De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 15
Capítulo 14 - Pescoços quebrados e crises de hiperventilação


Notas iniciais do capítulo

Olha, eu iria postar o plot hoje, mas o capítulo ficou tão longo que eu tive que dividir em dois, se não a leitura ficaria cansativa.
Mas posso adiantar que o próximo capítulo será tiro, porrada e bomba.

PS: Não sei se vocês sabem, mas o nyah vai atualizar e tirar as notas iniciais e finais então vou sentir falta de não me comunicar mais com vocês por aqui

Boa leitura



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PDV Bella

 

Passei o batom vermelho tomando cuidado para não borrá-lo com minhas mãos que tremiam e encarei meu reflexo no espelho.

— Você está ótima, querida – Dolly parou ao lado ajeitando a barra do vestido azul que parava um palmo antes dos meus joelhos.

— Eu não quero mais fazer isso.

Dolly suspirou e segurou meu rosto.

— Amanhã você resolve isso, Bella, hoje você precisa esfriar um pouco a cabeça.

— Não vou conseguir me concentrar em nada.

— Eu sei, só...tenta. Ok? Não tem muito a fazer nesse momento a não ser esperar que amanhã chegue logo.

Assenti fechando os olhos e tentando não pensar demais naquilo.

Hoje havia sido o segundo dia de aula de Noah e Dimitri. Os meninos eram maravilhosos, doces e inteligentes, eu ficava fascinada por eles a cada vez que os olhava, quando respondiam uma pergunta certa ou até mesmo quando tinha que brigar com eles por estarem falando demais na aula ou bagunçando.

Me lembrava perfeitamente da primeira vez que os peguei no colo, tinham acabado de nascer e eram tão pequenos que eu tinha medo de quebrá-los. Kate tinha sorte em tê-los e apesar dela com toda a sua arrogância e egocentrismo os criar, eu admitia que a formação deles vinha sendo ótima, eram as crianças mais fantásticas que já conheci.

Mas eu também me sentia mal por eles não se lembrarem de mim, muito mal.

Havia passado três natais e aniversários com eles. Nessa época, Kate ainda não tinha assumido o papel de bruxa arrogante e éramos melhores amigas, o clima nas festas era de família feliz e fazíamos o possível para deixar tudo mágico e perfeito para os meninos.

Mas tudo isso mudou depois que, tarde demais, descobri as reais intenções de Kate e não pude evitar a tempo, desvendando em seguida a pessoa horrível que ela era.

E isso que me deixava nervosa e fazia com que eu não quisesse mais ir ao encontro com James; no dia seguinte eu iria enfrentá-la com uma séria conversa sobre o que vinha acontecendo desde que ela passou a ignorar minhas tentativas de reaproximação.

Eu vigiei de um canto afastado do pátio esses dois dias quando os meninos foram pegos na porta do colégio por Garrett, cada um lhe dando um abraço apertado e não parando de falar um segundo sequer sobre o dia, um interrompendo o outro e causando a risada do homem que carregava as mochilas das crianças.

Não iria enfrentar Garrett, sabia que quem realmente tinha culpa pelo o quê aconteceu era Kate, então eu armei um plano e mandei um bilhete para os meninos entregarem a ela dizendo que precisava conversar com a mãe de Noah e Dimitri para falar sobre a adaptação deles na escola nova. Era um plano perfeito, assim que ela entrasse na sala e me visse, não teria para onde correr, ela estaria encurralada e teria que responder algumas perguntas que estavam acumuladas durante anos.

É claro que como os meninos não sabiam que eu já os conhecia, pedi para que me chamassem de Professora Isa em vez de Bella, pois caso eles comentassem sobre mim com Kate antes de meu encontro com ela, tudo poderia se arruinado; então assinei o bilhete como Isa e garanti às crianças que tremiam de medo na minha frente que não havia problema no comportamento deles, apenas queria conhecer a mãe deles – que no caso, já conhecia há oito anos.

