De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 19
Capítulo 18 - Tiros, Física e Eletromagnetismo


Notas iniciais do capítulo

Nossa o que rolou eu dormi por 5 meses e quando acordei tava rolando uma pandemia e gente me cobrando att.

MOTIVOS DO SUMIÇO: Estava focada no Projeto One-Shot Oculta que durou uns 3 meses de muuuuita dedicação. Para quem quiser ler o resultado basta clicar no meu perfil e depois em 'Histórias". O nome da minha One é Stayin' Alive e vocês não irão se arrepender. É um estilo beeeem diferente de DVPV.

O capítulo de hoje é beeeeeem levinho e dedicado à Stewart Vieira, a primeira leitora que recomendou a fic. Obrigada Stewart, amei seu textinho, ele significou muito para mim.

E EU TAMBÉM VOLTEI POIS DAQUI A UM DIA (05/07) A FIC COMPLETA 1 ANO!! (Espero que não complete outro ano comigo ainda postando capítulo)

PEGA O BOLO, O GUARANÁ E VEM LER A ATT



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Joguei com força meu apagador dentro da caixa já cheia de coisas.

— Isabella, eu lamento, mas não posso continuar te mantendo aqui com uma reclamação direta de uma mãe mais testemunhas...

Ignorei Marcus que ainda tentava explicar o motivo de minha demissão e coloquei na caixa o último item que faltava. Era um envelope cheio de cartinhas dos meus alunos e este, diferente das outras coisas, foi colocado delicadamente por cima de tudo.

— Tudo bem, Marcus – Minha voz saiu dura enquanto me virava para o diretor com a caixa já em mãos – E obrigada por me deixar dar minha última aula.

Ele assentiu e eu passei por ele sem dizer mais nada.

Sabia que a culpa não era de Marcus, ele não poderia ignorar reclamações de familiares sobre o comportamento de um professor, especialmente familiares ricos.

A única pessoa por quem eu nutria ódio nesse momento se chamava Katrina, e ela poderia ter dinheiro, mas não tinha laço algum com Noah e Dimitri.

Apenas o remoto lampejo de seu nome e rosto fizeram meus olhos escurecerem, cada movimento e som ao meu redor passaram a ser algo longe e abafado, como se antolhos limitassem minha visão, obscurecendo os cantos e forçando a apenas prestar atenção onde eu pisava. Tinha certeza que meu rosto estava contorcido na minha pior careta de raiva.

Devo ter ignorado alguns alunos me chamando enquanto passava pelo corredor, mas no momento não me importei, apenas continuei até chegar ao estacionamento, destrancando meu carro e jogando a caixa no banco do passageiro.

Deitei minha cabeça no estofado do assento do motorista e fechei os olhos na tentativa de me concentrar. Se eu dirigisse com a raiva que eu estava sentido, poderia causar algum acidente de trânsito.

Meu celular vibrou no bolso de trás e o capturei já puta pela interrupção em minha tentativa de meditação.

EMMETT CRIANÇÃO:

Porra Bella, por que você me envolveu nisso??????? Vá a merda, Rosalie Cullen acabou de aparecer aqui para me fazer uma “avaliação”.

Sério, resolve seus B.O’s logo.

Agora eu tenho a merda de DUAS personal trainers.

Que INFERNO, você me paga.

Ignorei as mensagens de meu irmão, agora não estava bem para respondê-las e provavelmente eu mandaria enfiar Rosalie Cullen em seu reto e Tanya, em sua vagina inexistente.

Apenas bloqueei o celular e levei minhas mãos aos cabelos, os puxando.

Eu estava sem emprego, sem o emprego que sempre amei, assim como Kate havia me prometido. Quantas promessas mais ela cumpriria?

Percebi que meu corpo todo tremia quando tentei ligar o carro e não consegui sequer encaixar a chave, então desisti e aceitei ficar naquele estacionamento já quase vazio por mais alguns minutos.

Os meninos não tinham ido à escola hoje, não sei se por terem sido transferidos para outra escola perto ou se por Kate já tê-los levado para longe de mim novamente. A última possibilidade fez meu estômago doer e meu coração ficar tão acelerado que meu corpo todo começou a suar.

