Mr. Clichê escrita por BCarolAS


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eu me empolguei e o capitulo ficou gigantesco. Sorry.



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Darcy estava na delegacia, aquela tarde, pensando em Elisabeta. Ele encarava a tela do computador, seus relatórios prontos para serem enviados para a capital. Nada demais estava acontecendo no Vale. Januário e Virgílio jogavam uma partida de buraco. E Darcy estava ali, pensando na noite anterior e em como foi um otário. Elisabeta provavelmente não iria querer mais nada com ele e quem poderia culpá-la? Restava apenas tentar explicar e torcer para não perder a amizade. Ele olhou seu celular. Tinha mandado mensagem para Charlotte perguntando se ela viria no feriado. Ela respondeu.

 

“Vou tentar. Quero conhecer sua namorada e seu enteado.”

 

“Também quero conhecê-los. “— Ele respondeu.

 

“Nada entre você e a Elisabeta, ainda?”

 

“Somos amigos.” Ele respondeu. Eu espero. Ele pensou.

 

“Alguma outra moça, então? Alguém interessante com que esteja saindo que acha que possa ir para frente?”

 

“Terminei com Ema. Então oficialmente, não estou saindo com ninguém.”

 

“Eu fico preocupada, meu irmão. Como eu posso ir para Inglaterra se eu não tiver certeza que  você está, bem, feliz e amado?”

 

“Eu estou bem, feliz e amado.”

 

“Não, não está. Eu vou para casa na semana do saco cheio. Vou te arrumar uma namorada.”

 

Darcy fez uma careta e enviou uma imagem de um gato dando dedo. Charlotte respondeu com um gif de um gatinho lambendo o outro. Ele riu. Sua irmã estava obcecada em lhe arrumar alguém. Estava começando a se arrepender de insistir em ela vir para casa.

Ele resolveu sair mais cedo. Subiu na Harley e deu partida, lembrava que Elisabeta gostava de vinho, mas não sabia exatamente qual. Mas quando ele passou em frente a escola de inglês viu um menino que parecia Thomas sentado na calçada, sozinho. Ele voltou com a moto.

— Você está matando aula, rapaz?

— Oi Darcy! Estou o que?

— Matando aula. - Darcy riu. Ele era pequeno demais para aquilo. - Você não deveria estar na aula?

— A tia acabou a aula já. Estou esperando minha mãe. - Darcy olhou no relógio. Ainda faltava mais de meia hora para Elisa sair do trabalho. Ele lembrou que tinha o capacete extra na delegacia.

— Espera aqui. Eu já volto. Não vá embora com ninguém, está bem? - Ele correu na delegacia, pegou o capacete extra. Ficaria grande no Tom, mas era melhor que nada. Ele devia comprar um capacete para ele. Ele voltou em menos de dez minutos, ele estava em pé, ansioso. - Lembra que você queria dar uma volta?

— Sério? Jura? - Ele começou a  pular. Darcy saiu da moto, e pôs o capacete nele. ficou grande.

— Antes vamos falar com sua mãe, está bem? - Darcy tirou uma foto do tom de capacete com ele, e mandou para Elisa.

“Olha quem eu encontrei. A aula acabou mais cedo. Vou levá-lo para casa, tudo bem?”

— Agora você vai pedir sua mãe para deixar eu te levar para casa. - Então Darcy começou a  gravar um vídeo.

— Deixa mamãe, por favor. Olha, eu to de capacete. Meu dente está mole! - Thomas terminou o vídeo com a frase aleatória e Darcy riu. As últimas semanas com Tom e Joaquim estavam o fazendo cogitar ter filhos. Então seu telefone tocou.

— Oi Elisa.

— Onde ele estava?

— Na porta da escola, esperando você.

— Eu ainda vou demorar aqui, a cozinha está um caos por hoje. - Ela pareceu pensar. - Você me promete que vai andar a 40 quilômetros por hora?

— Ando a trinta.

— Está bem. - Ela suspirou. - Obrigada. Você pode passar um olho nele, também? A cada trinta minutos? Só garantir que ele está vivo? Eu sei que estou abusando, mas a Lud realmente precisa de ajuda hoje…

— Elisa, fica tranquila. Eu e o Tom vamos nos divertir essa tarde, não vamos?

— Aham!  - Thomas gritou.

— Está bem. Nós nos veremos hoje? - Ela perguntou. Ele percebeu a excitação na voz dela.

— Claro. Eu lhe devo explicações. E um pedido de desculpas.

— Não sei quanto a desculpas, mas explicações seria ótimo. - Ele conseguia ouvir o sorriso na voz dela.

— Nos vemos mais tarde, então.

— Ok. E mais uma vez, obrigada.

— Não tem de que. Tchau vizinha.

— Tchau Clichê.

Darcy sorriu. Fazia tempo que ela não o chamava assim. Então ele se virou para o Tom.

— Thomas, eu preciso me desculpar com sua mãe.

— Por quê?

— Porque eu fui meio otário ontem.

— Por quê?

— Bom… digamos que ela me chamou para brincar, e eu disse que ia, mas não fui.

— Por quê? - Darcy coçou a cabeça. Crianças fazem umas perguntas.

— Ah… eu fui bobo. E então, o que eu faço? Para me desculpar com sua mãe?

— Não sei. Um desenho? - Ele sugeriu. Darcy sorriu. tinha pensado em flores.

— Você sabe qual é a flor favorita da sua mãe?

— Não.

— O chocolate favorito?

— Todos. - Darcy riu. E então teve uma ideia.

— E a comida?

