Sala de Aula escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Sala de Aula


Notas iniciais do capítulo

Um presente para a Chloe Less, mas espero que todo mundo goste. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/778966/chapter/1

Sala de Aula

 

Era o meu último dia de aula na Universidade de New York, em uma semana eu iria partir para a Inglaterra. Eu tinha sido aceita em um programa de intercâmbio na Universidade de Cambridge e seria lá que passaria o próximo ano, onde eu me formaria e receberia um diploma.

 

Estava animada com isso, cresci sonhando em conhecer a Inglaterra — fosse pelas histórias que lia em livros, ou pelas histórias que minha mãe que morou lá por dois anos me contava —, ter sido selecionada para aquele intercâmbio foi um verdadeiro presente do universo. Por outro lado, eu estava triste de deixar minha família — meus pais e meu irmão —, meus amigos e bom, triste em saber que provavelmente nunca mais veria ele, Edward Cullen, meu professor de Economia e Direito naquele último ano letivo entre 2008 e 2009.

 

Edward, além de ser o cara que me incentivou a me inscrever para o intercâmbio alguns meses atrás, era o homem por quem eu estava apaixonada. Isso era uma loucura, como minha melhor amiga Leah e meu irmão Jacob diziam, afinal ele era meu professor e treze anos mais velho, tendo trinta e três enquanto eu tinha vinte.

 

Porém, eu não conseguia resistir, ele era apaixonante. Alto, cabelos cor de bronze que nunca pareciam conseguir ficar arrumados, não muito magro, nem muito musculoso, algumas sardas perdidas em seu rosto e um sorriso torto de tirar o folego. E extremamente inteligente, poderia passar horas em uma aula dele sem cansar, afinal também amava seu sotaque da Califórnia. Engraçado, mas não dono de um humor preconceituoso, o que parecia fundamental. Ele também tinha uma filha — para minha consciência ficar limpa ele era divorciado — de sete anos que era parecida com ele e a coisinha mais fofa do mundo, Edward mantinha uma foto dela na mesa do seu escritório e sempre que falava dela era com muito carinho. E me apoiou muito na minha vida acadêmica durante aquele ano, antes de me incentivar a participar do intercâmbio ele me aceitou em seu projeto de pesquisa na faculdade e trabalhar ao lado dele era um sonho.

 

Então, sim, era uma loucura estar apaixonada por um dos meus professores, um treze anos mais velho ainda por cima, mas essa era a realidade da minha situação. E em alguns dias eu partiria e ele ficaria ali, nós poderíamos nunca mais nos ver e não me perdoaria se fosse embora sem confessar a ele o que sentia, mesmo que isso não resultasse em nada.

 

Eu estava no limite da minha ansiedade, pensando em como iria contar para ele, quando ouvi sua voz:

 

— Bom dia! — Edward estava usando terno, como sempre, eu nunca tinha o visto pessoalmente usando outro tipo de roupa. Entretanto, Leah e eu já tínhamos o stalkeado o suficiente no Facebook e visto ele até mesmo em roupa de banho.

 

Deus, como eu queria aquele homem.

 

— Bom dia — respondi para Edward, que olhou para mim, uma vez que eu sentava sempre na primeira fileira e sorriu.

 

— Pronta para seu último dia de aula em New York, senhorita Swan?

 

Não, eu queria voltar no tempo para meu primeiro dia de aula com ele.

 

O Novo Professor

 

O pessoal na sala de aula falava sem parar quando cheguei ali, ignorei todos — mesmo as pessoas que eu reconhecia — e sentei em uma cadeira vazia na frente. Continuei ouvindo música em meus fones de ouvido, abri meu caderno e fiquei rabiscando a letra da canção, estava triste pelo fim das férias de verão, ainda não preparada para um novo ano letivo.

 

— Bom dia! — ouvi uma voz mais alta e com minha visão periférica vi a porta da sala abrir e fechar. Rapidamente tirei meus fones de ouvido e ergui meu olhar, foi quando o vi pela primeira vez.

 

No mesmo instante meu coração disparou, aquele seria o professor? Como ele poderia ser tão lindo? Eu estava apaixonada, sim, eu definitivamente estava apaixonada.

