Olhos Certos escrita por tainatwd


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, finalmente finalizei o segundo capítulo, espero que gostem :)

Boa leitura!



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LOKI — ASGARD

— Prepara uma bolsa com suprimentos para um dia, irei sair e só voltarei ao entardecer. — mando uma das criadas ao chegar no salão e então vou me sentar, a mesa do café da manhã estava posta e pelo jeito intocada, era muito cedo ainda e estava grato por isso, não queria ter que dar satisfação a ninguém do lugar em que irei.

Me sento e começo a fazer meu desjejum, só esperava que Arie não demorasse tanto para se aprontar, em poucos minutos nossos cavalos já estarão selados e eu queria ir o quanto antes, a ida será longa.

Neste momento Thor entra no salão cumprimentando todas as criadas e se dirige em minha direção.

— Irmão, bom dia, não esperava te encontrar fazendo o dejejum agora. — ele colocou seu martelo sobre a mesa e se sentou ao meu lado, dando dois tapinhas em minhas costas, quase que consequentemente derramando o suco que continha em meu copo.

— Bom dia, irmão. — respondi desgostoso com aquele seu gesto, teria ficado contente com apenas um simples cumprimento.

—... Por que acordou tão cedo? ... Não é de seu costume. — perguntou começando a se servir de tudo um pouco que tinha na mesa, meu irmão, sempre muito fino.

— Por que irei sair e não quero chegar muito tarde em meu destino.

— Ah... Eu irei treinar com Lady Sif e pretendo levar Arie comigo... Quero começar a treinar minha sobrinha, ela pode se tornar uma ótima guerreira, ainda mais com meus ensinamentos. — falou sorrindo.

— Creio que terá que adiar, irmão, Arie irá comigo. — respondo e sou pego desprevenido quando ele bate mais uma vez em minhas costas só que dessa vez mais forte do que antes, fazendo meu corpo ir para frente, respingando assim um pouco de suco em meu prato. — Por que fez isso? — perguntei sem entender.

— Vai levar sua filha para sair, fico feliz em ver que vocês estão começando a se entender... Sabia que sua carranca não iria durar por muito tempo.

Olhei para ele e fiz uma cara de desaprovação.

— Menos, irmão, só estou levando-a por que não para de correr atrás de mim e se me seguir e acabar por acontecendo algo ruim, nossa mãe falaria um monte.

— Não precisa mentir para mim, Loki.

Antes que eu pudesse negar — afinal, não iria admitir — Arie entra no salão já pronta para sair, viro o rosto para trás e a acompanho com o olhar, ela parecia bem animada. Se aproximando de nós, Thor abaixa um pouco o corpo para que ela pudesse dar um beijo de bom dia em sua bochecha e então se vira para mim, esperando que me abaixasse um pouco para poder me beijar também, olho de canto para meu irmão que esperava por minha reação.

— Senta para comer logo, quero sair o quanto antes. — falei ao dar leves tapinhas no topo de sua cabeça em uma espécie de cumprimento desajeitado, parecia meu irmão agora.

 

 

Olho para o penhasco que se encontrava a um passo de onde estava, lá embaixo corria um rio o qual se alongava por toda Asgard, era enorme, largo e cheio de vida, atrás de mim se encontrava uma clareira cercada por árvores, amava aquele lugar desde criança, gostava de vir aqui para poder ficar sozinho e praticar magia, era longe do palácio e de qualquer barulho que Thor poderia fazer, bem pacificador.

Em um movimento de mão faço toda sujeira sair de algumas pedras que tinha ali e me sento, ficando com as pernas cruzadas e as costas ereta, fecho os olhos e respiro profundamente, aquilo me fazia sorrir de modo tranquilo, sentia que nesse lugar não precisava me preocupar com nada e nem fingir ser alguém para conseguir algo ou a aprovação de alguém.

Poderia ficar naquela mesma posição durante horas, mas bastou ouvir o som da voz de Arie que sou puxado novamente para o mundo real, abro apenas um dos olhos e viro-me para ela o qual se sentou ao meu lado, imitando minha posição.

— O que está fazendo, pai? — perguntou curiosa como sempre. — Na verdade, o que vamos fazer aqui?

