Estrelinha. escrita por Mayura


Capítulo 1
Capítulo único.




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Capítulo único.

Estrelinha.

O ambiente exalava fogo e gritos por onde quer que olhasse. Em volta o homem podia ver seus amigos caídos, um atrás do outro eles morriam em agonia enquanto uma nuvem intensa de cinzas invadia suas narinas.

Ele caminhava calmamente, não parecia se importar com o cenário a sua volta. Foi quando algo chamou sua atenção. Não muito longe de onde estava havia uma mulher. Ela estava de costas para si e tentava a todo custo se arrastar para longe. De onde estava o homem pôde perceber que ela estava carregando algo e, por cura curiosidade, decidiu se aproximar.

— Deixe-me ver o que leva contigo. - Ele disse para a mulher. Ela, no entanto, apenas apertou o passo. Sem olhá-lo realmente nos olhos. Aquilo o incomodou. - Não me ignore, mulher estúpida! - Ele rosnou, enfurecido, e pôde sentir os chifres em sua cabeça tremerem. O homem não sabia que os tinha. Ele se aproximou e a tocou nos ombros, obrigando-a a parar.

— Não, por favor. - Ela implorou ao sentir o toque quente em sua pele maltratada. Aquela voz fez o homem esmorecer. De quem era? Ele ainda não podia ver seu rosto. Pelas costas ele notou que a mulher tremia. - Mate-me se quiser, mas não faça mal a ela. Eu imploro, não faça mal a nossa bebê, Natsu.

O homem parou. Estático ele finalmente viu o rosto da mulher. Era Lucy! A mulher estava ferida da cabeça aos pés e tremia, tremia como se estivesse vendo o próprio demônio. E realmente via. Ela implorava baixinho a ele e em seus braços Natsu pôde finalmente ter o vislumbre de um rosto infantil.

— Lucy, quem fez isso com você? - Ele perguntou, mas temia a resposta. Temia que ela respondesse o obvio. - Me diga, Lucy.

— Foi você.

E então tudo começou a rodar. Um imenso buraco se abriu em seu peito e sangue corria desesperado por todo seu corpo e chão formando uma poça escura. Caiu de joelhos. A sua volta tudo desaparecia. O cenário minguava entre cores de preto e cinza. Não teve tempo de realmente sentir dor. Sua preocupação estava em Lucy. A mulher o encarava com olhos vazios.

— É tudo culpa sua, END. - Ela disse. O bebê em seu colo havia desaparecido, ela também sangrava, mas ao contrário de Natsu, seu sangramento se restringia a região do ventre. - Você matou a todos. Erza. Gray. Wendy. Happy e… Nashi. Foi você. Só você. Maldita foi a hora que você voltou dos mortos.

Natsu agora estava desesperado. Em sua mente a lembrança do que fez o assolava como o baque de um rugido. Lembrou de seus amigos, todos estavam mortos e a culpa era sua. Lembrou-se de Lucy, os olhos temerosos de sua mulher ao vê-lo descontrolado quando finalmente cedeu a END.

— Você é um demônio. - Disse uma voz atrás de si. Era Gray. Ele não estava só, todos os outros membros da guilda estavam ao seu lado. Eles o encaravam friamente. Não pareciam realmente vê-lo. - O demônio mais forte END. Sim, esse é você, Natsu Dragneel. E nada do que você fizer vai mudar o seu destino.

Natsu sentiu uma dor estridente no peito. A fenda ali havia aumentado de tamanho e jorrava sangue preto por todos os lados. Foi quando finalmente desmaiou, entregando-se por completo a escuridão.

….

Natsu acordou suado, desesperado em busca de ar. Havia tido novamente aquele pesadelo. Há uma semana não conseguia dormir direito, sempre acordava no meio da noite e quase nunca conseguia voltar a dormir. O corpo em brasa de tão quente. Nos lençóis onde se encontrava podia-se ver marcas de queimado. Droga. Será aquilo um mero sonho? Natsu sempre se perguntava. Talvez fosse um aviso. Um aviso de que em breve perderia o controle de END.

Ele chacoalhou a cabeça espantando tais pensamentos. Não podia se dar ao luxo de Lucy perceber seu estado mais uma vez caótico. Foi com isso em mente que o rapaz se virou na cama. Queria sentir o corpo da esposa. Seu cheiro era o melhor remédio para acalmar o coração atormentado do homem. Mas ao se virar encontrou apenas o colchão frio.

— Eh? - Foi o que disse e então se sentou na cama. Ela não estar ali o havia preocupado. Será que a havia machucado com suas chamas enquanto dormia? Não iria perdoar-se se tivesse. Concentrou-se em encontrá-la pelo perfume. Ela não estava longe. Desceu da cama e foi de encontro a ela.

Lucy estava na cozinha com Nashi nos braços. Balançava a menina nos braços de um lado para o outro. Os olhos cansados contrastavam com a felicidade de amamentar a filha. Sua filha também, ele fez questão de lembrar. Aquela cena o acalmou. Dentre tantos inimigos vencidos, aquela família era sua maior vitória.

Lucy cantarolava baixinho quando Natsu se aproximou por trás assustando-a.

— Natsu. - Ela o chamou sorridente. Ao ver o estado do outro seu sorriso se desfez. - Outro pesadelo? - Ele não respondeu, apenas enterrou o rosto na curva do pescoço da esposa. Ela não disse mais nada, apenas colocou a mão sobre os seus cabelos rosados. Havia entendido a situação. Aquilo o reconfortou. Sabia que não precisava dizer nada, Lucy sempre compreendia.

Nashi em seu colo fez menção de chorar e então Lucy voltou a cantar. A voz dela era melodiosa e acalmava tanto a bebê quanto o pai.

“Não chore, estrelinha.” A letra dizia. “Aqui em baixo tem pessoas que te olham, não há o que temer” Conforme os versos corriam Natsu sentia o peito esquentar. “Brilhe, brilhe. Sempre, sempre com ternura. O seu brilho nunca vai sumir.” “Mas se algum dia se sentir só, lembre-se, mamãe e papai amam você.”

Natsu chorou. Um choro desesperado. As lágrimas quentes banhavam os cabelos da jovem, mas ela não ligou. Nunca ligava. Sabia dos demônios do rapaz, mas não cabia a ela enfrentá-los. Tudo o que podia fazer era servir de muleta. Apoiá-lo até que pudesse seguir em frente com as próprias pernas.

 “Não chore, estrelinha.” a música dizia. “Brilhe, quente como o sol.” “Você não está sozinha” “Eu sempre hei de segurar sua mão...”   


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