Siblings escrita por hrhbruna


Capítulo 11
10


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês. Eu dei uma contextualizada, porque nessa história a Charlotte é parte da casa de Sonserina e vive cercada de amigos poderosos que fazem parte das Sagradas 28, então o estilo de vida mais "tradicional" dos bruxos puro-sangue também será abordado.



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Charlotte tinha uma dor de cabeça que parecia durar dias. Mesmo com os amuletos e os chás ministrados religiosamente, na noite anterior ela havia apagado antes do jantar para fugir da dor.

Blaise e os outros alunos da Sonserina haviam voltado de suas férias de inverno. Seu amigo trouxe um presente de natal atrasado, justificando que estava muito distante e a pobre ave teria um longo trajeto.

Era uma bela echarpe. Sofisticada como tudo em Blaise e em sua família.

Charlotte o deu um caderno com capa de couro para anotações. Blaise mantinha um diário, embora poucos soubessem disso e ele insistisse em chamar de “coleção de memórias”. Vinha o nome do amigo gravado em letras prateadas: Blaise Giuseppe Zabini.

— Eu pensei em colocar Machiavelli, mas ficaria muito comprido. — explicou Charlotte, enquanto os dois jantavam.

— É incrível. Sério. — Blaise disse com entusiasmo. — Obrigado, Lottie.

Meninos ricos ficavam facilmente impressionados com tudo que era simples, pensou.

E, por falar em meninos ricos, seu olhar recaiu em Draco Malfoy que estava anormalmente quieto. Ele vinha estado daquele jeito há semanas. Desde que Charlotte havia ido ao encontro com Oliver Wood, que por falar nisso, parecia estar tentando chamar sua atenção da mesa da Grifinória.

Charlotte sorriu para Oliver, mas ela estava um pouco preocupada com a maneira que Draco estava a tratando. Não é que ela se importasse com ele. Salazar, eles não eram nem mesmo amigos! Mas estava bastante claro que Draco estava a ignorando.

— Ele ia te pedir para ser namorada dele. — explicou Zabini quando Charlotte o perguntou o que havia de errado. — Ainda não acredito que ele teve as bolas de dizer aos pais que quer te cortejar.

— Isso é loucura. Temos treze anos. — Charlotte disse num guincho. — Eu ainda nem dei meu primeiro beijo.

Charlotte ficou corada e abriu um sorriso ao se lembrar de seus lábios encostando nos de Oliver Wood. Foi apenas isso. Lábios.

Blaise balançou a cabeça negativamente.

— Acho que você não entende como certas tradições de famílias como a minha, a de Malfoy e, eu diria, até a sua, funcionam. — Blaise suspirou. — Lottie, Narcissa e Lucius Malfoy entraram para Hogwarts comprometidos um com o outro. A mãe de Nott era cerca de uns vinte anos mais jovem que o pai de Theo, ela o conheceu quando tinha nove anos de idade. Cortejo é algo normal.

— Não para mim. — contestou Charlotte. — Isso é tão antiquado. E duvido que alguma menina da Sonserina pense diferente de mim.

— Você está brincando, certo? — Blaise riu.

Ele a chamou para se aproximar e falou mais baixo.

— Daphne está me enlouquecendo com essa história de cortejo. — Blaise disse baixo. — Ela sempre escreve e me pergunta se estou cortejando alguém, faz sempre questão de me lembrar que a família dela a deixou desimpedida e que agora Astoria que é a prometida de Draco.

— Como assim? — Charlotte indagou, confusa. — Se Draco já está “cortejando” Astoria, por que ele está interessado em me cortejar? Aposto que ela não está cortejando ninguém, até porque, barbas de Merlin, Astoria tem apenas onze anos! Vê como esse mundo é confuso e injusto? Tenho certeza que se fosse Astoria, ela estaria ferrada!

— Aí é que está! — Blaise interrompeu-a. — Daphne é a mais velha. Draco e ela foram “pré-arranjados”, assim como acontece muitas vezes, mas é completamente plausível que esse pré-arranjo não seja firmado. Acho que Daphne pediu ao pai que a desse a possibilidade de escolher seu próprio marido e o Sr. Greengrass permitiu, mas caso os planos de Daphne não saíssem como esperado, pelo menos uma das filhas estaria “segura” comprometida com um Malfoy.