 

O tumulto da sala diminuiu, enquanto o professor colocava sua bolsa sobre a mesa e escrevia seu nome no quadro: Edward Cullen.

 

Apaixonada, até o nome dele era lindo.

 

— Então, pessoal! — Ele se voltou para a turma, segurando o pincel que usou para escrever no quadro com uma mão e na outra um copo de café. — Como podem ver sou Edward Cullen, professor de vocês de Economia e Direito. Antes de começarmos a aula que tal cada um dizer seu nome? Minha memória não é a das melhores, mas tentarei gravar o nome de cada um de vocês. — Ele olhou ao redor, até que apontou para mim. — Pode começar.

 

Eu não conseguia falar, estava paralisada diante daquele homem lindo de morrer. Os olhos dele eram tão verdes, eu estava fascinada!

 

Inspirei fundo, reunindo coragem e sussurrei meu nome:

 

— Isabella Swan. — Ele assentiu, bebeu um gole de seu café e apontou para o garoto atrás de mim. — Sua vez.

 

Apertei uma mão na outra, controlando a tensão que sentia diante daquele professor. Eu fiquei mais calma durante a aula, mas quando ele olhava na minha direção era como se ele estivesse tocando em mim, fazendo com que eu ficasse arrepiada e quente.

 

— Por hoje é só pessoal — o professor Cullen anunciou duas horas depois. — Eu estou com vagas para bolsistas em um projeto que coordeno aqui na universidade, se vocês tiverem interesse é só escreverem seu nome e e-mail aqui. — Balançou a prancheta em sua mão que segurava algumas folhas de inscrição. — Irei chamar cada um para entrevistas e selecionarei dois entre todos os inscritos.

 

Uma fila rapidamente se formou para assinar, eu fiquei no meu lugar parada. Eu tinha adorado a aula do professor Cullen, mas não achava que seria selecionada para o projeto.

 

— Senhorita Swan, não vai se inscrever? — ele me perguntou, os outros alunos ainda assinavam as fichas.

 

Ele lembrava do meu nome!

 

— E-Eu…

 

— Tudo bem, não estou obrigando ninguém — falou e sorriu, virou-se para alguns alunos no fundo da sala e repetiu a pergunta para eles. — Vocês vão se inscrever?

 

O pessoal respondeu, mas não me importei em ouvir o que disseram, o último aluno assinando terminou de fazer aquilo, foi quando inspirei fundo novamente e me levantei indo até a mesa do professor para assinar.

 

— Bom trabalho, senhorita Swan! — Edward saudou andando para perto da sua mesa, pegando seu copo de café que já deveria estar vazio e o jogando na lata de lixo. — Fique atenta ao seu e-mail, enviarei para ele as instruções para a entrevista.

 

— Ok — sussurrei, terminei de assinar, deixei a caneta sobre a mesa e sai rapidamente da sala, apenas parando por dois segundos para pegar minha mochila.

 

Sala de Aula

 

Dei de ombros e respondi a pergunta dele:

 

— É, acho que sim.

 

— Fique depois da aula, certo? Quero conversar com a senhorita — ele disse, antes de andar até o outro lado da sala para falar com outro aluno que chamava pelo professor.

 

Eu paralisei, o que ele queria comigo?

 

Escritório Número 100

 

Eu teria minha entrevista com Edward Cullen aquele dia, estava surtando por isso, tinha trocado de roupas um milhão de vezes e pensado em desistir outras cem mil vezes. Andava pelos corredores da universidade tentando não tropeçar, usando meus sapatos de salto para ocasiões especiais, compondo o look com uma saia lápis preta e uma blusa social branca.

 

A entrevista aconteceria no escritório de Edward, o escritório de número cem da universidade. Quando cheguei ali senti meu próprio hálito e convencida de que estava tudo ok eu bati na porta de madeira, poucos segundos depois o professor Cullen abriu a porta para mim, usava terno como sempre e tinha um copo de café na mão, outra coisa típica dele.

 

— Olá, senhorita Swan! — saudou, eu forcei um sorriso. — Pode entrar. — Indicou o interior do seu escritório.