Ou talvez apenas não tenham vindo hoje pois Kate sabia que eu ainda estaria aqui, talvez eles voltem para o colégio amanhã, para outra professora dar aula a eles em meu lugar, pensei tentando ser positiva e prometi a mim mesma que todos os dias eu voltaria na hora da saída e ficaria os observando do carro.

Isso não era o bastante, nunca seria, mas por hora me acalmou.

Já estava quase que totalmente relaxada quando três batidas no vidro ao meu lado me fizeram saltar de susto.

Edward estava curvado sobre a janela da porta do motorista, um sorrisinho brincava em seus lábios, seus cabelos cobre estavam molhados e totalmente bagunçados. Notei depois de alguns segundos que prendia minha respiração e me obriguei a respirar direito.

O que ele estava fazendo ali, afinal?

— Não vai abrir? – Sua voz soou abafada pelo vidro que nos separava e devo ter demorado muito para responder, já que ele fez uma cara de confuso com meu estranho transe.

— Hãn...oi – Eu consegui dizer depois que abaixei o vidro que nos separava.

— Oi – Edward pareceu ficar sem jeito e sem ter o que dizer por algum tempo, até se lembrar do porquê ter me chamado – É...você não me ligou e bem, eu queria saber se estava bem, sei que você e Kate brigaram.

— Sabe!? – Minha voz saiu esganiçada. Do quê mais ele sabia? Kate ou Garrett teriam dito algo a ele?

— Sim, ontem ela chegou da escola dos meninos meio transtornada e me disse que você dava aula aos meninos. Você os conhece né? Noah e Dimitri, meus primos de segundo grau.

— Hãn...- Engoli o bolo que se formava em minha garganta e me obriguei e assentir repetidas vezes – Sim, sim, eu conheço. Eles...são muito...simpáticos.

Edward sorriu orgulhoso.

— É, eles são uns anjinhos, menos Dimitri quando é contrariado, aí ele fica mal-criado.

Edward apoiou seus braços no teto do carro, deixando sua cabeça no limite superir da janela totalmente aberta.

Limpei a garganta  para me recompor.

— E como eles estão? Estão bem? Vi que não vieram à aula hoje – Tentei parecer casual em minhas perguntas e Edward pareceu não notar meu tom de desespero.

— Ah sim, eles estão bem, mas Kate disse que hoje eles poderiam faltar. Ela os mima demais!

Respirei aliviada. Eles ainda estavam por perto.

— Entendi. Legal.

Um estranho silêncio se instaurou enquanto eu observava as pequenas rugas presentes no volante, avaliando-as sem necessidade alguma, apenas para não ter que manter algum contato visual com Edward.

— Então – Ele quebrou o silêncio com um sorriso na voz. Incrivelmente ele não parecia nenhum pouco desconfortável – Você está bem?

— S-sim eu estou ótima – Engasguei nas palavras.

— Sério? Não parece, parece nervosa. Olha, eu não quero parecer algum tipo de perseguidor stalker, mas te vi saindo da escola e você realmente parecia nervosa com algo.

Droga.

Respirei fundo, soltando minha humilhação.

— É, parece que eu fui...convidada a me retirar da instituição – Repeti com sarcasmo as mesmas  palavras que Marcus havia usado.

— Uau, isso é péssimo, sinto muito.

— Tudo bem – Suspirei.

— Suponho que esteja puta.

Essa última fala reacendeu em mim o sentimento de raiva e de repente isso era tudo o que eu sentia.

— Puta é pouco, eu sinto como se pudesse matar alguém e incendiar uma cidade – Apertei o volante imaginando ser o pescoço de Kate. Meus olhos voltaram a queimar.

Edward assentiu levemente, seus lábios formando um biquinho enquanto pensava em algo.

— Eu sei uma forma de você aliviar a raiva, mas sem machucar ninguém no processo.

Eu realmente estava interessada em machucar alguém, essa era a parte legal da coisa toda, especialmente quando era alguém que me fez muito mal. Mas na sociedade existem regras, e eu como filha de um delegado de polícia deveria segui-las. Portanto a opção de aliviar a raiva sem machucar ninguém bastaria. Por enquanto.

