Doutor Coração(DEGUSTAÇÃO) escrita por moni


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



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    Alice

   Gosto das mãos dele, ele é todo muito bonito, mas as mãos parecem tão firmes, mãos de cirurgião, próprias para salvar vidas. Ergo meus olhos para encontrar os dele enquanto ele me encara com a mente longe, ouvindo meu coração a me envergonhar com sua fraqueza. Salvatore tem as vidas das pessoas na ponta do seu bisturi, que tipo de pessoa se arrisca tanto? O tipo de pessoa corajosa.

   Ele afasta o estetoscópio, tira do ouvido e faz anotações, de algum modo eu pareço ter sumido, o homem diante de mim não me vê mais, faz cálculos, prognósticos e diagnósticos perdido e distante.

   Procuro os olhos da minha mãe de pé próxima a porta do consultório, ela parece finalmente triste, só a vejo assim quando a pego distraída, de outro modo, ela não deixa a tristeza chegar.

   — Vamos voltar a minha sala? – Ele convida segurando minha mão enquanto desço da maca. Penso de novo na beleza de suas mãos.

   Nos sentamos lado a lado, eu e minha mãe, a espera do veredito. Não sinto nada, não estou feliz, não estou triste, eu simplesmente sei o que ele vai dizer, o tempo é tudo que me resta, esperar que um dia tudo acabe.

   — O que acha, doutor? – Minha mãe questiona com pressa da resposta, antes de ouvir qualquer coisa, procura minha mão.

   — Carla, são dez anos de material para ser analisado, além disso, eu tenho novos exames que gostaria de fazer antes de me posicionar. Aconselho a seguir com o tratamento atual, só preciso de dois dias, se não tivesse um plantão essa noite, hoje mesmo daria uma resposta.

   — Então ainda não vai se pronunciar? – Minha mãe parece surpresa, eu estou, normalmente eles correm os olhos pelos exames e dão seu parecer.

   — Não. – Salvatore anota de modo frenético em um bloco de receitas, não nos olha envolvido demais em seu trabalho. – Se puderem fazer esses exames hoje mesmo, no máximo amanhã. Temos todos eles aqui na clinica e consigo o resultado bem mais rápido, mas podem escolher outro lugar.

   — Aqui mesmo. – Eu respondo por mamãe.

   — Martina vai ligar para marcar o retorno em dois dias. – Ele diz sempre para mim. Acho que é o primeiro médico que trata tudo comigo e não com minha mãe. Talvez minha aparência seja tão frágil que dê aos médicos a ideia de que sou uma menina, mas ele não. Ele me vê e é a mim que se dirige e isso me faz bem. Ao menos me dá uma diminuta sensação de controle.

    Eu podia continuar sentada diante dele, olhando enquanto anota nomes de exames que nunca vou aprender a pronunciar, mas ele me estende as folhas e entendo que é hora de ir.

   — Nos vemos em dois dias. – Salvatore sorri.

   — Obrigada, doutor. – Aperto sua mão, firme e quente.

   Mamãe se despede dele também e caminha ao meu lado para fora de sua sala, ajeito o casaco, nem quero pensar nos cabelos, eu não sou o tipo que se arruma muito para ouvir que vou morrer em consultórios médicos, mas dessa vez me arrependo um pouco por não ter gasto algum tempo com isso.

   Martina é uma senhora de uns cinquenta anos, tem os cabelos presos em um rabo de cavalo, usa seu uniforme de enfermeira e acho os olhos grandes cheios de carinho um charme.

   — Uma enfermeira vai te acompanhar para realizar os exames, você está se sentindo bem, Alice?

   — Sim, estou bem, só... o cansaço de sempre.

   — Amanhã bem cedo um funcionário vai a sua casa recolher seu sangue. – Ela me surpreende com isso. – Não se preocupe, é procedimento padrão quando os pacientes estão com a doença avançada.... – Martina se arrepende, tem mais isso, tenho que lidar com isso também, com o constrangimento de algumas pessoas sobre a minha condição.

