After Dark escrita por saturn


Capítulo 1
Bruxas, Deusas e Feiticeiras


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou! *finge que não desapareceu por quase um ano e que deixou todos os seus trabalhos parados*

Olá, olá, olá. O que é isso Brasil? Saturn finalmente criando vergonha na cara e reescrevendo After Dark como ela disse que faria meses atrás quando na verdade começou a trabalhar em outro projetos? Parece que sim.

Me desculpem por isso, de verdade. Mas de qualquer forma, aqui está nosso capítulo 01 reescrito! Na verdade, é quase que um capítulo completamente novo, porque eu resolvi mudar várias coisas na história. Acho que minha escrita e eu como um todo amadureceram muito nesse período, e o que After Dark costumava ser já não é mais o tipo de trabalho que me dá orgulho. Então fiquem aqui com esse capítulo fresquinho e cheio de coisinhas novas. Os capítulos antigos estarão acessíveis na versão do Wattpad, mas os daqui serão apagados.

Até a próxima!



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O complexo dos Vingadores era um lugar, em sua maioria, frio e branco. Quase como aquele hospício em que ela e seu irmão Pietro ficaram presos por alguns meses em seus anos mais jovens. Exceto que as paredes não pareciam quererem sufoca-la o tempo todo e a comida era infinitamente melhor do que qualquer outra que ela já havia provado desde a morte de seus pais – já haviam se passado mais de oito anos, mas a morte de Natalya e Erik ainda era fresca em sua memória. Ela se lembrava vividamente do cheiro de carne queimada, do calor sufocante e do medo que a paralisou durante aqueles três aterrorizantes dias.

Durante seus intermináveis dias naquele limbo que sucedera a morte de Pietro, seus diferentes estados de apatia-raiva-tristeza-e-apatia-novamente prenderam-na firmemente em uma realidade feliz que só existia em sua mente, mas que assombrava a parte de trás de seus olhos mesmo durante suas horas de vigília. Os poucos e remanescentes agentes da S.H.I.E.L.D, agora conhecida como S.W.O.R.D – parte de si achava engraçado que as intenções das duas organizações, embora operando sobre nomes diferentes, fossem intrinsicamente as mesmas. Escudo e Espada, americanos intrometidos à parte – a tratavam com educação e relativo temor nos raros momentos em que ela se permitia vagar por qualquer outro lugar que não seu imenso quarto, providenciado por um culpado Tony Stark, e as cozinhas dos Vingadores.

Ela não precisava de tanto espaço, apesar de ser relativamente alta para os padrões sokovianos e ter ganhado pequenos pontos flácidos e macios aqui e ali. Ela, na verdade, sentia-se mais confortável nas vezes em que se deitava debaixo de sua cama ou do lado do vaso de seu banheiro, após mais um de seus imutáveis pesadelos. As pessoas sussurram quando ela passa e, embora ela saiba que nenhum de seus colegas vingadores a julgue por nada que fizera no passado ('A maioria de nós já foi algum tipo de vilão antes de sermos o que somos hoje, Wanda.' Stark disse, colocando uma mão acolhedora em seu ombro 'Menos o garoto-aranha, ele é puro demais para esse mundo' ele terminou, brincando. A feiticeira, no entanto, notou o pequeno encolhimento e a culpa que passou rapidamente pelos olhos do colega mais novo. Perguntou-se o que aquilo significava por algum tempo) mas ela não consegue deixar de se sentir como uma pária entre os deuses – as vezes literalmente, já que Thor e seu irmão Loki haviam finalmente regressado de seu desaparecimento no espaço, juntamente com o Doutor Banner.

Wanda Maximoff era uma bruxa. Não daquelas dos filmes que os americanos gostavam de assistir no Halloween ou mesmo não o tipo de feiticeira que a mídia se convenceu que ela era. Não, ela era uma bruxa por excelência, sangue e muita, muita prática.

Ainda nova sua mãe a ensinou a como utilizar velas e incensos, quais ervas poderiam lhe trazer o que queria e quais poderiam ajuda-la a se livrar de seus problemas, quais plantas manter por perto e como se comunicar devidamente com deuses e outras entidades. Seu pai ensinou a seu irmão tudo o que sabia sobre lâminas e armas, mas por mais que Pietro tenha em vida feito o seu melhor para transmitir o que podia para a gêmea, o conhecimento em si, junto com os raros conselhos de pai para filho, ficaram para sempre perdidos. Por isso ela faz seu melhor para acender uma vela à Hades e Hestia sempre que possível, por isso que ela honra Osíris e agradece a Hella e implora a Iansã que cuide das almas daqueles que amou.

