Agradecer. O que, de fato significa a palavra? Pelo dicionário: mostrar gratidão por algo ou alguém; reconhecer; retribuir; recompensar e assim sucessivamente. Ao meu ver, porém, significa ainda mais que isso. É doar-se em tênue felicidade e amor por aqueles que nos causaram motivos o suficiente para sorrir, amar, e especialmente, ser quem somos o tempo inteiro.

Era início de tarde em Connecticut. Todas as famílias da pequena cidade estavam corridas com a véspera do dia de ação de graças, já que no dia seguinte uma das tradições era manter-se em casa com a família, calmos e assistindo jogos de Football americano, conversando sobre coisas diferenciadas, mas principalmente, agradecer a Deus por meio de preces e comunhão, por tudo de bom que o Ano havia lhes proporcionado, principalmente as colheitas. O feriado tornou-se ainda mais significativo após considerado um dos maiores feitos em questão de juntar pessoas em um dia harmonioso, com baixa ou nula criminalidade e muita fartura.

Um dos motivos por ter escolhido vir para a pequena cidade praiana em que estamos, após a Guerra Bruxa, era a precisão de uma vida simples e pacata, longe dos acontecimentos trágicos e tristes que Hogwarts havia presenciado e embora amasse aquela escola e tudo o que me tornei ali, permitir que meus pais vivessem no mesmo lugar onde eu havia lhes tirado as memórias, seria egoísta o suficiente.

Com mais de 80% da recuperação da memória, meus pais acharam mais seguro e confortável darmos um tempo da magia. Então decidi viajar para cá com eles, onde combinamos que as novas coisas vividas seriam o nosso alvo principal de lembranças. Por uma ironia do destino, chegamos aqui no dia de ação de graças. Amanhã completará um ano em que minha vida mudou loucamente. Estou cursando uma faculdade Muggle e vivendo em uma casa com varanda e cercas brancas, uma normalidade tão óbvia que às vezes tornava-se surreal. Estaria mentindo se dissesse que não sinto falta de meus amigos. Principalmente um que se tornou mais do que especial após a Guerra. Sozinha em meu sétimo ano sem a presença de Ron e Harry, me vi mais propensa a tirar “pessoas de enrascadas”, coisa pela qual eu era motivada naquela escola. Em um desses acessos então, eu o ajudei a fugir de Filch numa noite onde eu realmente pensei estar ficando louca ou sob os efeitos da maldição imperdoável “Imperius”. Desde então, um tipo de afinidade esquisita passou a surgir. Quando viemos embora, prometi à meus amigos e à ele, sempre manter contato por cartas, fotos e encomendas, além de ter me comprometido em visita-los sempre que possível, claro.

Dispersa em meus pensamentos, nem percebi a hora em que minha mãe sentou-se ao meu lado. Assim que sua voz soou, no entanto, fechei “Hogwarts, uma história” o melhor livro de todos e com certeza, meu favorito.

—  Ainda lê esse livro? — Perguntou brincalhona.

— É inevitável. Sei que prometemos não ter nada referente à magia por um tempo, mas cada história faz com que eu me sinta parte disso.

— E você é, querida. A nossa heroína, de quem temos muito orgulho. —  O sorriso que ela abriu foi instantâneo e não evitei o que apareceu em meus lábios na mesma hora. — Vim até aqui para avisar que daqui a pouco o lanche estará servido. Se quiser posso trazê-lo aqui na varanda para que você continue lendo.

— Obrigada mãe, mas não precisa ter esse trabalho. Já vou entrar.

— Tudo bem. —  Ela disse levantando da poltrona ao meu lado. —  Ah, filha... seu pai e eu também gostaríamos de saber se você convidou alguns dos seus amigos para amanhã. Você sabe, o jantar de ação de graças.

— Na verdade não, mãe. Não pensei em chamar ninguém. Vamos fazer algo em família mesmo.

— Tem certeza? Bom, o dia de ação de graças é comemorado porque temos muito a agradecer. Você e seus amigos também devem ter. Pode chamá-los se quiser.

Pensei sobre o assunto enquanto a doce e meiga Miranda Granger, a melhor mãe do mundo, entrava em casa. Peguei meu livro e levantei da poltrona, passando as portas duplas de vidro e seguindo diretamente até as escadas que me levariam ao quarto. Entrei e guardei o livro em meio a minha coleção particular, peguei papel e caneta e pensei exatamente sobre o que fazer. Mordi o interior da bochecha considerando minhas opções. Há menos de dois dias recebi uma carta de Harry que dizia que Gina teria um jogo muito importante na data de amanhã, sendo assim, ele e toda a família Wesley estariam comprometidos. Luna e seu pai estavam viajando para fora do país, quem eu convidaria? Sabia exatamente que para minha mãe me cobrar tal coisa, era porque de fato esperava que eu levasse alguém. Há tempos dizia que eu estava sempre sozinha e que isso a incomodava de uma forma constrangedora. Mas o que eu poderia fazer se não havia ninguém em mente para chamar? Ah não ser que...