— Agora – Continuou Dolly me tirando do transe -, vá comer algo com James, ele é um bom rapaz e com certeza vai te satisfazer muito bem...com a escolha do restaurante.

Ela soltou meu rosto e no momento que abri os olhos, encontrei seu sorriso malicioso.

— Dolly – Gemi e ela soltou uma risada gostosa.

— Só estou tentando melhorar seu humor.

— Eu não estou no clima para ficar com ele.

— Tudo bem, apenas não tenha aquela conversa com ele.

— Eu sei – Grunhi baixinho relembrando quantos encontros fracassados eu já tive por conta de mim e da minha boca grande.

Uma buzina soou do lado de fora da casa e virei para Dolly com os olhos arregalados.

— Ele chegou – Sussurrei desesperada.

— Isabella, para com esse desespero porque você está me estressando! Agora respire fundo e vá até James! Todos os seus problemas serão resolvidos amanhã!

— Ok – Disse em um fio de voz ainda sem conseguir me concentrar em outra coisa que não fosse meu encontro com Kate no dia seguinte e sem querer ir ao jantar com James.

Peguei minha bolsa sobre a cama e desci as escadas correndo, encontrando Emmett assistindo televisão e comendo...cenouras?

— Você está comendo cenouras?

Emmett desviou sua atenção da televisão e se voltou para mim com as bochechas estufadas e um pedaço de cenoura na mão.

— É. Sabe, eu queria salgadinhos, mas a Dolly me deu isso e como eu não quero levantar, eu aceitei. Até que é bom – Ele deu de ombros.

— Hãn, ok. Eu estou saindo e não sei que horas volto – Avisei já indo em direção à porta.

— Espera aí, mocinha. Vai sair com quem?

Revirei os olhos.

— Com James, Emmett, agora volte a comer sua cenoura antes que eu a enfie no seu...

— DOLLY! OLHA O QUE A BELLA TÁ FALANDO!

— ISABELLA, FALA DIREITO COM SEU IRMÃO OU NUNCA MAIS VOU COSTURAR SUAS CALÇAS ESTOURADAS NAS COXAS!

— Argh, dá para vocês pelo menos falarem baixo? James está aí fora! Ele vai pensar que sou uma adolescente morando com a mãe e o irmão! – Reclamei baixinho já sentindo vergonha por James muito provavelmente ter ouvido.

— Tá, tá, vai logo e aproveita a noite – Dolly me dispensou com um aceno de mão.

— Se esse cara tentar algo com você me liga que eu quebro ele em dois!

— Emm, vai cuidar da vida da Alice, provavelmente ta bem mais movimentada que a minha.

— Do quê você tá falando? A Alice nunca nem beijou.

— Ah é, ela com certeza nunca beijou, continue com esse pensamento para nunca encher o saco dela que nem faz comigo – Abri a porta e soprei um beijo para eles - Beijos família, amo vocês! – Fechei a porta deixando um Emmett atônito e uma Dolly risonha para trás.

Limpei minha garganta e ajeitei meu vestido antes de marchar até o carro prata que me esperava pacientemente na entrada de casa.

— Oi – Cumprimentei James quando entrei no carro.

— Oi – Ele sorriu para mim e se curvou, beijando minha bochecha – Sua família fala muito alto – Ele comentou divertido antes de ligar o carro e começar a dirigir.

Senti meu rosto esquentar com o que ele ouviu e James riu.

— Tudo bem, eu acho divertido, tenho quatro irmãos e é um caos quando todos se reúnem, mas é bem legal.

— Hum, deve ser legal. Como você já sabe, minha família é apenas Dolly, Emmett, Alice e eu, então não sei muito o quê é isso.

— Bom, podemos passar esse natal juntos – Ele piscou em minha direção e voltou a prestar atenção na estrada.