— Como?

— Bom, eu teria que te levar até um lugar específico. Está livre agora?

Ele queria me levar até um lugar?

Minhas mãos começaram a suar com o pensamento de mim e Edward dentro de um carro, indo a uma espécie de encontro. Isso parecia estranho.

— Eu...- Comecei, mas realmente não tinha nada para dizer, muito menos desculpas para dispensar sua companhia.

— Ah, vamos lá! Não é como se você fosse fazer algo agora. Se fosse, teria dito. De qualquer forma hoje estou de folga e não quero ficar em casa porque Kate está insuportável – Deu de ombros.

Engoli antes de responder em um fio de voz.

— Está bem.

Edward sorriu largamente e devo ter vergonhosamente ficado alguns bons segundos olhando seus dentes incrivelmente brancos e alinhados.

— Então, seria demais eu pedir para dirigir seu carro?

— O quê?

— É que você parece ainda muito abalada e eu sei o caminho para onde estou te levando.

— Para onde vamos?

— Você verá quando chegar. Por enquanto é uma surpresa.

Bufei.

— Odeio surpresas.

— Eu lembro.

Me movi desconfortável com o rumo que a conversa tomava, então para evitar mais nostalgia, joguei a caixa de papelão que estava no banco do carona, nos bancos traseiros e me arrastei para o assento ao lado.

— Confio em você – Estendi a chave do carro para Edward, que a pegou através da janela.

Ele entrou pela porta do motorista e me fitou empolgado enquanto ligava o carro.

— Vamos nos divertir.

Me encolhi em meu banco, sentando o mais longe possível dele enquanto rezava para não me arrepender.

 

— Sério? – Apontei para o nome do lugar em que estávamos parados na frente – Um estande de tiro?

— Você vai gostar. Vem, entra.

Ele me puxou pela mão e retesei meu corpo involuntariamente. Edward pareceu notar porque ficou sem graça e se desfez de nosso contato.

Não era como se eu não quisesse aquilo, mas era estranho ter isso depois de tanto tempo, depois de tanta coisa.

Entramos no lugar e Edward alugou para nós todos os equipamentos de proteção necessários e as armas. Depois de longos minutos de instruções detalhadas, um termo de responsabilidade assinado e outros ajustes, fomos levados até o estande.

Era uma sala comprida, mas com uma longa mesa com separadores individuais que não chegavam nem à metade da sala. No fim da sala toda fechada, encontrava-se um alvo para cada estande. Tremi ao notar que o alvo possuía o formato de uma pessoa. Agora, com uma arma carregada em mãos, eu me sentia culpada pelos pensamentos de mais cedo sobre poder matar alguém com minha raiva.

— Pronta? – Ouvi a voz de Edward abafada por causa dos protetores de ouvidos que usava. Ele estava no estande ao lado e não conseguiria vê-lo enquanto estivesse atirando por causa do separador.

Isso me deixou insegura porque era algo que nunca tinha feito e queria alguém que eu conhecesse e entendesse do assunto ao meu lado.

Assenti ainda hesitante, mesmo que ele não pudesse me ver e fiquei em posição.

O instrutor que estava atrás de mim arrumou minha postura e repetiu algumas instruções. Ele me liberou e mesmo tremendo um pouco, mirei e puxei o gatilho.

O impacto foi forte como me disseram que seria, fui um pouco para trás, mas mantive minha posição inicial.

Eu havia acabado de dar um tiro.

Puta merda, o que eu fiz?

Minha boca estava escancarada e no segundo seguinte, eu ria descontroladamente.

Sempre ouvi de pessoas mais velhas que dar tiros de espingardas em latas velhas e distantes ajudava a relaxar e era uma atividade comum em interiores. Um hábito que se passava através de gerações. Eu nunca entendi o conceito disso, mas nunca se sabe verdadeira sensação até prová-la você mesmo.

Não vi onde acertou, meu alvo continuava intacto então supus que havia errado feio, mas não liguei para isso.

