Need You Now escrita por oicarool


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Trigger Warning
Mesma temática do outro capítulo



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A pior parte de ser uma empresária bem sucedida era que, vez ou outra, Elisabeta não conseguia evitar as obrigações sociais. Eram sempre iguais, ela sempre se sentia deslocada, e, não fosse por Ludmila, seriam completamente intoleráveis. Mas, com Ludmila à seu lado e as duas fazendo uma pequena competição secreta em relação às taças de vinho, a noite passava um pouco mais rápido.

Já haviam falado mal de quase a totalidade das pessoas que ali se encontravam. Era um hábito que não conseguiam deixar de lado, não importando quanto tempo passasse. Elisabeta escondia a risada enquanto Ludmila comentava sobre vestidos horrorosos, escândalos sociais, perucas e tudo mais que a sociedade oferecia. Já estavam na quarta ou quinta taça.

— Quando poderemos ir embora? – Ludmila bufou.

— Espero que em breve. – Elisabeta revirou os olhos. – Eu mal posso acreditar em como esses sapatos são desconfortáveis.

— E eu mal posso acreditar que estou aqui enquanto Januário está na minha casa. – Ludmila se aproximou, em tom conspiratório. – Ele deve estar nu, pintando um quadro meu.

Elisabeta gargalhou com o comentário.

— Quão escandaloso você acha que seria se eu fugisse do baile para agarrar Darcy? – Elisabeta ergueu a sobrancelha.

— Depois de sua aventura no cinema eu não duvido mais da sua capacidade de ser descarada. – Ludmila riu.

— Ele deve estar lendo no carro. – Elisabeta suspirou. – Ele usa óculos para ler, você sabia?

— Deus foi muito justo com você, minha amiga. – Ludmila sorriu.

— Deus? Ludmila, Darcy não pisa no céu. – Elisabeta riu. – É um enviado das trevas pra me testar.

— E você está falhando todos os testes. – Ludmila gargalhou.

— Um por um. – Elisabeta baixou o tom de voz. – E eu juro para você, eu estou prestes a falhar mais um.

— Mais um o que? – as duas ouviram a voz de West atrás delas. – Lizzie, Lud, que prazer encontrá-las nesta noite.

Os cabelos de West eram sempre perfeitamente penteados, e após aquela noite no escritório, Elisabeta nunca mais conseguira vê-lo com outros olhos. Havia sempre algo sinistro em seu olhar, em seus movimentos controlados. Continuava tratando West com normalidade, apesar de mantê-lo no escuro à respeito de todas as informações importantes. E lembrava-se com perfeição no vacilo de seu sorriso ao dizer à ele que não poderia mais participar de algumas decisões.

Ainda assim, vez ou outra ele estava por perto. Insistia em dar palpites nas empresas, mostrar que sabia sobre números de produção, funcionários. Elisabeta tinha um arrepio na espinha sempre que ele citava seus conhecimentos. Parecia calculado milimetricamente, como se tudo o que ele dissesse fosse para lembrá-la que sabia demais sobre o patrimônio dos Green.

Elisabeta percebera também que West sabia muito mais do que as informações dadas por ela. Sabia coisas sobre o passado da empresa, sobre antigos funcionários. Ela estava convencida de que havia algum tipo de agenda em sua aproximação. Provavelmente o plano de West envolvia seduzi-la, convence-la à um novo casamento, e logo teria milhões em suas mãos. Era esse o principal motivo para Elisabeta evitar ficar sozinha com ele. Tinha a sensação de que a qualquer momento poderia cair em uma armadilha.

— Meu querido Weston. – Ludmila arrastou a voz. – Como vai?

— Muito bem, Lud. – West sorriu, puxando a mão de Ludmila para um beijo, um cumprimento completamente antiquado. – Lizzie.

Ele fez o mesmo com sua mão, e Elisabeta evitou revirar os olhos. Sentia repulsa de ser tocada por ele, mas estavam em público e nada seria pior do que rejeitá-lo em frente à tantas pessoas.

— West. – Elisabeta forçou um sorriso.

— Lizzie, você me daria a honra de uma dança? – ele pediu, sem soltar a mão dela.

— Eu acho que ninguém está dançando. – Elisabeta manteve o sorriso. – Mais tarde, talvez?

— Ora, Lizzie, é só sermos os primeiros. – West manteve a mão dela na dele. – Vamos, não faça esta desfeita. As pessoas vão comentar.

Elisabeta olhou para Ludmila, que revirou os olhos. Odiava sentir-se pressionada à fazer alguma coisa. Ainda assim, ele a encarava de uma forma firme, como se não fosse aceitar uma negativa sem fazer daquilo uma cena. Elisabeta então assentiu, sendo conduzida por ele até a pista de dança. E se havia algo pior do que bailes, eram as danças. Elisabeta odiava cada segundo delas.