 

— Com licença — pedi em um tom de voz baixo, entrando no escritório.

 

— Sente-se. — Ele apontou para a cadeira vaga diante de sua mesa, enquanto sentava-se em sua cadeira atrás da mesa de mogno. — Quer beber algo? Tenho café e água. E esses biscoitos. — Apontou para o pote no canto da mesa. — Mas não tenho certeza se eles estão bons. — Eu ri daquilo e ele também.

 

— Não, obrigada, estou bem — agradeci.

 

— Certo, trouxe seu currículo? — perguntou, assenti e entreguei a ele a pasta com meu currículo, onde falava sobre minha vida acadêmica, meus cursos extras, trabalhos voluntários assim como meus anos de trabalho como garçonete e caixa em um cinema.

 

Edward começou a ler meu currículo, enquanto eu olhava ao redor do seu escritório. Ele estava cheia de livros, mas o que chamou minha atenção foi a foto de uma garotinha ruiva sobre sua mesa, ela parecia muito com Edward e estava sentada em um balanço de parque.

 

Era filha dele? Era tão parecida!

 

Olhei, o mais discretamente que consegui, para a mão de Edward. Não tinha aliança alguma ali, como eu já sabia. Sendo assim, ou ele era divorciado, viúvo, ou teve uma filha sozinho. Claro, ainda tinha a hipótese de ele ser um idiota e andar por aí sem sua aliança de casamento, ou simplesmente não ser casado com a mãe da sua filha, mas ter um relacionamento com a mulher.

 

— Eu trabalhei em um cinema também — ele disse, fazendo com que eu olhasse para seu rosto. — É bem difícil, não? — perguntou olhando para mim.

 

— Sim, mas divertido também — respondi e ele assentiu.

 

— Você ganhava ingressos grátis também?

 

— Um par por semana.

 

— Podemos falar mais sobre o projeto agora?

 

— Sim — respondi, enquanto em minha mente implorava por algo, para aquele homem ser solteiro, mesmo que eu tivesse zero chances com ele.

 

Sala de Aula

 

Eu ia surtar, Edward ter dito que queria falar comigo depois da aula tinha me deixado muito mais nervosa. Sequer conseguia prestar atenção no que ele dizia, aquele dia a aula era uma espécie de revisão de tudo que vimos durante o ano, o que meu irmão chamaria de cumprir protocolo já que era a última aula do ano letivo.

 

— O meu projeto continuará no próximo outono, ficarei feliz em ver alguns de vocês lá, já que outros estão deixando o projeto para embarcar em novos. — Olhou para mim ao dizer aquilo.

 

A primeira reunião

 

Eu tinha sido escolhida, não fazia ideia de como isso aconteceu, mas em uma bela segunda-feira acordei com um e-mail do professor Cullen me avisando que tinha me selecionado como uma das bolsistas para seu projeto. Além de receber para estar no projeto, ainda teria reuniões com ele e os outros bolsistas toda terça-feira pela parte da tarde e aquilo era bom e ruim.

 

Bom porque o projeto iria ajudar meu currículo e minha vida acadêmica, ruim porque eu teria mais horas por semana para passar com Edward — fora as trocas de e-mail que seriam constantes — e lidar com a paixão que sentia por ele.

 

Na primeira reunião eu cheguei no horário, ela aconteceria em uma sala de aula, eu bati uma vez e entrei. Edward ainda era o único lá, mexendo em seu notebook e obviamente tomando café.

 

— Senhorita Swan! — exclamou e olhou para mim. — Seja bem-vinda.

 

— Obrigada — murmurei, sem saber o que fazer.

 

— Lamento muito se eu não tenho ingressos de cinema grátis para lhe dar, mas trouxe artigos para você ler.

 

Eu tive de rir ao escutar aquilo, ele sorriu.

 

— Pegue uma cadeira e prepare-se para ler bastante. — Ele ergueu um bloco de folhas imenso, aquilo me apavorou, porém não mais do que estar a cada dia mais apaixonada pelo meu professor.