— Ah isso eu sei! Sushi! - Darcy fez uma careta.

— A segunda favorita?

— Acho que lasanha. Ela ama lasanha.

— Claro. Ela não podia amar misto quente?

— Ela gosta de misto quente. - Ele deu de ombros. - Quando a gente vai?

— Daqui a pouco. Antes eu vou olhar uma coisa aqui na internet. - Ele abriu o google e procurou receitas de lasanha. Achou uma de bolonhesa. - Essa parece fazível. O que você acha em me ajudar cozinhar para sua mãe hoje?

— Nós dois?

— É. Vai ser divertido. Você topa?

— Claro!

Gostava do Thomas. Jamais admitiria, mas gostava mais dele do que de Joaquim, que era seu afilhado. Joaquim aprecia demais com os pais. E ele tinha os principais defeitos dos dois: era cauteloso demais, como o Januário. E crítico demais, como a Ludmilla. As vezes ele parecia um senhor de 40 anos de idade. Thomas não. Ele sempre dizia sim. A vida era uma aventura para ele. E ajudava o fato de que ele idolatrava o Darcy. É fácil gostar de quem te adora. Então ele montou Thomas na moto e fez o menino se agarrar a ele, e ele partiu, devagar. Ele conseguia escutar as risadas de Thomas. Quando eles pararam no supermercado, Thomas tinha um sorriso de orelha a orelha.

— Você gostou?

— Eu amei! Quando eu crescer eu quero ter uma moto igual a sua! E ser delegado igual a você! Eu pedi minha mãe uma jaqueta igual a sua. Mas ela disse para eu escolher entre ela e a bicicleta.- Ele suspirou. - Eu quero uma bicicleta. - Darcy sorriu.

— Depois a gente vê isso. Vamos pegar as coisas para a lasanha?

Eles encheram o carrinho. Thomas convenceu Darcy de que ele deveria levar M&M para eles lancharem.

Ele chegou em casa e tirou os ingredientes. Thomas subiu na cadeira.

— Precisamos fazer o molho. Parece simples. Macarrão, molho, queijo. - Thomas concordou com a cabeça. - Está bem. Eu vou fazer o molho. Você rala o queijo.

— Eu não sei ralar o queijo. - Thomas sorriu. Darcy pegou um ralador e uma vasilha e entregou a ele.

— Você pega o pedaço de queijo e passa aqui. Com cuidado.

— Parece fácil.

— Ótimo.

Então Darcy pôs uma música e ele começou a cozinhar. Não era muito bom naquilo, mas não parecia difícil. Quão difícil poderia ser cozinhar carne moída no molho de tomate? Ele e Thomas comeram M&M’s, escutaram música, conversaram. Thomas cansou na metade e foi brincar com o Rony, então Darcy montou a lasanha. Parecia bonita. Ele estava feliz. Foi até o quintal, onde Thomas jogava a bolinha para o cão pegar.

— Você acha que deveríamos fazer uma salada?

— Não. - O menino foi categórico.

— É, você tem razão. - Então ele pôs a lasanha no fogo. - Eu vou na sua casa, pegar uma roupa limpa para você,e o senhor pode ir para o banho. Depois vamos montar uma mesa bem bonita para sua mãe, está bem?

— Está bem. - Ele concordou com a  cabeça. Darcy pensou que era bom naquilo. talvez desse um bom pai.

Ele foi até a casa de Elisabeta. Sabia onde ela deixava a chave reserva: na horta, perto das beterrabas. Só precisava esticar a mão. Entrou, foi até o quarto de Thomas. Agora era a verde, tinha posters de super-herói a parede. Ele ia comprar um quadro de uma Harley para o menino. Escolheu uma camisa de botão azul, num tom muito parecido com uma que ele tinha. Era golpe baixo usar o menino? Era. Mas ele ia usar todas as armas que tinha. Teve a ideia de deixar uma folha no portão de ferro. “ O jantar será servido ao lado.” Ele voltou para casa, ajudou Thomas a se vestir e até deixou o menino usar sua loção pós-barba. Ele ficou muito contente. Darcy também se arrumou e desceu, e ele o Thomas montaram uma mesa bonita, com velas e esperaram Elisabeta aparecer.

Elisabeta chegou quase sete horas. Thomas e Darcy estavam jogando videogame, então ele pausou e respirou fundo. Foi até a porta e ela estava lá. Parecia cansada, usava o mesmo jeans e a camiseta de flanela xadrez. Mas ela sorriu quando o viu.

— O que foi aquele cartaz? Onde está o Thomas?

— Por favor, entre. - Elisabeta parecia curiosa, mas entrou mesmo assim.

— Oi mamãe. - Thomas sorriu. Darcy foi até ele.

— Olha só para vocês. - Elisabeta sorriu de um jeito que Darcy nunca viu. Por um momento achou que ela ia chorar.

— Nós fizemos o jantar. - Thomas disse.

— Nós? - Elisabeta olhou para os dois.

— Aham Ele concordou. Lasanha. O Darcy disse que queria se desculpar por não ter ido brincar com você ontem. Por que vocês não me chamaram para brincar? - Elisabeta inclinou a cabeça. Parecia não encontrar o que dizer.

— Era um tipo muito chato de brincadeira. - Darcy tentou não rir. - Coisa de adulto.

— Vamos comer? Eu estou morto de fome. - Thomas foi até a cozinha.

— Darcy… Não precisava. Sério.- Ela coçou a cabeça, como que procurava o que dizer. - Eu entendi que você não estava afim. Não é o fim do mundo.