— Hum...- Foi a única coisa que consegui dizer e fiquei em silêncio pelo resto do caminho até o restaurante.

— Chegamos – James anunciou quando estacionou na frente do lugar cheio e bem iluminado.

Saímos do carro e ele entregou as chaves para o manobrista.

James disse seu nome à hostess e ela nos levou até nossa mesa, bem no centro do restaurante.

— Então – James começou -, está quieta hoje. Algum problema?

— Não, eu só estou...pensativa. Sabe, sobre as provas e o trabalho em geral – Menti e abaixei meus olhos para o cardápio.

James sorriu de lado e se inclinou na mesa para chegar mais perto de mim.

— Não vamos falar de trabalho, estamos aqui para aproveitar.

Assenti ainda desconfortável.

James era um amor de pessoa, mas com os recentes acontecimentos eu realmente não estava no clima para um encontro. Só não tinha desmarcado com James porque Dolly insistiu que eu deveria aproveitar as oportunidades da vida e esfriar um pouco minha cabeça – e por mais que eu tenha batido o pé, sabia que ela estava certa.

O garçom veio até nós e fizemos nossos pedidos, sendo seguido por um silêncio desconfortável quando este se foi.

James com certeza tinha notado meu estado de espírito e sendo gentil como sempre é, tentou ao máximo puxar assunto e me distrair, o que deu parcialmente certo; pelo menos o tempo até nossas comidas chegarem passou mais rápido e eu já estava mais relaxada.

— Sabe – Ele engoliu a comida antes de continuar –, você nunca me disse o significado da sua tatuagem – Ele indicou com o queixo o meu ombro esquerdo onde a frase tatuada ficada visível graças às alças finas do meu vestido e meu cabelo cortado até a metade do meu pescoço.

Bebi um gole do meu vinho antes de dizer.

Plus que ma propre vie significa Mais que minha própria vida — Hesitei um pouco antes de continuar – É sobre o quanto amo a minha família.

E dei uma boa garfada em minha comida para ocupar minha boca.

Ele assentiu interessado.

— Desde a última vez que saímos, eu fiz uma no peito. Eu ia dizer para você ver por conta própria, mas eu notei que você não está muito no clima hoje então já vou antecipar dizendo que é um leão.

Gargalhei - de verdade, pela primeira vez na noite - de sua cara de pau e ele me acompanhou.

— E eu posso saber se tem algum, significado?

— Ah deve ser meio óbvio, mas significa força, beleza, poder, realeza...Tudo o que se refere à mim.

— Ah sim, bem humilde – Comentei divertida – Sendo assim então acertou na tatuagem.

— Ok, você me pegou, só tatuei porque achei a imagem bonita, não sou culto igual a você – Ele riu e jogou as mãos para o alto em sinal de defesa.

Gargalhei alto pela segunda vez na noite, mas meu riso morreu ao olhar por cima do ombro de James e avistar um rosto que eu jurava já até ter esquecido como era pessoalmente, um rosto que cheguei a ver em alguns sonhos que tive durante todos esses anos, mas que não se comparavam com o que eu via agora.

Seu cabelo cobre estava perfeitamente arrumado, muito diferente do que costumava ser desde a última vez que o vira; seu corpo no terno que usava não era mais tão magro como costumava ser e em seu rosto havia um princípio de barba. Ele estava diferente, mas ao mesmo tempo seus olhos alegres e seu grande sorriso continuavam a mesma coisa. Ainda era meu Edward.

— Algum problema? – Perguntou James franzindo o cenho e eu percebi que estava de boca aberta e prendendo a respiração.

— Não...- Sussurrei e balancei e cabeça piscando algumas vezes e voltando a encarar sobre o ombro de James.

Ele ainda estava lá, não era uma alucinação

Sentado a duas mesas de distância, conversando com um homem de meia idade, seu corpo estava virado de lado, de modo que ele só me veria se olhasse para a direita.