 

Sala de Aula

 

Edward tinha feito uma pergunta para uma aluna durante a aula, eu não conseguia lembrar o que e nem estava ligando para o que a garota falava, divagando entre pensar no que o professor Cullen falaria para mim, no que eu falaria para ele e porque a Grace — a aluna — estava usando um moletom natalino em pleno fim de maio.

 

E aquilo, o moletom, me fez pensar do último Natal.

 

Biscoitos de Natal

 

Eu tirei a fornada de biscoitos do forno colocando sobre o balcão, com cuidado para não me queimar. Foi quando meu irmão entrou na cozinha do apartamento que morávamos juntos em New York, Jacob viu os biscoitos e sorriu.

 

— Eu amo o Natal e você toda animada cozinhando biscoitos — ele disse, ia pegar um biscoito, mas bati em sua mão o afastando.

 

— Não pegue nenhum, essa fornada é para meu professor.

 

— O Cullen? O professor que você tá gostando?

 

— Sim — respondi. — Amanhã é minha última aula com ele antes do feriado de Natal, vou levar os biscoitos de presente para ele, estou até pensando em fazer mais para ele levar para sua filha.

 

Edward Cullen era solteiro, era isso que dizia sua página no Facebook. Isso foi algo que descobri stalkeando com Leah, eu também pude ver suas fotos das últimas férias de verão e babei por todas elas, mas não ousei em lhe mandar uma solicitação de amizade. Até porque, eu já tinha ouvido outras garotas da universidade — praticamente todas as meninas daquele lugar achavam ele um gato, mas em minhas fantasias bobas eu era a única realmente apaixonada por Edward — falando que tinham mandado solicitações de amizade para ele pela rede social e o professor as ignorava.

 

— Bella, você precisa encontrar um cara da sua idade — Jacob falou. — Esse cara é seu professor, não serão biscoitos que o farão ficar com você — declarou, pegou uma garrafa de água da geladeira e saiu da cozinha, eu suspirei e atirei toda a fornada de biscoitos no lixo.

 

Eu era ridícula e Jacob estava certo, Edward não iria se descobrir apaixonado por mim por conta de biscoitos.

 

Sala de Aula

 

A aula de duas horas pareceu levar vinte para acabar, eu observava todos se despedindo de Edward e deixando a sala, com minha mente agitada. Estava perto do grande momento, ele falaria algo para mim, eu falaria algo para ele, estava tão nervosa.

 

Quando o último aluno saiu eu me coloquei de pé, com minha bolsa pendurada no ombro caminhei em direção a Edward que estava apoiado em sua mesa. Parei diante dele, pensando em como queria me aproximar e beijá-lo.

 

— O que queria me falar? — perguntei apreensiva.

 

— Queria te parabenizar mais uma vez pelo intercâmbio. — Ah! — Dizer que você foi uma excelente aluna no último ano e parte fundamental do projeto, fez muita diferença nele. — Assenti, querendo chorar por ele não estar dizendo que estava apaixonado por mim também. — Espero que conquiste muito mais na Inglaterra, senhorita Swan.

 

O intercâmbio perfeito

 

Bati uma vez na porta do escritório do professor Cullen, era segunda-feira e ele tinha me mandado um e-mail mais cedo pedindo por uma reunião comigo. Eu estava com medo, temendo ter feito algo de errado no projeto e estar encrencada, mas ele sorrindo e parecendo tranquilo quando abriu a porta para mim me deixou mais calma.

 

— Olá, boa tarde — ele saudou e me deixou entrar. — Preciso retornar uma ligação e já falarei com você, pode se sentar e pegar biscoitos se quiser, senhorita Swan. Estes são novos e garanto que estão bons. — Apontou para o pote.

 

— Obrigada — agradeci, com a mão ainda tremendo um pouco peguei um único biscoito e dei uma singela mordida, estava mesmo bom.

 

— Olá, filha — Edward falou em sua ligação. — Você já atende o telefone sozinha? — ele perguntou e riu em seguida. — Sim, eu sei que você já é uma garota crescida, princesa. Eu liguei para confirmar nosso jantar hoje, certo? Vou te levar naquele restaurante com parquinho dentro. Pode avisar sua mãe que vou lhe buscar às seis e meia? Preciso voltar ao trabalho agora. — Ele sorriu e parecia tão feliz em falar com sua filha. — Tudo bem, nos vemos mais tarde, amo você. — Eu comi o resto do biscoito e limpei minhas mãos na calça jeans que usava. — Tchau, comporte-se.

