Kurosaki Ichigo e Kuchiki Rukia caminharam lado a lado enquanto passavam pelo mercado local. Como sempre, eles estavam discutindo sobre muitas coisas. Claro, seu colóquio seria mantido em um volume mínimo. Afinal de contas, tal conversa sobre shinigamis, hollows e outros assuntos ligados a um mundo inexistente para os humanos, não era realmente o tipo de conversa que outras pessoas considerariam como normal.

Assim, quando a discussão silenciosa cessou, Rukia parou de repente em frente a uma loja de roupas. Ela ficou quieta, olhando para o vestido em exposição ... um vestido branco sem mangas.

Ichigo a sentiu parar, então ele também parou, ficando atrás dela silenciosamente. O semblante dela encontrava-se impassível, assim como o dele.

No momento, nenhum deles falou nada... Ichigo já sabia o que estava em sua mente.

No dia seguinte:

Ele imaginou que ele faria um favor a ela. Mas, apenas uma vez... Faria isso apenas uma vez. Depois de tudo o que tinham feito juntos, depois de tudo o que tinham passado... Ele julgou que era algo que a garota merecia afinal.

Ele ficou na frente da loja do dia anterior, olhando para a vitrine e seus pensamentos começaram a vagar. Começou a pensar, seus pensamentos fazendo uma linha imaginária que começava quando eles se conheceram, e suas vidas se entrelaçaram de um jeito que eles passaram a ter uma vida praticamente conjunta.

Ele sacudiu o pensamento ... a vida deles juntos?! Parecia quase como se eles fossem um casal ou algo assim. Então um pensamento entrou em sua mente ... bem, eles estão vivendo juntos afinal, um menino e uma menina, sem nenhum laço consanguíneo... vivendo juntos ... em um quarto minúsculo, separados por uma distância mínima, tendo como divisória as portas franzinas do seu armário.

"ARGH! Não é isso!", ele gritou em frustração, com as mãos coçando a cabeça laranja furiosamente, "não é assim!"

A essa altura, todos que passavam por ele começaram a olhar. E ele sentiu-os olhando para ele. Por causa disso ele sentiu seu rosto aquecer, certamente suas bochechas estavam avermelhando também.

"O QUE VOCÊ ESTÁ OLHANDO?! HUM?!", ele gritou para um transeunte que passava encarando-o com o rosto franzido.

Com medo do que tal rufião pode ser capaz de fazer, todos os transeuntes correram sem olhar para trás. Mesmo aqueles para quem Ichigo não havia dirigido a palavra.

E agora, de volta ao dilema de Ichigo ... quanto mais ele olhava para ele, mais ele hesitava. Por que diabos ele pensou em fazer uma coisa dessas?

A resposta foi clara e simples, mais uma vez como se fosse um lema... Ele lhe devia pelo menos isso. Por tudo o que ela fizera por ele, essa era sua maneira de agradecê-la. No momento em que ele a pegou olhando fixamente para ele, ele sabia que seria a melhor coisa que ele poderia dar para agradecer a ela.

Lembrando-se dela quando ela olhou para ele ontem, ela claramente queria tê-lo. Ela não tinha que dizer a ele, ele já sabia.

Então, ele respirou fundo e se preparou para o que estava por vir ...

"Bem-vindo à nossa loja", cumprimentou a recepcionista, olhando-o indiscretamente da cabeça aos pés, sem nem ao menos tentar ser discreta0. Ao ver Ichigo, sozinho, um olhar surpreso cruzou o rosto da garota. Afinal, não é comum alguém como ele entrar em sua loja ... sozinho ...

"Posso ajudá-lo, senhor?", Ela perguntou nervosa.

Ichigo pigarreou, "aquele vestido em sua vitrine", ele desviou o olhar tentando esconder seu rosto já vermelho, "você ... tem...", ele engoliu mais uma vez, "... p- pequeno ... tamanho PP... Ou algo assim? "

"Hã?"