“Mas Astoria e Draco têm apenas um pré-arranjo, assim como ele tinha com Daphne. Qualquer um dos dois pode sair quando quiser, enquanto somos jovens, claro. Draco sabe desse acordo, mas ele foi até os pais e disse que tinha outra garota em mente. Garantiu aos pais que é uma dama bem-nascida e que daria a perfeita Lady Malfoy”.

— Isso é loucura. — Charlotte balançou a cabeça. — Temos treze anos. Por que os pais de Draco acham que podem confiar no julgamento do filho? Desde quando eu sou uma lady ou mesmo bem-nascida? Eu sou mestiça.

— Você tem sobrenome, ouro e status. — Blaise deu de ombros. — Acredite. O fato de você ter uma mãe não-bruxa não tem tanta importância perto dessas outras coisas.

— Ela não era uma não-bruxa. Era uma nascida-trouxa. — Charlotte consertou a fala do amigo com paciência. — Ela era tão capaz de magia como eu e você.

— Desculpe. Velhos hábitos. — explicou o italiano. — Minha avó nunca se referiu aos... aos nascidos-trouxa com aquela palavra nojenta, porque é absurdamente indelicado, mas receio que o termo não-bruxo esteve muito presente na minha família. Não era minha intenção te ofender.

— Não ofendeu, Blaise. Não se preocupe. — Charlotte sorriu e o tocou no ombro. — Agora, eu estou curiosa: quem é a garota que você corteja?

Blaise ficou corado, Charlotte percebeu com diversão. O italiano começou a se servir da sobremesa e perguntou a ela se aceitava um pouco de pudim.

— Sim, por favor. — disse em tom de agradecimento. — E então, Blaise? Daphne é uma garota muito bonita. Se você não tem nenhuma outra garota em mente, sugiro que cogite a possibilidade de dá-la uma oportunidade. Além disso, ela é inteligente, sofisticada e combina com você.

— Não tenho tanta certeza sobre a última parte. — Blaise murmurou.

— Por que não? Eu consigo imaginar um retrato sobre a lareira de vocês dois. Com seus filhos de pele escura e olhos verdes.

— Salazar. Por que fui abrir a boca com você?

Charlotte riu e enfiou um pouco de pudim na boca. Ela não conseguia mais notar a dor de cabeça que o estresse dos últimos dias tinha a provocado.

— Me diga, vai... — implorou-o.

— Eu não estou cortejando ninguém. Minha família disse que eu posso escolher e não preciso me antecipar. Como você apontou inúmeras vezes, temos treze anos.

— Ok. Mas se você pudesse escolher uma garota de Hogwarts... qual você escolheria?

— Uma que não me escolheria de volta.

— Oh. Pare com isso. — Charlotte revirou os olhos. — Não há um rapaz que seja mais cavalheiro que você. E você é muito bonito também. Por que diabos você não seria escolhido?

— Garotos como eu não são escolhidos. — Blaise explicou. — Nós nos tornamos o melhor amigo. Garotos como Oliver Wood, com músculos explodindo das vestes, estes sim são escolhidos.

Havia um tom meio ressentido na voz do sonserino e Charlotte franziu o cenho.

            De repente a dor de cabeça havia voltado.

—x-

Quando estava saindo do salão principal, Charlotte não se surpreendeu que Oliver Wood estivesse escorado em uma das paredes de pedra que faziam sentido para as masmorras. Ela se despediu de Blaise, que apenas resmungou em resposta, e foi até o grifinório que a esperava.

— Oi. — cumprimentou-o com um sorriso. — Boas festas?

— Sim. — ele respondeu, também sorrindo e emendou. — Oi. Feliz natal atrasado.

Mostrou um embrulho para Charlotte.

— Aparentemente estou ganhando muitos presentes fora da data este ano. — Charlotte comentou e recebeu o embrulho — Obrigada.

