Um momento para se acreditar - Draco e Hermione escrita por Lizzie Oliver


Capítulo 1
Capítulo 1 - A marca de sangue




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Avistou os grandes portões que não eram estranhos e respirou fundo. Fazia muito tempo que não voltava ali desde a guerra. A casa imponente a sua frente, ainda lhe dava calafrios, toda vez que se lembrava do que havia passado, mas precisava estar ali, precisava cumprir o que tinha se programado. Olhou para o pergaminho em suas mãos e checou a lista que tinha feito com os nomes das casas que tinha que visitar. Já tinha ido a quatro, num total de Dez e não eram nem 11hs da manhã. Diferente das outras residências que havia estado, nenhuma a deixava mais apreensiva do que a casa que estava prestes a entrar, tanto por suas memorias torturantes, quanto pela pessoa que morava ali. Não sabia como ele reagiria ao vê-la depois de tanto tempo. Ao menos sabia que ele estava preparado para recebê-la.  Fechou os olhos e respirou mais uma vez bem profundo, estava ali para cumprir o seu trabalho e lidar com Draco Malfoy não poderia ser o seu maior problema.

Despois de alguns minutos viu os portões serem abertos. De certo, Draco já havia notado que tinha chegado. Antes de dar o primeiro passo para passar pelo portão, olhou para o jardim a espera de alguém para recebe-la, mas não tinha ninguém, nem Edgar, o elfo. Passou para o lado de dentro, dando um passo de cada vez, não estava com pressa. Enquanto passava pelo jardim, não pode deixar de reparar no mesmo e o quanto estava mal cuidado. O verde da grama estava longe de ser vibrante e as arvores pareciam sem vida. Sem contar a imensa fonte em mármore branca próxima a varada da entrada, estava seca e com aparência de abandono.

Seus saltos de verniz preto ecoaram pelo chão, também em mármore branco, enquanto fazia o caminho até a porta de entrada. Parou em frente às portas de madeira escura, bateu levemente na mesma e esperou. Desta vez não ficou no lado de fora nem por cinco minutos, quando foi recebida pela pequena criaturinha de 90 cm de altura e olhos grandes, a qual, era o motivo de sua visita.

— Senhorita Granger, seja bem vinda! – Disse Edgar ao avista-la no lado de fora. – Entre, por favor!

— Obrigada, Edgar! – Sorriu para o elfo antes de passar para o lado de dentro. Hermione observou o elfo atentamente. Olhou para as roupas que usava, que não eram diferentes das que já conhecia desde os tempos de escola. Estavam mal acabadas e Edgar aparentava estar cansado, o que a preocupou. – Como está? – Perguntou pegando o seu caderno de anotações.

— Edgar está bem, senhorita! – Respondeu e Hermione percebeu que ele estava sendo sincero. Anotou o que observava. – Malfoy está em casa? – Perguntou dando uma leve olhada pela sala de estar.

— O senhor Malfoy está sim, mas disse que vai demorar em descer.

Hermione suspirou. Precisava dele presente para dar continuidade o que tinha ido fazer. Não podia conversar com o elfo antes de explicar para o dono da casa as suas intenções.

— Mas a senhorita Granger pode esperar na sala. – Edgar fez um gesto delicado com a mão para indicar o cômodo.

— Tudo bem, obrigada! – Disse tirando o sobretudo e o apoiando no braço junto com sua bolsa.

— Se quiser, Edgar pode guardar as coisas da senhorita no roupeiro para ficar mais a vontade.

— Não precisa se preocupar, Edgar! Eu estou bem, obrigada! – sorriu seguindo para a sala de estar.

A sala que havia estado uma única vez, não parecia ter grandes mudanças, exceto pelos quadros que ocupavam toda a extensão da parede, que antes mostravam os antepassados da família, mas que hoje, estavam cobertos com panos pretos. Aquilo a intrigou. Porque Malfoy cobriu os quadros, que foram motivos de tanto orgulho para ele um dia? Pensou, os avistando de longe. Não se atreveria a encostar em nada daquela casa. Apesar do panos deixarem o ambiente mais pesado do que de costume, eles não eram capazes de deixar o ambiente escuro por conta da grandes janelas. Escolheu se sentar numa poltrona próxima a uma das janelas, pois se sentia mais confortável ficar próxima a claridade. Na verdade, Hermione estava louca para sair dali, mas obviamente, não faria isso. Apesar do desconforto, seria forte como sempre foi e cumpria com as suas obrigações, independente de qualquer coisa.

