Sinceridade e Clareza escrita por Gui


Capítulo 1
Sincera como uma melodia




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Marinette se apoiou no parapeito de sua janela, sua mente ainda divagando nas palavras da confissão de Luka. Tinha sido a coisa mais doce de se ouvir, mas sua mania de analisar as coisas demais a fazia passar por tudo que foi dito e moldar o discurso ao redor de sua insegurança. Dizer que ela era clara como uma nota musical e sincera como uma melodia era apenas errado. 

Marinette mentia para todos. Nem mesmo seus amigos mais próximos conheciam quem ela verdadeiramente era, onde estava a claridade nisso tudo? Como Luka poderia se apaixonar por ela se ela mantinha tantos segredos? Nem mesmo a pessoa que ela mais confiava no mundo sabia. Marinette só conseguia pensar em Chat Noir, que era apaixonado por ela, assim como Luka. Diferentemente dele, Luka conhecia Marinette por sua versão mais real. Mesmo confiando sua vida ao Chat Noir sem pensar duas vezes, ela não conseguia nem mesmo ser um pouco aberta com ele. Isso era errado. 

Marinette não era clara. Talvez fosse verdadeira, seus sentimentos sempre eram expostos em seu rosto sem que ela pudesse fazer qualquer coisa para escondê-los, mas era doloroso pensar em tentar se deixar levar pelas palavras de Luka quando ela agia assim. 

Luka era um garoto doce, a pessoa que realmente conseguia apagar Adrien de sua mente apenas de dirigir seu olhar para ela. Ele era gentil, divertido e compreensivo. Ele tinha conhecimento da paixão da garota por Adrien e não fez nada, mesmo gostando dela. Essa era a parte charmosa dele, ele parecia colocar os interesses dela acima dos dele. Marinette queria conseguir colocá-lo no alto de sua lista de prioridades — ela não tinha chances com Adrien, de qualquer forma —, mas ela já tinha tantas obrigações... 

Suspirou. Naquela hora, tudo que Marinette queria era tentar ser um pouco mais da garota que Luka via nela. Clara e verdadeira.  

“Tikki, quais são as chances do Chat Noir estar vagando por aí?”, Marinette perguntou casualmente à sua kwami sentada em seu ombro, tão leve que sua presença era facilmente esquecível. 

“Não muito altas, Marinette.” A garota gostava muito do jeito que seu nome soava na voz fina e gentil da kwami. Era muito fofo. “Não houve um ataque esta noite.” 

“Acha que vale a pena buscar mesmo assim?”, ponderou incerta. 

“Não sei, mas se é o que vai te fazer se sentir melhor, não vejo por que não.” 

Marinette sorriu levemente. Agradeceu Tikki e se transformou, viajando pelos telhados de Paris sem nenhum destino específico, tendo certeza que não deixaria nada passar em sua busca. Como resultado, obteve uma péssima noite de sono e nenhum Chat Noir.  

Passou a manhã meio dormindo, meio ajudando seus pais na padaria. Sua mente voltou ao incidente com o vilão Oblivio. Naquele dia, ambos tiveram suas identidades reveladas um para o outro, mesmo não se lembrando disso. E mesmo sem memórias, os dois se beijaram antes de apagar os eventos. Eles se apaixonaram em tão pouco tempo que Marinette não podia deixar de se perguntar como seria se eles fossem tão sinceros um com o outro quando deviam ter sido nesse dia. 

Tikki já sabia a identidade de Chat Noir muito antes disso, mas Marinette nunca perguntou. Mesmo agora, se fosse para saber, ela preferia ouvir diretamente do garoto. Suportando o dia com muitos cochilos, Ladybug buscou seu parceiro mais uma vez durante a noite, sem nenhum resultado.  

Na noite seguinte, as coisas mudaram. Tendo desistido da busca gigantesca, Ladybug apenas se sentou em uma barra de metal da Torre Eifell e fitou a cidade brilhando em luzes amareladas que, vistas do alto, se confundiam em um mar estrelado. 

“Minha lady?”, ouviu a voz de seu companheiro por trás. “Não é muito comum a princesa aparecer em uma noite sem eventos.” 

“Eu estava procurando por você, gatinho”, Ladybug retrucou. Chat Noir deu um sorriso divertido depois de uma fração de confusão em sua face. 

“Não pôde resistir ficar longe de mim, foi?”, ele provocou. A heroína empurrou para longe o rosto de seu companheiro com o indicador em sua bochecha. 

“Eu queria conversar, mas a gente não tem nenhum meio eficiente de comunicação quando não estamos transformados.” 

“Eu posso me transformar algumas vezes no dia para checar meu bastão por mensagens, se você quiser.” 

Ladybug balançou a cabeça. 

“Ou eu podia te dar meu número.” 

Chat Noir a olhou confuso. 

“Mas isso denunciaria sua identidade.” 

“Eu sei, Chat", suspirou. "Recentemente um garoto muito gentil falou para mim que eu era uma pessoa clara e honesta, alguém que eu não sou, porque nem a pessoa que eu mais confio no mundo sabe quem seu sou.” 