— Não! Não foi isso.- Darcy coçou a cabeça. Havia sido um misto de coisas. Ele questionou o porquê dela estar fazendo aquilo. Ela queria seduzi-lo? O que ela pretendia com aquilo? E a história do “porque agora eu quero”... - Eu tive uma namorada. Laura. Ela foi o meu primeiro amor. Mas ela adorava esses joguinhos. Ela gostava de mim. E de outro cara. E ela sempre dizia coisas assim. Não é uma boa desculpa, eu sei. Eu agir por reflexo, não passou pela minha cabeça que eu estava sendo babaca até hoje, quando eu acordei e me toquei…

— Ei, vocês não vem? Eu to com fome. - Thomas gritou de lá.

— Melhor irmos. Ele fica de péssimo humor com fome. - Elisa sorriu. - Nós continuamos depois que ele comer.

Os dois foram para sala de jantar em silêncio. Darcy tinha uma mesa pequena, de quatro lugares. Tinha colocado a única toalha decente e duas velas. Ele viu que Elisabeta amoleceu.

— Vocês dois fizeram um excelente trabalho.

— Você desculpou o Darcy, mamãe? - Thomas perguntou.

— Estou pensando nisso. - Ela disse olhando para ele.

— Desculpa o Darcy mamãe. Ele brinca com você hoje. - Elisabeta gargalhou.

— Hoje estou cansada demais para brincar.

— Amanhã? Vocês brincam amanhã, né Darcy? - Thomas insistiu.

— Quando e onde sua mãe quiser. - Elisabeta lhe lançou aquele sorriso de gato, que era novo entre eles, mas ele estava começando a adorar. Significava que ela estava ali, e estava brincando. Ele gostava dessa faceta dela. Era incrível como ela parecia sempre ter novas facetas. Havia sempre um novo lado dela para ele descobrir. - Agora, vamos comer, não é?

Darcy foi até a cozinha e tirou a lasanha do forno. Estava bonita. Ele levou até a mesa.

— Uau! - Elisabeta sorriu. - Está com uma cara ótima. Estou começando a achar que você estava de papo furado para o meu lado quando disse que não cozinhava.

Darcy cortou três pedaços e os serviu. Os três deram garfadas ao mesmo tempo. Estava terrível. O macarrão estava duro, o molho tinha gosto de podre e carne moída estava salgada demais. Thomas cuspiu de volta no prato.

— Credo. Eu acho que você realmente não sabe cozinhar, Darcy. Está horrível.

— Thomas! Não diga isso. - Elisabeta repreendeu.  Ele viu que ela ainda mastigava a comida.

— Ele está certo, Elisa. Me desculpe. E você pode cuspir isso, não quero causar uma intoxicação alimentar. - Elisabeta engoliu a lasanha e tomou um gole de vinho.

— O que vamos jantar? Estou com fome. - Thomas reclamou.

— O que vocês acham de pedir pizza? -

Elisabeta sugeriu e eles acabaram pedindo duas pizzas grandes. Darcy estava deveras chateado. A lasanha tinha ficado tão bonita.

— No que você está pensando? - Elisabeta foi até ele, que jogava a lasanha atômica fora.

— No que foi que eu fiz de errado. - Ela sorriu e acariciou o seu ombro.

— O que vale é a intenção. E ninguém nunca me preparou uma lasanha. Ou nada do gênero. Então considere-se perdoado. - Ele sorriu para ela.

— Eu ainda tenho alguma chance de ser convidado para brincar?

— Bom, depois que você me contar sobre todos os podres do seu relacionamento adolescente, eu tiver comido três fatias de pizza e tomado aquele vinho, eu vou considerar os fatos.

Uma hora depois, Eles estavam sentados no sofá. Thomas brincava com Rony, deitado no chão. Ele e Elisabeta estavam no fim da garrafa, e ele já havia dito sobre a Laura, e o triângulo amoroso, e o fim doloroso quando ele foi para a capital estudar direito.

— Então ela foi o grande amor de sua vida? - Elisa bebericava o vinho. Suas bochechas já estavam rosadas.

— Não. Ela foi o meu primeiro amor. Eu me recuso que ela tenha sido o auge.

— E sua esposa?

— Ex-esposa. - Ele corrigiu. Darcy acabou com aquela taça. Estava indo para a quarta. Começava a se sentir mais risonho e desinibido.

— Suzana. A Lud parece adorar ela. - Elisabeta sorriu.

— Ah, sim, elas se amaram assim que se viram. - Ele disse irônico. - Ah, Suze foi uma grande e louca paixão. Misturada com um período muito confuso de minha vida. Mas se eu a amei? Acho que não.

— Mais ninguém?

— Teve a Lud. - Elisabeta gargalhou.

— Desculpa, não consigo conceber. É incestuoso.

— Nós achávamos, antes dela ter encontrado o Januário, que acabaríamos juntos, porque somos os únicos capazes de nos aturar. - Elisabeta balançava a cabeça, parecendo incapaz de aceitar. - E você? Quais foram os grandes amores da sua vida?

— Bom, quando eu estava na escola, teve o Marcos. Depois o João. E depois o Arthur. No início da faculdade, eu sai com alguns rapazes. Mas eu me apaixonava e desapaixonava com a mesma velocidade.

— E aí teve o pai do Thomas. Você nunca me disse o nome dele.

— Ah, o Sal.- Ela fez uma careta. - Desculpe. Não gosto de falar nisso.

— Eu entendo. Você deve tê-lo amado muito. E perder assim… - Ele estava jogando verde. Nunca vira ela tão aberta daquela forma. Sal era diminutivo de que? Saulo?