— Bella? Estou começando a ficar preocupado – James chamou minha atenção mais uma vez, mas eu não conseguia me concentrar em mais nada.

— Eu...eu estou bem, é só...pensei ter visto algum conhecido, mas era engano.

— Algum conhecido? Onde?

— NÃO! – Eu gritei quando James começou a virar o rosto para olhar por cima de seus ombros, mas instintivamente eu segurei sua cabeça e virei seu rosto novamente em minha direção, causando um estralo audível e uma careta de dor em meu acompanhante – Merda, merda, merda. Desculpe James.

Eu choramingava por ter machucado James, fazendo um carinho desajeitado em seu pescoço.

— Tudo bem – Sua voz saiu sufocada e ele fechou os olhos com força, tombando sua cabeça de lado e apertando o local no pescoço onde certamente quase quebrei.

Foi quando fiz a besteira de olhar novamente por cima do ombro de James e encontrar um par de olhos verdes me encarando, pasmos.

Me amaldiçoei internamente por ter tido o brilhante reflexo de gritar quando James tentou olhá-lo, foi isso que certamente chamou a atenção dele.

Edward me encarava do outro lado do restaurante, com a boca aberta e inerte. Eu deveria estar do mesmo jeito, porém um pouco mais descabelada e suada.

Assim como eu tinha feito segundo antes, ele também piscou várias vezes, então enrugou o espaço entre suas sobrancelhas grossas e abriu a boca mais ainda, como se fosse dizer algo que eu certamente não ouviria devido a distância, mas pareceu não encontrar as palavras ou notar que eu não conseguiria ouvir dali, então a fechou rapidamente, balançando a cabeça em seguida.

— O senhor precisa de alguma coisa? – Me assustei com a fala do garçom que havia parado ao lado de nossa mesa sem eu notar.

— Um pouco de gelo para meu pescoço, por favor – James pediu gemendo de dor.

O garçom assentiu e se retirou.

— James eu...desculpa, eu não queria te machucar.

Ele tentou sorrir e ajeitar o pescoço, mas seu rosto se contorceu em uma careta de dor e ele permaneceu com a cabeça tombada de lado.

— Bom, pelo menos descobriu um novo talento, você pode ser quiroprata!  – Ele tentou descontrair o momento e soltou uma risada que mais pareceu um choro.

Era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que minha cabeça faltava entrar em um curto-circuito, eu estava quase chorando por ter machucado James e hiperventilando por ter Edward ainda me encarando do outro lado do restaurante, mesmo que estivesse falando com o senhor que o acompanhava como se nada tivesse acontecido, seus olhos não saíam de mim enquanto os meus olhos iam dele para James, sem saber o que fazer.

Eu tenho que ir embora, é isso.

Vai fugir de seus problemas de novo?“, o anjinho em meu ombro me repreendeu.

Oh, cale a boca, ela sabe o que faz! Bella, fuja sempre que for possível!”, o diabo em meu outro ombro respondeu.

Gemi, quase chorando e o garçom voltou com um pano cheio de gelo para James.

Ele colocou o pano em seu pescoço torto e suspirou.

— Bom, onde estávamos? – Mesmo com dor, James ainda era um cavalheiro que não queria que eu notasse seu desconforto.

— James...- Comecei, mas parei e ofeguei alto quando vi Edward se despedindo do senhor que estava com ele e se levantando vindo em minha direção.

Que ele não venha até aqui, que ele não venha até aqui, que ele não venha até aqui.

Rezei para todos os anjos para que ele só estivesse com dor de barriga e mudasse a direção, indo para o banheiro, mas desconfortavelmente, descobri que EU que estava com dor de barriga.

E para a minha mais pura infelicidade, Edward veio andando lindamente, parando ao lado de nossa mesa.

Meu Deus, eu vou vomitar.

