The Curse escrita por Fantasminha98


Capítulo 12
Be My Guest.




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A garota se recusava a cair no choro novamente. Tinha que pensar numa forma de escapar e ao olhar para a pilha de tecidos rosas e vermelhos teve mais uma de suas loucas e inusitadas ideias, faria uma corda de tecido e desceria pela torre. Rapidamente se colocou a trabalhar alheia ao que acontecia no castelo.

 

Na cozinha a mesma xicarazinha, aquela que havia se movido e assustado o inventor vinha deslizando apressado gritando para todos que pudessem ouvir.

 

— Mamãe! Tem uma garota no castelo! Uma garota!

 

— Sim, James! Nós sabemos. - Respondeu um delicado bule de chá de porcelana perolada cujos detalhes eram pintados em preto, esmeralda e prateado.

 

— Ela gosta de que tipo de chá? De ervas? Ou frutado? Talvez camomila! Estou super animado!

 

— Devagar criança, antes que quebre uma asa! - Repreendeu a mãe ao ver a pequena xícara saltar entre as mesas, travessas e panelas da cozinha, que também não paravam quietas preparando o jantar da noite.

 

— Atenção, Pansy. - Advertiu o fogão que se aproximou com a água quente para um chá de laranja e gengibre que seria servido após a refeição.

 

A grande sala de jantar, que agora, estava devidamente iluminada e com a longa mesa posta para dois era convidativa. Quando as grandes portas duplas foram abertas a fera aladaentrou, mal–humorado, e ao cruzar o recinto mal notou a diferença na organização. Draco usava roupas elegantes, envoltas em gavinhas da noite, sua túnica ébano era bordada a ouro e prata, calças escuras que terminavam em patas cheias de garras negras e mortais. A noite parecia irradiar dele, fria e silenciosa, como uma capa quase invisível. Mas quando ele se sentou não pode deixar de notar o novo arranjo e um rosnado furioso lhe escapou os lábios quando se levantou rapidamente indo em direção a cozinha onde sabia que seus amigos estariam.

 

— Zabini! - Chamou irritado. Sabendo que o novo arranjo teria vindo do amigo, que agora não passava de um candelabro de ouro ricamente detalhado e não mais o poderoso bruxo de ascendência Africana, cujo vocabulário se reduzia a divertimentos, festas e Millicent.

 

Theodore que estava ao lado de Blaise na cozinha, apenas cruzou os braços e girou os olhos, esperando para assistir a briga entre seus dois amigos de infância. Zabini sempre fora o mais inconsequente, já Draco perdia o temperamento por qualquer coisinha que o contrariasse minimamente.

 

— Fique calmo. Deixe que eu falo com ele. - Falou o candelabro.

 

— Não estou minimamente preocupado, é o seu pescoço que está em jogo não o meu.

 

— Você serviu à mesa para ela?! - Perguntou Draco.

 

— Bem, nós achamos que você apreciaria a companhia.

 

— Nós? Não me meta em seus planos, Zabini. - Falou o relógio e após um sorriso cruel e divertido, continuou. - Não foi ideia minha tirar a garota da cela e lhe dar a melhor suíte da Ala Leste!

 

— Você deu um quarto para ela!? - Perguntou o outro indignado se dirigindo ao candelabro.

 

— Sim… Mas se ela for a garota que vai quebrar o feitiço, talvez você a conquiste no jantar. Ou está tão enferrujado que não consegue nem entreter uma bela jovem? - Desafiou.

 

— Essa é a ideia mais ridícula que já ouvi! Entreter uma prisioneira?

 

— Mas você deve tentar, Draco. - Falou Baise, deixando o tom zombeteiro e de desafio de lado. - A cada dia que passa, nós nos tornamos menos humanos. Nos resta apenas mais um ano. - Suspirou cansado.

 

— Ela é a filha de um ladrão muggle. - Justificou. - Que tipo de pessoa, você acha que isso a torna!? Independente de ser uma bruxa ou não!

 

— Ora, você bem sabe que não pode julgar as pessoas por quem o pai dela é. Não é mesmo, Draco? - Falou Pansy e o outro quase rosnou para a implicação da amiga que respeitava profundamente, mas os três ali estavam passando dos limites.

 

Derrotado a fera foi até o quarto da prisioneira e bateu desgostoso.

 

— Você jantará comigo. - Sua voz saiu fria e cruel, uma ordem do senhor daquele castelo. - Isso não é um pedido.

 

— Seja gentil, Draco! - Repreendeu o bule de chá. - A garota perdeu o pai e a liberdade no mesmo dia.

 

— Sim, a pobrezinha deve estar morrendo de medo. - Completou Blaise.

 

Mal sabiam eles que Hermione não tinha prestado a mínima atenção no que era falado do lado de fora. Estava tão compenetrada em sua tarefa de amarar os tecidos para executar sua fuga, um tanto quanto desesperada, que não ouvira uma palavra do que tinha sido dito enquanto jogava a corda, improvisada, pela janela.

