Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 12
Sem pressão




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Os dias passaram, Felipe melhorou, mas eu não tive outra oportunidade para colocar meu plano em prática. Minha sonhada noite romântica se perdeu na rotina do dia a dia.

Ed conseguiu um estágio, por isso acordava cedo e, todos os dias, nós nos encontrávamos pela manhã. Então, ele veio com a novidade.

— Será o meu aniversário em duas semanas, queria dar uma festa aqui, se você não se importar.

— Tudo bem — respondi, dando de ombros, com dissimulada casualidade, mas no fundo, pensava nos vizinhos e na bagunça. — Quer ajuda?

— Se quiser ajudar, mas só serão algumas pessoas, uns amigos, a galera de sempre, cada um vai trazer bebida.

— E a comida?

— Comida? Sei lá, podemos comprar uns sacos de batatas fritas e salgadinhos, não pensei nesse assunto.

— Sendo assim, eu posso cuidar da comida.

Decidi, imaginando um monte de gente bebendo de estômago vazio, sabia que não acabaria bem.

— Se quiser. — Ele deu de ombros. — Valeu, Paula.

Convoquei Juliana para me ajudar, trocávamos ideias durante os intervalos das aulas.

— Acho que podemos encomendar uns salgadinhos, talvez, um bolo — disse, toda empolgada. — Colocar alguns enfeites, o que você acha?

— Acho que, talvez, você esteja exagerando um pouco — Juliana falou, com cautela, jogando água fria sobre o meu entusiasmo. — É só uma festa, as pessoas só estão interessadas em dançar, beber e azarar.

— Mas, eles precisar comer! — rebati.

— Certo! Alguns salgadinhos, mas desses de pacote, mas nada de bolo. E aquela sua ideia de transar com Felipe, como ficou?

— Ainda não tivemos outra oportunidade.

— Eu não entendo, porque tanto mistério e suspense. Por que, simplesmente, vocês não conversam sobre o assunto e decidem o momento ideal? Será mais fácil e menos angustiante.

— Será? Eu não sei...

— Às vezes, fico pensando que não é isso mesmo que você quer, Paula. Que não está tão certa da sua decisão.

— Sim, eu estou bem certa, mas é tão complicado.

— Não é, não. Você que complica a situação. Apenas converse com seu namorado.

— Quem sabe, no sábado, porque Ed sempre sai e só aparece pelas tantas, assim teremos muito tempo.

— E ele continua trazendo um monte de garotas para o apartamento?

— Não, ultimamente. Ele tem chegado mais cedo.

— Como você sabe disso?

— Ora! Eu acordo quando ele abre a porta.

Juliana me espreitou com os olhos em fenda, mas, tenho certeza, que ela nem desconfia que eu não durmo direito até ouvir Ed voltar para casa. Afinal, moramos juntos e é lógico que eu fique preocupada com ele.

No sábado, Felipe me convidou para uma festa de um amigo, para a minha decepção, pensei convencê-lo a não irmos, mas, invés disso, pedi para que me pegasse em casa. Felipe não falou nada, no entanto, percebi que não gostou da ideia, podia ser impressão minha, mas achei que ele andava meio diferente, um tanto distante.

De noite, eu me produzir, não para a festa, mas com outras intenções, tinha certeza, que ele mudaria de ideia, quando dissesse o que pretendia. Mas, para a minha desilusão, Ed estava em casa, sem nenhum sinal que iria sair. Eu fiquei rondando, tentando disfarçar o meu intento.

 — Você não vai sai, hoje? — Afinal, perguntei.

— Talvez. Mas, você vai? Está bonita e cheirosa — Ele me olhou de alto abaixo, percebi o meu rosto esquentar.

— Tenho uma festa. Felipe deve estar chegando. Mas, que estranho, você ficar um sábado à noite em casa — disse, com falsa casualidade, ele me olhou, erguendo as sobrancelhas.

— Eu ando um tanto cansado dessas saídas.

Eu não podia acreditar que, outra vez, o meu plano foi por água abaixo. Estava decepcionada, fiquei dando voltas pela sala, ansiosa. Então, ele se levantou

— Já que vou ficar sozinho, acho que vou para o meu quarto.

Menos mal, pensei, enquanto ele sumia atrás da porta do seu quarto, no exato momento que o interfone anunciou a chegada de Felipe.

— Você não vai descer? — ele perguntou, percebi um certo tom de irritação, fiquei um tanto chateada.

— Você poderia subir só um instantinho? — pedi, de modo apaziguador.

Pouco minutos depois a campainha tocou, eu atendi a porta com um sorriso, mas não tenho outro de volta.

— Tudo bem? — perguntei.

— Sim.

É agora ou nunca.

— Podíamos ir até o meu quarto para conversarmos?

Ele me encarou confuso. Eu segurei a sua mão e o guiei, entramos e fechei a porta, me voltei para ele com um sorriso.

— O que está acontecendo, Paula? Vamos nos atrasar.

Nesse momento, todo o clima esfriou, não dava para continuar.

— Não está acontecendo nada, podemos conversar depois.

Ele deu de ombros e saiu, me puxando pela mão. Durante o resto da noite, tentei disfarçar minha decepção, conversávamos, dançávamos, bebíamos um pouco. Já na madrugada, ele me levou de volta para casa. No hall de entrada, começamos a nos beijar intempestivamente. Os beijos estavam cada vez mais quentes e audaciosos. Então, me enchi de coragem e o chamei para subir.

— Você tem certeza? — ele me perguntou, incrédulo.

— Sim — menti.

— Eu acho melhor, não — Felipe se afastou.

— Como assim? — Fiquei confusa.

— Está muito tarde, preciso dormir. Amanhã, eu tenho plantão. Eu ligo para você depois — Ele me deu um beijo e foi embora.

Fiquei parada, algum tempo na portaria, olhando ele entrar no carro e ir embora.

Estou completamente atordoada, quando entrei no apartamento e, para piorar a situação, dou de cara com Ed, sentado no sofá da sala, tomando um copo de leite.

— A sua noite, também, não foi boa, não é? — ele me perguntou, devia estar estampado na minha cara.

Podia negar, falar que estava tudo ótimo, ir para o meu quarto, mas para quê?

— Foi e não foi — respondi e ele me interrogou com o olhar, eu confessei. — Estava tudo perfeito, até convidei Felipe para subir, mas...

— Ele deu para trás.

— Foi.

— Eu entendo ele.

— Entende? — Estava pasma.

— Muita pressão, ele teve medo.

— Medo? Medo de quê? — Eu me sentei ao lado dele, querendo entender melhor.

— Sim, de decepcionar você. Ele sabe que seria sua primeira vez, que está cheia de expectativa. Felipe ficou com receio de não estar à altura das suas fantasias.

Meu queixo literalmente caiu, não havia pensado nisso.

— E o que você acha que devo fazer? — Criei coragem para perguntar, já que estávamos sendo tão sinceros.

— Deixe acontecer naturalmente. Quando os dois estiverem mais à vontade, sem tanta pressão — Ed deu de ombros, de modo casual, estou certa que ele é expert nessa área.

Neste momento, algo muito estranho aconteceu, ficamos envoltos em um confortável silêncio, meus olhos presos nos deles. Então, pisquei duas vezes como se saísse de um transe.

— Obrigada pelos conselhos. Vou dormir. Boa noite.

Deitada na minha cama, custei a pegar no sono, pensando nas palavras de Ed.


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