   Minha mãe me acompanha de sala em sala, não espero nenhuma vez, Depois de três exames, estamos finalmente dispensadas, queria voltar a sala dele e agradecer o bom tratamento, vou ter oportunidade.

    — Gostou dele? – Minha mãe pergunta quando dirige de volta para casa.

   —Ele não devia ser tão bonito, não é bom para o trabalho, acho que constrange um pouco, fiquei pensando em como ele deve estar sempre acompanhado por linda e exuberantes mulher e isso me fez sentir ainda mais doente.

   — Achei que tinha gostado dele, foi tão gentil e interessado. – Mamãe se decepciona.

   — Eu gostei, apenas relatei um fato. Não muda quem ele é como médico, ele deve mesmo ser bom, é mais... uma opinião pessoa. – Encaro a rua sem querer olhar para ela e pensando que tipo de jovem mulher eu seria aos vinte e cinco anos.

   — Eu sei filha, eu te entendo, ele é mesmo muito bonito. – Minha mãe concorda antes de sorrir.

   —Se interessou por ele? – Mamãe junta as sobrancelhas, se volta levemente em minha direção, dá um meio sorriso e se concentra de novo no trânsito.

   —Cada ideia, ele é seu médico e mais jovem, claro que não me interessei por ele. Aliás, ele nem me notou, só viu você o tempo todo.

   — Médico, doente, faz sentindo.

   — Boba. – Ela estaciona em frente a nossa nova casa. O processo de deixar o carro seguir até o elevador e subir ao apartamento parece consumir o resto das minhas forças e só penso em me deitar e colocar o oxigênio.

   Minha mãe providencia nosso almoço, minha comida se parece muito comigo, sempre sem graça. O que eu não daria por um hamburguer?

   Adormeço no sofá logo depois do almoço, no meio de uma comédia romântica e quando acordo a sala está escura, uma luz acesa no corredor denuncia minha mãe, ela está em seu escritório se matando de trabalhar para pagar pelo tratamento caro enquanto não posso nem mesmo ajudar com as despesas.

   Roubei sua vida, roubei seu tempo, seus sonhos, seu amor por mim, tirou sua chance de construir algo para si.

   Ando lentamente até a porta da sala, ela seca uma lágrima escondida encarando a tela do computador, é por ela que ainda insisto, mesmo quando tudo parece se esvair em dor e medo, eu ainda tento, porque ela investiu tudo em mim e quando acabar não vai restar a ela mais nada.

   Me dá uma saudade dela, um medo de perde-la, de nunca mais poder me encolher em seu colo, é tão triste.

   Ando até ela, mamãe me nota e afasta a cadeira confortável em que se acomoda todos os dias para mergulhar em seu trabalho, abre os braços e me recebe em seu colo, me encolho em seu peito ouvindo seu coração forte a bater, sentindo o cheiro de mãe que me mantem viva.

   Seus dedos mergulham em meus cabelos enquanto fico de olhos fechados deixando as lágrimas rolarem. Queria dizer a ela que vou sentir sua falta, que a maior dor de todas é perde-la, mas eu não posso, não posso dizer a ela e matar mamãe um pouco.

   — Vai ficar tudo bem, anjo. – Ela diz com a voz forte, como se não fosse a mulher que chorava há uns minutos escondida.

   Não digo nada, apenas deixo as lagrimas rolarem encolhida em seu colo até que elas se vão e me conformo. Nem me entregar a dor eu posso. Não posso me emocionar demais, não posso levar um grande susto.

   — Tô com fome! – Digo a ela fingindo estar bem, sinto seu corpo chacoalhar em riso e um beijo em minha testa.

   — Vamos jantar, amanhã tem exame cedo, precisa do jejum e ainda não tomou seus remédios.

   — Adoro quando me trata como se eu fosse um neném. – Ela ri de novo.

   — Então, meu neném, vá desenhar um pouco enquanto preparo sua refeição.

   Me afasto dela, mamãe ajeita meus cabelos, limpa minhas lágrimas, beija meu rosto e deixo seu colo.

   Um banho, jantar e me sento ao lado da janela em uma poltrona confortável, encaro a lua cheia no céu, penso em Salvatore, o doutor Coração disposto a me ajudar a alcançar a lua. Que mundo de sonho seria esse em que posso viver a vida e ser feliz.