— Não, eu nunca o amei. Ele era uma escolha segura. - Ela disse, terminando o vinho. Depois ela foi encher a garrafa, mas estava vazia. - Você tem mais? - Ele concordou e foi até a geladeira. Voltou com a segunda garrafa.

— Então nenhuma grande paixão para Elisabeta Silva? - Elisa fez uma careta ao escutar o nome dela.

— Várias pequenas paixões. - Ele encheu a taça dela.-  Mas nós estamos enrolando. - Ela falou por fim.

— Sim. Não falamos sobre nós.

— Não existe um nós. - Ela provocou.

— Claro que existe. Eu e você somos amigos. Somos vizinhos.

— Somos. - Ela concordou rindo. Ele já estava ficando embriagado. Ele se aproximou dela no sofá, e pôs os cabelos dela atrás da orelha. Ela sorriu.

— Eu gosto de você, Elisabeta.

— E eu de você Darcy.

— Então podemos concordar que isso aqui é inevitável? - Ele apontou para os dois.

— Sim. - E então ela exitou.

— Mas?

— Mas eu quero que você saiba que eu não estou disponível para mais que isso.

— Isso o que? - Ele queria ouvir ela dizer. E achou divertido quando ela ficou um pouco mais corada.

— Amigos que ocasionalmente transam. - Ele ponderou.

— Nós temos um problema, então. - Ela levantou a sobrancelha.

— Não vá me dizer que você já me comprou alianças? - Ela riu, do jeito que Darcy adorava.

— Não. Mas eu não estou evitando nada, sabe? Eu não estou a procura de um grande amor, mas não quero fugir dele. E em relacionamentos assim, é quase impossível.

— Impossível o que? - Ele conseguia ver que ela estava levemente bêbada.

— Impossível uma das partes não se envolver. Nós convivemos diariamente. Temos amigos em comum. Moramos a 5 metros um do outro.

— Gostamos um do outro. - Ela concordou. E então suspirou. - Então acho que será coisa de uma única vez, não é? Porque é inevitável.

— É inevitável. - Ele concordou.

— Então só nos resta tornar inesquecível. - E deu um sorriso de gato para ele. Darcy sentiu um sorriso de lado se formando. Ele se apoiou no sofá.

— Eu costumo ser.

— Você realmente se acha irresistível, não é Clichê? - Ela gargalhou e ele deu de ombro. Então ele viu ela formar aquele sorriso de novo.

— No que você está pensando?

— Poderíamos deixar isso ainda melhor.

— Eu sou uma pessoa aberta. - Ele se inclinou.

— E se nós fizéssemos uma aposta?

— Uma aposta?

— Você se acha irresistível. E eu acho que eu tenho lá meu charme. - Ele sorriu, lembrando da vista da janela.- Vamos ver quem sucumbi primeiro. Quem implorar primeiro, perde.- Darcy sorriu. Aquele era o tipo de jogo que ele gostava.

— E o que você ganharia com isso?

— Humm.. - Ela pensou. - Sua Harley. Por um mês. - Ele arqueou as sobrancelhas.

— Você sabe pilotar?

— Não. Mas seria um prazer vê-lo sem ela. Só a estacionaria na minha porta. - Darcy riu. - E você? O que quer de mim? - Ela se inclinou para ele. Darcy estava tendo algumas ideias e então teve um surto de lucidez.

— Você vai precisar me responder uma coisa muito pessoal. - Ele sorriu. - Sem mentir. Sem esquivar.

— Uhh. - Ela sorriu. - Você não saberia se eu mentisse.

— Eu tenho um polígrafo. - Ele sorriu.

— Então temos um acordo? - Ela estendeu a mão. Ele a segurou, mas ao invés de apertar, acariciou e beijou seu pulso.

— Valendo?

— Não! - Ela riu. - Thomas está bem ali. A partir de amanhã. - Ele concordou. - Agora eu vou para casa. - Ela chamou por Thomas. Ele e Darcy se despediram e ela mandou o filho ir na frente. Então ela ficou na ponta dos pés e deu um beijo no canto da boca dele. - Tchau Clichê.

Darcy ficou parado na porta, observando os dois irem para casa. Ele achava aquela ideia boba, juvenil e uma verdadeira receita para o desastre. Mas ele também não se lembrava de estar tão animado. Precisava ganhar. Iria ganhar.

Nos dias seguintes, eles passaram a se provocar com frequência. Darcy havia praticamente se mudado para o quarto de Charlotte, mesmo seu colchão já estando devidamente limpo. Ele se exercitava lá. Elisabeta também usava do advento da janela. Naquela noite, ele havia feito a barba, porque Joaquim estava reclamando que o arranhava quando Darcy brincava com ele. Ele estava parado lá, pensando em levar algumas roupas para a cômoda da Charllie, porque era chato ele ficar indo de um quarto para o outro quando seu telefone vibrou.

 

“Booo. Gostaria de reclamar dessa tarja preta. Meu programa não tinha censura.” - Darcy demorou alguns segundo para entender: Ele estava de cueca. Ele riu.

 

“Estou mantendo um pouco do mistério. Prendendo o seu interesse.”

 

“Meu bem, eu já estou interessada” - Ele riu e olhou para a janela. Ela havia posto uma poltrona encostada na mesma, e estava sentada, olhando para ele. Ele gargalhou e ela acenou.

 

“Nós podemos resolver isso logo. Você sabe o que dizer. Duas palavrinhas.” - Ele pegou o pijama para vestir.

