seu cabelo em um coque.

— Seu pai é padeiro? Porque você é um sonho. - Tive a impressão de que seu sorriso ficou ainda maior.

— Ok, você é péssimo. Eu conheço uma melhor!

E pensar que foi assim que nossa amizade começou...

Entre altos e baixos, um show e outro, e muitas descobertas pessoais.

Tudo parecia ficar mais leve perto dela, definitivamente ela era a mulher mais incrível que eu já tinha conhecido.

Eu estava me acostumando com a ideia dela ser perfeita, de que ela era forte para facilmente superar os problemas.

Conhecer sua história me fez ter certeza de que eu me esquecera por um momento de que ela também era um ser humano.

E que quando se vive, é inevitável passar por momentos de dor.

Fazia cerca de três meses desde o dia que nós havíamos nos conhecido. 

Os cabelos continuavam rosas, agora um pouco mais claros.

— Olha só... Parece que você cresceu uns dois centímetros! - Respondi vendo-a subir em uma cadeira para pegar uma caixa de cereal que estava na parte de cima do armário da cozinha.

As outras meninas dividiam um apartamento, ela optou por morar sozinha, mesmo que no mesmo prédio.

Seu apartamento era bem organizado, a cozinha americana era bem mais organizada do que a minha casa inteira.

A sala era composta de um sofá grande, com uma televisão presa na parede e os desenhos que ela faz que de tanto ficarem espalhados pelos móveis já fazem parte da decoração.

O apartamento não era muito grande, as paredes ainda tem as mesmas cores da antiga pintura, em um tom azul claro, é engraçado vê-la reclamar sobre como elas ficarem melhores com tons de rosa.

— Colin você é um idiota! - Disse bufando.

— Você repete isso umas vinte vezes por dia. - Respondi sorrindo apoiado na parede.

— Colin me ajuda caramba! - Resmungou esticando o braço para tentar pegar a caixa.

— Desce daí antes que você caia, tampinha. - Respondi indo até ela. — A propósito, como você colocou isso ali?

— Foi a Jéssica! - Resmungou indo até o balcão.


—Posso fazer uma pergunta? - Perguntei observando-a após terminar de comer.

— Já fez... Mas como sou boazinha, eu deixo fazer outra. - Respondeu procurando por um pote.

—Sei que é go invasivo e se não quiser não precisa contar, mas porque você tá sempre com essas roupas enormes? - Perguntei baixo quase me arrependendo da pergunta ao notar seu suspiro.

Tentei pensar em todas as explicações possíveis, excluindo a ideia de que são para esconder suas asas de anjo.

E naquele dia não era diferente, apesar que ela estava de short, estava também com uma blusa de mangas compridas.

— Tenho marcas de quando era mais nova, e elas ainda me incomodam um pouco. - Respondeu indo até a pia e colocando o pote onde estava comendo dentro da mesma.

— Marcas? - Questionei-a caminhando até o balcão e me sentando no banquinho onde antes ela estava.

— Sim... - Sussurrou vindo até mim e se apoiando no balcão ficando entre as minhas pernas.

Apesar de que já éramos grandes amigos, e termos bastante intimidade também, quando ela ficava muito perto de mim, eu me sintia um pouco... Perturbado.

Passava boa parte do meu tempo livre lá, Nanda por ciúmes já até disse que iria sair da banda, mas Miguel provavelmente a convenceu a ficar. Ela sempre foi do tipo que tem ciúmes até de seus amigos.

— Que tipo? - Murmurei.

Karou não era uma pessoa de muitas palavras, e como eu também não era, isso me deixava com um pouco de raiva, era como se eu precisasse analisar cada uma das minhas palavras para não dizer merda.

— Tive problemas quando mais nova, eu me sobrecarreguei e um dia pareceu ficar insuportável. Meus pais morreram e eu precisei arrumar muitas coisas rápido, principalmente quando precisei de um emprego pra conseguir um lugar pra ficar. - Explicou cruzando ambos braços.

— Porque um lugar para ficar? Tipo, e sua casa?

— Eu morava com a minha mãe, e ela morreu, e eu não tinha contato com meu pai... Morávamos de aluguel na casa do meu não tive nenhum parente que me ajudasse, então tive que procurar um emprego. Passei a trabalhar de dia e estudar de noite, pelo menos para completar os dois últimos anos da escola que faltavam na época. Achei uma pensão e passei a dividir com outras duas garotas.