— A senhorita Granger, gostaria de um chá? – Perguntou Edgar.

— Eu aceito, por gentileza! – Sorriu novamente para o elfo o avistando sumir de sua presença. Aproveitando que estava sozinha olhou ao redor e estranhou não encontrar também, porta-retratos que antes, ela se lembrava de esterem ali. Nenhuma foto de família. Nenhuma foto de Draco, de Narcisa ou de Lucius. Porem, no mesmo instante suas lembranças a levaram para o dia em que havia sido torturada por Bellatrix e automaticamente pousou a mão sobre a marca que estava exposta, já que estava sem o seu casaco. Precisou levantar para tentar mandar as lembranças para longe, pois não estava a fim de lidar com elas naquele momento. Aquele dia ainda mexia com as suas emoções e sem ao menos perceber elas alteravam o seu estado a deixando inquieta e com respiração irregular.  Andou de um lado para outro respirando pausadamente. Precisava voltar ao foco. Mexeu nos longos cabelos cacheados, ajeitou a saia cor creme que ia até próxima aos joelhos e a blusa de seda branca. Hermione tinha a sensação de ter se desarrumado toda com aquele breve momento de instabilidade. Jogou o cabelo de um lado, jogou do outro, tudo para aliviar a sensação de calor e suor que estava sentindo. Se sentou novamente na poltrona e deu graças a Deus de avistar Edgar chegando com o seu chá.

— Aqui está o seu chá, senhorita Granger! – Disse o elfo a entregando a xicara.

— Obrigada, Edgar! – Disse dando um leve sorriso para ele e pagando a xícara de porcelana bem trabalhada. Sentiu a mão tremer ao leva-la a boca para dar um gole no liquido e se odiou por isso.

— A senhorita parece nervosa – comentou Edgar ao observa-la.

— Não... É impressão sua. – sorriu dando mais um gole na bebida. – Malfoy vai demorar em descer?

— Vou chama-lo!

— Não precisa, Edgar. – Disse Draco descendo as escadas de maneira elegante e imponente como de costume. A madeira rangia à medida que ele pisava em cada degrau, o que chamava mais atenção. – Que surpresa recebê-la em minha humilde residência, Granger! – Disse Draco a olhando de cima a baixo e lhe dando um sorriso cínico. – Apenas não estou menos surpreso, porque recebi um comunicado do Ministério avisando que viria me fazer uma visita. – sorriu.

Hermione pousou a xicara de chá, que mal havia terminado, na mesa redonda ao lado da poltrona. Foi ai que reparou numa pequena marca de sangue, quase imperceptível, mas não para ela. Franziu o cenho se perguntando o que poderia significar aquilo, mas foi só por um breve momento. Levantou, se ajeitou novamente e sorriu para o homem a sua frente, da mesma maneira que ele sorriu para ela, exalando cinismo.

— Fico feliz que tenha recebido o comunicado e esteja disposto a me receber, agradeço muito, Malfoy!

— Imagina! – sorriu se sentando no sofá – O que a trás aqui? Edgar, pode se retirar...

— Preciso que ele fique, Malfoy. É por ele que estou aqui.

Draco franziu o cenho sem entender.

— Estou fazendo vistorias nas residências para o Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Magicas. Estou fazendo entrevistas e relatórios com os Elfos e seus donos. Preciso verificar como estão sendo tratados. Isso estava no comunicado.  

— Edgar está bem, como pode ver... Não li até o final. Parei na parte em que estava o seu nome.

Hermione ignorou Draco e o elfo os encarava um pouco confuso, mas não se atrevia a dizer nada.

— Edgar, poderia por gentileza me relatar como Malfoy lhe trata?

Edgar engoliu seco.

— O senhor Malfoy me trata bem, senhorita Granger. – Hermione notou que ele estava nervoso e o entendia. Não era fácil para os Elfos se sentirem a vontade para dizem como vivem, mas ela precisava que ele fosse sincero, para pode ajuda-lo. Desviou seu olhar do elfo e pousou em Draco, o qual lhe olhou de volta com as sobrancelhas arqueadas, como se quisesse dizer: Viu?