— Pretendo passar meus conhecimentos de magia para você assim como minha mãe fez comigo.

— Ah! — exclamou sorrindo animada, ela olha para frente e fecha os olhos também, respirando profundamente assim como eu tinha feito, mas podia ver em sua expressão que ela não estava relaxando, sua natureza era inquieta e isso se assemelhava mais com Thor do que a mim. —... E que tipo de magia é essa que está me ensinando agora?

— Ainda não começamos, isso é só meditação. — respondo obvio, me levanto e vou até os cavalos o qual estavam pastando no final da clareira, presos pelas rédeas em duas árvores, pego um pequeno livro de magia e volto até ela. — Minha mãe me presenteou quando tinha sua idade, creio que é uma boa oportunidade para passa-lo para frente.

Ela se levantou e pegou rapidamente o livro de minhas mãos, vejo folheando as páginas amareladas enquanto lia alguns títulos, parando em um feitiço em especifico parecendo estar bem interessada, o que me fez sorrir de canto, aquele mesmo feitiço eu havia utilizado para realizar minha primeira trapaça contra meu irmão.

Lembrava como se tivesse sido ontem, foi muito gratificante, ainda mais pelo estado que ele tinha ficado, creio que foi uma das poucas vezes em que Thor sentiu inveja de mim, pois ao contrário dele eu tinha puxado o dom para magia de nossa mãe.

— O senhor realmente acha que eu posso aprender magia? — perguntou com um brilho no olhar. — Acredita que sou capaz?

— Frigga sabe, eu sei, então existe sim uma grande chance de conseguir, só precisa se esforçar.

Arie sorriu e sem que estivesse esperando, ela me abraça fortemente e esse era outro ponto o qual a diferenciava de mim, sentimentalismo... Nesse aspecto podia muito bem ver Carmélia nela e isso era algo engraçado, depois da noite em que passamos juntos nunca mais a vi ou pensei nela, mas depois que Arie apareceu quase tudo que fizesse me lembrava sua mãe, ainda me perguntava o porquê de nunca ter me procurado, sou filho de Odin, príncipe de Asgard, a gravidez poderia ter lhe rendido vários benefícios.

— Está bem, pode me soltar agora. — falei a segurando pelos braços e afastando de mim, dou alguns passos para trás, ficando ainda de frente para ela. — Vamos começar por algo mais simples, deve conseguir em poucas tentativas.

Primeiramente realizo lentamente os gestos para que ela pudesse replicar em seguida, como era simples, não tinha muitos segredos ou dicas que poderia lhe dar além de se concentrar e ter paciência.

 

 

O feitiço era de fato algo bem simples de realizar, ao meu ver iria carecer de pouco tempo, mas estava enganado, precisava de mais tentativas do que eu imaginava, pois mesmo que fosse praticamente criar pequenas chamas de energia o qual em uma luta poderia disparar contra seu oponente, depois de tantas vezes ela mal conseguia formar uma pequena esfera insignificante, era frustrante pra mim, mas ainda mais frustrante para ela.

Tinha estendido uma toalha no chão e colocado nosso almoço, cansado de chama-la para comer acabei por resolver comer sozinho mesmo, essa garotinha de fato não desistia nunca e eu não duvidava de seu possível sucesso na magia, afinal, é meu sangue que corria em suas veias.

Faltava pouco tempo para anoitecer quando Arie finalmente parou um pouco para descansar, seus lançamentos de energia havia melhorado praticamente nada e eu não conseguia entender o porquê, tinha dado todas as dicas que me lembrei, mas isso não a levou muito longe, não sei se aquelas tentativas incessantes era de alguma valia já que depois das cinco horas da tarde seu desempenho caiu ainda mais, porém logo depois disso creio que o cansaço e a fome gritou mais alto, se deitando na grama mesmo, pegando um dos pãezinhos e começando a comer.

Jogo no chão o que eu tinha conseguido de lenha na floresta e me abaixo para poder começar a montar a fogueira, era tarde de mais para voltar e pelo estado que ela se encontrava, não duvidava nada da chance dela cair do cavalo ao cochilar.