   Começo a riscar o papel diante de mim, um vestido de lua, tecido fino, corte romântico, um decote profundo na frente, saia abaixo no joelho, saltos baixos, cabelos presos. Uso lápis para pintar, assino no final do desenho, levou quase uma hora, mas ficou lindo.

   Deixo sobre o móvel e me ajeito para dormir depois da lista de remédios da noite. Ir ao banheiro cinco vezes por noite não é divertido, mas é algo que me acostumei.

   Meus pés estão levemente inchados pela manhã, eu suspiro um tanto chateada, o dia ontem foi longo e cansativo, natural que esteja cansada e sonolenta, mas queria deixar mamãe feliz e não ficar muito mais tempo na cama.

   Uma enfermeira chega com uma maleta grande, depois de medir minha pressão, retira o sangue necessário para os exames laboratoriais. Mamãe vai fazer compras e aproveito a solidão para encarar a vida pela janela.

   Tanta gente indo para o trabalho, escola, casais logo cedo de mãos dadas, Florença tem mais paz e menos estresse que Roma, mas ainda é uma cidade grande.

   Essa hora ele já tem boa parte dos meus exames em suas mãos. O que será que está pensando o doutor Coração?

   Minha mãe retorna cheia de peso e não posso correr para ajuda-la, tenho que assistir seus esforços.

   — Vamos ter um jantar de gala essa noite. – Ela diz enquanto a ajudo a tirar as compras dos sacos. – Estreia da nossa série preferida, merecemos comida boa.

   —Sua série preferida. – Aviso fazendo careta. – Eu soube que ele vai...

   —Shiu! Não conta.

   — Tá bom.

   Não leva um minuto para ela mudar de ideia, é sempre assim, ela não quer saber até que não resiste.

   — Peixe no forno? – Amo peixe assado.

   —Sim. O que ouviu dizer?  - Na meia hora seguinte debatemos nossa série preferida e quando ao anoitecer eu me encolho envolvida em uma manta para assistir televisão com mamãe, é no doutor Coração que penso, em como ele deve estar morrendo de pena de mim agora e muito propenso a desistir da ideia de alcançar a lua comigo.

     Salvatore

   Ela não me sai da cabeça, já tive pacientes jovens, mas tem algo nos olhos dela que me fazem sentir necessidade de dar uma chance a ela. Acho que nenhum médico deu esperança as duas.

   O plantão é tranquilo, uma parada cardíaca revertida muito rapidamente depois de uma briga de casal, a vida e seus percalços, o casal agora apaixonados de novo, homem de meia idade, mulher madura, casal aos trancos e barrancos. Nunca poderia viver um relacionamento que não fosse calmo e repleto de parceria como meus pais, como meu irmão e minha cunhada.

   Quando caminho para casa dos meus pais depois do plantão, meus ombros estão curvados de cansaço. O caso de Alice é bem sério, ela não sai da minha mente, ainda podemos tentar uma mudança radical na medicação, pelo que vi, as novas drogas do mercado não foram experimentadas por ela ainda.

   O resultado dos exames são assustadores, ela está acelerando o processo, um plantão tranquilo me deu chance de mergulhar em seu histórico médico, vou mostrar tudo a minha mãe, ouvir o que ela acha, ligar para o professor Parker em Nova York antes de tomar uma decisão, mas temo que sua única esperança seja um transplante.

    Minha mãe está lendo o jornal enquanto meu pai prepara algo no fogão. Os dois me cumprimentam com um sorriso, minha mãe deixa o jornal de lado e me enche uma xícara com café forte.

   —Plantão difícil?

   — Não, fiquei bem tranquilo, pude até estudar um caso novo. Alice, vinte e cinco anos, insuficiência diastólica. Bem avançado.

   —Tão jovem. – Minha mãe comenta quando meu pai se junta a nós dividindo os ovos mexidos em três pratos.

   — Já está na dialise? – Ele pergunta interessado.