— Edgar, eu entendo que esteja nervoso e receoso com tudo isso, mas você não tem nada a temer. Sempre cumpriu com suas obrigações e ajudou Malfoy no que ele precisava, mas chegou a hora de pensar em você, no que você quer, entende? – Hermione dizia com a voz calma e delicada como se estivesse falando com uma criança. – Nada de ruim vai acontecer com você.

Draco a observava atentamente cada olhar e cada movimento de Hermione. Por mais que não estivesse de acordo com o que estava acontecendo, não pode deixar de reparar no quanto, de fato, ela tinha se tornado uma mulher linda.

— Ah! Já chega, Granger! Já viu que ele está bem e ele não tem sinal de que eu o maltrato, então já pode ir embora. – Disse Draco um pouco irritado com a situação, tanto por seus pensamentos em relação a ela, quanto pelo seu elfo.

— Eu não vou a lugar algum, enquanto não tiver certeza de que realmente está tudo bem com ele e está vivendo dignamente. Eu não acredito quando diz que ele está bem, quando claramente tem algo errado. Edgar não deveria estar usando essas roupas, as quais marcam um período de escravidão, que não existe mais. O que alias, é um ponto para ser considerado para que ele seja tirado de você. Estou aqui lutando por ele e não é você que vai me impedir.

Eu escutar aquilo, Draco levantou e foi em direção a ela e a olhou nos olhos.

— Você não pode tira-lo de mim! – A segurou pelo braço com violência como um movimento automatico pelo nervosismo.

Hermione tirou o seu braço das mãos firmes dele.

— Tanto posso, como vou, e você só está me dando mais motivos para isso. Vai ter que me deixar fazer o meu trabalho, senão quiser prestar contas com o Ministério por não estar cumprindo as leis, Malfoy. Como disse, eu não acredito em você, não depois de tudo que estou observando desde que passei por aquelas portas.

— Não tem nada que possa me denunciar. Eu até admito que falhei nas questões das roupas, mas Edgar vive dignamente e recebe por seus serviços.

— Então como me justifica a marca de sangue na xicara, Malfoy? – Disse apontando para a xicara que Edgar lhe trouxe, deixada em cima da mesa.

— Não tem nada haver com ele!

— Então com quem tem? Com você?

Draco não disse nada a principio.

— Isso não vem ao caso. – Draco se afastou e se sentou no sofá sem ao menos a olha-la, suas mãos tremiam.

— Preciso que me deixe sozinha com Edgar, está o deixando nervoso e o que não está facilitando o meu trabalho.

— Que seja! – Disse se levantando e saindo da sala. Hermione o observou até que ele sumisse completamente do seu campo de visão.

— Acredite, lidar com Malfoy é como lidar com uma criança perto das pessoas que já tive que lidar hoje. – Disse sorrindo para o Elfo. – Acho que agora podemos conversar mais tranquilos. Pode me contar como é a sua rotina, onde dorme e como é tratado?

Edgar assentiu e foi a guiando até o seu aposento que ficava próximo à cozinha. Enquanto caminhavam, Hermione ia observando a casa. Ao chegarem ao quarto de Edgar, Hermione se surpreendeu com o quão organizado e espaçoso ele era: Moveis bem acabado, cama espaçosa, janelas grandes, que deixava o ambiente mais arejado. De todas as casas que havia passado naquela manhã, nenhum quarto era como aquele. Tudo o que observava, Hermione anotava em seu caderno.

— Edgar organizou tudo com a ajuda e o dinheiro que o senhor Malfoy dá todo mês.

Hermione o olhou desconfiada, mas sentia que ele estava sendo sincero.

— Aquele sangue na xicara não é sangue de Edgar. O senhor Malfoy nunca me machucou.

— Como assim?

— O sangue na xicara foi de ontem quando ele teve uma crise. O encontrei em seu escritório com ela quebrada em suas mãos e ele usava os pedaços para tentar se cortar. Edgar conseguiu tirar dele antes que o senhor Malfoy se machucasse mais. A reconstrui e a lavei, mas Edgar não prestou atenção no sangue que ainda tinha nela. Edgar precisava ajudar o senhor Malfoy.

— Que tipo de crise?

— O senhor Malfoy sofre de transtorno de personalidade Boderline... A senhorita Granger já ouvir falar?

— Pouco, mas já!