Mantive-me em silencio, ponderando sobre o que dizer.

— As frustrações ficaram pesadas demais, tinha meu trabalho, escola, família brigando pela minha herança, e meu namoro frustado. - Disse levantando as mangas da blusa, algumas marcas pelo braço. - Um dia uma amiga da pensão disse que eu precisava me animar, e me levou pra uma festa. Bebemos demais, mesmo estando de moto, na hora de voltar caímos e essas são as marcas que ficaram.

— Pouco depois entrei na faculdade e conheci as meninas. Elas me ajudaram bastante sabe? As marcas são lembranças de uma época ruim e eu ainda não estou pronta para deixá-las a mostra.

— Entendo... - Não houve mais nenhuma palavra, eu senti que ela queria ouvir algo, mas o melhor que pude fazer foi apenas abraça-la.

E a partir daquele dia passamos a conversar todos os dias sem falta, a confiança cresceu entre nós.

Karou sempre viveu em constantes batalhas consigo mesma.

Chegou até a ficar fora de uns cinco shows da banda, apesar de lidar com muitas críticas, a positividade reinou e uma página de apoio surgiu, fãs mandavam todos os dias dezenas de mensagens de apoio e aquilo sem dúvidas foi algo importante para ela.

Existem três Karou diferentes e eu aprendi a lidar com cada uma delas.

A artista, que passa todos os seus sentimentos para o papel, seja em forma de música, desenhos ou textos.

A cantora, acredito que a música é a forma como ela alivia todas as suas dores, no palco é como se o peso do mundo ficasse mais leve, a adrenalina, a emoção... É lá que as noites sem dormir e as lágrimas derramadas ganham sentido.

Posso afirmar por que partilho do mesmo sentimento.

E também tem a verdadeira Karou, a mulher mais incrível que já conheci, com seu jeito louco, com sua beleza, com suas marcas, suas dores e seus sonhos.

Ela pode ser às três em um único dia e nem mesmo suas amigas conseguem perceber essa diferença, mas eu consigo, por que aprendi a cada dia que passa conviver com ela e lidar da melhor forma possível...

Eu sei quando ela precisa de um abraço, e sei quando ela precisa apenas do meu silêncio.

Lembro também do dia que a fiz chorar de felicidade e de certa forma, eu chorei junto com ela.

Era seu aniversário, 24 anos.

Ela dispensou qualquer tipo de festa ou qualquer coisa do tipo. Então, dei a proposta de irmos dar uma volta... E no meio do caminho tive a brilhante ideia, Karou sempre me disse que tinha muita vontade de ter um animalzinho de estimação, e depois de trabalhar duro ela finalmente conseguiu comprar sua própria casa...

Que por sorte era bem próximo a minha...

Porque não lhe dar uma companhia?

A levei até um lugar que eu sabia que ela nem se dava conta da existência, já que ficava em um canto mais afastado da cidade.

Eu precisava enrola-la o máximo possível para que todos conseguissem organizar a casa...

Ela lógico ficou sem entender me encheu de perguntas.

— O que viemos fazer aqui? - Perguntou observando a enorme placa do lugar.

Uma pequena casa de rações, onde o casal dono do lugar resgatava animais de rua para adoção.

— Você verá... - Respondi a puxando pela mão para entrar.

No fundo há um pátio e um gramado onde os animais ficam.

Ela sempre me disse que tinha vontade de ter um cachorro, para poder fazer aquelas cenas idiotas de filmes onde o dono brincava com o seu bicho no parque ou algo do tipo.

—São tão bonitinhos... - Murmurou olhando os filhotes em um cercado no gramado.

— Serve... - Murmurei implicante.

— Ah! Seu sem graça! - Resmungoh pegou um que estava com as duas patinhas apoiadas na cerquinha.

Não pareciam ser de raça, devia ter uns dois meses, já que era um dos maiores do cercado.

— Ah... Tão fofo! - Murmurkj enquanto o abraçava.

Ele era preto com uma mancha branca em cima de um dos olhos.

— Quer levá-lo? - Perguntei, seus olhos brilharam.

— Sério?! - Perguntou animada, apenas assenti.

— Obrigada! - Disse pulando em cima de mim e abraçando minha cintura, que era aonde ela batia.

— Vai matar o bichinho... Calma! - Respondi baixo abraçando-a.

Ela me fez andar pelo shopping inteiro atrás de um maldito lenço para colocar no pescoço do bichinho, junto com várias outras coisas eu definitivamente não sabia a utilidade.