Deixei meus dedos comandarem a partir dali, escrevendo tudo o que pensei sem nem mesmo considerar a ideia de desistir. Se eu havia começado, certamente terminaria. Alguns minutos se passaram até que finalmente assinei meu nome no canto inferior do papel e tomei coragem para ler o que eu escrevi.

“Oi! Como você está? Sei que faz um tempo que não conversamos e que eu não mando notícias, então começo me desculpando por isso. Bom, não sei exatamente o que escrever então me desculpe se alguma coisa na carta ficar confusa ou incoerente. Antes de mais nada, quero dizer que espero realmente que esteja tudo bem com você.

Essa carta se trata de um convite. É que amanhã ocorrerá um jantar na minha casa, muito especial por sinal.

Não sei se lembra que uma vez eu te falei sobre um feriado muggle chamado Dia de Ação de Graças, que é quando as pessoas se reúnem em família e com amigos para agradecer à suas entidades religiosas pelas coisas boas que aconteceram durante toda a temporada da colheita. Como amanhã fará um ano que viemos morar aqui e a data coincide exatamente com a gratidão que temos por estarmos unidos novamente, minha família fará uma comemoração. Eu sei que pode parecer muito esquisito e até mesmo diferente – acredite, eu mesmo penso isso – mas, pensei em convidar você e sua mãe. Sei que desde que seu pai se foi ela não tem se divertido muito. Além do mais, há muita coisa bonita e interessante para conhecer aqui. De qualquer forma, eu gostaria de vê-lo novamente. Há uma chave de portal em Godric’s Hollow que lhe trará direto para Connecticut. Chegando aqui, você pode aparatar em minha casa. Aquela que lhe mandei foto. Apenas mentalize o local e estará aqui. Não sei o porque estou fazendo isso, só sei que estou fazendo.

Espero sua resposta.

Com carinho, Hermione Granger!”

Depois de ler e reler a carta, decidi que estava aceitável para ser enviada e foi o que eu fiz, antes de arrepender-me e rasgar tudo. Desci as escadas e decidi ter uma tarde o mais normal possível antes do “não” iminente que receberia dali a pouquíssimo tempo.

Passavam-se das oito horas da noite quando eu finalmente decidi que deveria ir até meu quarto conferir se a tão esperada resposta havia chegado. Quase saltando dois degraus de forma gradativa, cheguei próximo a janela que dava acesso a sacada e a abri. A friagem da noite de outono envolveu meu rosto e cabelos, soprando de forma leve e fria. Como se qualquer divindade mágica ouvisse meus pensamentos, uma bela ave rasgou os céus, trazendo em sua pata uma pequena caixa. Pousou no parapeito da sacada e eu fiz um carinho nela enquanto soltava a encomenda. Em cima dela, um pequeno bilhete em uma letra impecável dizia

“Aceite esse presente como a prova de que amanhã estaremos aí e com certeza, será um dia de gratidão só por vê-la usando um dos presentes. Com carinho.”  

Abri a caixa ainda incrédula sobre a confirmação do convite e deixei um sorriso bobo alargar-se em meu rosto assim que vi os presentes. Uma foto bruxa de meu baile de formatura em Hogwarts, mais especificamente, de minha última dança reservada somente a ele, com tanto carinho, onde parecíamos deslizar no salão despreocupados, com sorrisos felizes no rosto. Dentro da caixa, também havia um lindo colar, o mesmo que eu usara no baile e que jurava ter perdido pelo salão. Claramente me enganei e ele estava com o colar o tempo inteiro. Essa, sem dúvida alguma, era a lembrança mais linda que tinha de Hogwarts e aceitei o presente com todo o carinho do mundo.

×××

O dia de ação de graças havia nos rendido mais do que esperava. Trabalhamos o dia inteiro para montarmos uma bela mesa, digna de convidados vindos de tão longe. Os quartos de hóspedes também foram organizados, caso precisassem usá-los. Meu pai havia passado a maior parte do tempo assistindo televisão e comentando sobre o Football, que claramente, não era nem um pouco interessante para mim, mas ainda assim eu concordava ou apenas sorria a cada sinal de empolgação de meu pai.