E não sabia que poderia haver um cenário pior do que aquele, ao menos até West segurar sua cintura. Ele a aproximou mais do que o que seria correto, e Elisabeta conteve um comentário irônico. West era um ótimo dançarino, mas havia algo desagradável na forma como o corpo dele roçava no dela. Algo mais íntimo do que ela gostaria, e ainda assim ele a segurava firme, impedindo que ela desse um passo para trás.

— Gosto da forma como ficamos juntos. – ele disse no ouvido dela. – Você não sente essa vibração?

— Acho que já conversamos sobre isso. – Elisabeta manteve o sorriso, tentando ser delicada.

— Uma mulher como você, Lizzie. – West continuou. – Você não sente falta do calor de um homem?

West a pressionou ainda mais contra seu corpo e Elisabeta teve uma onda de repulsa ao sentir a ereção dele pressionar sua coxa.

— Eu não acho que esta conversa seja adequada. – ela disse, tentando se afastar, em vão.

— E como não seria? – West escondeu o rosto no pescoço dela, fungando sua pele. – Eu sinto o seu cheiro de quem precisa de cuidados, Lizzie.

— West, realmente não estou gostando dos rumos dessa conversa. – Elisabeta tentou empurrá-lo um pouco mais forte.

O aperto dele era forte. West era muito mais forte do que ela. Elisabeta tentou fazer contato visual com Ludmila, mas sua amiga não estava em lugar nenhum. Os casais já estavam dançando em volta deles e ninguém parecia perceber sua situação. Elisabeta sentiu-se nauseada.

— Me solte antes que eu faça um escândalo. – ela avisou, em voz baixa.

— Você poderia fazer um escândalo na minha cama. – West pressionou-se contra ela. – Eu sei que você quer.

— Nem se você fosse o último homem da face da terra. – Elisabeta por fim conseguiu se soltar dele.

Não fez mais nada além de virar as costas e ir embora. Não havia tempo de avisar Ludmila, não havia tempo de se despedir dos anfitriões. Queria apenas ir embora. O ar frio da noite bateu em seu rosto, e Elisabeta sentiu uma onda de pânico. Se West estivesse atrás dela estariam completamente sozinhos. Olhou para trás, mas não havia ninguém.

Tinha vontade de chorar, de gritar. Não havia mais como manter qualquer contato com aquele indivíduo. O comportamento de West era animalesco. Céus, como alguém poderia agir daquela forma? Como alguém poderia desrespeitá-la tanto, em poucos gestos? Será que ela havia dado alguma abertura? Mas não. Sabia que não. Sabia que não era culpa sua. Havia sido clara com ele mais de uma vez.

Quando chegou à área destinada aos carros, um dos motoristas a avisou que Darcy estava na parte de trás da casa. Nada a faria passar pelo baile de novo. Não havia uma só célula em seu corpo que não fosse reagir de forma escandalosa à West se o visse novamente. Ela assentiu, agradeceu, e caminhou pela lateral da casa. Era escuro, a grama estava molhada, e Elisabeta sabia que seu vestido estava ficando sujo.

Quando chegou à parte de trás e a luz retornou à seus olhos, Elisabeta avisou Darcy conversando com outros motoristas. Ela não queria chamá-lo, não queria chamar atenção para si mesma. Mas Darcy parecia ter um radar, parecia sentir a sua presença, e os olhos dele pousaram nela. Ela observou quando Darcy se despediu dos outros colegas, e então ele andou em direção à ela.

Ela voltou para as sombras, e Darcy quase passou por ela. Elisabeta o segurou pelo braço, o puxando para uma dobra da casa. Era escuro, era confortável, e ela precisava dele. Precisava do toque dele para esquecer o de West. Ele foi como um imã em direção à ela. Elisabeta encostou-se na parede e o puxou para ela.

— O que foi? – ele perguntou, seu tom de voz preocupado.

— Não fala nada. – ela pediu, procurando as mãos dele, colocando em seu corpo.

E era alívio ter o toque dele. O cheiro de Darcy. Elisabeta buscou seu pescoço, beijou a pele dele. Darcy suspirou, pressionando o corpo contra o dela.

— Lizzie, o que houve? – ele perguntou, e o apelido na língua dele tinha outro tom, um tom de casa.

— Eu só preciso de você. – Elisabeta sussurrou contra a pele dele, mas até ela sabia que seu tom de voz era distante.

— E eu estou aqui. – Darcy disse, firme. – Mas você está estranha, estava parecendo um fantasma. O que aconteceu?

— Nada importante. – ela mentiu. – Eu só quero o seu toque, você dentro de mim. É pedir muito?

— Eu estou preocupado. – Darcy disse, e Elisabeta mordeu seu pescoço. – Droga, Lizzie. Confie em mim.

Ela não queria falar. Não sabia como falar. Só queria esquecer, queria que Darcy a tocasse até apagar West de sua mente. Como ele havia feito quando ela achou que West a beijaria a força. Respirou fundo, então. Escondeu a cabeça no pescoço de Darcy e passou os braços em volta dele. Darcy a puxou contra o corpo dele, a abraçando com força.