 

Ele desligou o telefone e olhou para mim.

 

— Desculpe, minha filha e eu temos um jantar essa noite para comemorar o prêmio de soletração que ela recebeu na escola e eu precisava confirmar tudo.

 

— Tudo bem, mande meus parabéns a ela pelo prêmio — falei.

 

— Eu direi, ela adora ser mimada e receber elogios — falou ainda sorrindo. — Deve estar muito curiosa para o que me fez pedir que viesse até aqui, não?

 

— Sim, estou — confirmei apertando minhas mãos sobre os joelhos.

 

— Semana que vem irão abrir inscrições para seleção de um intercâmbio na Universidade de Cambridge, um aluno daqui será selecionado para cursar um ano lá com as despesas básicas pagas a partir de junho, podendo ter o direito ainda de fazer cursos de verão na universidade. Se você se inscrever e for selecionada ganharia uma grande oportunidade, iria se formar pela Universidade de Cambridge e ter duas renomadas universidades em seu currículo.

 

Eu estava em choque com tudo que ele estava falando.

 

— Você é minha melhor aluna, senhorita Swan. Tanto em sala de aula, quanto no projeto, eu acredito que deva se inscrever para o intercâmbio, será uma experiência de vida, eu me certificarei de fazer uma boa carta de recomendação para que anexe em seu formulário de inscrição. O que me diz?

 

— Po-Posso pega-pegar mais bisc-biscoitos? — gaguejei, ele assentiu, eu peguei mais dois biscoitos, comendo com uma lentidão exagerada, pensando sobre a proposta, até que decidi e respondi:

 

— Eu aceito me inscrever.

 

Sala de Aula

 

Era isso, Edward não estava apaixonado por mim, mas eu ainda estava apaixonada por ele e iria me confessar.

 

— Professor — comecei a falar baixinho. — Eu preciso lhe dizer algo.

 

— Pode dizer, senhorita Swan.

 

— Primeiro, quero lhe agradecer de novo por todo o apoio durante esse ano — falei, agarrada a alça da minha bolsa. — Em segundo lugar — eu travei, não conseguia falar mais, não com ele me olhando com aqueles olhos tão verdes e lindos.

 

Foi quando comecei a chorar, o que me fez desviar o olhar para o chão.

 

— Senhorita Swan, o que aconteceu? — ele perguntou, gentilmente colocando a mão em meu ombro, me deixando toda arrepiada.

 

— Eu sou apaixonada por você — falei em um segundo de coragem, ergui meu olhar e vi o dele chocado. — Desde o primeiro dia de aula, eu não poderia ir para o outro lado do oceano sem dizer o que sinto.

 

Edward tirou a mão de mim e continuou me encarando em choque.

 

— Isabella — sussurrou meu nome.

 

— Eu sei que temos diferença de idade, que você era meu professor, mas você não é mais desde que encerrou a aula de hoje. E sei que você vai ficar nos Estados Unidos e eu vou pra Inglaterra, mas…Eu gosto muito de você, muito mesmo e eu queria tanto que pudéssemos ter algo. — Antes que ele falasse algo deixei minha bolsa cair no chão e agarrei Edward.

 

Na ponta dos pés eu alcancei sua altura, segurando em seu rosto para o beijar. Eu mal conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo, que não era mais um dos meus sonhos. No começo eu era a única pessoa beijando ali, até que Edward segurou em minha cintura e me puxou para mais perto, retribuindo o beijo.

 

Porém, foi muito rápido, eu mal consegui aproveitar e lidar com aquela situação. Edward me afastou, estava sério e com marca de batom em sua boca.

 

— Isso não pode acontecer, senhorita Swan.