— As crise pioraram depois que a senhora Malfoy se matou.  O senhor Malfoy tem as emoções muito instáveis em apenas um dia. Na verdade, o senhor Malfoy não sabe lidar com as suas frustrações diárias, então ele fica muito nervoso, briga com Edgar muitas vezes, mas nunca machucou Edgar.

Um barulho de algo quebrando chamou a atenção do dois, que fez Hermione olhar para Edgar assustada. Ambos saíram correndo do aposento e foram em direção ao barulho no andar de cima. Hermione não acreditava no que via, quando se viu em frente a porta do quarto de Draco. Não era mais o mesmo homem que estava na sala até um tempo atrás. Draco estava se destruindo. Uma garrafa de bebida alcoólica estava pela metade e a outra estava quebrada em suas mãos.  A camisa estava aberta até a metade e tinha gotas de sangre, por conta da mão e o braço machucados. Seu cabelo estava bagunçado e o rosto estava vermelho. Edgar entrou primeiro, enquanto Hermione permaneceu estática entre o batente da porta, não sabendo o que fazer. Estava em choque. Assim que Draco o avistou, começou a gritar:

— NÃO PODE ME DEIXAR, EDGAR! NÃO PODE IR EMBORA! – ao mesmo tempo que seu tom de voz era melancólico, era autoritário. – NÃO PODE ME DEIXAR COMO ELES!

— Edgar não vai a lugar algum, senhor Malfoy! – Disse se aproximando dele e tirando a garrafa de suas mãos. Ao ouvir aquilo, Draco pareceu se acalmar um pouco.

— Há algo que eu possa fazer? – Perguntou Hermione. Ela se preocupou ao ver Draco naquele estado tão deprimente.

— VAI EMBORA, GRANGER! SAI DAQUI!

Edgar lhe olhou com compaixão, lhe pedido para não levar aquilo para o pessoal e Hermione entendeu.

— Não precisa se preocupar, daqui a pouco passa – sorriu para ela. – Edgar acha melhor a senhorita ir agora.

Hermione assentiu e deixou a casa no mesmo modo que entrou: em silencio e perdida em pensamentos.

~*~

Nas ruas próximas ao Ministério, Hermione já foi recebida com flashes e perguntas sobre si. Desde o fim da guerra, sua vida virou uma fonte de entretenimento. Todo mundo queria saber como seguia a vida do trio de ouro. Hermione passou pelas pessoas sem dizer absolutamente nada e entrou no ministério. Sabia que ali podia ficar mais tranquila, já que era estritamente proibida a entrada de jornalista sem autorização. Ao chegar em sua sala a primeira coisa que fez, foi tirar seu casaco e jogar a sua bolsa em qualquer lugar, antes de seguir para o lavatório. Prendeu os cabelos em um coque e lavou o rosto a fim de tentar aliviar os pensamentos. Não conseguia tirar a imagem de Draco da cabeça. Nunca, se quer, poderia imagina-lo naquele estado tão instável, tão vulnerável. Hermione sentia pena. Saiu do lavatório em busca de sua bolsa para retocar a maquiagem. Depois do almoço ainda tinha casas para verificar. Uma batida na porta a fez desistir de seguir com o plano de se maquiar novamente. Seja quem fosse, iria recebê-lo assim mesmo.

— Com licença, senhorita Granger! – Pareceu o ministro Kingsley. – Estava esperando a senhorita voltar para me contar como foi as primeiras verificações. – sorriu para ela.

— No geral foi tudo bem, por incrível que pareça. As famílias estão se adaptando bem as novas condições de tratamento dos Elfos. Apenas dois casos me chamou bastante a atenção.

— Quais seriam?

— O elfo da família Borges, apresentar marcas de maus-tratos. Vou montar um relatório essa semana e pedir um registro de denuncia. Vou passar na casa mais vezes para ficar de olho. Quero que eles recebam advertência e o elfo seja levado para outro lugar. Teles trabalhou na família Borges por muitos anos. Ele não pode continuar com eles.

— Kingsley assentiu concordando com a posição dela.

— E o outro caso?

Hermione suspirou.

— Malfoy...

— O elfo dele é o Edgar, não é?

— Sim... Mas no caso do Malfoy é diferente...

— Diferente como? – Perguntou Kingsley se sentando na cadeira em frente à mesa de Hermione. Precisava saber mais detalhes sobre aquilo.