— Tenha cuidado. — Oliver pediu.

Charlotte fez menção de abrir, porque o embrulho era pesado e a deixava curiosa, mas Oliver a interrompeu.

— Sugiro que abra no seu quarto. — ele disse coçando a nuca.

— Tudo bem. — Charlotte deu de ombros. — Desculpe não ter comprado nada para você... eu fiquei com receio que talvez... talvez parecesse... oh, eu não sei.

— Não se preocupe. — Oliver riu. — Eu não também não havia comprado nada, porque estava com o mesmo receio. Porém, eu me senti estranhamente inspirado hoje de manhã.

— Entendo. — ela acenou com a cabeça.

— Vamos, vou te acompanhar até seu salão comunal. Eu tenho que voltar rápido para a torre da Grifinória, porque preciso acordar cedo para dar conta dos meus deveres. — Oliver informou um pouco envergonhado.

Charlotte franziu o cenho.

— Você não conseguiu colocar suas tarefas em dia nas férias?

— Eu... eu estava fazendo alguns testes e treinos. Meu pai andou conversando com alguns olheiros.

Ela se lembrou, então, do sonho de Oliver em jogar profissionalmente. Ele era muito dedicado a aquele sonho.

Sua alimentação, suas escolhas, seus treinos em horários loucos diziam aquilo. Mas tinha certeza que no meio dessa rotina louca, Oliver ainda conseguia ser um bom aluno, porque a Prof. McGonagall sempre o elogiava e Charlotte sabia que Marcus Flint havia perdido seu posto de capitão por não ter boas notas.

— Oliver, eu queria te perguntar uma coisa... — Charlotte começou incerta.

— Vá em frente.

Mordeu o lábio inferior, agora se perguntando se de tudo era uma boa ideia fazer aquela pergunta.

— Isso que estamos fazendo... er... você está me cortejando?

— Defina cortejar. — Oliver pediu.

— Sabe, você está se aproximando de mim... para... er... ver como eu sou?

— Bem. — Oliver franziu o cenho. — É assim com todo mundo. Não?

— Eu quero dizer no sentido de relação. Sabe? — Charlotte disse ficando muito nervosa e suando frio. — Blaise estava me explicando que muitos bruxos fazem pré-arranjos...

— Ah. — o rosto de Oliver se iluminou e ele sorriu. — Bem, não diria que há toda a pompa que bruxos como Zabini e Malfoy costumam achar necessário. Mas sim, eu estou te conhecendo melhor, porém, não diria que tem algo a ver com “cortejo”.

— Então... por quê? Você nunca me explicou. — Charlotte indagou. — Eu não entendo... o que eu posso te oferecer, Oliver? Quer dizer... eu não sei jogar quadribol, aparentemente não temos tanto em comum e eu sou quatro anos mais nova que você.

— Quatro anos é muita coisa hoje. — concordou Oliver. — Mas se você tiver dezoito e eu vinte e dois, não vai ser tanta coisa mais, concorda?

Charlotte ponderou e balançou a cabeça.

Eles ficaram em silêncio, caminhando anormalmente mais devagar que a maioria dos outros alunos da Sonserina.

Charlotte podia dizer que Oliver não estava dizendo tudo. Ela ficava tão farta disso. Homens constantemente sendo vagos e nunca objetivos.

— Eu não posso te dizer ainda. — Oliver disse de repente, quando os dois chegaram a entrada do salão comunal da Sonserina. — Escute. Preciso que confie em mim nisso, ok?

As mãos grandes de Oliver a seguraram nos ombros.

— Confie. Só confie. — suplicou o escocês. — E pode ficar despreocupada... a hora vai chegar. Não é a nossa hora ainda. É tudo. Mas não muda minha admiração e o carinho que sinto por você... eu, realmente, gosto muito de você, Charlotte. E eu sei que você ainda não sente o mesmo, sei que talvez nem consiga retribuir, mas eu nunca pensei que eu fosse te encontrar. Nunca. Achei que... céus, eu nem sei o que eu pensava. Mas você está aqui.