 

Draco bateu novamente e esperou pela resposta.

 

— Só um minuto! - Sobressaltou-se. Se vissem o que estava tentando fazer com certeza a prenderiam nas masmorras novamente.

 

— Viu? Ela respondeu. Não se esqueça de ser gentil. - Falou o candelabro.

 

— Um cavalheiro. - Completou Pansy.

 

— Charmoso. - Sugeriu Millicent que voava próxima de Blaise.

 

— E quando ela abrir a porta lhe mostre um belo sorriso! - Continuou Zabini. - Vamos, nos mostre esse sorriso.

 

Draco, sem paciência nenhuma, fez foi mostra suas presas cruéis para o amigo que o estava irritando. Theodore teve que segurar o riso ao ver o sobressalto que Blaise teve com a ameaça.

 

— Você se juntaria a mim para o jantar? - Perguntou a contragosto, tentando ser educado e não transparecer seu temperamento. Mas a resposta que veio, do outro lado da porta, não foi nada satisfatória.

 

— Você me fez sua prisioneira e agora quer jantar comigo? - Perguntou Hermione profundamente contrariada e descrente. – Você é louco!?

 

Rapidamente o clima mudou.

 

— Essa não... – Falou Millicent assustada, colocando–se atrás de Blaise. - Ele está perdendo o controle.

 

— Que Merlim nos proteja. - Sussurrou Theodore, dando dois passos para trás.

 

Era como se a própria madeira estivesse sendo dobrada, gemendo e estalando. As lâmpadas de vidro colorido do corredor tilintaram quando a escuridão passou por todos como um vento fantasma, frio e cheio de fúria. Draco socou a porta violentamente, mas da mesma forma que veio num piscar de olhos o poder se dissipou.

 

— Você jantará comigo. - Falou, puro comando com ira primitiva.

 

— Eu digo, Não! - Hermione não sabia de onde vinha aquela coragem ou estupidez, pois tinha sentido a mordida do poder que passou por ela segundos atrás, poder que fez seu sangue cantar. - Prefiro morrer de fome a jantar com você. - Proferiu em igual ira.

 

Ela não viu, mas um sorriso cruel e felino surgiu nos lábios de Draco enquanto ele proferia frio e desdenhoso. E novamente a escuridão surgiu a sua volta.

 

— Fique à vontade, então! - E assim se virou para os amigos. Ódio brilhando em seus olhos. - Se ela não comer comigo, ela não comerá nada! - Sua voz era baixa e cruel, mesmo sabendo que a jovem podia ouvir.

 

Quando Draco entrou em seu quarto, permitiu que sua magia se espalhasse sombria e revoltada pelo aposento, ele se dirigiu para a grande sacada aberta e sobre um pedestal a rosa encantada estava protegida por uma redoma de vidro. Ao olhar a rosa era como se todo seu poder se esvaziasse e só o frio permanecia em suas veias, o tempo estava se acabando, faltavam apenas um ano para seu aniversário de 21 anos, data em que a última pétala murcharia e cairia. Pegando o espelho encantado que estava ao lado da flor pediu cansado.

 

— Mostre-me a garota. - E assim a imagem surgiu. Ele tinha que admitir que ela era bela e determinada, mas viu nos olhos dela a tristeza profunda.

 

Não seria agora, ele, a amaldiçoar o destino dela como a cruel feiticeira uma vez fizera? Não seria agora, ele,a separar alguém daqueles que amava e condenar ao esquecimento? A imagem se desfez e apenas seu reflexo horrendo permaneceu, ao baixar o espelho entristecido, mirou novamente a rosa de sua maldição e viu mais uma pétala cair lentamente. Ela caiu e assim que tocou o fundo murchou escurecida e com isso o castelo ruiu mais um pouco, Draco não tinha mais esperanças, ele estava falhando com seus amigos.

 

Na cozinha perto do fogo, os outros também seguiam entristecidos e mesmo a música tocada pelo violino Goyle era melancólica e saudosa, lembrando de dias felizes a muito esquecidos.

 

— Outra pétala caiu. - Afirmou o candelabro após o tremor, enquanto olhava as chamas e reacendia sua vela direita.

 

— Blaise, cresceram mais três novas penas… - Comentou Millicente num tom choroso.

 

— Eu sei, querida. - Falou o outro ao tentar se aproximar, mas as dores o impediram. - Ah! Eu também estou ficando mais metálico a cada dia…

 

— Oh por favor, pessoal, se acalmem. Ainda temos tempo! - Falou Pansy.

 

— Mamãe, eu um dia serei um garoto de novo? - Perguntou o pequeno James entristecido.

 

A pergunta doeu no coração da mãe e mesmo Blaise e Theodore olharam para a pequena xícara entristecidos.

 

— Claro que sim, James. Você poderá brincar com seu pai nos dias de sol novamente. - Falou aconchegando o menor no mais próximo, que um bule de porcelana poderia dar, de um abraço. – Apenas deixe comigo, que tudo vai se resolver. – Tentou consolá-lo.


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