Vergonhosamente, senti minhas axilas se aquecerem e suarem muito e pensei seriamente em fingir um desmaio, colocando a culpa na comida e em alguma alergia não existente.

— Bella, oi! Quanto tempo! Eu...não esperava algum dia te encontrar de novo. Bom, não depois de uns dois anos de espera – Ele riu nervoso e levou as mãos aos bolsos da calça.

Por mais que tentasse aparentar casualidade, eu via o terror em seus olhos juntamente com um brilho, como se dissessem ‘’Finalmente te achei!’’; suas pernas não paravam quietas e o vi engolir em seco algumas vezes.

— Ah...oi – Foi tudo o que saiu de mim enquanto eu encarava o homem em pé ao lado de minha mesa ainda sem acreditar. Meu corpo estava pesado, dificultando a reação, tudo parecia a porra de um sonho. Um sonho que eu tentei evitar que acontecesse por sete anos.

Ficamos nos encarando durante alguns segundos, até que ouvimos um pigarro e eu despertei.

— Olá, você é um amigo da Bella? – James chamou a atenção de Edward, que também parecia dormir de olhos abertos.

— Hãn, é sim, mais ou menos, nos conhecemos da época da faculdade. Edward – Ele estendeu a mão e James a apertou.

— James – Meu acompanhante se apresentou – Então estudaram juntos no Canadá?

— Canadá? – Edward ergueu uma sobrancelha e me deu um olhar questionador.

— Na verdade, Edward e eu estudamos juntos em Darthmouth, eu fiquei lá durante apenas um semestre antes de ir para o Canadá. Acho que já tinha comentado com você sobre ter tentado medicina, mas não me adaptei.

— Ah sim, bom, depois desse mau jeito que você deu em meu pescoço, eu devo admitir que você se sai bem melhor dando aula – James tentou descontrair.

— Você dá aulas? Virou professora? – Edward me perguntou empolgado e como se fosse possível, senti parte do meu coração derreter ao me lembrar dele me incentivando a seguir meu sonho e fazer pedagogia.

— Sim – Tentei controlar a voz para que não saísse entrecortada.

Edward sorriu brilhantemente.

— Fico feliz com isso.

Eu queria agradecê-lo por cada palavra de incentivo que ele havia me dado, por cada discussão que havia começado comigo por eu não conseguir largar a faculdade de medicina e seguir meus sonhos, mas não consegui. Não consegui porque havia tanto para dizer, mas não consegui encontrar as palavras certas, e também não queria acabar dizendo as palavras erradas...

— Então...- James começou e reparei que estávamos nos olhando por mais tempo do que o recomendado – Você não parece ser daqui, Edward, não é bronzeado.

Edward deu um risinho.

— Eu sou do Alabama, mas vim para cá a negócios – Ele respondeu James, mas se voltou para mim como se lembrasse de algo – Aliás, Bella, eu estou ficando na casa de Kate, ela se mudou para cá tem umas duas semanas. Ela vai ficar super empolgada quando eu disser que te encontrei!

— NÃO! – Eu, mais uma vez, gritei e algumas pessoas de outras mesas viraram para conferir quem era a louca. Droga, Bella, se controle! – Quer dizer...me passe o endereço dela! Quero fazer uma surpresa! Por favor, não diga nada a ela – Praticamente implorei. Edward não poderia estragar meu plano.

Ele se surpreendeu com meu pedido, mas concordou e digitou o endereço nas notas do meu celular que ofereci a ele.

— Prontinho – Ele me devolveu e eu agradeci, bloqueando a tela sem conferir o endereço.

— Você disse que eram “mais ou menos” amigos, como assim? – James falou de repente.

Lancei um olhar de pânico na direção de Edward, mas ele pareceu não notar, abrindo a boca para explicar.

Ele não ia dizer, ia?

— Na verdade éramos namorados de faculdade, mas aí, um dia, a Bella simplesmente foi embora sem dizer para onde ia e parou de atender as minhas ligações e me bloqueou em tudo e não nos vimos mais desde então. Já faz uns sete anos isso.