“Você está insinuando que eu sou a pessoa que você mais confia?”, Chat perguntou com um sorrisinho que Ladybug achou melhor ignorar. 

“Eu quero ser um pouco mais da garota que aquele garoto diz que eu sou, Chat, e eu acho que me abrir com você é a melhor forma de começar isso. Podemos conversar em um outro lugar menos exposto?” 

“Claro, minha lady”, Chat concordou, segurando a cintura de Ladybug e usando seu bastão para levá-los a um telhado vazio. Ela reconheceu o lugar, era o mesmo que ela o encontrou como Marinette, quando ele estava de coração partido por Ladybug não ter aparecido para o encontro. Afastando-se de seu parceiro, a garota se destransformou, mantendo um olhar fixo em determinado em Chat Noir, apesar de seu nervosismo ao se revelar. 

“Meu nome é Marinette Dupain-Cheng, tenho dezesseis anos e ajudo meus pais na padaria quando não estou na escola.”  

Chat a olhava em total choque, sua boca aberta em um “O” cômico. Pela surpresa dele, Marinette diria que ele a conhecia, no mínimo. deixando a curiosidade de lado, a garota se sentou no chão e continuou a falar, observando a cidade. 

“Eu já recusei seus sentimentos várias vezes, dizendo que gosto de outro garoto. Bom, ele é da minha sala, você deve conhecer, a cara dele está pra todo lado em Paris”, confessou com uma risada, indicando um outdoor com uma propaganda de perfume de Adrien não muito distante. 

“É realmente estranho ouvir falarem de você como se você não estivesse ouvindo”, Chat disse com sarcasmo. Marinete virou sua cabeça e foi momentaneamente cega por um flash de luz esverdeada. Quando pôde ver, Adrien em pessoa estava parado diante dela. Foi sua vez de ter o queixo caído em surpresa. 

“Olá, Marinette”, ele fez uma reverência, “meu nome é Adrien Agreste, tenho dezesseis anos e trabalho como modelo na empresa do meu pai. Prazer em te conhecer.” 

A atitude Chat Noir ajudava a conter, mas seu rosto não deixou de corar fervorosamente diante de Adrien como sempre fazia. O garoto se sentou ao seu lado. 

“Não acredito que o amor da minha vida esteve o tempo todo sentando atrás de mim.” 

Marinette riu, mais do que consciente que tinha acabado de afirmar que era apaixonada por Adrien. Ele parecia entretido com isso. 

“Faz muito sentido, sou muito burro por não ter notado quem você era.” 

“T-tô pensando o mesmo.” 

Adrien riu. 

“No meu caso é mais fácil entender porque não dá pra perceber, eu só me permito me soltar quando sou Chat Noir, ninguém pensaria que o quieto Adrien Agreste seria na verdade Chat Noir.” Ele olhou para Marinette com diversão. “Já você e Ladybug são muito parecidas.” 

A garota balançou a cabeça. 

“Eu sou estabanada e esquisita”, discordou. 

“Eu já vi você concentrada, sendo a representante da turma. Quando você tem um objetivo claro, você é totalmente Ladybug. Já me peguei até comparando vocês duas algumas vezes. E você sempre foi clara e honesta comigo. Quando manteve segredos, você deixava claro porque não estava falando, e nunca pareceu feliz com sua decisão. Você nunca mentiu pra mim ou me deu motivos para não confiar em você, minha lady.” 

Marinette se viu mais uma vez surpresa. 

“Mas —", ela tentou dizer, mas Adrien a calou com seu indicador. 

“Eu amo você desde que te conheci”, admitiu, “e saber quem é você por trás da máscara não muda isso.” Ele sorriu com malícia. “Na verdade, isso só ajuda. Nunca me senti tão atraído por você quanto agora.” 

Marinette sentiu seu rosto queimar. Buscou palavras, mas só conseguiu emitir sons sem sentido. Adrien pressionou seus lábios contra os dela com suavidade. O mundo parou. Ela poderia ficar ali para sempre. Era completamente diferente da vez que ela beijou Chat Noir para tirá-lo do feitiço do akuma, Marinette queria esse beijo. Seus pensamentos desaceleraram e ela só conseguiu focar na sensação gostosa, mas o garoto se afastou cedo demais. 

Algo em sua expressão fez Adrien abrir um grande sorriso felino. 

“Minha lady queria mais?”, brincou. Ele realmente era Chat Noir, o mesmo flerte constante e a atitude ousada que Ladybug sempre ignorava por gostar de Adrien, mas que ela secretamente gostava. Ela se divertia, mesmo ficando constantemente irritada pelos momentos errados que ele conseguia encaixar uma piadinha, quando ela tentava ficar focada no vilão. Ali estava, tudo que ela mais gostava condensado em uma única pessoa. 

Como sempre, ela não podia deixar o flerte passar impune. Marinette segurou seu rosto e o puxou de volta para ela. Aquele gatinho agora pertencia a ela. 


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que os dois tem 14 anos mas eu acho a atitude sexy do Chat aceitável somente com 16 então é o que vai ser.



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