Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 23
Que susto!




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— Papai veio? — perguntei, olhando além, por cima do ombro dela, constatei, aliviada, que ele não estava lá.

— Você sabe como é seu pai. Um bicho do mato, nunca quer sair de casa, mas me mandou que lhe desse um grande beijo por ele – ela falou, sacudindo as mãos. — Belo lugar esse aqui. — Observou em volta. E sua colega?

— Dormindo. A senhora vai ficar aqui? — Olhei de esguelha para o corredor, rezando para que Ed não surgisse, nesse momento, pois precisava preparar o terreno.

— Sim, eu quero ficar pertinho da minha filha.

— Ah, que bom... — Tentei disfarçar a minha tensão.

Ela se abaixou e segurou uma grande bolsa, mais alto, bem na minha frente.

— Olha! Eu trouxe tudo que você gosta para o café-da-manhã especial de aniversário. Vamos até a cozinha!

Fiquei aliviada por termos arrumado tudo ontem, mas meus olhos batem nos copos sujos de vinho esquecidos sobre a mesa de centro, esperava que ela não tivesse percebido.

Minha mãe reparou a cozinha bem limpa, deu um sorriso satisfeito, colocando a bolsa sobre a pequena mesa e começando a tirar seu conteúdo: bolo, pães, geleias, queijos e um monte de coisas que eu gosto. A mesa ficou lotada.

— Acho melhor arrumar a mesa da sala – falei e sai correndo para pegar os copos e escondê-los atrás do sofá.

Peguei uma toalha e comecei a arrumar a mesa, sempre de olho no corredor, a espera que Ed surgisse a qualquer momento, enquanto, pensava no jeito de explicar a minha mãe a nossa convivência. Apesar que teria que pular a parte que dormimos juntos.

Eu não acredito que transei com Ed! Parece um sonho que, talvez, se transforme em um pesadelo! Mas, nesse momento, preciso me concentrar na visita da minha mãe.

Ela surgiu, sorridente, da cozinha, com as mãos ocupadas, colocando os itens sobre a mesa.

— Vocês não têm pratos suficientes para tudo, mas eu dei um jeito. Coloquei o café na cafeteira e esquentei o leite. Vou trazer o resto.

— Eu ajudo.

Nós duas fomos para a cozinha e quando voltamos, damos de cara com Ed entrando na sala.

— Bom dia — ele nos cumprimenta, de um modo natural.

Minha mãe parou, estática, surpreendida pela aparição.

— Você não é Felipe?  — perguntou, um tanto ressabiada.

— Não, senhora. Sou Eduardo — Ele deu um daqueles sorrisos sedutores dele, meu coração estava disparado, segurei o ar no peito, era hora de agir.

— Mãe, Eduardo é o meu colega de apartamento — disse com dissimulada casualidade, os olhos da minha mãe se arregalam e o queixo, literalmente, caiu. — Eduardo, essa é minha mãe, Alice.

Ele se aproximou para lhe beijar o rosto, bem depressa, minha mãe se recompõe, com um sorriso forçadamente simpático.

— Muito prazer, Eduardo. Eu não esperava por você — Ela me espreitou de esgueira, de um modo desaprovador.

— Eduardo já morava aqui, quando eu me mudei — Tentava manter um clima ameno.

— Quer tomar café conosco, Eduardo, para comemorarmos o aniversário de Paula? — perguntou em um tom extremamente educado, já tinha ideia de quais eram as intenções dela, ou seja, fazer um interrogatório duro.

— Obrigado.

— Então, sente-se, que eu e Paula vamos pegar o leite e o café — determinou.

Assim que eu e ela entramos na cozinha, ela parou diante de mim, com um semblante contrariado.

— Por que não nos contou que você morava com um rapaz? – disse, ríspida, em voz baixa.

— Porque vocês botariam um monte de empecilhos, eu estava precisando urgentemente de um apartamento e esse lugar é ótimo.

— Mas, um rapaz? — Ela soltou o ar com força.