   — Não. O pâncreas ainda está respondendo bem, os rins.... ainda não tenho os exames laboratoriais, mas os exames de imagem já são péssimos.

   — Acham que foi por isso que o Marco foi morar em Londres? – Meu pai questiona tomando um gole de chá quente. Olhamos para ele sem entender seu ponto de vista. – Só falamos de doentes e doenças, acham que sendo jornalista ele se sentiu um peixe fora da água e nos deixou?

   —Não. Ele se apaixonou. – Minha mãe rebate. – Vamos visita-lo mês que vem, eu e seu pai. – Ela me comunica.

   —Mandem um abraço. – Os ovos estão perfeitos, não tinha me dado conta da fome até provar o café da manhã. – Acho que valeria a pena internar Alice uma semana, e mudar toda a medicação, no hospital seria mais fácil acompanhar a aceitação do organismo.

   — Não sei, eu sempre acho péssima a ideia de manter alguém internado, os pacientes ficam esgotados emocionalmente além dos riscos de infecção e no caso que parece ser o dela, seria uma sentença de morte.

   — Não fala isso, mamãe! – Ela ergue os olhos, se demora sobre mim. – Me preocupo, é jovem, uma pena uma jovem estar vivendo assim.

   —Claro. – Ela responde sem convicção. – Acho que podemos ir direto ao ponto, sei que vai correr para casa assim que terminar seu café.

   — Umas horas de sono me faria muito feliz. – Admito.

   —Conte a ele, amor. – Mamãe pede ao meu pai.

   — Você vai ter uma cota para atendimento publico. Pensamos em fazer uma parceria com alguma ONG, não sei, mas destinar uma parte das verbas da clinica para tratamentos gratuitos. Diminuiria nossos lucros, mas não tanto assim, podemos abater muito dos impostos e a clínica está em ótima fase.

   —Sério? – É maravilhoso, estou sempre burlando as regras do hospital para atender quem não pode pagar, mas nunca é alguém muito distante, sempre o parente de algum funcionário ou coisa parecida. – Eu nem sei como agradecer.

   — Vamos implantar as mudanças até o final do semestre, estamos estudando as parceiras.

   —Pai, eu nem sei o que dizer, é uma noticia incrível, vai valer muito a pena, hoje em dia isso conta muito ponto, ser uma empresa responsável, se envolver com causas sociais nos ajuda a... sei lá o que estou dizendo, meu negocio é ser médico. – OS dois riem, eu nunca consegui me envolver muito na administração da clinica, meu negócio sempre foi a sala de cirurgia.

   — Só queríamos contar a você e obriga-lo a comer algo decente antes que acabe ocupando um daqueles quartos da clinica. – Minha mãe conta e beijo sua mão sobre a mesa.

   —Café da manhã incrível. Eu como comida decente mãe, não de ouvidos a Martina.

   — Trabalho lá, meu filho, Martina não precisa me contar nada.

   — Acha que devo ouvir o doutor Parker? – Volto meus pensamentos a Alice.

   —Sim, sempre bom, ele foi seu mentor, é o melhor e está sempre disposto a ajuda-lo. – Meu pai me diz tranquilo.

   — Vou telefonar quando chegar em casa. – Tomo o resto do café e afasto a cadeira. – Antes preciso dormir um pouco. Vejo vocês amanhã na clinica.

   — Quem ele quer enganar? Antes do final do dia vai estar lá pelos corredores, atendendo a algum encaixe ou visitando um dos seus pós-operatórios.

   — Mãe.... – Não respondo, é verdade, eu não consigo ficar muito tempo em casa, é cansativo ter folga, ficar procurando algo inútil para fazer enquanto finjo estar feliz por não ter que ir trabalhar e enquanto isso, pessoas estão precisando de mim.

    Nos despedimos como em qualquer despedida familiar, com eles fazendo mil recomendações e então vou para casa ainda caminhando, tudo perto demais para usar carro e gosto de andar, pratico muito menos exercícios do que deveria, mas os dias são corridos demais para levar a rotina de exercícios a sério.