 

“Poderia não vestir a blusa. É o mínimo que eu mereço. Por que tirou a barba?”

 

“Joca estava reclamando. Se eu eu ficar sem blusa vou acordar resfriado. Está frio.”

 

“Se você acordar resfriado eu vou cuidar de você. Preciso que convença o Thomas a cortar o cabelo. Ele não quer por sua causa.”

 

“Posso levá-lo. Também preciso cortar o cabelo. Você está dizendo que quer ser minha enfermeira?” - Ele puxou a cadeira da escrivaninha da Charlotte e também encostou na janela. Mas não vestiu a blusa.

 

“Enfermeira, médica… O que você preferir.” - Ele levantou a  sobrancelha e ela sorriu de lá.

 

“Estou pensando. E você? Qual a sua fantasia?” - Mas antes que ela respondesse, ele viu o Thomas entrando no quarto e subindo no colo dela. Ele observou que ela deixou o celular de lado e ficou conversando com o filho. Ele sorriu. Ele gostava de Elisabeta. Gostava de Tom. Gostava da companhia dos dois. Desejou estar com eles naquele quarto, quando ela pegou o filho no colo e foi em direção da cama com ele. Darcy saiu da janela, vestiu sua camisa e mandou uma mensagem para ela.

 

“Boa noite, Elisa. Dê um beijo no Tom por mim. Sonhe comigo.” - Darcy desceu, fez exercícios, brincou com seu cão, viu um filme. Não mexeu no seu celular até o dia seguinte. Quando acordou, tinha uma fota dela e do Thomas na cama, fazendo caretas. “Boa noite Darcy, sonhe com  a gente.” Ele sorriu. Gostou tanto daquela foto que salvou. Era engraçado que tinha apenas uns seis meses que os dois haviam se mudado para o Vale, e eles já eram pessoas tão importante para ele...

Quando ele foi buscar o seu café, Elisabeta tinha os cabelos presos em duas tranças de boxeadores. Ela parecia tão nova. E quando ela viu Darcy, ele viu o rosto dela mudar. Ela abriu um sorriso tão grande e brilhante que ele também sorriu de volta.

— Você sorri assim para todos os caras que entram aqui?

— Claro. Tratamento igual a todos os clientes. - Ela foi buscar o pedido de Darcy. Já tinha separado. Entregou o café e enquanto fez isso, ela acariciou de leve os dedos dele. Ele reparou que ao lado “Mr. Clichê” tinha um coração. E uma bunda desenhada. Ele riu.

— Achei que o coração tinha ficado romântico demais. - Ela mordeu a língua.

— Essa regra é sua. - Ele deu de ombros.

— Mas você poderia ter entendido errado. Não quero que você fique todo apaixonadinho, e eu entendo que já é difícil não se apaixonar por mim normalmente, imagine se eu mandar uns sinais estranhos. - Ela se debruçou sobre o balcão. - Você fica diferente sem barba.

— Ruim? - Ele também se aproximou. Tocou uma trança dela.

— Não. A maioria dos homens fica estranho sem barba. Minha irmã costumava dizer que a barba é a maquiagem masculina. Mas você foi agraciado por Deus. - Ele gargalhou. Ela encostou o polegar na bochecha dele. E deslizou com calma. - Você só parece mais novo. Com esse cabelo,e  sem barba…. Parece um adolescente rebelde. - Ela parou o dedão nos lábios dele e sorriu. Darcy precisou respirar fundo. Estavam em público. Não se lembrava da última vez que um carinho tão sútil havia sido tão erótico. Se ele continuasse daquela forma, não daria uma semana para estar na porta dela com as chaves da Harley.

— Ei vocês dois! Isso aqui é um estabelecimento de respeito. - Ludmilla surgiu da cozinha, com uma saia comprida hippie e uma faixa grossa na cabeça. - Sabe, você poderiam só transar de uma vez, essa tensão sexual está acabando comigo. Apesar de que o Januário está escrevendo uma carta de agradecimento.

— Ele poderia me agradecer pegando o turno da noite hoje? - Darcy fez uma careta, era vez dele.

— Não. Nem pensar. - Ludmilla respondeu. - Mas sexta vai ser noite de palco aberto no Olegário. E você pegando essa noite, Virgilio vai estar lá na sexta. E nós quatro podemos ir. - Ela se virou para Elisa. - Você está me enrolando a séculos. É o melhor evento do mês.

— E eu prometi que vou dessa vez. Só preciso encontrar uma babá noturna para o Thomas. Talvez a Manu esteja desesperada por uns trocado?

— Besteira. Despacha o Tom junto com o Joca para casa da avó. A gente pega os dois só no sábado.

— Não seria trabalho demais? - Elisabeta pareceu preocupada. Darcy achava meigo como ela era desacostumado com o jeito do Vale, onde todos cuidavam um do outro, e sempre acreditava que estava abusando.

— Que nada. No máximo, vai aumentar a pressão da minha mãe para eu ter outro filho. Aliás, a mamãe está doida para lhe conhecer.

— Dona Tatá é uma figura. Você irá adorá-la. - Darcy sorriu. Ela sorriu de volta.

— Está bem.

— Deus do céu, eu cedo meu escritório para vocês dois. - Darcy saiu do café rindo.