Enfim havíamos terminado tudo e tive a oportunidade de arriumar-me. A cada hora que passava a ansiedade que ameaçava enfim me dominar, se mostrava mais forte. Minuto a minuto, olhava no relógio com a esperança de que o tempo passasse rápido o suficiente.

— Então, esse rapaz deve ser muito especial mesmo pra que não pare de olhar o relógio! —  Minha mãe comentou completamente maliciosa e com um sorriso nos lábios.

— Bom, posso dizer que ele foi o único amigo que esteve comigo em Hogwarts no último ano. É inevitável não sentir falta de alguém quando se passa mais de um ano inteiro convivendo com a pessoa todos os dias.

— E é claro que esse é o único motivo para você ter comprado um vestido lindo desses e estar até usando maquiagem, não é? Nossa, e ainda tem esse colar, que está deixando você mais graciosa do que de costume.

Olhei-me por uma momento, fazendo uma rápida avaliação: O vestido que caía delicadamente por meus ombros em uma espécie de manga soltinha, tinha o comprimento de meu corpo, arrastando suavemente pelo chão. Sua forma soltinha ora ou outra, aninhava-se á minhas curvas deixando-me bonita e discreta. Os cabelos estavam soltos e os cachos comportados delineavam meu rosto. A maquiagem era pouca, mas realçava meu olhar. Estava linda como poucas vezes. E claramente, o colar estava ali como uma prova de que eu o queria ali sim e que havia amado a surpresa. Mordi o lábio inferior numa tentativa falha de esconder o sorriso satisfeito e na mesma hora, meu pai entrou na sala de jantar.

— Será que seus convidados irão demorar muito, filha? A comida está tão cheirosa que estou fazendo um esforço subumano para não devorá-la agora mesmo.

Dei uma risadinha de sua expressão dramática e então minha mãe prontificou-se a responder séria.

— Nem pense nisso, Roger Granger! As visitas estão a caminho.

— Calma, querida. Eu só estava brincando.
E nesse mesmo momento, a campainha soou despertando-nos de nossos devaneios.

*POV Draco Malfoy*

Nada era bom o suficiente para vestir. Tudo em meu guarda-roupas era escuro e eu sabia que ela não gostava disso. Uma vez, ela contou-me que gostaria de me ver com uma blusa azul, porque acreditava que meus olhos que já eram lindos —  palavras dela — se destacariam ainda mais. Cansado de pensar e não chegar a lugar algum, decidi chamar ajuda.

— Mãe? — Em poucos segundos vi a sombra de sua silhueta e então finalmente ela apareceu. — Você está linda! — e eu não estava mentindo. O vestido cor marsala deixava a sua pele luminosa e os cabelos soltos um tom jovial. Além da pouca maquiagem que realçavam os olhos que eram tão lindos.

— Obrigada meu amor. E você continua desarrumado. Me chamou aqui porque não sabe o que vestir, não é?

— Como sabe?

— Talvez pelas roupas espalhadas pela cama. — Ela disse em tom brincalhão. Revirei os olhos e sorri. —  Exatamente como eu imaginava. Por isso, que ontem, depois de você avisar que iríamos jantar fora hoje, eu peguei uma roupa sua para tirar as medidas.

—  Como assim, mulher? - eu disse surpreso, mas ainda assim brincalhão.

— Espera um pouco, eu já volto com suas roupas. —  Ela disse ainda rindo da minha expressão e saiu do quarto. No segundo seguinte entrou com uma caixa preta grande e um laço verde e a colocou em minhas mãos. —  Sei que ela é nascida trouxa, então procurei por uma roupa mais despojada, algo no estilo deles. Espero que você goste.

Abri a caixa e me deparei com três peças: uma camiseta branca, um blazer na cor azul marinho e uma calça de tecido azul escuro também. Era jeans, um tecido que quase não usávamos no mundo bruxo.

— E então, gostou?

— Muito obrigado, dona Narcisa. Eu tenho certeza que ela vai adorar! —  disse sem perceber — Quer dizer, eu vou adorar usar... — tentei me corrigir enquanto minha mãe abafava outro de seus sorrisinhos.

— Sei. Agora vamos logo ou chegaremos atrasados e você sabe que sou pontual em todos os meus eventos. Além disso, estou muito curiosa para conhecer pessoalmente a menina que mudou seus conceitos e lhe fez viver como um garoto lindo e normal como você é. Pelo visto ela não é a heroína apenas do mundo bruxo. Preciso agradecê-la por isso.

Sorri em resposta e fui mudar a roupa, ficando completamente feliz com o meu reflexo no espelho. Assim que cheguei ao quarto e peguei na mão de minha mãe, aparatamos para Godric’s Hollow, não sem antes ela comentar o que achou de minha roupa e o quanto eu estava bonito.