A adrenalina corria forte por minhas veias agora. Um arrepio gostoso subiu por minha espinha e eu ansiava por mais.

Então dei outro tiro.

E mais outro.

E mais outro.

Até que minhas balas acabaram e o instrutor teve que me ensinar novamente a como recarregar minha arma e nas outras diversas vezes seguidas, consegui fazer sozinha.

Meu alvo agora estava completamente esburacado em lugares diferentes e continuei a mutilá-lo até quando minha arma falhou novamente pela falta de balas.

Eu me virei para carregá-la, mas encontrei Edward me encarando de braços cruzados e um sorriso presunçoso.

— Desculpe interromper, mas nossa hora já acabou.

— O quê? Já? – Perguntei chocada.

Estávamos ali fazia uma hora e nem havia notado.

— Sim. Se quiser eu posso pedir por mais uma hora, mas suponho que suas costas e pulso estejam doendo demais para mais uma sessão.

Ele tinha razão. Talvez eu não tivesse notado as dores antes por causa da adrenalina, mas agora elas se faziam presentes juntamente com uma grande fome.

— Não, chega por hoje.

— Tudo bem – Concordou – Uau, parece que alguém aproveitou muito.

Edward apontou com o queixo para meu alvo esburacado.

— Ah bem, sim – Eu sorri sem graça.

Talvez tenha me empolgado um pouco.

 – Mas seu alvo deve estar pior com certeza. De nós dois, eu sou a que tem mais coordenação – Brinquei tentando desviar a atenção do meu pobre homem com buracos no fim da sala.

Edward encolheu os ombros e apontou para o boneco ao lado do meu. O infeliz estava com buracos em lugares específicos como peito e cabeça; todos com espaços milimétricos entre eles. Bem diferente da bagunça do meu.

Voltei meu olhar para ele envergonhada. Edward parecia estar se divertindo com meu constrangimento.

— Ok, já entendi.

Entregamos nossos equipamentos e caminhamos de volta para o carro sem dizer uma palavra.

Dessa vez, eu dirigi.

— E então, gostou? – Edward perguntou.

— Sim – Respondi empolgada sem conseguir conter o sorriso – Isso foi o máximo, quero fazer mais vezes!

— Que bom que gostou, por um momento achei que seria estranho te levar até um lugar assim do nada.

— E foi estranho, mas foi bom. Eu me sinto tão leve agora, nem parece que estava com uma arma na mão até agora a pouco.

— Eu te disse! Isso sempre me ajuda a filtrar o estresse.

Tirei meus olhos da rua por um segundo para fitá-lo no banco do passageiro. Sua expressão era de total relaxamento.

— Você sempre faz isso? Desde quando?

— Bom, meu pai exigia que eu e Jasper tivéssemos aulas de tiros, então é algo que eu faço desde os dez anos de idade, mais ou menos.

— Nossa, é meio precoce para entrar no mundo das armas.

— Sempre é precoce.

— Rosalie não ia às aulas?

— Não, ela ficava em casa e tinha aulas de costura – Ele resmungou e decidi deixar esse assunto quieto.

Eu me lembrava que falar sobre como ele fora criado e os hábitos antiquados de seus pais o deixava atormentado.

Nós caímos em um silêncio confortável, o único som presente era o do motor do carro.

— Então – Edward começou – Como está Emmett? Eu fiquei sabendo que ele está, hãn...famoso.

— Se com famoso você quer dizer obeso e praticamente não conseguindo mais andar então, é. É isso mesmo. Ele está ficando melhor, eu e Dolly estamos fazendo ele se exercitar, já perdeu alguns quilos.

— Oh, Dolly! Eu lembro dela toda vez que escuto alguma música da Dolly Parton!

Tentei dizer algo, mas engasguei, então decidi engolir o que quer que eu tenha tentado falar e me concentrei na estrada.

Como assim ele pensava em minha família? Talvez ele só lembrasse de Dolly pelo nome ser diferente. Por que ele estava fazendo tantas perguntas? Que seja, isso ainda era melhor que o silêncio.

Edward pareceu perceber minha falta de palavras e ficou pensativo encarando o painel do carro.