Naquele dia ele trocou mensagens a tarde inteira com ela. Provocações, coisas que um gostaria de fazer com o outro, barbeiro para ele e o Tom cortarem os cabelos, o livro que Elisabeta estava lendo, a série de tv que ele estava assistindo… Era engraçado, que agora que havia a tensão sexual, as conversas entre os dois ficavam mais profundas. Eles discutiram filosofia, sociedade… Ela pegou no sono e ele estava de plantão sozinho na delegacia, pensando nos dois. Darcy havia mandado fotos dele. Ele se recusava aparecer todo nu na janela, e Elisabeta havia resolvido fazer greve também. Ele achou divertido e provocou ela dizendo que já tinha visto tudo que havia para ver e ela apagou as luzes. Ela só voltou a respondê-lo quando ele mandou uma foto levemente comprometedora a com a  legenda “não faz assim, você sabe que mexe comigo de qualquer forma. Foi assim que você me deixou só de tocar o meu rosto hoje. E estou assim de novo só de lembrar.

Darcy se aprontava para ir para o bar. Sua barba já havia começado a crescer, e estava com aquela aparência de suja, era como ele sempre fica poucos dias depois de se barbear. Pensou em fazê-la de novo, mas depois da mensagem da Elisabeta, sobre o sonho que teve com os dois achou melhor não. Afinal, hoje seria um dia que poderia encerrar aquela brincadeira, e ele estava disposto a reviver o sonho dela, a barba dele roçando pelas pernas dela… Ofereceu carona, mas ela ia deixar o Thomas na casa da Tatá, então ficaram de se encontrar no bar. O bar do Olegário era um dos estabelecimentos mais antigos do Vale. Originalmente, havia sido um bar, mas por muitos anos foi transformado em padaria, e quando Olegário herdou o negócio da família, resolveu voltar para o tema original. Então havia um grande balcão nos fundos, onde as bebidas eram pedidas, servidas. Muitas mesas, e agora havia televisões nos lados. No canto direito havia o palco. Era comum os artistas locais se apresentarem nos fins de semana. E claro, uma vez por mês, o Olegário fazia a noite do palco aberto, que era basicamente um karaokê. Começou com uma brincadeira dele, do Januário e do próprio Olegário, quando ficaram bêbados e cantaram várias músicas com a ajuda do Youtube. Acabou se tornando um sucesso e uma das noites mais cheias. Agora  noite no palco aberto era difundida entre os moradores, e havia cardápio especial, até. Ele chegou e pegou uma mesa no lado oposto do palco, e perto do bar. Era um dos melhores lugares, e onde ele, Ludmilla e Januário sempre sentavam. Olegário já reservava para eles. Estava lotado, o pessoal das fazendas sempre vinha, novas duplas sertanejas usavam o palco aberto como termômetro para pedirem para se apresentar em dias regulares. Ele esperou os seus amigos. Ludmilla e Januário chegaram e foram direto até ele.

— É impressão minha ou cada vez isso aqui fica mais lotado? - Januário se jogou na cadeira e Ludmilla foi até o bar.

— A Elisa não veio com vocês? - Ele ficou desapontado.

— Não. Ela ainda não tinha deixado o Tom quando passamos na Tatá. Achamos que ela viria com você. - Ele negou com a cabeça. E começou a  olhar para a porta.

Havia as moças de sempre. Algumas novas com as de sempre. Outras que Darcy reconhecia de Monte Alto. Ela sorriam e acenavam para ele, que as cumprimentava de volta. Mas hoje ele tinha outro interesse. E ele soube quando ela chegou, porque todo mundo soube. Elisabeta estava magnífica. Darcy se viu abaixando a caneca de chopp no momento que ela entrou. E conseguia ver as cabeças virando também. Em parte se dava porque ela estava arrumada demais. Ela ostentava um vestido vermelho, com bordados que pareciam finos, e um decote diferente. Ela também usava saltos altos e os cabelos arrumados de uma forma elegante. Era isso, Elisabeta estava elegante. Maravilhosa, sexy, e elegante. Ela chegou até a mesa e antes de se sentar, ela fez a aquela careta pela qual Darcy já considerava sua.

— Acho que exagerei. Todo mundo está olhando para mim, como se eu fosse um et.

— Você está linda. - Darcy parecia incapaz de dizer outra coisa.

— Darcy tem razão, Elisa. - Ludmilla respondeu. - É um estilo diferente do que o pessoal aqui está acostumado, mas você está espetacular.

— Não gosto de chamar atenção assim. - Ela esfregou os braços.

— Besteira. Você chamaria atenção de qualquer forma. - Ludmilla respondeu. - Porque você é um espetáculo de jeans, camiseta e avental. E olha só o Darcy, ele está de boca aberta faz uns dez minutos.

— Estou a beira de te entregar minha Harley. - Ele concordou por mim. Ela pareceu relaxar. - Serio, Elisa. Uau. - Ela sorriu para ele.

— Mas então...onde está a minha bebida?

E depois que ela bebeu algumas cervejas, já parecia não notar os olhares nela. Mas Darcy notou os efeitos dela. Para começar, outras pessoas se convidaram para sentar com eles, como Mariko e o marido, Jorge e Amelia. E então, quanto mais Elisa bebia, mais solta e sociável ela se tornava, e mais atenção as pessoas pareciam prestar nela. E então eles começaram um jogo. Volta e meia ela o tocava por baixo da mesa com o pé, ou penas deslizava o dedo por sua perna. Ele fazia o mesmo. E então uma moça o chamou para dançar e ele viu que ela olhou feio para a garota, o que o divertiu. logo, ele aceitou. Então outro jogo começou. Eles dançavam com quem os convidava, mas nunca mais que uma dança. Toda vez que era a vez de Elisa ir até o balcão pedir a bebida deles, ela era abordada por vários homens. Darcy quase sentia pena deles, porque por mais que ela flertasse com eles, o olhar dela sempre terminava nele, e ela retornava para mesa, com números de telefone em guardanapos. Era uma sensação inebriante, Darcy percebeu. A forma como ela olhava para ele era diferente, e ele não soube porque, mas aquilo o preencheu. Deixou ele contente.  Darcy deu uma segurada na bebida quando percebeu que ela não estava fazendo o mesmo.

