Primeiro, eu matei o meu pai... escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel


Capítulo 15
Capítulo XIV




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Sammyrah estava em Capricórnio, ouvindo música e comendo churros feitos por Shura na área privativa da casa,  quando Brida surgiu do nada após duas batidas insistentes na porta:

—Que foi, assombração? Como conseguiu entrar aqui?  - a ruiva questionou, olhando pra serva. A aparência dela estava ficando cada vez pior, parecia doente, como se estivesse esmaecendo. A serva apenas revirou os olhos  – Sério, Brida, o que rolou contigo? Tá parecendo um cadáver! Seu cabelo tá mais piaçaba que nunca.

—Só não respondo como devia porque posso ser penalizada, Isabel me deixou entrar – arfou  se encostando no portal– O senhor Arles pediu pra te avisar que você tem correspondência. Pediu para subir imediatamente ou ele queima tudo, pois você tá muito folgada.

—Ele falou isso mesmo ou essa parte foi cortesia sua, Pombinha?

—Confira por sua própria conta e risco - Ela se desencostou analisando a movimentação do cavaleiro de capricórnio-  Eu já vou indo, tenho mais o que fazer do que te fiscalizar

E sumiu da visão deles casa de Capricórnio a dentro. Shura olhou a ruiva com um ar desconfiado, mas ela desconversou:

—Vou colocar a armadura e vou lá agora - Ela se levantou com um ar preguiçoso

—Por que da armadura se você só vai pegar a correspondência? - Shura também se ergueu, tirando o prato de doces do colo 

—Pra incomodar a Krest'yane— riu, enquanto elevava o cosmo e via as partes da armadura de Perseu revestir seu corpo – se eu tiver sorte, hoje transformo ela em pedra

—Sabe que isso é contra as leis, né? - Ele se aproximou e fez um carinho em seu rosto

—Não se for um acidente – piscou e colocou a máscara, fazendo o namorado balançar a cabeça em negação  – Já volto, Shu.

Em Aquário, a ruiva encontrou sua rival em seu habitat natural: encostada sob uma pilastra, enquanto lia um livro.

—Passa reto e não fala comigo – a prima de Camus disse, sem levantar o rosto.

—Sério mesmo, Cervo? Queria te mostrar como uma mulher de verdade fica em uma armadura de prata.

—Uma armadura de um defunto que nem esfriou direito.

—Melhor do que a armadura do papai traidor.

—Melhor você realmente “passar reto”, criança, ou serei obrigado a te executar por desacato – a voz de Camus veio firme, acompanhada de seu ar frio – Você e minha subordinada podem ter a mesma patente, mas eu, além de seu superior, sou o guardião desta casa e não aceito desrespeito aqui dentro.

—Mil perdões, mestre Camus – apesar do tom de deboche, ela curvou o corpo – Estou indo. Com sua licença.

Assim que ela sumiu de vista, a Kammy ergueu o rosto mascarado para o primo:

—Eu conseguia me virar.

—E mandaria minha casa pelos ares junto com ela – deu um meio sorriso e apontou para o livro que ela tinha nas mãos – Júlio Verne?

—Não, Henry De Vere Stacpoole.

—Você tem um bom gosto

E saiu. A loira sabia esse era um jeito de fazer com que ela se sentisse bem.

 

Quando chegou ao Salão do Grande Mestre, Sammyrah encontrou Arles um pouco transtornado. Ele andava de um lado para o outro e parecia discutir consigo mesmo. Ela notou, em um dos cantos, um cálice dourado levemente amassado, como se tivesse sido jogado contra a parede com violência:

—Mestre Arles – a ruiva se fez notar – Mandou me chamar?

—Claro… - ele falou em tom suave, se aproximando – Só assim para você aparecer agora…

—Desde que Gigars desapareceu e Píton se auto proclamou subcomandante, meu acesso a você se tornou impossível – suspirou – ele não me respeita e nem deixa eu vir falar contigo.

—Eu darei ordens extremas a ele… - retirou a máscara – mas temos outro problema e eu preciso de sua ajuda.

—É alguma outra intervenção na natureza? Desculpa, ainda estou de “ressaca” - fez aspas no ar – depois do que fizemos com a Ilha da Rainha da Morte.

—Não… A ajuda que preciso é bem mais simples – estendeu a mão para ela – acompanhe-me.