Ela não entende muito bem aquele mundo novo ou aqueles deuses novos, mas com certeza entende a confusão de Happy Horgan toda vez que uma nova encomenda de arruda e cipreste, ou novas velas coloridas ou mesmo mais uma caixa de incenso de canela – ela não sabe explicar o porque de velas e incensos queimarem tão rapidamente ao seu redor, mas ela constantemente precisa retocar seu estoque – chega. Ela fica grata pela vez em que Loki coloca a mão em sua cabeça e diz que ela não precisa se preocupar, que ele estaria ali para tomar conta dela nas horas em que suas outras divindades não pudessem. Todos os outros presentes na sala, com exceção do irmão do deus e do garoto-aranha parecem confusos e a questionam incansavelmente sobre o evento durante os dias seguintes, mas ela se recusa a comentar e apenas aprecia a maneira como os dois asgardianos convencem os outros a deixa-la em paz. Duas semanas após o ocorrido, ela acorda e encontra um pequeno cacto em frente à porta de seu quarto, com uma pequena aranha desenhada no vaso com tinta branca.

É nesse mesmo dia que ela se encontra na cozinha, esfaqueando esporadicamente seus vegetais gratinados, metade de seus pensamentos presos em Oreo com leite e metade no saquinho que continha um lápis-lazúli, uma aquamarine e lavanda, esperando que ela não estivesse simplesmente assumindo coisas demais. Foi tirada de seus pensamentos com a chegada desajeitada do garoto-aranha, que parecia desconfortável naquele ambiente. Ele parecia estar distraído por seu celular, não tendo percebido sua presença silenciosa na sala vazia. Wanda nunca realmente entendera a fascinação dos americanos por aqueles pedaços de metal, mas meio que compreendia a necessidade de fugir da realidade.

Foi tirada de seus devaneios quando o menino, que ela provavelmente deveria começar a se referir pelo nome, já que ele não era muito mais novo do que a própria Wanda, tropeçou em uma cadeira e quase caiu no chão, mas ela conseguiu impedir sua queda com um rápido aceno de suas mãos e uma nevoa vermelha, a mesma que ficava constantemente abaixo de sua pele, querendo sair, querendo vingança. Só percebera o que fizera quando o mesmo já havia se sentado na mesma cadeira em que tropeçara e agora a encarava com uma mistura de confusão e gratidão.

— Me desculpe! Eu sei que não deveria sair por ai usando meus poderes nas pessoas, eu juro que só estava querendo ajudar e- foi cortada por uma risadinha do outro, que levantou ambas as mãos em um sinal de rendição.

— Tá tudo bem, sério! E-eu deveria prestar mais atenção por onde ando e você só me ajudou, juro. Eu sou tão desastrado, sinto muito por isso! A propósito, eu sou o Peter. Peter Parker. Acho que você me conhece como Homem-Aranha a pesar do senhor Stark sempre me chamar de Garoto-Aranha, mas você pode me chamar de Peter! Ou Parker! Ou Aranha! Q-quer dizer, caso você queira falar comigo, me desculpe por assumir qualquer coisa é só que eu... – ele parou no meio da frase quando viu que a Maximoff escondia um sorriso divertido por trás da palma da mão – Desculpa por isso, eu falo demais. – sentiu as orelhas queimarem de vergonha.

— Pode me chamar de Wanda então.

— Ceeerto... Então, o que você tá fazendo? Quer dizer, você claramente tá comendo, desculpa, essa foi uma pergunta idiota.

— Tá tudo bem. Eu na verdade estava esperando pra te encontrar, queria te entregar isso aqui. – ela colocou o saquinho no meio da mesa, entre eles – Como agradecimento por mais cedo, eu achei que seria uma boa ideia, me desculpe se eu estiver assumindo demais.

— AH não, não! É perfeito, sério. Lápis-lazúli e aquamarine? Nossa, eu preciso mesmo trabalhar nas minhas energias. – ele comentou enquanto analisava o conteúdo pelo lado de fora – Mas eai, você gostou do cacto? Tia May disse que seria um presente bacana e sensível, de boas vindas ao país. Segundo ela nós imigrantes devemos nos manter juntos, certo? – ele riu, parecendo tímido.

— Foi um presente muito legal mesmo. – Wanda sorriu levemente, sentindo-se mais confortável com a presença do Parker – Eu não sabia que você era imigrante. – ela apontou, não querendo dar fim à conversa. Ele era a primeira pessoa que falava propriamente com ela em dias.