— Você não acha que está bebendo demais? - Ele cochichou no ouvido dela.

— Não seja a patrulha da noite. - Ela riu depois. - Patrulha! Esqueci que você é delegado. Hoje é minha noite de folga, Darcy. Não seja estraga prazeres. Eu nem me lembro da última vez que pude me divertir assim, com adultos!

— Eu só estou preocupado. Como você vai voltar para casa?

— Ah… eu tenho carona. - E piscou para ele. Ele só riu, e resolveu que ia deixar ela beber o quanto quisesse, mas seguraria a onda, para poder realmente ser a carona dela.

No entanto, quando foi a vez dele de buscar as bebidas, foi parado por velhas conhecidas, que o convidaram para ir a casa dele, e não aceitaram a recusa. Elas tentaram o convencer, e Darcy achou que Elisabeta estaria olhando, então ficou conversando um pouco com elas ainda. Mas quando voltou, Xavier estava no seu lugar, conversando animadamente com Elisabeta. Ele e Xavier nunca tinham sido melhores amigos, mas depois da história da com a Laura, eles mantinham distância um do outro. É claro, que desde que ele havia se tornado delegado eles se viam com uma certa frequência, já que ele dona Julieta viviam em pé de guerra.

— Você está no meu lugar. - Darcy disse, colocando as bebidas na mesa, ruidosamente. Xavier e Elisabeta o encararam, mas ela só sorriu. Estava claramente bêbada.

— Besteira, Darcy. Puxa outra cadeira. - E voltou para sua conversa com ele.

Darcy teve que puxar outra cadeira, mas seu humor morreu. Acabou bebendo outra cerveja, e ficou tentando não encarar os dois, ou ignorar as risadas de Elisabeta. Mas quando os dois levantaram para dançar ele se sentiu de volta ao ensino médio. Ludmilla levantou e sentou-se ao lado dele.

— Ele está interessado nela.

— Sério? Não tinha reparado. - Darcy deu sorriso irônico a amiga, que ignorou.

— E você vai ficar aí bancando o namorado ciumento?

— O que quer que eu faça, Lud? Levante e tome ela dos braços dele? - Ele encarou os dois dançando ao som de uma música sertaneja famosa, que falava sobre amor e traição.

— Quero que você tome a atenção dela novamente. Eu estava tão entretida com o jogo de vocês. Não dê a vitória a ele assim. É noite de palco aberto. Vá lá, faça a sua mágica.

E então Darcy teve uma ideia. Ele conseguia quase sempre escutar o que a Elisabeta estava ouvindo, ela ouvia tudo muito alto. E naquela semana ela estava obcecada com Oasis. Então ele foi até Olegário e pediu para furar a fila. Pegou o violão do seu amigo, e subiu ao palco, com os protestos da dupla que deveria ir em seguida.

— Boa a noite a todas e todos. Para aqueles que não me conhecem, meu nome é Darcy Williamson e eu costumo cantar aqui quando bebo um pouco. Vocês precisam fingir que gostaram, pois se não fecho o bar. - O pessoal riu. A grande maioria conhecia o Darcy e sabia que ele não era um cantor ruim. - Queria dedicar essa música a alguém. Alguém, você sabe que é para você. - Ele arrancou outra rodada de risadas, a maioria feminina.

E então ele começou a tocar Wonderwall. Ele aprendeu a tocar violão no ensino médio, pelo mesmo motivo que todos os caras aprendiam: impressionar as garotas. Mas sua mãe era professora de música, então isso o ajudou a tocar e cantar decentemente. Quando ele chegou ao refrão, ele percebeu que Elisabeta já não estava mais com Xavier. Ela estava encostada numa pilastra, num canto, relativamente perto do palco. E ela olha para Darcy como se ele fosse incrível. Ela segurava uma taça de vinho e sorria. E então Darcy se sentiu incrível. Quando ele terminou, foi aplaudido, deixou o violão no lugar e a procurou. Viu que ela ia em sua direção, mas também viu quando ela deu uma vacilada. Darcy foi até ela.

— Ok, você venceu. - A fala dela já estava enrolada. - Você finalmente acertou o meu clichê, Darcy. Sempre tive um fraco por músicos. Se eu soubesse que você cantava, isso teria acontecido há séculos. - Ela deu um passo até ele, mas vacilou de novo. Ele passou a mão em sua cintura, para apoiá-la.

— Alguém bebeu além da conta.

— Quem, eu? Não. - Ela riu. - Mas e então? Minha casa, sua casa, ou o banheiro dos fundos? - Ele riu.

— Não acho que você esteja em condições.

— Meu bem, você não vai acreditar quais são minhas condições agora. Eu até diria que ninguém se sente como eu sobre você agora, mas seria mentira. Eu esperei as mulheres jogarem às calcinhas no palco. Eu estava quase jogando a minha. Na verdade, eu posso jogá-la agora, se você quiser. - Ele gargalhou de novo.

— Acho que eu preciso te levar para casa.

— Por favor. - Ela lhe deu aquele sorriso de gato. Darcy só balançou a  cabeça.