A amazona de Perseu colocou a mão sob a do Grande Mestre e o seguiu até uma saleta secreta para os demais, mas que ela conhecia muito bem:

—Onde está a…

—Exatamente isso que preciso saber. A armadura sumiu, misteriosamente, durante a noite. Sei que não foi você, pois…

—Sim, eu estava com Shura.

Ele deu um leve rosnado, mas prosseguiu:

—Sem entrar na minha cabeça, já falamos sobre isso. Bom, suspeito que foi alguém de dentro, já que não soou nenhum alarme invasor.

—Você quer que eu tente rastrear o cosmo da armadura?

—Sim – ele passou a mão pelo rosto mascarado da ruiva – apenas você pode fazê-lo, minha princesa.

Tatiana meneou positivamente com a cabeça e abaixou, colocando as mãos sobre o púlpito onde antes estava a armadura. Fechou os olhos e se concentrou o máximo que pôde. Viu a história que ali havia. Aiolos segurando uma adaga de ouro com as mãos, a criança Athena fugindo com Marie, uma ilusão criada em cima de uma boneca de pano, a menina e a urna da armadura de Sagitário entregues a um senhor. Ela conhecia aquele senhor. Era o falecido Mitsumasa Kido. Lutas sangrentas, a armadura assumindo uma forma diferente, o elmo chorando em um lugar distante e, por fim, as partes se unindo em uma forte luz, que guiava 5 jovens. Ela pode ouvir uma frase ao longe, uma voz que conheceu ainda criança. Era Aiolos, falando em grego, mas que ela estranhamente foi capaz de entender:

—Aos jovens guerreiros que aqui chegaram, eu lhes confio Athena. Aiolos...

Ela repetiu essa frase por 3 vezes, até tirar as mãos do púlpito e olhar para Arles, que a olhava furioso:

—E então?

—Eu… Não vi nada conclusivo – respondeu, com a respiração curta e pesada – tudo que vi foi uma luz, 5 garotos correndo e a voz de Aiolos ao fundo.

—O que você viu foram aqueles cavaleirinhos de bronze indo encontrar aquele traidor no inferno! Concentre-se! Essa armadura tem que voltar para o Santuário!

—Certo.

Sammyrah repetiu 2, 3, 9 vezes até que caiu exausta no chão da saleta. As visões não mudaram de padrão. Tudo aquilo era confuso e estranho. Por que Aiolos entregaria uma criança e a armadura para Mitsumasa Kido? Foi então que fez a conexão. Sempre comentou com Vladmir que tinha algo diferente em Saori, que nada tinha a ver com os traços Europeus, pois sabia que Mitsumasa tivera uma única filha mestiça, que vivia na Grécia, mas sim o fato de que, todas as vezes que se encontraram, sentiu uma energia diferente na garota. Será que, todo esse tempo, seu amado Saga era o errado?

—Levanta! - ele vociferou como nunca havia feito com ela, suspendendo-a pelos cabelos – Diga-me o que viu.

—N-Nada... Eu continuo vendo a luz....

—VAGABUNDA MENTIROSA!

Junto com o grito, veio um tapa tão forte, que arrancou-lhe a máscara. Ela levou a mão ao rosto, sentindo a pele inchar. Atreveu a erguer os olhos por trás da cascata de cabelos vermelhos e o viu com os olhos completamente vermelhos. Pela primeira vez sentiu medo dele, um medo que tornou-se pânico conforme ele se aproximava dela:

—Queria tanto ser minha putinha, mas esse imprestável não me deixava sanar seu desejo. Você fez de tudo pra me alegrar e eu gostava disso. Era pra você ser minha, mas aí o intrometido do Shura resolveu tocar no que era meu – gargalhou – eu vou deixar seu corpo arregaçado no salão de Capricórnio para que ele enterre. E depois jogarei a culpa nele, como fiz com Aiolos anos atrás.

Aquilo a petrificou. Ela não tinha forças. Tinha certeza que seria violentada e morta, provavelmente como muitas outras garotas que tudo que fizeram foi amar um completo canalha. Uma lágrima escorreu e, junto com ela, uma prece que talvez não fosse adiantar:

Se os deuses realmente existem, quero um milagre para viver… Eu prometo ser alguém melhor a partir de agora.