— Quando cheguei e fui recebida por Edgar, eu tinha suspeitas que de ele estava sendo maltratado. Ainda usa aquelas roupas horríveis, mas parecia bem. O que mais me chamou a atenção foi a falta de retrato da família de Draco. Não tinha foto de ninguém. Draco se desfez de tudo. Mas isso não foi o principal. Quando Edgar veio me servir um chá, reparei que tinha uma pequena marca de sangue. Na hora achei que era de Edgar. Que talvez Malfoy tivesse o machucado, mas me enganei. Malfoy o trata bem e a marca de sangue era dele.

— Draco se machucou? E porque Edgar te serviria chá em uma xicara suja de sangue. Isso é suspeito, senhorita Granger!

— Ele não me serviu em uma xicara suja se sangue, como se tivesse me pedindo ajuda, Ministro Kingsley! Ele nem percebeu que o sangue estava ali...

— O que Malfoy fez para sujar uma xicara de sangue? – Perguntou um pouco confuso.

— Malfoy sofre de um transtorno que se chama transtorno de personalidade Boderline. É um transtorno trouxa.

— Mas no que se baseia isso?

— Eu não sei a profundo, mas se caracteriza basicamente por um padrão de instabilidade contínua no humor. Os sintomas mais comuns englobam instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas.¹

— E isso tem haver com a xicara?

— Tem... Malfoy se automutila quando está em crise. Ele teve uma crise ontem e Edgar o pegou se cortando um pedaço da xicara.

— Senhorita Granger, mas isso é algo muito grave. Precisamos fazer algo a respeito disso. Devemos comunicar o hospital e levar Edgar para outra família. – Disse levantando como se estivesse decido a fazer algo a respeito daquela situação.

 Hermione parou a sua frente como uma muralha.

— Por favor Ministro, não faça nada. Eu vou averiguar mais afundo o caso e vejo o que melhor deve ser feito. – Disse decida.

— Mas... Senhorita Granger... Estamos falando do Malfoy, uma pessoa que está doente, pelo que diz, e que pode ameaçar a si mesmo e a outras pessoas.

— Eu mais do que ninguém, tenho todos os motivos do mundo para virar as costas para ele e seguir o seu conselho, Ministro. E eu juro que faria se fosse outra situação. O senhor mais do que ninguém, sabe o quanto é importante para mim uma vida digna para os Elfos e sabe de toda a minha historia com o Malfoy, baseada em ofensas e desrespeito. Tenho que lidar todos os dias com as lembranças de quando entrei naquela casa e fui torturada por Bellatrix, ninguém imagina o quanto é doloroso. – Foi segura – Mas estou decidia em colocar de lado todo o meu orgulho e lidar com esse caso com mais atenção, pois o senhor não tem ideia do que eu vi naquela casa antes de sair. Eu vi Draco, o mesmo Draco que me ofendia e exalava orgulho, derrubar todas as suas paredes e se destruir por não saber lidar com as frustrações, O vi praticamente implorar para que Edgar não o deixasse como todos os deixaram. – suspirou - Estou disposta a arcar com as responsabilidades e consequências de tudo isso, apenas peço que não faça nada e me de um tempo para entender melhor o que esta acontecendo com ele.

Kingsley abaixou a cabeça refletindo as palavras de Hermione.

— Tudo bem, senhorita Granger. Eu confio no seu trabalho, mas quero que me mantenha informado.

— Muito obrigada, Ministro! – sorriu para ele. – Faço isso também por mim.

— Sempre admirei a sua coragem e força, Hermione! – sorriu para ela radiante.  Kingsley sentia muito orgulho dela e a admirava ainda mais com o fato de não se abater pelas lembranças do passado e estar disposta a ajudar alguém que ele sabia que nunca aceitaria ajuda. O caminho não iria seria fácil, mas Kingsley tinha certeza que Hermione iria vencer aquela batalha que estava preste a entrar.

Quando se viu sozinha novamente em sua sala, tratou de mandar um bilhete para Edgar perguntando se ele podia encontra-la em algum lugar para conversarem, mas a respostas logo veio com a sugestão dela ir até a mansão, pois não podia deixar Malfoy sozinho. Não gostou  da sugestão a principio, mas não tinha outro jeito. Voltar naquela casa quantas vezes fosse necessário, seria uma das consequências da decisão que havia tomado. Passou a lista das famílias que precisava fazer a vistoria para a sua colega de departamento, Aline, e seguiu para a mansão.