— Por que você foi embora? – Ele sussurrou depois de um tempo, ainda sem olhar para mim.

Prendi minha respiração. Ele queria ter A conversa agora.

Eu já havia privado ele de muitas coisas antes, não poderia negar essa conversa.

Edward merecia saber de muitas coisas, dos seus primos que na verdade eram seus filhos, da sua prima que era uma megera desgraçada, de toda a história por trás da minha gravidez e relação com Kate, mas eu não poderia bombardeá-lo com todas essas informações de uma vez, então decidi começar pela parte mais fácil e leve.

— Eu não estava completamente feliz lá – Não era uma total mentira, eu realmente não estava feliz em meu curso, a única e mais importante coisa que se salvava em Dartmouth era Edward.

— Não estava feliz ou comigo? – Sua voz ficou mais alta, de canto de olho reparei que ele agora me encarava com seu maxilar rígido.

Suspirei.

— O problema não era você, nunca foi. O problema sempre foi...

— Você? “O problema não é você, sou eu”, é sério Bella?

— Não! Quer dizer, sim! Apenas...é complicado, eu sempre fui complicada e eu sei que tomo decisões idiotas que para as outras pessoas são completamente sem sentido, mas fazem sentido para mim – Agora eu gaguejava e atropelava as palavras, tinha que tomar cuidado com o que dizia. Essa conversa estava sendo como um jogo de campo minado.

— Não estou entendendo.

Respirei fundo me forçando a manter a calma.

— Edward, naquele dia eu estava confusa, muito confusa e com medo. Durante meses você me disse que seus pais eram horríveis, você me contou histórias suas e de seus irmãos que me deixaram assustada. Eu tinha uma grande noção de como eu seria recebida por eles, eu já sabia quem eles eram, eu pesquisei muito. Acho que isso se juntou a vontade que eu já tinha de desistir de tudo aquilo e somado ao fato de que seus pais nunca aceitariam...- Hesitei, eu havia falado demais.

— Nunca aceitariam o quê?

— Nosso relacionamento. Eles nunca aceitariam e não adianta você dizer o contrário porquê sei do quê estou falando. Um dia você brincou comigo dizendo que eles lhe deserdariam se soubessem o que você estava fazendo na faculdade. Eu me sentia...culpada. Eu tinha que ir, eu...eu não ia conseguir me despedir, você nunca me deixaria ir e se eu fosse, era você quem desistiria da faculdade para ir comigo. Eu só não queria decepcionar mais ninguém.

Minha garganta se fechou e de repente eu estava fazendo força para não chorar, a lembrança do meu pai me invadiu e de como eu não honrei seu sonho voltou depois de anos para me atormentar e foi o que faltava para aumentar o aperto em meu peito.

— Bella...- Ele falou depois de um tempo – Eu não sei nem o que dizer. Eu...

Ele inspirou forte antes de continuar e eu prendi minha respiração.

— Eu não sei se posso aceitar isso.

— Como assim?

— Eu não sei, é como se tivesse algo a mais, algo faltando nisso tudo. Afinal, por que você e Kate brigaram? Vocês eram melhores amigas!

— Foi apenas um pequeno desentendimento-

— Não foi um “pequeno desentendimento”, Dimi e Noah me contaram o que viram. Kate chegou em casa alterada. Bella, o que aconteceu?

Eu apertava o volante tão forte que as juntas dos meus dedos ficaram brancas. Eu me recusava a olhar em sua direção.

— Ela me disse algo...sobre você, sobre nós, que me deixou meio alterada. Aí a briga começou.

Não era totalmente mentira, eu apenas tinha omitido alguns anos de discussões.

— O que ela disse?

— Edward, eu não acho que isso-

— O que ela disse? – Ele insistiu com a voz mais dura.

Suspirei.

— Nada que eu já não soubesse. Sobre não me encaixar em seu mundo, sobre seus pais me odiarem, sobre como eu o estava prendendo. Esse tipo de coisa. Foi quando tudo começou, foi quando eu resolvi...você sabe. Quando nos vimos de novo na escola, esse assunto apenas foi o primeiro a surgir.

