Uma canção de Sakura e Tomoyo: beijos e despedidas escrita por Braunjakga


Capítulo 6
A "Crush"




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Tomoeda, 5 de agosto de 2002

 

I

 

Em cima da mesa da cozinha da família Kinomoto, uma porção de pratos estava posto, para que até mesmo o mais comilão não saísse de lá falando que não comeu bem.

Udon, gyuudon, sukiyaki, mochi, um pouco de sushi e lámen faziam parte do colorido da mesa.

Aquele era um jantar de boas vindas, que Fujitaka preparou para Syaoran, por conta da visita do chinês. Sakura, para aprender a cozinhar mais e melhor, tinha dado a ideia e ajudou o pai a preparar os pratos.

Havia também um prato de okonomiyaki, feito por Touya, que desapareceu misteriosamente de lá.

— Hey, monstrenga, cadê o omelete que eu tinha feito? – perguntou Touya, com um olhar furioso.

— Sei lá, você deve ter comido e se esqueceu, ué? Não vem perguntar pra mim não… – disse Sakura, mastigando um pedaço de sushi.

— Sei… Fui eu quem comi! Acho que aqui em casa tem uma monstrenga, das grandes, que tem duas bocas e sai comendo tudo o que vê pela frente! 

Touya ficou tão frustrado por não conseguir provar como a irmã comeu o omelete, que tinha feito, que levantou o rabo de cavalo da lateral do cabelo dela e jogou com tudo na cabeça dela. 

Depois, apertou os punhos e deu um soco na coxa de frustração.

Fujitaka, seu pai, e Syaoran apenas sorriam com a cena cômica. Sakura nem sequer deu bola para o irmão.

Debaixo da mesa, sentado nas coxas de Sakura, Kero não se continha e prendia o riso com as mãozinhas.

A Cardcaptor aproveitou para dar um piparote na cabeça dele, só pra que ninguém ouvisse o guardião sorrindo.

— Doeu, viu, sua monstrenga! 

O bichinho amarelo não se conteve e falou mesmo.

— Sakura, não machuca o seu irmão! – repreendeu Fujitaka, com um sorriso no rosto.

Sakura e Syaoran sabia que aquilo veio de Kero. Os dois estavam preocupados com a descoberta dele.

— Não sei quem falou, mas eu concordo. – disse Touya, comendo um udon, fingindo que não sabia de nada.

Fujitaka logo mudou o assunto da conversa, para não constranger a filha mais ainda, Kero já tinha ajudado nesse sentido o bastante.

— Me diga, Syaoran, é verdade que você já fez um teste no Tomoeda Rangers?

O rapaz ficou um pouco encabulado.

— Bem, não é bem assim! Eu só perguntei como é que era, se era possível uma transferência e… 

— O Tomoeda Rangers tá na terceira divisão! Terceira divisão! Quero ver fazer um teste no Tokyo FC, no Kashima ou no Gamba Osaka… – questionou Touya.

— É o meu próximo passo quando eu me estabelecer por aqui! Não pretendo ficar jogando na segunda divisão direito!

— Se chegar lá, é claro!

O chinês e o irmão de Sakura ficaram se encarando de um jeito engraçado. Depois, lá veio Fujitaka colocar panos quentes na situação.

— Eu vejo, Syaoran-san, que pretende ficar por aqui, vejo também que está se esforçando pra buscar uma coisa melhor pra você, isso é bom! Isso é bom mesmo! Uma motivação forte como essa deve ser por um bom motivo, não é mesmo?

Fujitaka, que era arqueólogo e professor, sorriu.

Timidamente, com os olhares de desconfiança de Touya, o rapaz respondeu:

— Eu tenho motivos muito bons para continuar aqui e… Vou fazer de tudo para mostrar isso pra todo mundo!

Sakura corou com a assertividade do pequeno guerreiro.

— Ei, pirralho, você pode dizer que motivos são esses? – indagou Touya.

Sentindo o ar intimidador da questão, Syaoran olhou bem para ele.

— Motivos que fazem a gente crescer e evoluir.

O irmão de Sakura não conseguiu refutar a afirmação dele e se calou.

A flor de cerejeira soltou uma gargalhada e o chinês sorriu discretamente.

— Só espero que não roube nada da gente… 

Touya terminou seu Udon e se retirou da mesa.

— Não ligue pro Touya, Syaoran-san, o importante é que você está se esforçando! 

— É o que eu sempre falei pra ele, papai! 

O pequeno guerreiro deu uma garfada na comida antes de prosseguir, hesitante.

— Falando de responsabilidades, Senhor Fujitaka, eu gostaria de convidar a Sakura para um passeio no festival de amanhã no templo Tsukimine… Preciso conversar com a Sakura sobre algumas coisas que estão afetando nós dois no momento e…

— Nós dois? Já tá assim, é?

Bastou falar em "nós dois" que Touya saiu de onde estava escondido para ficar encarando Syaoran, com a cara no pescoço dele.

Quando viu isso, trincou os dentes de preocupação e quase não continuava a dizer o que queria, mas continuou:

— Se o senhor permitir, é claro!

O rapazinho ficou mais vermelho pelo esforço de não engasgar com as palavras do que o pedido em si ou com o rosto intimidador de Touya, que era estudante universitário.

Sakura ficou apreensiva, mas não estava surpresa com aquilo. Mais cedo ou mais tarde, ele faria aquele pedido, como Tomoyo já lhe tinha dito antes.

O professor olhou atentamente para ele.

