Epifania escrita por Shinoda Yuuka


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Não era sempre que Akirakani Akira era um bobo alegre, infantil e engraçado. Ás vezes, o baixista da banda THE ORAL CIGARETTES só queria ficar sozinho, debaixo das cobertas e despejando suas tristezas em forma de lágrimas. Seus pensamentos eram muitos, e nem sempre eram divertidos ou criativos, como a maioria imaginava. Existiam momentos em que ele sentia-se confuso em relação a sua música, completamente inseguro sobre quase tudo em sua aparência e postura no palco. Sentia medo do quanto devaneios poderiam lhe influenciar, ainda mais agora que eles apareciam com mais frequência.

A banda estava em turnê para a divulgação de um novo single. Estavam hospedados em um hotel em Osaka, e naquele momento de folga, Akira era o único que não estava aproveitando o clima agradável da primavera na cidade. Ao invés disso, preferiu ficar em seu quarto, com a cara no computador analisando comentários dos vídeos de lives que tinham na internet sobre eles. Geralmente ele fazia isso com Takuya, e eles sempre se divertiam muito tirando sarro de haters e imitando alguns fãs engraçados. Porém, quando encontravam críticas sobre eles, independente de quem as fazia ou qual sua gravidade, Akira e Takuya sempre refletiam e discutiam sobre o comentário.

Há alguns anos atrás, encontraram diversos comentários sobre a performance de Takuya ao vivo. Diziam que ele não tinha a mesma potência vocal do que das versões de estúdio, que ele se agitava muito e que era exagerado. Akira sentiu-se orgulhoso dele ao ver sua reação positiva em relação às críticas, ponderando algumas sugestões feitas. A partir daquele dia, o vocalista estudou os próprios vídeos, se sentindo incomodado com o resultado de algumas apresentações. Por conta disso, tomou medidas radicais para melhorar; parou de tocar guitarra em algumas músicas para focar melhor no que estava cantando. Além disso, participou de uma oficina com dois vocalistas de bandas conhecidas no Japão e voltou a praticar canto.

Em pouco tempo, ele havia se tornado outra pessoa.

Akira não podia dizer o mesmo sobre si. Não encontrava muito comentários falando dele, especificamente, mas ele era muito mais sensível a opinião dos outros do que imaginava. Concluiu isso ao encontrar um único comentário no dia anterior, apenas perguntando o porquê de ser tão diferente do resto do grupo. Até então, ele não tinha dado importância a isso.

Ao contrário de seus companheiros de banda, ele usava roupas coloridas e chamativas. Era o único que pintava o cabelo, e tocava baixo de uma forma única. Se empolgava, saltando e fazendo suas típicas performances exóticas. Era assim desde muito jovem, e seria assim para sempre. Era como gostava de agir.

Mas naquele dia, Akira pensou que isso não era agradável para algumas pessoas. Então, vários outros pensamentos passaram por sua cabeça. Estava confuso, inseguro e com medo.

Naquele dia mais cedo, Takuya o beijou. Disse que estava preocupado com ele, pois ele estava visualmente triste e não queria contar o motivo. Aqueles beijos eram comuns, e geralmente vinham com uma razão. Aquele foi com a intenção de confortar.

Eram muito amigos desde pequenos. Aquela banda foi uma ideia antiga deles que tomou forma de um jeito que não esperaram. Eram tão próximos há tanto tempo, que sequer se lembravam quando a amizade forte se tornou amor, mas era o que havia acontecido. Não tinham títulos, porém eram exclusivos um do outro. Diversas vezes demonstravam essa intimidade no palco e em outras atividades relacionadas ao público, porém, não tão explícita como gostariam. Akira sentia que Takuya era parte de si. Sabia que longe dele, não existiria. Eram como um só, e pensar nisso era suficiente.

— Lendo comentários sem mim, Akira?

O loiro levantou o olhar e viu Takuya entrar em seu quarto de hotel. Ele se sentou na cama ao seu lado, colocando o queixo em seu ombro. Seu coração acelerou ao receber um beijo na mandíbula, que apesar de doce, trazia diversas sensações em seu corpo.

Aquele beijo era de provocação.

— Eu sou estranho. — Akira virou seu corpo para ficar frente a frente com o moreno. Encarou seus olhos grandes e escuros, ficando feliz por não encontrar malícia em seu olhar. Queria falar sério, e não fazer outra coisa. — Você é o vocalista bonito. Shige é o guitarrista maneiro. Masayan é o baterista estiloso. E eu sou o baixista estranho.

— Quem disse isso não entende porra nenhuma — disse Takuya, rindo baixinho. — Eu sou o vocalista louco. Shigenobu é o guitarrista gay. Masaya é o ossan da batera. Você é o baixista divertido.

— Divertido? — Akira sorriu ao perceber que tudo aquilo fazia sentido.

— É, sabe... — Takuya se levantou e colocou suas mãos em frente ao corpo, como se estivesse tocando baixo como Akira. Começou a pular e dar chutes no ar, movendo o pescoço para cima e para baixo, sorrindo largo. — Sua performance é divertida sempre.