Oh, puta merda, ele disse.

Apoiei meus cotovelos na mesa sem me importar com os bons modos e tombei a cabeça em minhas mãos, escondendo meu rosto.

A hiperventilção havia voltado.

O silêncio reinou pela mesa durante o que pareceram ser horas, até Edward tomar a palavra novamente, provavelmente ao perceber a tensão que se instaurou na mesa por conta do seu comentário.

Com certeza James agora estaria pensando se eu não faria algo parecido com ele.

— Mas isso já é algo do passado. Na verdade, agora podemos rir da situação – Ele tentava manter uma expressão descontraída, mas seu tom de voz saiu magoado e ele me lançou um olhar pesado cheio de dor, juntado um pouco as sobrancelhas.

Meu coração partiu em mil pedaços vendo aquilo e mais uma vez, desejei voltar àquele dezembro e consertar as coisas, pelo menos para terminar com ele de um jeito mais humano, apenas para que aquela expressão sofrida que ele fazia quando se lembrava do evento, saísse de seu rosto.

Do outro lado da mesa, James me encarava com as sobrancelhas arqueadas, sua mão esquerda ainda mantendo o pano com gelo em seu pescoço torto.

Soltei um riso que mais parecia com uma lufada de ar.

— É...coisa de adolescente – Dei um sorriso amarelo.

Mais silêncio.

— Vocês são amigos?  - Edward apontou para mim e para James.

— Nós, hum, estamos saindo juntos – James respondeu, pela primeira vez na noite, sem um sorriso ou alguma gracinha.

— Oh – Edward balançou a cabeça em compreensão – Bom, eu vou indo. Foi um prazer te rever, Bella – Ele me encarou profundamente e sustentei seu olhar, que parecia querer me fazer um milhão de perguntas, até que ele se voltasse para James para se despedir – Desculpe pelo incômodo e, er...aproveitem o encontro.

Deu um tapinha no ombro de James e seguiu para a porta do restaurante, sem mais olhar para mim.

— Você está bem? – James perguntou e envergonha, percebi que segui Edward com o olhar.

— Sim, ótima – Concordei olhando para meu prato comido pela metade e que agora mais parecia uma gororoba revirada e fria.

— Tem certeza? Está muito vermelha – Com certeza devo ter ficado três tons mais vermelha depois dessa observação dele.

— Eu só...acho que não tem mais clima nenhum para isso – Indiquei nós dois e James suspirou.

— Tudo bem, eu vou pedir a conta.

Depois de pagar a conta, seguimos para o carro de James onde eu me ofereci para dirigir, já que seu pescoço ainda doía, mas ele negou dizendo que estava tudo bem – o que eu sabia que era mentira - e a viagem correu em silêncio.

— Obrigada por hoje e...desculpe por tudo, mais uma vez – Murmurei olhando para as minhas mãos quando James estacionou na frente da minha casa.

— Não precisa se desculpar a cada minuto, Bella – Ele deu um risinho – Tudo foi muito...interessante.

Assenti ficando vermelha de novo ao me lembrar de toda a cena. James não iria comentar sobre isso, foi tão constrangedor para ele quanto fora para mime. Reuni coragem para olhar para James e o encontrei me olhando com sorriso terno.

— Eu vou entrar.

— Ok, te vejo amanhã na escola – Ele se inclinou um pouco, provavelmente para me dar um beijo na bochecha, mas gemeu de dor e eu culpada, fiz uma careta.

James então estendeu a mão e eu a peguei, a apertando. Ele franziu as sobrancelhas e eu percebi, tarde demais, que ele na verdade colocaria a mão em meu rosto, e eu transformei um gesto que seria fofo, em um aperto de mãos formal e atrapalhado.

É, dava para ficar pior.