A garrafa no chão era um pouco esquisita, mas não houveram dúvidas que a chave do portal estava exatamente ali. Pegamos e imediatamente sentimos algo nos tirar do chão. A rapidez daquilo era indiscutível e assim que caímos próximo a uma loja de roupas Muggles que estava completamente fechada, observamos a rua sem nenhum movimento e fomos até um pequeno beco. Finalmente, forcei minha mente a imaginar a casa simples e aconchegante que havia na foto, tentando visualizar a varanda para não causar nenhum tipo de mal estar na família que nos esperava. Um puxão no umbigo e eu sabia que em poucos segundos estaria na frente da casa dela e assim foi. Encarei os três degraus que me levariam até a porta de madeira branca e senti meu corpo paralisar. Fazia mais de um ano que não via o seu rosto ou sentia o cheiro de amêndoas e morango. Um ano que não via seus cachos ou observava o furinho de beleza aparecer no canto direito de sua bochecha enquanto sorria, e quando finalmente a oportunidade apareceu na minha frente, não soube o que fazer.

— Filho não precisa ficar nervoso, está tudo bem. Vamos? A poucos passos você encontrará quem tanto quer ver. —  Minha mãe encorajou e eu finalmente prossegui.

Toquei a campainha apreensivo. E se na verdade ela percebesse que eu não era digno de estar ali com ela, depois de tudo o que a fiz passar? Mesmo com nossa amizade que nascera após a guerra, sempre imaginei que a qualquer momento ela veria o quanto era demais para mim. Todos os pensamentos se calaram quando enfim a porta se abriu. Minha boca secou, meu coração parecia ter perdido uma batida, para então recuperá-la dez mil vezes mais rápido do que o normal. Eu nem sequer conseguia assimilar uma frase coerente enquanto a olhava naquele vestido, tão linda. E para mexer ainda mais com as minhas estruturas, ela mordia o lábio inferior sem saber o que esse simples ato me causava.

— Oi, eu... é... Como você... está…— Antes que eu conseguisse completar a frase, senti o corpo de Hermione chocando-se com o meu. Seus braços circularam meu pescoço e automaticamente os meus envolveram a sua cintura. Novamente o seu cheiro me inundou e as sensações continuaram tão vivas como no primeiro abraço. — Está linda! — Enfim consegui completar a frase e suspeitava que meu sorriso poderia dividir meu rosto em dois.

Um pigarro alto de seu pai fez com que nos desvencilhássemos e Hermione me apresentou a seus pais para em seguida eu apresentá-la a minha mãe, formalmente.

Depois de algumas conversas sobre a comida, roupas ou a casa e como ela era linda e aconchegante —  conversas naturalmente das mães — e muitos questionamentos sobre como havia conhecido Hermione, pela parte de seu pai, estávamos finalizando o jantar.

— Há ainda uma tradição desta data aqui. Todos dizem pelo que são gratos! – A mãe de Hermione comentou, um pouco eufórica

— Que interessante Miranda. Por que não fazemos isso então? — Como sempre minha mãe e suas ideias.

— Eu adoraria!

—  Então, pelo que cada um aqui é grato? Eu certamente sou grata pelo meu filho e por estarmos reconstruindo nossas vidas.

— Posso dizer que sou grata pela mesma coisa! —  A mãe de Hermione respondeu feliz — Roger?

— Sou grato por ter a mulher mais linda do mundo ao meu lado e a filha mais princesa de todas.

— Hermione?

— É…. Bom... preciso mesmo fazer isso? —  Hermione perguntou um pouco tímida e como resposta teve apenas um olhar de sua mãe. — Ok, entendi. Sou grata por ter conseguido recuperar a maior parte de suas lembranças e por tê-los em minha vida. Pelos meus amigos e por cada pessoa especial que cruza meu caminho.. — Disse sincera. A última parte olhando para mim.

— Draco? – minha mãe chamou.

— Sou grato por muitas coisas. A primeira delas por ter você, mãe. E sem dúvida alguma, sou grato também por você Hermione. Por sua causa hoje posso dizer que me tornei uma pessoa melhor e espero cada dia mais merecer a confiança que você depositou em mim.. —  Disse a olhando nos olhos enquanto suas bochechas rosadas me deixavam completamente encantado.

— Então, um brinde em agradecimento por tudo o que temos.

***

Após o jantar, nossos pais decidiram ainda conversar um pouco antes que eu e minha mãe saíssemos. Hermione e eu estávamos sentados na varanda enquanto ela me contava sobre sua nova vida e tudo o que sentia falta na antiga. E eu a ouvia atento, porque sim, tudo o que a deixava feliz, me fazia também.