Diferente da ultima vez em que esteve lá, foi recebida por Edgar já nos portões. Hermione não aguentou e perguntou para ele, do porque não podia deixar Malfoy sozinho.

— O senhor Malfoy fica instável quando se vê sozinho, é uma das características do Boderline. Um dia Edgar deixou a mansão para ir atrás de informações a respeito do que o senhor Malfoy tinha, foi só por uma ou duas horas, mas já foi o suficiente para quando Edgar voltasse para casa a encontrasse a casa um caos com o senhor Malfoy desesperado chamando Edgar. Depois que Edgar explicou para onde tinha ido, ele ficou mais calmo e tudo voltou a normal.

Essas crises são frequentes?

— Acontecem todos os dias. No começo Edgar não sabia o que fazer, mas encontrei um livro que falava sobre esse transtorno e hoje Edgar sabe lidar melhor.  

— E onde o encontrou?

— No floreios e Borrões. Lá tem um acervo de livros trouxas de todos os tipos. Edgar procurou um que tivesse as coisas que o senhor Malfoy estava tendo e Edgar encontrou esse que fala do Boderline. Mas porque a senhorita Granger parece tão curiosa de até chamar Edgar para conversar?

— Eu quero ajuda-lo, Edgar. Quero entender o que estava acontecendo com ele e ajuda-lo. Tanto a você, quanto Malfoy.

Edgar lhe encarou incerto.

— Edgar não acha que seria uma boa ideia, senhorita Granger!

— Por quê? – Perguntou confusa.

— Porque não é só com as frustrações e inseguranças que o senhor Malfoy não sabe lidar. O senhor Malfoy também não sabe lidar com a perda e o abandono. Por isso ele segurou a senhorita Granger pelo braço e disse que não podia tirar Edgar dele. O senhor Malfoy tem medo do abandono e da rejeição. - Aquelas palavras fez os olhos de Hermione arderem.

— Por isso ele disse que você não podia deixa-lo?

— Sim, senhorita. Ele tem medo de se sentir abandonado de novo.

— Mas o que foi que aconteceu? Onde então todos os amigos dele?

— A senhora Narcisa, também sofria desse problema, e quando o senhor Lucius morreu, a crise piorou até o ponto de não aguentar mais e se matar. O senhor Malfoy ficou dias mal e todos os seus amigos vinham o visitar e lhe fazer companhia. Mas com o tempo, o senhor Malfoy ficou apegado demais a eles, queria atenção o tempo todo e eles lhe davam, mas depois foram se afastando dele, foram se cansando, pois todos tinham as suas vidas para viver. Nem Astória soube lidar com ele e desistiu. Ninguém entendia o que ele tinha.

— Eu nunca poderia imaginar que Draco estivesse passando por isso. Nunca mais soube dele ou tive contato com ele desde o fim da guerra.

— As pessoas julgam muito as outras com facilidade, senhorita Granger. As pessoas olham esses portões da mansão e imaginam que aqui existem pessoas felizes, mas na verdade, a felicidade apareceu por aqui poucas vezes. O senhor Malfoy tem essa aparecia e jeito de confiante e orgulhoso, mas no fundo é a pessoa mais sensível que se possa imaginar. Uma pessoa que sofreu de tudo ainda adolescente e tem como seu maior medo, se ver sozinho no mundo.

— Peço desculpas por hoje mais cedo, Edgar, mas fiquei realmente preocupada com você e eu não era capaz de confiar nele, depois de tudo.

— Não se preocupe, senhorita Granger, Edgar entende! Mas a senhorita Granger está disposta mesmo a ajudar o senhor Malfoy?

— Estou, mas vou precisar muito da sua ajuda – sorriu.

— Edgar fica feliz em ajuda-la, senhorita Granger! – Edgar sorriu de voltar tão intensamente como se não soubesse como agradece-la.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Estou escrevendo o próximo capitulo. Na verdade, não sei quantos terão, mas não acredito que seja muitos kkk Me empolgue demais com essa historia, socorroo!! Sei que posso ter exagerado um pouco, mas foi necessário... não me odeiem por isso, por favor (=
1- As características do Boderline
Comentem o que acharam para eu saber. Quero saber tudo kkkk
beijã



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