Quando Arles estava perto o suficiente, ele abaixou de forma repentina, colocando as duas mãos na cabeça como se estivesse com muita dor. A ruiva ainda o olhava assustada, quando Shura e Afrodite apareceram no local. O espanhol pegou a namorada no colo e a tirou de lá rapidamente, enquanto o cavaleiro de peixes foi para perto do Grande Mestre, que balbuciava coisas estranhas:

—Você… Eu não vou deixar você vencer. Enquanto eu estiver aqui, você não vai tocá-la. Deixe de ser mesquinho! Ela não será só minha! Será sua também!

—Eu jurei não usar seu nome, mas… - Afrodite suspirou – Saga! Se ainda restar algo de você aí, apareça!

Os cabelos do Grande Mestre voltaram a cor azulada, assim como seus olhos, que encaravam o sueco cheio de lágrimas:

—Me mate, Afrodite! Apenas me mate, por favor!

—Eu não posso fazer isso… Você me prometeu justiça e é isso que eu quero. Mas você se afastará de Tatiana…

—Eu… Eu nunca a quis perto de mim.

—Mas “ele” a quer. E a ruiva sempre te amou… Essa era a chance dela

—Ele está... Pft... Voltando... Pft... Por favor.... Pft.  Tire-a do Santuário ou ele vai matá-la.

—Sim.

E saiu dali o mais rápido que pôde. O lado mau de Saga colocou a máscara e o elmo e voltou a seu trono, onde uma esquelética Brida o aguardava:

—Quer vinho, senhor?

—Eu quero ficar em paz.

 

Depois de todo causo da agressão no décimo terceiro templo, Shura, que desceu até peixes com uma chorosa Tatiana, que apenas tremia em seus braços. Ele demandou a uma das servas de peixes que trouxessem algumas mudas de roupas para lá. Não sairia dali até saber o que tinha acontecido de verdade, lhe dava uma sensação estranha, ao ver a marca no rosto da ruiva enquanto ela colocava uma toalha molhada no rosto. Preferiu não perguntar nada naquele momento, ela estava fragilizada demais. Jantaram junto com Afrodite em peixes e depois ficaram bebendo um pouco de vinho. Mas a ruiva parecia não relaxar:

—Querida... se ele vier atrás de você, são dois cavaleiros de ouro contra ele - Afrodite suspirou.

A ruiva apenas balançou a cabeça olhando para frente, ela estava com vergonha de seu mestre e de Shura, sentia como se tivesse traído a confiança dos dois. Em silêncio, se levantou e foi até a sacada, fumar mais uma vez. Até aquele momento, ela já tinha fumado meia carteira de cigarros. Enquanto debilmente ela tentava acender o isqueiro, ouviu a voz de Afrodite, que a havia seguido:

—Fumar uma caixa de Marlboro não vai mudar nada - Ele estendeu a mão - Acho que você entendeu quase do pior jeito o que eu te alertei, não é?

—Eu sei... - Ela disse com a voz embargada - Me perdoe, Dite... eu ainda não sei o que dizer para o Shura...

—Nem precisa, ele vai respeitar o seu tempo...

—Mas parece que esse tapa rasgou a minha alma...

O pisciano a abraçou forte e deu um beijo em sua cabeça:

—Eu tive medo de te perder hoje,Tatiana...

A ruiva afundou a cabeça no peito do mestre e começou a chorar baixinho, enquanto Afrodite a alisava. Permaneceram assim por um momento, até que Shura bateu no portal, como se pedisse licença para entrar:

Cariño, quero saber se você quer que eu fique... ou se posso ficar também… - Ele olhou para Afrodite que balançou a cabeça enquanto enxugava uma lágrima

—Bem ruiva, acho que o Shu tem mais colo pra te oferecer que eu... Pode passar a noite aqui, pois ficarei na vigília - O pisciano piscou e saiu, voltando em seguida - Sem cachorrada na minha casa! Tão me ouvindo né?

A ruiva deu um meio sorriso e Shura piscou para ele, que fez uma cara de apaixonado e saiu. O espanhol logo abraçou a namorada pela cintura e lhe deu um selinho:

—Bem, acho que deveríamos ir deitar... você precisa descansar desse estresse todo…


Era tarde da noite, Tatiana ainda revirava na cama sem conseguir dormir. Apesar de ter feito amor com Shura, o cansaço físico e a tranquilidade do gozo não a tinham relaxado. Tinha apenas cochilado um pouco, mas como estava inquieta há um tempo, decidiu ir na cozinha pegar um copo de água. Levantou, deu um beijo do ombro do espanhol - que dormia de bruços, catou a camisola no chão e desceu. Caminhava tranquilamente pela Casa de Peixes, que estava pouco iluminada. Chegou rapidamente à cozinha e lá se serviu de uma taça com água, ela sorvia o líquido tranquilamente, até que sentiu uma presença se aproximando. Ao olhar, sentiu o pânico tomar conta de si, pelas vestes que ela conhecia tão bem, era Saga. A ruiva se apoiou tremendo no balcão enquanto ele se aproximava:

—Sammyrah... preciso falar com você... preciso que...