— Mas e você, não vai contar nada?

— Não há muito o que contar. Não houveram grandes mudanças desde que você veio morar aqui.

— Entendo.

— A não ser é claro, que eu senti sua falta.

A expressão de surpresa em seu rosto deu-me um misto de felicidade e diversão. Finalmente eu tinha a chance de dizer o que queria há tanto tempo.

— Eu também senti a sua. —  Confessou sem olhar em meus olhos.

— Hermione, não pensa nem por um momento no que houve em nossa formatura? — Perguntei sentindo meu coração acelerar desenfreadamente. Ela mordeu novamente seus lábios e não soube o que dizer ou fazer, mas ainda assim continuei. —  Porque não há um dia sequer em que eu não pense em seu beijo ou na forma delicada em que seus lábios tocaram os meus.

— Draco, não há um único dia em que eu não pense em você! —  Ela disse ainda sem olhar em meus olhos. Peguei em seu queixo com delicadeza. Aquela declaração me fazendo sentir mil coisas ao mesmo tempo.

— Senti tanto a sua falta – falei me aproximando cada vez mais de seu rosto.

— Eu também Draco. Mais do que imaginei ser possível.

Antes que qualquer outra palavra fosse dita, nossos lábios se encontraram de forma ritmada e delicada e qualquer agradecimento ainda seria pouco para aquele momento.

5 anos depois

*POV Hermione Granger*

A casa finalmente estava arrumada após ter convencido minha mãe sobre o uso da magia. Serviamos a mesa felizes e conversando amenidades enquanto Draco e meu pai apostavam quem de fato iria ganhar a partida de Football americano. Narcisa parecia impaciente e chamou-os antes mesmo do resultado. A contragosto, vieram revirando os olhos e resmungando qualquer coisa.

— Não sei onde estávamos com a cabeça quando decidimos ser amigos, Narcisa. —  Papai disse rindo enquanto minha mãe o olhava de forma repreensiva.

— Roger!

— Querida, não me brigue no jantar de ação de graças.

— E como você está, amor? - Draco perguntou atencioso, acariciando minha barriga já saliente através do vestido.

— Um pouco cansada. Scorpius está agitado ultimamente.

Draco abaixou-se ao lado de minha barriga e então começou a falar baixinho:

— Ei, campeão... sei que está ansioso para nos conhecer mas não castigue a mamãe,  certo?

Instintivamente meus olhos se encheram de água enquanto Draco depositava um beijo carinhoso ao lado de onde havia estado a poucos segundos.

— Droga de Hormônios. — Disse enquanto todos riam.

— Muito bem, vamos jantar então? - minha mãe sugeriu e todos sentaram.

— Antes do jantar, eu gostaria de dizer algumas palavras. — Comecei um pouco nervosa. — Sei que nossa tradição é agradecer sempre após as refeições, mas eu preciso falar. Há  cinco anos eu não saberia responder de forma correta o que é gratidão. Não saberia expressar de forma alguma o que esse sentimento lindo e especial causa em cada um de nós. Aprendi que junto a gratidão temos o amor,  a paz, a felicidade e tudo o que nos faz bem. Aprendi que a gratidão traz perspectivas de coisas melhores. Por esse motivo e quero agradecer você, Draco. Sei que a essa altura não consigo falar duas palavras sem chorar, o que é uma droga. Mas por você choraria rios se isso me ajudasse a falar o porque sou grata. Sou grata por você ter aparecido em minha vida, por ter-me presenteado com essa família completa e carinhosa, sou grata por nosso filho que está a caminho, mas principalmente, sou grata pelo amor que você me proporcionou. eu amo você, Draco.

Todos na mesa estavam emocionados. Narcisa enxugava os olhos com os dedos enquanto minha mãe usava um guardanapo. Meu pai estava sério mas podia ver a emoção em seus olhos. E Draco?  Era um misto de coisas indecifráveis que tanto amei e amo e a quem eu realmente era grata. Ele levantou-se da cadeira e com um rápido movimento deixou um beijo casto em meus lábios.

— Obrigado por ser a mulher da minha vida, Hermione Granger Malfoy. Eu amo você!

E assim, eu finalmente aprendi o verdadeiro significado de gratidão.  Com minha família e o homem que eu mais amei na vida. Assim e pude ensinar a nossos filhos o segredo de um coração grato: Amor. Porque esse é o sentimento mais lindo e mais sincero que o ser humano pode ter. E é ele quem abre as portas de todos os outros sentimentos.