— E então, Sakura, quer sair amanhã com o Syaoran-san para o festival do Templo Tsukimine?

— Eu aceito, papai!

— Então, por mim, tudo bem! 

O pai da menina deu um aperto caloroso nas mãos dela, transmitindo a sua confiança na filha e em Syaoran também.

Ela sorriu também e olhou um pouco envergonhada para o chinês.

Sobrou pra Touya levantar as mãos para o ar e fazer aquela cara de "se não tem jeito mesmo, não sou eu quem vai impedir".

 

II

 

Sakura colocou uma peça de roupa na cama.

Colocava outra e mais outra até cobrir Kero por completo.

O guardião amarelo teve que nadar naquele mar de roupas para se livrar daquilo. 

— Hey, Sakura, não tá vendo eu tô aqui não, hein? – berrou o guardião, assim que se livrou das roupas.

— Não tá vendo que eu tô com um problemão, Kero-chan? Não sei com que roupa eu vou! 

— Oras, vai de monstrenga como seu irmão falou!

Foi o bastante para que Sakura jogasse um jacaré de pelúcia nele.

— Puxa vida, Kero-chan, quanto eu mais preciso da sua ajuda, você me vem com uma dessas! 

— Não tá todo mundo de yukata? Pra quê ficar esquentando pra escolher roupa? É tudo tão simples!

— Você não entende! Isso é um encontro! – A Cardcaptor ficou olhando ao redor, roendo unha. – Cadê a Tomoyo em uma hora dessas? Ela, com certeza, ia me ajudar… 

De repente, o telefone tocou. 

— Alô?

— Oi Sakura, boa tarde, como vai?

— Não disse que era ela? – disse Sakura, olhando para Kero.

— Que bom então… – disse o guardião.

— Aconteceu alguma coisa?

— Nada, Tomoyo, eu tava falando com o Kero…

Tomoyo sorriu do outro lado da linha.

— Eu já imaginava. Eu queria saber se você está livre amanhã?

— Nossa, Tomoyo! Eu ia falar com você agorinha mesmo sobre isso! O Shoran-kun veio aqui em casa, e a gente fez um jantar pra ele. Daí, ele me convidou pra ir no templo Tsukimine amanhã! Mas o problema é que eu não sei o que vestir! Nossa, como eu tou feliz! – disse Sakura, totalmente animada, explodindo como um foguete, atropelando as frases.

— Sei… entendi Sakura…

A voz de Tomoyo não estava nada contente. Sakura reparou e estranhou:

— Tomoyo-chan, o que tá acontecendo, hein? 

— Nada, não, acho que é só o meu tempo que tá curto, só isso!

Tomoyo tornou a sorrir do outro lado da linha.

Sakura voltou a ficar despreocupada, mas ainda não deixou de ficar com uma pontinha de desconfiança.

— Faz o seguinte, então, Tomoyo, eu vou ligar pro Shoran-kun e vou ver com ele se dá pra gente adiar nosso encontro…

Do outro lado da linha, Tomoyo gritou:

— Não, não, não faz isso! Eu não quero interromper um encontro tão precioso entre você e o Syaoran-kun! Não, por favor, não adia não! Eu até vou preparar minha câmera!

Sakura foi decidida, mesmo com o apelo da amiga.

— Eu vou adiar o meu encontro, sim, e pronto! 

— Mas… 

— Não tem mais! Eu tou precisando comprar uma yukata pro meu encontro, porque eu tô sem uma que preste!

— Eu posso fazer uma pra você…

— Não e não! Não precisa se esforçar tanto assim! Vamos passear um pouco e ver uma na loja, está bem? 

Tomoyo suspirou um pouco do outro lado da linha.

— Se você acha melhor assim, Sakura, está bem por mim, só quero que você esteja feliz… 

— Eu estou feliz, Tomoyo-chan, quando eu estou do lado de pessoas como você e o Shoran-kun… Não tem alegria melhor que essa! Que horas você vai vir pra me pegar amanhã?

A costureira calou-se um pouco.

— Duas horas tá bom pra você? 

— Tá ótimo! Dá pra eu ver o Shoran-kun pela manhã e explicar tudinho pra ele…  

— Menos mal então… Vou esperar, viu?

— Eu também, Tomoyo-chan! Estou muito ansiosa pelas suas dicas de moda!

— Eu não vou falhar com você, então! Até amanhã, Sakura! Manda um abraço pro Kero!

— Até amanhã, Tomoyo-chan! 

Sakura desligou o celular e pulou na cama, sufocando o guardião, em forma de pelúcia, de uma vez.

Depois, abraçou aquele bichinho bem apertado no seu peito, rolando na cama.

— Kero-chan, quanta notícia boa nesse verão! 

— Notícia boa? E o pai da Naoko? Que notícia boa é essa? 

Sakura se aquietou um pouco mais, ficou séria e colocou Kero em cima da estante.

— Você não pensa que eu também fico preocupada? O pessoal pensa que eu sou meio aluada e não penso nessas coisas, até eu sou um pouquinho. Só de saber que eu tenho o chato do meu irmão do meu lado, meu papai, o Shoran-kun e a Tomoyo-chan aqui comigo, eu sei que eu posso encarar qualquer parada de cabeça erguida.   

Kero olhou a mestra com espanto.

— E se você não tivesse eles?

— Eu teria meus sonhos, é isso que importa… 

— E eu teria o meu okonomiyaki! Vamos botar pra quebrar, garota!

— Vamos!

Sakura e Kero bateram, palma com palma, suas mãos.

 

Continua…


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