Edward pareceu pensativo durante um tempo e eu rezei internamente para que ele não fizesse mais nenhuma pergunta.

Não estava na hora.

Ainda não.

Preciso apenas de mais um pouco de tempo.

Vi pelo canto do olho quando ele sacudiu a cabeça diversas vezes.

— Não, não, não. Isso está errado, Kate viu o quanto eu sofri, ela me viu mal por meses e foi ela quem te instruiu a ir embora!? E todos esses anos eu não fazia ideia disso! Ela me viu...ela disse que eu não te merecia!

— Eu sinto muito...

— Merda Bella, por que você teve que a ouvir!? Você tem noção de quanto tempo eu demorei para te esquecer!? Isso foi cruel. Você simplesmente sumiu, não respondia ninguém, eu ainda passei mais de um ano te enviando e-mails idiotas, eu-

— Que e-mails? – Perguntei confusa.

Assim que tomei a decisão de partir, absolutamente todas as formas de entrar em contato comigo foram deixadas de lado e outras foram criadas, justamente para que Edward não viesse atrás de mim e eu cometesse um deslize voltando correndo para ele.

— ...eu me sinto traído. Tanto por Kate quanto por você – Ele sussurrou a última parte, mas aquelas palavras mesmo murmuradas fizeram um estrago gigantesco em mim.

— Eu sinto...- Era a única coisa que eu conseguia dizer no momento. Era a única completa verdade que eu poderia contar a ele. Por enquanto.

O olhei rapidamente e ele encarava a janela, seu semblante antes divertido e relaxado, era agora sério e pensativo. Mais uma vez me senti culpada por deixá-lo assim, sabia que não era a primeira vez. O meu medo era que não fosse a última.

O clima no carro ficou tenso e pesado. Não tive forças nem mesmo para ligar o rádio porque música no momento certamente não cairia bem. A conversa havia acabado. Sentia vontade de dizer algo a mais, mas não havia o que ser dito.

Estacionei no começo da rua de Kate.

— É melhor eu não te deixar na porta. Você sabe, por causa da Kate.

Ele assentiu e retirou o cinto de segurança, mas antes que pudesse sair do carro eu o segurei pelo braço. Ele me olhou sobre o ombro, surpreso.

— Edward, se você puder não contar nada à Kate...

— Tudo bem, eu não vou.

Ele se virou de novo para sair, mas de novo eu o impedi.

— Espera! Obrigada pelo dia de hoje, de verdade. Eu amei cada momento. Foi algo realmente importante para mim.

— É, eu senti que você precisava de algo assim – Edward me deu seu conhecido sorriso torto, aquele mesmo sorriso que me dava todas as vezes, anos antes, sempre que me via.

Eu senti falta disso.

E sem mais, saiu do carro, caminhando até o fim da rua onde se encontrava a casa de Kate.

Eu assisti a cada movimento, sozinha em meu carro, minha exaustão mental como desculpa para a inércia.

Se Newton soubesse dessa desculpa, se sentiria traído pela própria teoria. Certamente havia uma força em mim que resultava em minha vontade de sair do carro e ir correndo me jogar no colo de Edward, dizer tudo o que precisava ser dito e esperar pelo nosso “felizes para sempre”.

Diferente da primeira teoria de Sir Isaac Newton, mesmo uma força sendo exercida em meu corpo, não fui posta a movimento em linha reta.

Em vez disso, liguei o carro e segui para a outra direção, como dois imãs com pólos opostos, mesmo que não fôssemos.

Aparentemente, hoje eu resolvi desafiar todos os campos da física.


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Notas finais do capítulo

Aqui o link da minha nova one para quem estiver interessada: https://fanfiction.com.br/historia/790523/Stayin_Alive/

Sobre as atts: Não vou mais sumir por meses pois minha inspiração voltou, eu não estava sabendo como conduzir essa história, mas agora eu sei o que fazer.
A partir de agora a história será um pouco mais corrida para que não fique tão cansativa, esse capítulo foi apenas algo necessário para a inserção e volta do relacionamento entre Bella e Edward.

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Até semana que vem!



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