— Eu sou! Meu pai é daqui mesmo, mas a família da minha mãe e a da minha tia é toda da Itália. Eu nasci lá na verdade, mudei pra cá por causa dos meus pais.

— Isso é... legal. Você fala italiano?

— Falo sim! E você fala alemão, né? Quer dizer, eu sei que em Sokovia o idioma oficial é o húngaro, mas eu ouvi dizer que a maioria da população também fala alemão, e ai eu fiquei curioso. Você não precisa responder isso se não quiser. – ele acrescentou a última parte em um sussurro.

— Sim, falo si. – fez-se um silêncio ligeiramente desconfortável por alguns minutos enquanto ela terminava de comer seus legumes e ele brincava distraidamente com as pedrinhas dentro do saquinho – Eu não sabia que você praticava bruxaria.

— Quem, eu? É, quer dizer, às vezes. Não tanto quanto eu deveria, na verdade Lorde Ares me disse hoje pela manhã para parar de procrastinar nos meus estudos.

— Lorde Hades vive me falando a mesma coisa. – ela riu.

— Você trabalha com o Sr. Lorde Loki?

— Senhor Lorde? – ele corou levemente e ela balançou a cabeça em diversão – Na verdade nem tanto, mas acho que ele me reconheceu porque meu irmão Pietro costumava orar bastante por ele, sabe? Eu também fazia às vezes. Mas... nem tanto recentemente, não desde que...

— Entendo. – Peter sorriu em compreensão. Ela se sentiu grata por não haver pena ali, não sabia lidar com aquilo – Meu tio não praticava, mas dizia que o Sr. Lorde Thor era o favorito dele. Por isso que depois de sua morte eu comecei a orar mais vezes para ele. Ele também é o deus da proteção à humanidade, sabia disso? É tão legal porque ele é um vingador agora.

— Faz sentido, na verdade. Loki é o deus da magia também e, você sabe, tem todo esse lance de Feiticeira Escarlate. Pareceu certo. Eu fiquei feliz quando ele me reconheceu e se ofereceu para me ajudar a aprender a controlar meus poderes. Ele disse que eu tenho potencial.

— Eu concordo com ele. Seus poderes são tão legais! O máximo que eu consigo fazer é ter umas premonições sobre o que vai acontecer nos próximos segundos. Não é tão legal quanto poder alterar a realidade.

— Eu vi você levantar um ônibus inteiro com uma mão só. E rasgar ferro como se fosse papel. Isso é legal.

— Ah, mas você pode fazer tudo isso com essa sua nevoa vermelha.

— Pode até ser, mas você tem premonições.

— Só para certas ocasiões.

— Ainda sim!

— Bem... se você diz. – Peter riu. Ela achou meio fofo – Ei, eu passei aqui pra buscar meu suco de caixinha, mas 'tava planejando ir assistir um filme no telão. Os outros saíram pra uma missão no México e eu fiquei sem nada pra fazer, então... quer vir assistir comigo?

— Claro, por que não? Qual filme?

— Já assistiu Tá Dando Onda? – ela acenou em negação e ele colocou a mão no peito, em horror fingido – Calúnia! Como pode alguém não ter assistido essa obra de arte? Vem, a gente precisa te educar. – ele contornou a mesa a agarrou a mão dela, tendo perdido toda a timidez anterior em decorrer de sua excitação pelo filme – Eu tenho uma tatuagem do João Frango com a minha amiga MJ. Só não deixa o senhor Stark descobrir isso ou ele vai pirar. As vezes eu acho que ele acha que é meu pai ou algo do tipo.

— Perai, e o prato?

— Deixa aí, se alguém perguntar quem foi a gente coloca a culpa no Bucky. Todo mundo sempre acredita que foi ele.

— Mas ele nem tá aqui, tá em missão.

— Ele vai aceitar a culpa de qualquer jeito, só pelo prazer de causar caos.

Ela deixou que ele os guiasse em direção à sala de cinema do complexo, sentindo-se mais leve em relação a suas preocupações anteriores. Sentiu que tinha acabado de fazer um novo amigo e aquele sentimento causava um calor bom no peito. De certa forma, Peter a lembrava de Pietro.

 


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam?
Vocês são leitores novos ou já conheciam a antiga After Dark? O que acham que pode melhorar? O que gostariam de ver da antiga história (isso é, caso se lembrem de alguma parte)?
Aproveitem que chegaram até aqui e deem uma passadinha na minha outra história ambientada no universo da Marvel: Sentido Aranha.
Beijos,
Saturn.



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