— Eu não quero conversar. – ela disse, em voz baixa. – Eu confio em você, mas eu não quero. Eu não posso agora.

Darcy assentiu, uma de suas mãos acariciando as costas dela lentamente.

— Eu só quero um pouco de você. – Elisabeta disse.

— Você tem o que quiser de mim. – Darcy sussurrou no ouvido dela. – Eu posso levá-la para casa, abraçar você ou podemos transar nesse cantinho mofado. – ele a fez rir.

— Não está mofado. – ela reclamou.

— Está sim, e tem lama em nossos pés. – Darcy riu. – Eu não me importo com um pouco de sujeira, mas talvez seja difícil de explicar para as pessoas.

— Estávamos com os porcos. – Elisabeta beijou o pescoço dele de leve.

— Por que não vamos para aquela linda mansão? – Darcy beijou a testa dela. – Eu posso tirar sua roupa de verdade dessa vez, ao contrário do outro baile.

— Você é um romântico, Darcy Williamson. – ela suspirou.

— Não tem nada de romântico no que quero fazer com você. – Darcy riu. – O que você me diz disso?

— Eu não tenho outra alternativa, tenho? – Elisabeta resmungou.

— Sempre podemos parar o carro em uma rua escura. – Darcy disse. – Agora vamos.

Darcy entrelaçou os dedos aos dela e caminharam assim até chegar perto da luz. Darcy então saiu primeiro, caminhou até o carro, e não demorou para que Elisabeta o encontrasse. Ela suspirou aliviada ao estar protegida em um ambiente familiar. Darcy dirigiu até a casa de Elisabeta, fez comentários sobre as estrelas, a lua, e não perguntou nada sobre o baile.

Guardou o carro no galpão e mais uma vez saíram de mãos dadas. Elisabeta bocejou três vezes até chegarem ao andar de cima. Quando Darcy tentou sugerir que ela dormisse, ela ficou em silêncio, e o levou direto para o quarto dela. Seus cachorros estavam deitados em frente à porta. Elisabeta abaixou-se, acariciando as orelhas dos dois. E então os quatro entraram no quarto dela.

Não havia mais desespero quando Darcy começou a desabotoar o vestido dela. West já era um pensamento distante quando ele beijou seu pescoço, quando a levou até o banheiro e terminou de despi-la logo após ligar o chuveiro. A água quente fez seus músculos relaxarem, e o toque de Darcy fez o mundo voltar ao normal. Havia o cheiro dele em todos os lados, as mãos familiares, as sensações que faziam seu corpo acender em um piscar de olhos.

Darcy a acariciou dos pés à cabeça. Ensaboou seu corpo inteiro, estimulou cada área que estivesse ao alcance de suas mãos. Era inebriante e ao mesmo tempo parecia outro universo. Ela não sabia se havia tocado mais do que os ombros dele, enquanto apoiava-se em Darcy. Não sabia se havia retribuído qualquer das carícias dele. Apenas sentia Darcy em todos os lados.

Ela estava com as costas apoiadas no peito dele quando o prazer a invadiu pela primeira vez. Sabia que havia choramingado o nome dele, pedido para que ele ficasse por perto. E Darcy continuou tocando seu corpo, beijando sua pele. Mas nada foi tão intenso quanto o momento em que Darcy ergueu seu corpo, fazendo Elisabeta se enrolar na cintura dele. Ele a penetrou com os olhos nos dela, e parecia invadir sua alma, muito mais do que invadir seu corpo.

E ela precisava tanto daquele olhar, do desejo que via nele. Mais do que isso, precisava do respeito irrestrito que ele tinha com ela. Precisava daquele homem que havia entrado em sua vida sem qualquer alerta. Como uma tempestade que chega sem avisar. Mas que nunca havia feito menos do que respeitar seus desejos e suas vontades. Que lia suas reações e se moldava à elas.

Como agora, quando ele não precisava de jogos de palavras. Darcy nunca se fazia inoportuno. E era tudo o que ela precisava. Precisava que ele a olhasse daquele jeito, com o olhar lotado de preocupação e carinho. De uma forma que fazia com que ela se sentisse especial, valorizada. Ele tinha esse efeito nela. Elisabeta acariciou o rosto dele, sua barba, seu nariz, sua boca. Darcy tinha aquele olhar de menino em um corpo pecaminoso.

Elisabeta sentiu o prazer vir através daquele olhar. A invadiu em ondas, e ela sorriu, fazendo-o sorrir também. Ele encostou a testa na dela antes de sussurrar seu nome e Elisabeta teve novamente aquele desejo intenso de colar sua boca à dele. E o momento passou, o som da água caindo ficou mais alto, e o contraste dos azulejos frios ficou mais evidente.

Mas houve uma diferença naquela noite. Quando Darcy a colocou na cama e deitou-se ao lado dela, acariciou seus cabelos molhados e tentou levantar-se novamente, Elisabeta disse uma única palavra, que pareceu abrir caminho para um mundo completamente novo.

— Fica.


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