Apesar de não discordar dele, Akira não se sentia satisfeito. Sorriu brevemente, para depois ficar com uma expressão tristonha. Takuya voltou a se sentar na cama e levou uma das mãos até a nuca do loiro, o puxando para um beijo breve e intenso.

— Essa expressão não combina com você — disse sincero após cessar o beijo, que fora mais um de conforto. — As pessoas vão querer vê-lo sorrindo daqui a pouco.

E apesar de terem um show programado para dali há algumas horas, Akira resolveu puxar seu companheiro para mais um beijo, carregado de paixão. Resolveu despejar suas tristezas em forma de carícias mais fortes, como gostava de fazer. Passaram um longo tempo ali, naquela cama de hotel, se amando até que não pudessem mais. Akira se entregou, permitindo-se ser o passivo naquele dia. Decidiu que precisava sentir Takuya, pois gostava da forma gentil com que ele lhe tratava naqueles momentos. Pensou que isso seria o suficiente para mudar seu humor.

À noite, os quatro integrantes estavam prontos para o último show da turnê. Estavam abraçados, como de costume, e Takuya falava palavras de incentivo para a apresentação. Só que, antes de finalizar, o vocalista surpreendeu a todos com uma pergunta.

— Pessoal, vocês ficariam irritados se eu dissesse que mudei todas as músicas que iremos tocar de última hora?

Todos olharam assustados para Takuya, quebrando o círculo que formavam. Acharam que não dariam conta, mas o vocalista pedia apenas para que confiassem nele. Akira o olhou curioso, e antes que pudesse reagir, foi abraçado.

— Hoje vai ser incrível, Akira-Kan — sussurrou antes de olha-lo nos olhos. — Só preciso de uma coisa antes de subir no palco.

— Um beijo, Yama-chan? — Akira afinou a voz e sorriu largo, como sempre fazia. Aproximou os rostos e beijou os lábios grossos do vocalista, segurando seu rosto enquanto o fazia. Depois disso, gritaram alto, e subiram ao palco.

Durante o show, o baixista foi surpreendido pela tracklist que Takuya montou de última hora. Abriram o show com N.I.R.A, e seguiram com as músicas mais animadas que tinham. Tocaram as mais novas, cheias de arranjos de baixo em destaque. Tocaram See The Lights, Amy e GET BACK, as mais raras de se apresentarem no palco. Akira estava mais empolgado, sentindo-se mais feliz por estar tocando aquelas músicas que há tanto tempo não tocava.

E ao finalizar o show, ao invés de tocarem ReI, Takuya pediu para que todos prestassem atenção nele. Correu até os bastidores e voltou com sua velha guitarra em mãos, causando gritos e olhares surpresos. O rapaz posicionou o microfone no apoio e disse que iriam tocar uma música muito importante para ele, pois a criou junto de sua pessoa favorita no mundo.

Akira sentiu o coração bater forte ao receber o olhar sincero de Takuya, que havia começado a tocar Everything. Logo, os outros membros o acompanharam naquela melodia forte, porém melancólica.

 

Você se lembra dos dias em que costumávamos ficar juntos?

Você se tornou um pouco mais forte?

Você está rindo?

Essas perguntas eram desconfortáveis...

 

A voz tão bonita cantou perfeitamente, e Akira achou que ia chorar. Takuya o olhava a cada estrofe cantada, a cada nota tocada...

 

Tudo é você agora e sempre

Você é meu tudo para sempre

Tudo é hora de você e eu

Deve ser amor

 

Quando a canção chegou ao fim, Takuya se aproximou de Akira perigosamente. Sorria com os olhos brilhando, e tudo o que o baixista conseguia pensar era no quão bonito era aquele sorriso. Ao estarem frente a frente, Akira sentiu o peito aquecer. Foi então que arregalou os olhos, percebendo que a resposta para tudo estava ali, diante de seus olhos.

Não importava o quanto estivesse confuso, inseguro ou com medo. Sempre Takuya estaria com ele, fazendo de tudo para mudar isso. Ele era sua luz, seu reflexo...

Ele era o seu tudo.

Completamente tomado por seus sentimentos, Akira sussurrou algo que, mesmo em meio a berros eufóricos do público, Takuya conseguiria ouvir. Talvez por leitura dos lábios, ou talvez por conhece-lo muito bem.

“Me beija”

O vocalista se aproximou e colou as testas, roçando os narizes de leve. Continuavam sorrindo, e agora sentiam o rosto quente de vergonha. Não acreditavam que isso iria acontecer, talvez fossem repreendidos mais tarde, mas não importava. Takuya diminuiu o espaço que tinha entre eles, beijando a boca alheia de forma lenta e doce. Entrelaçaram as línguas devagar, enquanto tocavam os cabelos um do outro. Tudo pareceu desaparecer naquele momento.   

Para Akira, só o que importava era o beijo de Takuya. Um beijo que significava nada mais do que a confirmação de seus sentimentos.

Um beijo de amor.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e até a próxima!



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