 

— Mas…

 

— Não pode — repetiu me interrompendo. — Eu posso ter lhe dado sua última aula hoje, mas ainda me considero seu professor e se alguém passasse por aqui e visse nós dois nos beijando iria ser ruim para mim, eu poderia até ser preso por me envolver com uma aluna, mesmo que você não seja menor de idade. E quanto a idade? Eu sou muito mais velho que você, tenho uma filha, sou divorciado, você é só uma garota no começo da sua vida, com muito para viver e descobrir. E você é uma menina bonita, mas ainda é uma menina e eu sou um homem muito mais velho. Sinto muito por lhe magoar, mas sou o adulto aqui e preciso estabelecer os limites.

 

— Eu também sou adulta — falei, voltando a chorar.

 

— Você ainda é tão jovem, senhorita Swan — ele falou, se abaixou e recolheu minha bolsa do chão. — Eu acho que é melhor ir agora, acredito que ainda precise terminar de resolver tudo para seu intercâmbio, não? — Ele colocou a bolsa em minha mão.

 

— Eu amo você — falei aos prantos.

 

— Mal me conhece, senhorita Swan, sou apenas seu professor.

 

— Você me beijou de volta!

 

— Sinto muito por isso.

 

— Odeio você — esbravejei. — Nunca mais quero te ver, te odeio!

 

Sai da sala aos prantos, correndo para o banheiro mais próximo me recompor e prometer a mim mesma que nunca mais pensaria em Edward Cullen.

 

Dez anos depois

 

Entrei na cafeteria e agradeci pela existência do ar-condicionado. Julho estava chegando, o calor era intenso em New York naquele ano de 2019, eu estava muito desacostumada com isso, depois de cinco anos morando em Seattle onde o clima era mais fresco a maior parte do ano, mesmo no verão.

 

Parei na fila, louca para pegar meu café gelado e sentar um pouco para relaxar no ar-condicionado. Eu estava dando mais um passo em direção ao caixa quando a porta atrás de mim se abriu, automaticamente olhei para trás, fui quando vi ele, Edward Cullen.

 

Paralisei no meu lugar, vendo meu antigo professor entrando naquela cafeteria. Ele não parecia muito diferente de dez anos atrás, quando o vi pela última vez quando o beijei, só algumas marquinhas de expressão no rosto e alguns cabelos brancos aparentes. Edward continuava lindo, muito lindo e eu em choque de estar o vendo.

 

Nunca tinha o esquecido, eu superei, namorei outros caras e até me casei com um deles, mas não esqueci completamente meu professor. Com o tempo também entendi o seu lado ao dizer o que disse anos atrás, eu precisava mesmo sair e viver, mas ainda não tinha o esquecido, a prova disso era o arrepio cruzando meu corpo só por vê-lo.

 

Edward, que estava mexendo em seu celular ergueu o olhar e me viu. Seus olhos verdes se arregalaram, ele tinha me reconhecido, eu não acreditava que mesmo depois de todos aqueles anos o professor lembrava de mim.

 

— Isabella! — exclamou meu nome e sorriu, eu me vi sorrindo de volta, como a garota de vinte anos que fui um dia, não mais como a mulher de trinta anos que me tornei.

 

— Edward! — exclamei de volta e não me contive, andando até ele e o abraçando, ele me abraçou de volta e eu senti meu coração disparando ao sentir seus braços ao redor de mim e o cheiro do seu perfume.

 

Eu tinha ficado muito chateada com ele por ter sido esnobada, mas Edward foi a pessoa me incentivando a ir para a Inglaterra onde tinha vivido experiências incríveis, devia isso a ele.

 

— Não acredito que é você! — ele exclamou, me afastando para olhar meu rosto. — Como você está, senhorita Swan?

 

— Eu tenho trinta e já fui casada, senhorita não combina mais comigo — falei, o que fez com que ele risse. — Mas estou bem e você?

 

— Ótimo, feliz em te ver. Que bom que está viva, já que não respondeu nenhum dos meus e-mails dez anos atrás.

 

Eu fiz uma careta, logo que fui para a Inglaterra ele me mandou três e-mails, em tom profissional, querendo saber sobre o intercâmbio, mas não respondi nenhum.

 

— Desculpe, você sabe porque não lhe respondi — sussurrei, ele suspirou e assentiu.

 

— É, eu sei. Você está de férias em New York?