— Nós nos damos bem, não nos metemos na vida do outro. E sou bem grandinha para saber o que é certo ou errado — rebati, com veemência

— Eu sei muito bem a educação que lhe demos — respondeu, um pouco mais resignada. — Uma pena! Um rapaz tão bonito e gay — Sacudiu a cabeça em desaprovação.

— Mãe, Ed não é gay — Tive que rir.

— Não! Mas, você disse que os gostos do seu colega de apartamento eram diferentes do seus... — Ela percebeu a pegadinha e deu uma risadinha. — Claro, ele é homem e você, mulher. — Então, enrugou a testa, percebendo no que isso poderia implicar.

— Vamos, mãe. Ed está nos esperando e eu estou com fome — determinei, dando fim àquela conversa, pelo menos, por enquanto.

Sentamos à mesa, para o café, minha mãe começou uma conversa, falsamente descompromissada, mas interpelou Ed sobre toda a sua vida e sua família. Descobri coisas que nunca soube a respeito da sua cidade, seus pais e irmãos, o que pretendia do futuro.

 — Mãe, agora, chega. Desculpa, Ed. Minha mãe é muito curiosa.

— Não tem problemas — Ele deu de ombros.

— Você tem planos para hoje à noite? — ela indagou, de repente,

— Não — respondi.

— Então, eu, você e Felipe poderíamos sair para jantar. Assim, eu poderei conhecer o seu namorado — minha mãe propôs, dou uma rápida olhada para Ed, sem que ela perceba. Acho melhor dizer a verdade.

— Sabe, mãe, quanto a Felipe... nós não estamos mais juntos.

Ela demorou para assimilar aquelas palavras, mas, então, posso perceber a decepção estampada no seu rosto.

— Quando terminaram?

— Há algumas semanas.

— Por quê?

— Algumas incompatibilidades — Amenizei a situação.

— Que pena!

— Acontece — Dou de ombros, com indiferença.

No fim do nosso lauto e demorado café da manhã, notei que minha mãe parecia bem cansada, devia ter madrugado no aeroporto, para chegar tão cedo assim lá em casa.

— Mãe, por que você não descansa um pouco? Eu cuido da louça.

— Eu ajudo você — Ed propôs.

— Eu não sei, não. É o seu aniversário — respondeu, dividida.

— Descanse um pouco, assim, poderemos aproveitar mais tarde.

Levei minha mãe e sua mala para o meu quarto, torcendo para ela não perceber que a cama estava arrumada, porque eu não dormi ali. Mas, para minha surpresa a cama estava desfeita.

Obrigada, Ed! Agradeci mentalmente, mostrando a ela onde era o banheiro.

Depois de algum tempo, acomodei a minha mãe, voltei para cozinha e comecei a ajudar Ed.

— Que susto! Eu nunca imaginaria que ela aparecesse assim de repente — confessei a ele, um pouco mais aliviada.

— Ela não sabia que seu colega de apartamento era um homem?

— Eu não tive coragem de contar.

— Ainda bem que deu tudo certo — disse, guardando o que sobrou na geladeira e eu colocava a louça na pia. — O que sua mãe está fazendo agora?

— Tirando um cochilo — respondi, percebendo que é a primeira que estamos juntos e sozinhos, desde ontem à noite.

— Ótimo, por que estou louco de vontade de fazer isso?

Ele se aproximou e me espremeu contra a pia e me beijando até eu ficar zonza e sem ar.

— Precisamos ir com calma, pois se meus pais descobrem sobre nós dois, eles não deixarão eu morar mais aqui — falei junto aos lábios dele, entre beijos.

— Certo, vou me controlar.

Nesse momento, ouvimos um barulho vindo da sala e nos afastamos, rapidamente, voltando as nossas tarefas, com ar inocente, e minha mãe surge na porta da cozinha.

— Não consigo dormir. Acho que podíamos fazer alguma coisa, Paula. Um fim de semana de mãe e filha.


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