O Grande Mestre foi interrompido por outra presença, Afrodite, portando a sua armadura o segurou pelo braço:

—O que diabos você veio fazer aqui? - Disse o pisciano irritado

—Eu preciso conversar a sós com ela, Afrodite... não é nada

—Eu não quero ficar sozinha com você, Saga… - A ruiva se encolheu no balcão 

—Eu preciso que me perdoe, Sammyrah... por favor... e preciso falar com você direito, só isso… - O cavaleiro, com seu cosmos, intensificou a iluminação da casa, fazendo-os ver que ele não estava possuído 

—Tatia? - O sueco disse - O que você quer fazer ?

A ruiva olhava para Afrodite e Saga estressada. Precisava pôr um ponto final naquilo urgentemente, apenas suspirou torcendo que Shura não acordasse:

—Está bem, mas quero que Afrodite fique de guarda caso aconteça alguma coisa

—Saga eu juro pela minha mãe, o primeiro grito que ela der, eu enfio sem pensar duas vezes cem rosas sangrentas no seu peito!

—Por mim você poderia fazer isso agora - Suspirou o geminiano - Seria muito melhor pra mim, inclusive...

—Sinceramente, eu acho que o que é melhor pra você sequer importa aqui, Saga… - A voz imponente de Shura foi ouvida, chamando a atenção de Afrodite e de Tatia

—Shura eu sei de tudo…

—Sabe mesmo Saga! - O cavaleiro de Capricórnio, que vestia apenas as calças do pijama, passou por Afrodite e se colocou entre Saga e a ruiva - Por isso deve partir, você não merece o perdão dela e quiçá sua ajuda para qualquer coisa

—Mas Shura… - A ruiva falou baixinho tocando as costas do espanhol

—Não, Tatiana, isso já foi longe demais. Eu sei muito bem de todos os crimes do senhor duas caras aí e acredite, ele não controla o seu mal por ser frouxo, e eu não vou perder mais ninguém que eu amo por conta disso!

—Shura, me escute - O cavaleiro de gêmeos suspirou - Eu não acredito que ela possa me ajudar nesse aspecto, e preciso que você me entenda também…

—JÁ BASTA! - Disse Afrodite exaltado - Vocês dois não decidem por ela, se ela quiser Shura, ela falará, por mais que eu também acredite que não vale a pena se pôr em risco por isso… 

—Você ouviu seu mestre... - Saga suspirou - Faça sua decisão… mas quero que saiba que em minha profunda intenção nunca estive de acordo com Arles e jamais estarei…

A jovem, que a este ponto já estava abraçada ao cavaleiro de Capricórnio e tremia, parecia mais ansiosa que no começo da noite. Apenas soltou o namorado e foi para o seu lado, finalmente aparecendo com seu rosto marcado, fazendo o cavaleiro de gêmeos baixar a cabeça, chorando. 

—Acho que esta tarde bastou Saga.... Eu não aguento mais ser envolvida nessa trama de mentiras e farsas... Só quero que saia por favor… 

—Eu só queria saber se talvez sua bruxaria pudesse ajudar a eliminá-lo. Estou disposto a revelar toda essa situação ao Zodíaco Dourado, para que você não permaneça desprotegida...

—Não vou perder mais ninguém que eu amo por suas loucuras. Você a ouviu… - Shura disse com os olhos cheios de lágrimas - Desapareça, Grande Mestre!  

Saga apenas ergueu o rosto e encarou Shura, e viu o rosto delicado da jovem ruiva marcado pelo tapa de mais cedo, se sentia um pária por tê-la machucado, mas sabia que Shura preferia matá-lo que deixar que ele permanecesse mais um segundo com ela. Apenas seguiu o caminho da saída comunal da casa de Peixes em direção ao salão do grande mestre, enquanto ouvia a voz do mal ecoando em sua mente:

“Eu lhe disse, seu idiota! Nós seríamos imbatíveis juntos, eu deixaria ela ser sua também… mas você é um homem frouxo, Saga! Lá estava o idiota do Shura de pijamas, enquanto você o cavaleiro mais poderoso desta era, chorava como uma garotinha para falar com a namoradinha dele!