 

— Bom, mais ou menos, me mudei para cá semana passada de Seattle, começo a trabalhar no Bank of New York em Agosto. E você, ainda está morando aqui?

 

— Próximo! — a moça do caixa chamou, me dei conta de que era eu.

 

— Me deixe te pagar um café — pedi para Edward, segurando em seu braço, ele concordou com um aceno de cabeça e andamos até o caixa. Fizemos nossos pedidos e eu paguei por tudo, quando conseguimos nossos copos fomos para uma mesa vazia, onde ele respondeu minha pergunta anterior.

 

— Continuo morando aqui sim, ainda lecionando na faculdade, eu amo dar aulas.

 

— Eu lembro disso, você foi um dos melhores professores que já tive. Mas ainda é o mais bonito — declarei, fazendo Edward se engasgar com seu café.

 

— Isabella! — chamou minha atenção, eu ri baixinho.

 

— O que foi? Não sou mais sua aluna tem dez anos, professor Cullen, posso dizer o que penso agora. — Pisquei para ele, que suspirou.

 

— Sim, você com certeza não é mais minha aluna de vinte anos que ficava muito nervosa na minha presença.

 

— Ainda estou nervosa na sua presença, só sei lidar com isso melhor agora — confessei.

 

Ele deu um sorriso pequeno.

 

— Quer dizer que você já até foi casada?

 

— Sim, por três anos e tenho um filho de cinco, Lucas. Como sua filha está?

 

— Quase uma adulta — ele disse com a voz triste. — Vai para Yale no próximo outono, acredita?

 

— Ela é um gênio! — exclamei. — O que vai cursar?

 

— Biologia, quer fazer medicina depois — contou orgulhoso. — Seu filho está em New York com você?

 

— Com certeza, o pai dele está envolvido demais com a nova esposa e os gêmeos em Seattle — resmunguei e bebi um pouco do meu café. — Ainda tem quebrado corações de suas alunas, Edward? — indaguei, ele riu.

 

— Algumas se declararam para mim nos últimos anos — confessou.

 

— Estou triste em saber que não fui a única — provoquei sorrindo.

 

— Você é a única em quem eu ainda penso — ele falou sério, fazendo com que meu sorriso morresse. — Afinal, foi a única que beijei. — Seu olhar parou sobre meus lábios por um segundo.

 

— E alguma você reencontrou dez anos depois por acaso em uma cafeteria? — perguntei de volta, também séria.

 

— Não — ele respondeu.

 

— E alguma você marcou de encontrar para um jantar?

 

— Também não.

 

Eu sorri, apoiei meus braços sobre a mesa e falei:

 

— Eu tive uma ideia.

 

— Qual seria? — Ele também se apoiou na mesa, ficando próximo de mim. Tão perto que eu perdi a concentração olhando em seus olhos, eles pareciam ainda mais verdes.

 

— Você me levar para jantar esta noite e quando eu te beijar depois do nosso encontro, professor Cullen, não irá me afastar e dizer que é errado. O que me diz?

 

— Desculpe, eu não posso. — Mais uma vez o sorriso morreu em meu rosto. — Preciso te beijar agora, pensei em você durante os últimos dez anos, imaginando como você estaria mais velha e finalmente você está aqui diante de mim e estou encantado com a sua beleza. — Eu arfei e Edward tocou seus lábios nos meus, delicadamente e rapidamente, mas o suficiente para me deixar surtando de alegria.

 

— Estou tão feliz de não ter mais vinte anos — declarei, ele sorriu e afagou minha bochecha.

 

— Não sou velho demais agora? — perguntou. — Já tenho quarenta e três.

 

— Você continua lindo para mim — afirmei.

 

— Então, irá jantar comigo hoje, Isabella?

 

— Irei. — Me afastei dele e peguei meu café. — Mas tenho a manhã livre e podemos ficar aqui um pouco mais, o que me diz?

 

— É uma excelente ideia. — Ele pegou seu café também. — Me conte mais sobre os últimos anos.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tá feliz, Chloe? haha

Quem sabe eu faço uma continuação no futuro...

Beijos!

Lola Royal.

17.06.19