— Fica aqui. - Ele sentou ela no balcão. - Eu vou dizer aos nossos amigos que estamos indo.

— Como você quiser. - Ela continuava sorrindo para ele. Ele foi até Ludmilla rindo.

— Viu só? - lud parecia mais vitoriosa que ele.

— Eu vou levar Elisabeta para casa. Ela bebeu muito, estou com medo dela passar mal.

— Sério? - Lud pareceu culpada. - Eu não percebi, achei que ela estava só se divertindo.

— Acho que ela estava. mas é melhor levá-la logo. Elisa não costuma beber muito, e se ela passar mal vai ficar envergonhada e nunca mais vai vir.

— Você tem razão. - Ludmilla respondeu. - Bem, boa noite. - Ela sorriu com todos os dentes, e ele só negou com a cabeça. Quando voltou, ela estava sentada em cima do balcão, e virava um shot de tequila junto com outras garotas.

— Elisa! Você vai acabar desmaiando assim. - Ela sorriu culpada para ele. - Vamos? - Ela estendeu os braços para ele descê-la.

Darcy tinha trazido dois capacetes, pois já imaginava que a levaria para casa. Olhou para trás e viu que Elisabeta estava escorada numa árvore, tirando os sapatos. Ele riu.

— Quer ajuda? - Ele foi até ela.

— Não se preocupe, vou deixar o resto para você tirar.

— Eu adoraria, mas acho que hoje você não está em condições.

— É claro que estou. E se você cantar para mim de novo posso estar em condições a noite inteira. - Darcy apenas suspirou e a montou na moto, colocando o capacete nela.

— Você está muito bêbada. Segure firme em mim, para não cair.

— Seu pedido é uma ordem.

Mas não foi o que ela fez. Quando Darcy deu partida, ela encostou a cabeça no ombro dele e passou os braços ao seu redor. Mas ao invés de segurar nele, ela começou a tocá-lo. As mãos de Elisabeta o tocara, primeiramente sobre a camisa. A princípio, Darcy só estava achando divertido. Mas então ela enfiou as mãos por baixo da camisa dele. Darcy mais sentiu do que escutou o suspiro dela, quando os seus dedos corriam pelo o abdômen dele. Mas então, Elisabeta ficou mais ousada. Sua mãos desceram para as coxas de Darcy, e então ela o acariciou. Ele precisou travar o maxilar. E ele pode notar que ela percebeu porque ela intensificou. Então ele precisou encostar a moto, mesmo estando a poucos metros de casa.

— Você precisa parar agora. - Ele falou, ainda  controlando a respiração.

— Por quê? Você parece estar gostando.

— Porque eu estou tentando nos levar para casa vivos! Pelo amor de Deus, Elisa!

— Está bem. Eu posso esperar. - Ela sorriu. Então Darcy deu a partida e terminou o caminho.

Ao chegarem em frente a casa dela, Darcy precisou desce-la da moto e tirar o capacete dela. Quando eles entraram na casa de Elisabeta, as mãos dela foram para ele imediatamente.

— Elisa, por favor. Você não está bem.

— Eu estou ótima. - Ela pareceu indignada. E depois tropeçou e  quase caiu.

— Não. Não está. Vem, eu vou te ajudar a subir. - Darcy precisou pegá-la no colo para subir come la, e então ela começou a desabotoar a camisa dele.

— Deus, você é tão gostoso. - Darcy riu. - É sério. EU preciso lambê-lo. É uma necessidade fisiológica. - E então, ela lambeu o pescoço dele. Foi a vez de Darcy suspirar. Quando ele chegou no quarto dela, a pôs no chão. Ele entrou com ela.

— Então, é isso. - Ela sorriu.

— Ainda não, Elisa.

— Mas por quê? - Ela fez um beicinho. Darcy foi até o guarda-roupa dela.

— Onde você guarda os pijamas? - Ele não achou, mas pegou uma camiseta. Iria servir. Quando se virou, ela já tinha tirado o vestido. Estava deitada na cama, sorrindo. - Elisa, vem cá, me escuta. - Obedientemente, ela foi até ele, mesmo que vacilando um pouco. - Você bebeu demais. E existe uma grande chances de amanhã você não lembrar de nada. E eu quero que você se lembre de tudo no dia seguinte. Acredite em mim. Não há nada que eu quisesse mais nesse momento do que você. Mas quando isso acontecer, eu quero que você esteja consciente. Se eu tivesse tão bêbado quanto você… Mas não estou. Então você vai vestir essa camiseta e se deitar. E amanhã nós continuamos.

— Você me rejeita demais, Darcy. - Ela pegou a camiseta e vestiu. Depois sentou-se na cama, ainda chateada.

— Elisa, acredite em mim, amanhã você vai concordar comigo. É a decisão correta hoje.

— Não era para você ser um cavalheiro. Era para você ser um cafajeste e transar comigo.

— Eu posso ser os dois. Mas hoje, você está presa com o cavalheiro. Agora deite. - Ela o obedeceu. Darcy abriu o guarda-roupa para pegar uma coberta para ela, e quando ele foi cobri-la, Elisabeta já havia apagado. Ele sorriu. Cobriu ela e lhe deu um beijo na cabeça.

— Boa noite, minha Elisa.

E depois de deixar água em seu criado-mudo e um bilhete espirituoso para quando ela acordasse, ele foi em casa se atirar na piscina. Existia um limite que um homem poderia aguentar, e aquele havia sido o dele. Darcy já havia dito que Elisabeta o levaria a loucura? Se não, ele estava dizendo agora.

 


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