Quando finalmente saímos de lá, já eram quase sete da noite.

— Ahh! Você vai se chamar Pirata! - Disse fazendo carinho no cachorrinho que estava deitado em seu colo dormindo.

Estávamos no carro.

— Você é péssima escolhendo nomes! Caramba, quanta criatividade!

— Idiota! - Exclamou sorrindo.

— Vigésima.

— O que? - Perguntou me olhando.

— Vigésima vez que me chama de idiota só hoje. - Respondi rindo.

Quando entramos no apartamento, todos gritaram quando acendi a luz.

Karou que era difícil de se emocionar em público começou a chorar.

E foi naquele dia que eu a vi sorrir como nunca, desde a primeira vez que nos conhecemos.

Nossa amizade passou por momentos bons e ruins...

Eu a vi feliz por junto com suas amigas conseguir abrir o show de uma banda famosa...

Eu a vi sorrir como nunca por finalmente ter conhecido a praia e ter tomado banho de mar.

Eu a vi comemorar todo digníssimo mês o aniversário do Pirata...

Mas eu também a vi chorar por medo.

A vi chorar por ter passado mais um ano sem seus pais...

Eu sorri como um besta por quase uma semana quando nos beijamos pela primeira vez.

Eu já era louco por ela a bastante tempo, parei até mesmo de sair com outras garotas porque sentia estar enganando a mim mesmo.

No começo achei que ela só queria diversão, afinal, ela sempre foi muito boa em esconder seus sentimentos e ela nunca demonstrou que queria algo a mais.

Mas isso mudou...

Graças ao dia em que eu quase a perdi...

Ela voltava sozinha de um show em uma boate, mesmo não gostando desse tipo de lugar, fui só para dar-lhe apoio...

Na saída, ela insistiu em voltar sozinha...

Estava de moto, não havia bebido nada... Mas um motorista bêbado quase tirou Karou de nós.

De mim...

Por sorte nenhum ferimento foi muito grave se comparado com o estrago da batida, mas isso resultou em 25 pontos em uma perna, dores de cabeça constantes e mais um medo...

E com isso, mais uma vez Karou se fechou em seu próprio mundo de novo...

Mas aos poucos isso mudou, junto com sua recuperação...

Nós conseguimos fazê-la se sentir melhor consigo mesma, ela venceu mais uma batalha e eu fico feliz de ter estado junto dela em um momento importante assim.

Ela até parou de se esconder.

Ela finalmente se libertou.

E sinceramente existe um dia que em toda minha vida foi o que mais me marcou..

Era tarde da noite, provavelmente umas duas horas da manhã, tínhamos acabado de voltar de uma casa de show, as meninas tinham ido nos dar apoio.

Adam e Mila haviam começado a namorar, então ela iria para a casa dele, eu como não tinha nada de interessante na minha acompanhei Karou.

Nós dois não havíamos bebido nada, ela na verdade, já que eu tinha bebido apenas uma garrafa de cerveja.

Já fui chegando tirando minha jaqueta e me jogando no sofá, estava morto.

Dia cheio.

Show exaustivo.

Karou entrou logo atrás de mim e trancou a casa enquanto tirava seu típico moletom, ficando apenas com uma blusa que tinha uma águia na frente de mangas compridas e um pouco larga, hoje está frio.

Ela jogou o celular e as chaves do carro em cima da mesinha de centro da sala e se sentou nela.

— Tira por favor. - Disse enquanto colocava seu pé em cima da minha coxa.

— Preguiçosa. - Debochei sorrindo enquanto levantava um pouco a perna da sua calça revelando o fecho da sandália preta de salto.

Quando estava livre ela se sentou ao meu lado no sofá deixando as sandálias em baixo da mesinha.

— O que foi? - Perguntei notando sua inquietação.

— Ombros doendo. - Resmungando.

— Quer uma massagem? - Sugeri inocentemente.

— Claro! - Respondeu e se sentou no meu colo, ficando de costas para mim. 

Estranhei sua atitude, não nego, mas mantive-me em silencio.

— Se sente bem? - Perguntei jogando seu cabelo para frente.

— Não reclama. - Disse baixo e suspirou suspirou logo em seguida quando comecei a apertar levemente seus ombros.

Pude sentir seu corpo relaxar contra o meu.

— Eu não disse nada.

— Você parece exausta. - Comentei quando ela "tombou" seu corpo para trás jogando a cabeça em meu ombro.