Ele não fazia o menor sentido para Charlotte, mas Oliver dizia com tanta convicção que ela não podia fazer nada que senão acreditar no rapaz escocês.

Ficou na ponta dos pés e roçou os lábios nos dele de novo.

— Feliz natal, Oliver.

Quando Charlotte chegou ao quarto, não foi surpresa que estivesse vazio. As meninas estavam no salão comunal, conversando muito alto e rindo de alguma coisa que os meninos idiotas do time de quadribol estavam dizendo.

Charlotte as vezes se arrependia um pouco por ter implorado tanto para o chapéu seletor colocá-la na Sonserina. Ela queria ter ficado longe de Harry, mas de repente poderia ter escolhido a Corvinal ou a Lufa-Lufa.

Ao chegar no quarto, viu que na janela próxima a sua cama tinha uma coruja e ela estava segurando um bilhete pelo bico. Zara repousava em sua cama como se fosse seu trono pessoal.

— Olá para você. — disse colocando o presente de Oliver sobre o criado e indo até a coruja. — Parece que faz um século desde que a vi. Baltazar também está desaparecido.

Zara e Baltazar tinham o costume de sumir por dias em Hogwarts. Nem Charlotte e nem Draco se preocupavam mais com o paradeiro de seus respectivos felinos.

Napoleão, o gato de Nott, porém, ficava sempre por perto para ganhar carinho dos colegas sonserinos de seu dono.

A carta vinha com a caligrafia que lentamente se tornava familiar para Charlotte...

Charlotte,

Sei que faz poucos dias desde que nos falamos pessoalmente pela última vez, mas tente me visitar amanhã (se possível, traga comida!) para discutirmos sobre como vamos pegar o Rabicho.

Eu tenho certeza que ele está Hogwarts. Tenho certeza também que é o rato de Ron Weasley, amigo de Harry.

Precisamos capturá-lo.

Atenciosamente,

Snuffles

P.S: Remus está desconfiado de alguma coisa

— Evanesco. — disse apontando para a carta e viu o pergaminho pegar fogo.

Escreveu uma resposta breve para Sirius e a despachou com a coruja. Havia dito ao padrinho que o visitaria no dia seguinte, durante o jantar, quando todos estivessem distraídos.

Padrinho. Ela agora tinha um padrinho.

A vida inteira Charlotte tinha procurado uma referência masculina, talvez até mais que uma feminina. E agora, Sirius estava ali.

Não podia negar e dizer que muitas coisas ainda eram confusas e nebulosas, que a assustava, e quando pensava que estava ajudando um foragido a se infiltrar em Hogwarts, barbas de Merlin, Charlotte suava frio!

Mas quando estava acompanhada de Sirius, Charlotte não teve aquele senso de perigo que ela sentia toda vez que estava perto de Harry ou Lupin. Ela sentiu medo no início, mas depois, a voz de Sirius se tornou estranhamente familiar e era como se o conhecesse a vida inteira.

Charlotte já estava em seus pijamas quando ela decidiu abrir o presente de Oliver Wood.

Era um aquário, Charlotte percebeu confusa, mas não havia água e nem nada lá dentro. Um cartão caiu do papel de presente e também uma única flor. Charlotte inclinou para pegar ambos do chão e ler o cartão e as instruções

Querida Charlotte,

Encha o aquário com o feitiço “aguamenti” e deixe a flor cair na água.

Aprecie a mágica.

Sempre seu,

Oliver.

Um pouco confusa com o objetivo daquilo, Charlotte decidiu dar uma chance. Ela precisou de algumas tentativas até que o jato de água saísse de sua varinha, já que ainda não havia aprendido aquele feitiço. Por fim, fez como Oliver instruiu e colocou o narciso escocês na água.

À princípio, Charlotte pensou que talvez não tivesse dado certo, porque a flor boiou por vários instantes, mas então ela começou a afundar e a água foi inundada por um brilho prateado.

A flor tinha se transformado em um peixinho e nadava graciosamente no aquário que descansa no criado-mudo ao lado da cama de Charlotte.

A dor de cabeça havia desaparecido.


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