Eu precisava sair de perto dele imediatamente, antes que cometesse mais alguma gafe.

Então com um aceno rápido, eu saí do carro e corri até a porta de casa o mais rápido possível, tentando não pensar que o veria amanhã na escola.

Assim que fechei a porta, me apoiei nela e respirei aliviada.

— E aí, como foi o encontro? – Dolly perguntou em expectativa, surgindo apenas de camisola.

Eu soltei um longo gemido de frustração e balancei minhas mãos, indicando algo como “Deixa pra lá, não me pergunte nada e eu não consigo falar agora”, ela franziu as sobrancelhas e antes que perguntasse mais alguma coisa, eu corri para o meu quarto. Eu contaria para ela depois, no momento eu não conseguia nem formar uma frase completa. Acho que o excesso de informação foi demais para meu cérebro e ele pifou.

Meu celular apitou com uma mensagem e vi que era de Alice.

“E ai gata, como foi o encontro?”

Bufei, claro que Dolly tinha dito a ela.

“Eu quase quebrei o pescoço dele” Respondi ranzinza.

“Uau, você é feroz” Ela respondeu de volta. Revirei os olhos pela forma como Alice interpretou aquilo.

Larguei o celular na cômoda e rapidamente, tirei toda a minha roupa e me joguei na cama, podendo absorver e reviver tudo de novo, infelizmente.

Edward estava aqui. Eu revi Edward. Depois de sete anos. Sete anos. Eu revi Edward. Puta que pariu.

Meu coração batia descontrolado, tão forte que fiquei preocupada em ter um ataque cardíaco.

Morreu do que?” Perguntariam no meu enterro.

Reviu o ex que abandonou depois de quase oito anos e teve um ataque cardíaco ao notar o quanto ele está gato, pobrezinha” Diriam.

Era real, ele estava lá no restaurante e foi falar comigo. Eu fui uma idiota com ele e ele ainda foi me cumprimentar como se eu não o tivesse feito sofrer. Ele continuava o mesmo.

Sorri com a lembrança do meu Edward de sete anos atrás que fazia de tudo para me deixar feliz, mas meu sorriso morreu ao recordar do olhar que ele deu em minha direção enquanto falava sobre eu ter o deixado.

Mal sabia ele que isso também havia me afetado.

Mas eu não podia mudar as coisas, já estavam feitas. O passado não pode ser alterado, eu apenas tenho que aprender a lidar com as escolhas que tomei.

É, realmente estava acontecendo. Aparentemente, todo o meu passado estava voltando para tirar satisfação comigo.

Será que Edward ficou desconfortável quando me viu com James?

Será que ele se sentiu mal por isso?

Eu não conseguiria nem imaginar minha reação caso eu o encontrasse depois desse anos tendo um encontro com outra mulher, só sabia que não me sentiria bem.

Não que fosse ciúmes, eu nem tinha o direito disso, só seria muito estranho e desconfortável.

Mas porque diabos estou pensando nisso? Tenho coisas mais importantes para resolver.

Enfiei minha cara em meu travesseiro e como uma adolescente, ou um peixe fora d’água, me debati na cama e soltei palavras incompreensíveis que foram abafadas pela fronha.

Quando meu pequeno surto passou, levantei a cabeça ofegante, e agora totalmente descabelada, e com uma certa raiva de mim mesma, fui me preparar para dormir – chutando alguma coisas no caminho e resmungando coisa como na porra dessa vida ou o que caralhos aconteceu hoje. Amanhã seria O dia.

E talvez Kate saísse um pouco machucada do nosso encontro.

Sorrindo diabolicamente com o pensamento e encontrando no espelho meu reflexo perverso, continuei a escovar os dentes.


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Notas finais do capítulo

É NO PRÓXIMO CAPÍTULO AAAAAAAA
Tô muito animada porque esperei muito pra escrever sobre isso, e agora com esse reencontro as coisas finalmente vão começar a andar.



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