— Um pouco. - Disse se espreguiçando.

— Posso? - Perguntei pondo ambas mãos em sua cintura, a abracei ao ouvir seu murmúrio baixo em afirmação.

Ficamos assim um pouco, ela estava quase dormindo, até que o toque do seu celular a faz levantar em um pulo.

Logo o atendeu, ela apenas confirmava, marcando algo para o próximo fim de semana a noite, provavelmente mais um show.

— Não fala nada... - Murmurou baixo após se sentar novamente no meu colo, dessa vez virada para mim, seus braços envolveram meu pescoço e logo sua cabeça repousou em meu ombro.

Deixei meu corpo relaxar, envolvendo novamente sua cintura e apertando-a contra mim.

Apoiei minha cabeça em seu ombro e apenas apreciei sua companhia.

Contive qualquer piadinha quando levantou seu rosto, seus olhos fixos nos meus, ao mesmo que a pele branca de suas bochechas ganhou a coloração rosada.

Tímida sim, fofa sempre.

Seus lábios tocaram os meus de forma lenta, sensual. Eu poderia ter até suspirado se meu orgulho não fosse tão grande.

Sorri ao sentir o gosto de morango em minha boca, resultado da bala que ela sempre carregava no bolso da calça e que sempre tem em todo canto da casa.

Quando o ar faltou puxei sua cabeça para o lado revelando seu pescoço, onde depositei vários beijos, pude sentir seu corpo inteiro se arrepiar.

Como explicar em palavras a sensação que tenho toda vez que ela me toca?

Seus toques eram leves e tímidos, era quase como se ela tivesse medo de me tocar.

O contraste do nosso tamanho me fez sorrir. A sensação era de que ela havia sido feita exclusivamente para mim.

O jeito como nossos corpos parecem se encaixar. A maneira como ela cabe perfeitamente nos meus braços.

Beleza e luxúria juntas. Tão fofa a ponto de me dar vontade de guarda-la naqueles potinhos bonitinhos, sabe? Esconder de toda a maldade do mundo e tê-la só pra mim... E sexy a ponto de me fazer ter pensamentos que não devia.

Também me lembro de como eu parecia um idiota admirando seu corpo abaixo do meu.

Tive que tomar um certo cuidado para não esmagá-la com meu tamanho.

Como me esquecer do calor de sua pele? Do gosto dos seus lábios?

Como me esquecer da sensação de nossos corpos conectados como um só?

Ela era a própria perdição, o pecado em forma de mulher.

A maneira como a tatuagem se tornou a marca de sua coragem e enfeitou ainda mais a pele mscia.

Um enorme par de asas em suas costas, escondido entre as penas negras o número catorze, o dia em que sua vida recomeçou como ela mesmo disse.

Eu não tenho palavras para descrever sua perfeição, mas para mim, a criatura mais sublime da terra.

— No que você tanto pensa? - Perguntou um ser pequeno se remexendo na cama.

Os fios rosados descabelados e o rosto levemente amassado e avermelhado.

— Nada demais... - Murmurei fazendo um leve carinho em seus ombros puxando-a para mais perto.

O sono lhe fez murmurar algo que não compreendi.

— Volte a dormir... - Recomendei, e ela sem protestar o fez.

Aconchegou-se novamente em meu peito.

Estamos deitados na cama da sua casa, ou melhor, nossa cama, da nossa casa...

Pirata dorme nos pés da cama.

Quase cinco anos juntos...

E três anos de casados.

E sinceramente, não trocaria por nada no mundo.

A noite está fria, uma brisa gelada sopra da janela um pouco aberta...

A luz do lado de fora iluminou um pouco dentro do quarto.

Passei a mão por seus cabelos esparramados sobre a cama e admirei seu corpo no pijama de morangos.

Impossível não sorrir...

A vida tem reviravoltas incríveis, principalmente a nossa...

Às vezes brigamos, até ficamos sem se falar.

A rotina de shows aumentou, The Hawks está chegando ao seu auge ao mesmo que Karou e as meninas conquistam cada vez mais o mundo.

A madrugada fria mostra que em breve é hora de arrumar as malas de novo.

Mas isso não é mais um empecilho.

Agora eu tenho um lugar para voltar.


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Notas finais do capítulo

Perdoem se tiver erros de digitação..
Perdoem essa formatação esquisita mas eu não consegui concertar de maneira alguma!
Espero que tenham gostado!



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