—Eu já disse pra me deixar em PAZ! - O cavaleiro rosnou em meio as rosas. 

 

Na tarde do dia seguinte, Tatiana partiu com Shura de volta para Paris, contrariando as ordens de sua mãe. Afrodite não ousaria deixar o Santuário naquele momento, pois sabia que, agora, Arles seria ainda mais perigoso que o normal. Se questionava com frequência se não tinha falhado como cavaleiro em permitir que ele vivesse… ou em simplesmente obedecer suas ordens. Tudo ficava ainda mais duvidoso e sombrio.

Em Paris, as tardes frias e cinzas já eram rotina graças a chegada do outono, Raissa folheava uma revista bebendo uma xícara de chá na sala, acompanhada por dois dos cães de seus filhos, Merlot e Matisse. Dado um certo momento, viu Matisse se levantar de supetão, enquanto ouvia uma movimentação nos corredores da casa. O animal latiu alto para Merlot e saiu em disparada até a porta. Raíssa estranhou:

—Eles só agem assim quando… 

A morena atirou a revista em cima do sofá e ficou de pé. Suas suspeitas foram confirmadas quando  viu a filha entrando pelo saguão, acompanhada de um rapaz hispânico. Ela trazia uma única mala, não todos os baús que costumava levar e usava uma maquiagem bem feita. A ruiva tomou um leve susto ao ver a mãe de braços cruzados no corredor quando levantou após alisar os cães: 

—Certo - a ex-espiã falou de braços cruzados - Eu quero uma boa explicação sobre o que você faz aqui tão cedo e com outro rapaz que não é o Afrodite ..

—O Santuário está em uma guerra interna, mamãe - a ruiva falou, apoiando a mala no chão - Afrodite achou melhor que voltasse antes das coisas complicarem - inconscientemente, passou a mão no rosto - Como ele é a última linha de defesa antes do Templo de Athena, não podia sair… Então o Shura, Cavaleiro de Capricórnio, se ofereceu para me acompanhar. 

—Compreendo - virou o olhar para espanhol que imediatamente arrumou a postura - Agradeço por ter se prontificado a trazê-la, senhor Shura, mas lamento informar que vão dormir em quartos separados.

—Mamãe… - a ruiva a olhou meio incrédula - Por que acha que eu dormiria no mesmo quarto que ele?

—Primeiro: por mais que você seja uma pessoa pública, Afrodite me explicou sobre a lei das máscaras. Segundo: seu batom está borrado e tem uma marca leve na gola da camisa do rapaz.

—Me perdoe por isso, senhora - Shura finalmente falou, colocando a mão por trás da cabeça - E eu não tinha a pretensão de passar a noite aqui.

—Falta pouco para o anoitecer. Você só achará voos para Athenas na tarde de amanhã. Além do mais, eu sei que Tatia precisa de você - sorriu - Bom, fiquem a vontade… Vou falar com uma das camareiras para ajeitarem um bom quarto para você e avisar a seu pai que seu namorado vai jantar conosco hoje,

—MAMÃE!

Tatia viu Shura mudar de cor e a seguiu, sendo interceptada por Serguei que gritou fino 

—CADÊ O DITE? QUEM É O MOÇO VERMELHO? OBAAAA 

A ruiva apenas passou a mão nos cabelos, pegou o irmãozinho no colo e olhou para trás, vendo o espanhol estagnado com um olhar assustado e apenas o chamou com a cabeça:

—Vem logo! Antes que o papai te pegue parado na porta…

—Dios, ainda dá pra fugir? - O espanhol riu, ainda sem acreditar no que tinha acontecido - Ela é sua mãe?

—É sim… acho que deu pra notar, não é? 

—Devíamos colocar sua mãe sentada na porta da casa de Áries, assim ninguém vai ter mais coragem de enfrentá-la e viveremos sem problemas..

—Há… Isso porque você ainda não a viu com as facas.

—FACAS?!

—Não fala alto! Acho que vão te colocar no quarto perto do meu irmão… 

Os dois seguiram pelo corredor, conversando, enquanto eram interrompidos pelo pequeno Serguei, que fazia uma verdadeira entrevista com Shura, tentando aprender o máximo que podia sobre o Santuário e sobre a índole de seu suposto cunhado.


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