   Meu apartamento está limpo e perfumado, a faxineira veio ontem e só hoje posso voltar para casa e apreciar seu trabalho, não por mais que dois minutos, apago assim que a cabeça encontra o travesseiro. Por seis horas seguidas eu durmo sem qualquer sobressalto, mas quando desperto o rosto de Alice está em minha mente e tenho a impressão que estava sonhando com ela.

   Aproveito para pegar meu telefone e fazer a ligação. O doutor Parker é um mestre incrivelmente comprometido, o assunto o envolve e ele é muito receptivo. Uma hora de conversa ao telefone envio imagens pelos celular e como eu, ele acha que mudar a medicação em um caso avançado como o dela não é algo que se arrisque mandando a pessoa de volta para casa.

   Perto das cinco da tarde já tenho o resultado dos exames de laboratório em uma tela do meu computador e não tenho escolha se não tentar uma nova abordagem e internar Alice. Espero que ela concorde, me pareceu tão cansada.

   Meu telefone toca, Emiliano eu sorrio pensando em tudo que ele vai reclamar e depois não é nada se não seu exagero de sempre.

   —Emiliano já ouviu falar daquela lenda do menino e o lobo?

   — Sim, o lobo devora o menino porque o cardiologista dele nunca atende. – Emiliano me faz rir. – Implorei para Justine te telefonar, mas não, ela prefere assistir minha morte lenta a salvar minha vida ligando. Preciso de uma consulta urgente. É sério, Angélica ainda vai me matar, ela e Justine se uniram para isso.

   — Duvido que seja verdade, o que aconteceu?

   — Poeira do mundo todo! Angélica foi a reunião no escritório hoje cedo com aquele par de tênis tenebroso, na frente de investidores árabes, árabes, Sanvatore, me diga, ela quer ou não me matar?

   — Acho que não, mas me conte, o que está sentindo?

   — Além de fúria?

   —Além disso. – Concordo rindo e encarando o relógio, ainda vou telefonar a Alice e marcar consulta para amanhã.

    —Nada! Mesmo assim eu acho que devemos fazer um exame detalhado, meu coração não vai resistir muito, quem sabe fazemos uma daquelas pontes de safena por garantia. Justine não ligou para você como pedi?

   — Emiliano, nós dois sabemos que Justine nunca faz o que você quer, ela só faz o que ela quer e não é boa ideia operar um coração saudável.

   — Vou ligar para sua secretária e marcar a consulta, não acho seguro ficar esperando ter uma doença no coração para fazer algo. Até mais, doutor.

   —Até. – Ele desliga me deixando a rir feito o furacão de sempre, está apenas de passagem. Ligo para Martina. – Emiliano quer um horário, pode conseguir um, vou manda-lo fazer tantos exames que ele vai ficar um ano sem me chamar em falsos ataques cardíacos.

   — Duvido, mas vou encaixa-lo. – Ela me promete.

   — Quero encaixar a Alice também amanhã, consegue um horário antes do almoço?

   —Sim, eu consigo, espera. – Ela me deixa na linha. – Dez da manhã, vai ficar meio apertado, mas vou ligar para ela avisando.

   —Não! – Me apresso. – Eu ligo.

   — Você? – Martina não esconde o estranhamento, aliás, como sempre, expõe claramente em um tom cínico.

   — Sim. – Ela podia parar de achar que tem direito de dar seus palpites.

   — Por que? – Pergunta sem rodeios.

   — Porque eu quero, quero..... discutir umas coisas com ela.

   —Nunca discute coisas com seus pacientes por telefone, nunca. Já o vi ir até a casa de um paciente, é um obstinado para não dizer psicótico e colocar meu emprego em risco, mas telefonar...

   —Até amanhã. – Corto Martina ainda escutando sua risada quando desligo.

   Agora é a vez de Alice, Martina tem toda razão, eu jamais telefono aos pacientes para discutir qualquer coisa, mas não consigo resistir, quero ouvir sua voz e não costumo fugir dos meus instintos.

   —Alô! – A voz soa fraca, baixa e me aperta o coração.

   —Pronta para tocar a lua, Alice?

   — Doutor Coração!


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Notas finais do capítulo

Beijossssssssssssssssssssssssssss



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