Rukia estava procurando por ele há algum tempo agora. Ela foi estúpida o suficiente para deixá-lo sozinho por apenas um minuto! Ele disse que só ia ao banheiro por um segundo. Banheiro sua bunda! Ele a abandonou! Novamente!

Sua cabeça fumegou enquanto procurava por ele pela cidade, mas por algum motivo estranho, ela foi atraída para uma certa rua. Ela havia passado uma hora atrás e agora está passando de novo.

Finalmente ela parou e se encontrou na frente de um lugar familiar ... na frente de uma loja familiar.

Ela viu uma vez, quando ela e Ichigo estavam andando por esta área ontem. E ela viu novamente a caminho da escola naquela manhã. Não foi nada de especial nisso realmente. Era apenas um vestido branco sem mangas. Lembrou-se de uma alma que ela enviou para a sociedade da alma anos atrás usando o mesmo vestido ... ela não podia esquecer isso. Ninguém poderia e iria. Afinal de contas, não era todo dia que ela mandava uma grande alma masculina corpulenta, com cabelo longo e encaracolado na cabeça, no peito e nas pernas, usando um vestido tão branco para a sociedade das almas.

Isso já fazia tanto tempo. Uns dez anos antes de encontrar Ichigo, ela encontrou tal alma ... Isso a fez pensar o quanto talvez ela estivesse fora de sintonia de seus deveres, devido a sua busca constante por hollows ao invés de encontrar almas para enviar para a sociedade da alma.

De qualquer forma, ela estremeceu com o pensamento. Ela nunca usaria um vestido como esse! Um corte tão baixo, vestido revelador no peito realmente não se encaixava em uma garota como ela, que mal tinha seios para mostrar de qualquer maneira. Ela tinha pensado nisso desde que viu aquele vestido. E mesmo agora, ela não podia deixar de se perguntar.

Ela suspirou ... oh bem... Ah, não ser que houvesse algum meio dela conseguir um Gigai com seios maiores de qualquer maneira. Mas, logo tratou de afastar seu pensamento, já que seios maiores atrapalhariam seu desempenho numa batalha.

Tudo isso a deixou sem humor... Já que ainda assim, pelo menos por uma vez, ela desejava que os outros shinigamis parassem de chamá-la de "peito chato" de vez em quando. A taichou da segunda divisão tinha BEM MENOS peitos do que ela e nenhuma alma atrevia-se a afrontá-la dessa maneira tão desrespeitosa.

Resignando-se a um suspiro, Rukia se levantou e foi embora, continuando sua busca por seu parceiro, Ichigo...

Que aquela altura estava suando frio em frente a recepcionista que para variar não lhe deu o devido crédito, por causa de sua maldita cabeleira laranja e sua eterna falta de simpatia...

Foram cinco minutos de prosa, que foram o bastante para a recepcionista desdenhar o bastante dele, a ponto de apertar o botão de emergência que fizera o alarme contra roubos da loja soar, a todo volume...

Se não fosse suas habilidades sobre-humanas, Ichigo teria certamente ido parar em algum juizado e Isshin teria sido chamado. Ele preferia lutar desarmado contra um Vasto Lorde do que ser capturado numa loja comprando um presente, para uma amiga.

— Ichigo, o que houve? – A nuvem sobre a cabeça do shinigami substituto se intensificou, com a proximidade de Rukia.

— ... – Ele nada dissera apenas a puxara pela mão, instigando-a correr de pressa.

Ele sentiu ela encara-lo com determinação, torcera para que ela não insistisse em lhe fazer perguntas, pois ele não era bom para esconder as coisas.

Porém, Rukia não dissera nada. Ela compreendera, qual era aquele caminho, e soubera o que havia ali... E quase podia adivinhar a intenção de Ichigo em estar ali, e dessa vez foi a vez de ela ter suas bochechas avermelhando, mas nenhum calor mais intenso do que o que surgiu em seu peito.

A boa intenção de Ichigo naquele dia foi o seu melhor presente.

Embora fruto de uma mal interpretação.