Apêndice: A Ordem do Dragão

A Ordem do Dragão é uma organização mágica espanhola, hierárquica, aberta a novos membros, que não usa magia dentro dos limites estabelecidos pela lei e pelas Cortes Gerais. Como é uma ordem mágica discreta e não interfere no mundo cotidiano, pouco ou nenhuma atenção é dado para ela.

Foi fundada em 890 na cidade de Vilanova i la Geltrú, na época parte do Condado de Barcelona, por três pessoas portadoras de poder mágico que viviam com os comuns, Pi Sunyer e os irmãos Gaizka Amorebieta e Josu Amorebieta. Os três juntaram forças para vingar a morte do marido de Pi Sunyer, Antxon Amorebieta, morto na mão de batedores árabes que atormentavam o território catalão. 

Suas vestimentas são armaduras vermelhas como sangue, porque Pi Sunyer ficou tão encharcada de sangue adversário que preferiu deixar assim para se distinguir dos demais guerreiros. Além disso, Pi descobriu mais tarde que aquela mistura de sangue, latão e ouro deixavam o poder mágico das armaduras mais forte. Por usar sangue com magia e interferir como justiceiros no mundo dos comuns, as Cortes de Aragão nunca reconheceram as atividades da Ordem como legais. Os três foram chamados pejorativamente como “interventores” pelas Cortes, mas o título pegou e continuou gerações em seguida.      

O primeiro objetivo da Ordem foi ajudar todas as pessoas vítimas dos ataques dos árabes, porém, ao longo dos anos, ajudou também a reconquistar a península junto com os demais reinos da Espanha. Para continuar a proteger as pessoas em qualquer lugar, Josu foi para a Galícia, terra natal da sua mulher, Gaizka voltou para as Vascongadas, de onde nasceu, e Pi ficou em sua Barcelona, pois assim melhor dividiam as forças entre si. Como Pi teve a ideia, ela se tornou a primeira líder da Ordem e seus sucessores continuaram a serem os comandantes da Ordem até os dias atuais. 

Mais tarde, quando os árabes foram expulsos, a Ordem mudou de objetivos, ampliou o número de membros e melhorou sua estrutura. Lluis Soler, Interventor da Catalunha na época, é chamado o grande por causa dessas mudanças. Ele criou armaduras douradas para a Rainha de Castela e o Rei de Aragão, criou filiais e outras armaduras da Ordem nos territórios recém conquistados de Castela, Aragão, Valência, Leão, Astúrias, Navarra, Múrcia, Maiorca e Granada, construiu um palácio flutuante enorme nos céus e redefiniu o objetivo da Ordem: ajudar a expandir o império nascido naquele instante na península ibérica até os confins do mundo.  

Em contrapartida, Lluis Soler massacrou os astecas, filipinos e incas, roubou as imagens mágicas de seus deuses ancestrais, escondendo elas debaixo do palácio real de Madrid e usou mão de obra escrava para construir o palácio flutuante. Horrorizado, seu sucessor, Oriol Junqueras, redefiniu os objetivos da Ordem, voltando ao propósito original de proteger as pessoas. Enric Miró tentou fazer a Ordem retornar aos objetivos de Lluis Soler, somados ao de procurar pelas Cartas Clow até os confins do mundo, mas sua sucessora, Meritxell Puigdemont, descartou definitivamente as duas ideias e tem sido assim até os dias de hoje.

Na Ordem, nunca houve desigualdade entre os sexos, luta de classes, machismos, hereditariedades ou patriarcalismos. Qualquer um com boas habilidades mágicas e desejo de ajudar as pessoas sempre foi bem vindo. Mas um requisito é fundamental: nascer ou ter vivido boa parte da vida na Espanha.

Os interventores da Ordem do Dragão na Catalunha até os dias atuais:

(Datas em parênteses marcando o início e o fim dos mandatos)

Pi-Sunyer (890-1000) – A primeira

Borrell (1000-1090) – Sobrinho de Pi-Sunyer

Berenguer (1090-1150) – Irmão de Ramon Berenguer, conde de Barcelona

Ermessenda de Girona (1150-1210) – filha do Conde de Girona

Dolors Montserrat (1210-1300) – A conquistadora. Ajudou a expandir a Coroa de Aragão até a França. Pensou em criar armaduras para Aragão e Valência e Maiorca, recém-conquistados, mas só pensou. Foi um diário de batalha seu que inspirou Lluis Soler.

Pere Tarradellas (1300-1400) – Filho de Dolors. Continuou o projeto expansionista da mãe até a Itália.

Alfons Pujol (1400-1470) – Camponês. Ao contrário dos demais, ele não participou das batalhas de expulsão dos árabes na península. As circunstâncias misteriosas de sua morte levam a crer que ele foi envenenado.

Lluis Soler (1470-1599) – O Grande. O que por mais tempo comandou a Ordem. Dizem que descobriu uma fórmula de longevidade com Carlos Garaikoetxea, Interventor das Vascongadas, que até mesmo ressuscitava os mortos. Se isso é verdade, ainda é um mistério.  

Oriol Junqueras (1599-1709) – O velho. Homem pacifista e gentil. A Ordem é o que é hoje por causa dele.

Gerard Bernat (1709-1714) - O breve. O que menos tempo ficou. Sua história como General de Espanha é muito conhecida. Suicidou-se.

Enric Miró (1714-1724) – Governador geral da Catalunha. Morreu de uma doença degenerativa horrenda e incurável. Alguns dizem que foi praticando magia negra.

Mertxell Puigdemont (1724-1815) – Filha adotiva de Enric Miró. Ajudou a derrubar Napoleão em Waterloo. Rumores contam que se relacionava com mulheres.

Elsa Nuet (1815-1936) – Filha adotiva de Meritxell. Não ia ser uma Interventora, mas foi a quarta tentativa de Meritxell de formar uma sucessora, já que os três anteriores foram mortos pela Torre Negra. Assassinada durante o levante republicano de 1936, que tentou pôr fim à monarquia na Espanha. 

Ainda a ser revelado (1936- )  

Depois da morte de Elsa Nuet, seu sucessor, Martí Piquè, foi morto com sua mestra durante o levante republicano, em Madrid. O problema é que outra pessoa clamou a Armadura da Ordem na Catalunha para si e é o Interventor líder desde então. 

Ninguém sabe quem é, só se sabe que é homem e parece querer seguir a linha de pensamento de Lluis Soler e Enric Miró. Alguns pensam que é alguém da Torre Negra infiltrado, organização mágica inimiga declarada da Ordem, mas até o momento não há evidências sólidas.