Não demora muito e já estava acesa, aproveito pra colocar alguns troncos para então sentarmos em volta e assim nos mantermos aquecidos, olho para Arie e vejo que estava perdida em seus próprios pensamentos enquanto olhava para o céu já estrelado, o pão se encontrava sobre sua barriga, faltando apenas alguns pedaços e aquilo me deixou surpreso, já tinha reparado nas refeições que ela comia tão bem quanto qualquer criança em fase de crescimento.

Reparando nela melhor, vejo que segurava em uma de suas mãos um colar tendo uma pedra verde e pequena como pingente, nunca tinha visto-o antes e era algo muito bonito e delicado para uma criança, talvez pertencesse a sua mãe e então percebo o que era que estava acontecendo, estava sentindo sua falta.

Não conseguia imaginar como era sentir a dor de perder alguém dessa forma, tão precocemente, e deve ser ainda pior para uma garotinha tão sentimental e apegada as pessoas como ela era.

— Arie, pega o que restou de nosso suprimento e se junte a mim. — chamo-a, quebrando aquele silêncio que havia sido instalado, ela olha para mim e faz o que havia pedido.

Coloco alguns pedaços de carne que tinha trazido para esquentar e divido uma maçã entre nós dois, a mesma aceitou e comeu sem demonstrar muito interesse, e está certo, creio que este era um dos momentos o qual deveria fazer o papel de pai e ir perguntar o que tanto a afligia, só que eu não fazia a mínima ideia de como fazer aquilo, tento me lembrar de meu próprio pai, mas nada vinha à mente.

— Então... — começo a falar só que minha voz tinha saído bem mais baixa do que esperava, nem sabia se tinha conseguido despertar Arie de seus pensamentos. — ... Não fique assim, foi só o primeiro dia de treino, ainda acredito que possa ser uma ótima feiticeira. — sabia que era bem provável que esse não fosse o motivo principal de sua tristeza, mas não me sentia confortável em falar de Carmélia.
Ela olha para a mão e segura mais firme o colar, trazendo para mais perto de si.

— ... O senhor acha mesmo? — creio que também não queria tocar no nome de sua mãe.

— Claro que sim! — o otimismo não fazia parte de minha natureza, mas não falava uma inteira mentira, acreditava em parte naquilo, não iria esperar menos de alguém que é minha filha.

— Mas eu treinei durante o dia inteiro e passei longe de fazer igual ao que o senhor me mostrou.

— Bem... Tenho mais de mil anos e comecei com a magia quando tinha sua idade, o que me proporcionou centenas de anos de experiência, então não se desespere por não ter conseguido no seu primeiro dia.

Posso não ser bom com palavras de conforto, mas acreditei que o que eu tinha dito era no mínimo aceitável, porém sua reação foi totalmente adversa, seus olhos se encheram de lágrimas e um semblante totalmente triste se apossou de sua face.

— O que foi? — perguntei sem entender mais nada. — Falei algo que não lhe agradou?

— Não, papai. — sua voz estava embargada pela amargura. — Só não quero... Bem... — suspirou hesitando por um momento. — Não quero te decepcionar assim como decepcionei minha mãe. — agora não conseguia segurar suas lágrimas e começou a chorar em minha frente, me deixando ainda mais sem reação.

—... A.arie, como você poderia ter decepcionado sua mãe?... Não fala assim, aposto que sua mãe se orgulhava e muito de você.

— Não, pai! — nega enquanto balançava a cabeça negativamente, algo me dizia que ela carregava uma grande culpa, mas o que uma garotinha de cinco anos poderia ter feito de tão grave contra sua própria mãe?!

— Como não, Arie? — perguntei e ela continuou a balançar a cabeça, sem querer responder ou olhar para mim. — Arie, me responde. — poderia até arriscar em dizer que eu havia ficado preocupado.

Ela manteve o silêncio por alguns instantes e naquele momento Arie pareceu deixar de ser uma garotinha para se tornar uma adulta com segredos e um grande peso nas costas.

— ... M.mamãe morreu por minha culpa...


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?!... Comentem, iria amar saber a opinião de vocês, até o capítulo 3.
Bjs



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