Need You Now escrita por oicarool


Capítulo 16
Capítulo 16




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Em menos de um mês, Cecília já era adorada por todos os moradores da mansão Green, desde Petúlia até Olive e Jamie. E não havia como ser diferente. Era uma menina doce, prestativa, sempre bem humorada e disposta. Fazia comentários agradáveis, elogiava à todos, e não havia dúvidas do quanto era esforçada em seus estudos. Trabalhava na mansão durante a manhã, estudava à tarde, e auxiliava Petúlia à noite.

Elisabeta aos poucos ficou sabendo mais sobre Cecília, a família Benedito e o Vale do Café, o município no interior de São Paulo onde moravam. A cada vez que Cecília falava sobre sua família, Elisabeta tinha mais vontade de conhecê-los. E eram tão importantes para Cecília que, aos poucos, Elisabeta tinha a sensação de que já eram parte de sua família. E Cecília, bem, era como uma irmã mais nova que ela não tinha.

Sendo Cecília uma pessoa encantadora, Elisabeta não teve qualquer pensamento quando Darcy passou à elogiá-la. Eram sempre comentários bastante respeitosos sobre sua inteligência, sua dedicação, sua personalidade. Ele não parecia olhar para ela com qualquer malícia, e por isso Elisabeta não imaginou que pudesse haver nada por trás daqueles comentários.

Sua rotina de trabalho continuava extenuante, e por isso Elisabeta passava pouco tempo em casa. Mas, aos poucos, o perigo das demissões foi se afastando, os cargos sendo reocupados, e Elisabeta pode finalmente respirar aliviada. Após mais de três semanas de trabalho intenso, as coisas pareciam finalmente sob controle na empresa, e isso dava a ela algum tempo para pensar em si mesma.

Não havia encontrado Darcy durante aquele período. Pensou em retribuir a visita, mas estava sempre tão cansada que seus planos eram frustrados por seu próprio sono. Com a normalização de suas atividades, Elisabeta planejou a noite. Fez comentários maliciosos com Darcy durante quase todo o dia. Ele retribuía, como sempre. Mas, quando Elisabeta estava prestes a entrar no quarto dele, ouviu uma voz feminina vinda do interior.

Naquela noite acreditou que fosse Charlotte. E é claro que não entraria no quarto de Darcy com a irmã dele lá dentro. No outro dia, porém, sua suspeita não se confirmou. Logo cedo Charlotte declarou que havia dormido com as galinhas, e obviamente não estava no quarto de Darcy no início da madrugada. Elisabeta sentiu uma onda de irritação, mas fingiu que havia adormecido e por isso não cumprira a promessa.

No dia seguinte, porém, Elisabeta não tinha qualquer intenção de ir ao quarto de Darcy. Havia, sem dúvidas, uma conversa acontecendo. Ela podia ouvir os murmúrios de seu quarto, mas era impossível identificar o conteúdo. Sua irritação crescente culminou na necessidade de um chá, e para sua total surpresa, quando retornava à seu quarto, foi Cecília quem ela viu saindo do quarto de Darcy. Quase derrubou a xícara e agradeceu mentalmente por não ter sido vista.

E agora estava ali, narrando todos os fatos para uma Ludmila com a sobrancelha arqueada. Sabia que estava soando como uma paranoica, mas não sabia o que fazer.

— Você tem certeza? – Ludmila perguntou.

— Eu vi, Lud! Era claramente Cecília saindo do quarto de Darcy em plena madrugada. – Elisabeta bufou.

— E você nunca viu nada suspeito entre eles? – Ludmila questinou.

— Bem, eu nunca achei suspeito. Eles se dão bem, conversam, debatem livros no jantar. Não me parecia suspeito. Obviamente eu estava enganada. – Elisabeta afundou-se na cadeira.

— Cecília é uma menina encantadora, mas é uma menina. Ela tem quantos anos? Dezoito, dezenove? – Ludmila bateu os dedos na mesa.

— Dezenove. É praticamente uma criança. E a coloquei na jaula do leão.

— Elisa, você estava casada com dezenove anos. E se Cecília caiu nos encantos de Darcy, nenhuma de nós está em posição de julgar. – Ludmila riu.

— Eu não estou julgando. Não Cecília, ao menos. E ela não é como nós. É uma menina inocente. – Elisabeta reclamou.

— Ela parece bastante com você, então eu duvidaria que não houvesse um pouco de malícia. – a amiga riu.

— Mas eu me sinto responsável por ela, como me sentiria responsável por Charlotte. Eu não imaginava que ele agiria assim. – ela franziu a testa. – Não em minha casa, ao menos.

— Bem, minha amiga, e ai está o centro do problema. Você nunca se importou se o jardineiro e a cozinheira tinham noites de amor em sua casa. – Ludmila apontou um dedo para ela. – O seu problema é Darcy com outra mulher.

— Eu estou falando sério aqui, Ludmila. – Elisa bufou.

— Eu também. Você não é puritana, você não se importa com o que seus empregados fazem, e se não fosse Darcy provavelmente seria a primeira e encorajar Cecília. – Ludmila riu.

— Você está errada.

— Elisa, eu a conheço. Esse seu destempero sobre o assunto é ciúme. – Lud revirou os olhos. – O que sempre foi uma característica sua, imagino então quando se trata de Darcy.

— Não estou com ciúme. – Elisabeta irritou-se. – É apenas um absurdo que ele use a minha casa para fazer isso.

— Com outra mulher que não seja você. – Ludmila disse.

— É claro que com outra mulher, Ludmila. – Elisabeta revirou os olhos. – O que você pensaria se Januário fizesse isso?

— Darcy é o seu Januário, então? – Ludmila bateu palmas. – Estamos escalando rapidamente nessa conversa.

— Darcy não é nada meu. Certamente não depois dessa palhaçada. – ela bufou. – Eu já sabia que ele era um canalha e era uma questão de tempo até que aprontasse, e ainda assim estou surpresa.

— Essa história está muito esquisita. Você tem que confrontá-lo. – disse, simplesmente.

— É claro. E eu digo o que? Estive ouvindo atrás da porta, espionando o seu quarto? – Elisabeta irritou-se.

— Você tem que flagrar os dois. – Ludmila deu de ombros.

— E como é que eu vou fazer isso sem parecer uma louca, Ludmila?

— Como ontem à noite, é claro. Mas no lugar de ser sem querer, você vai armar a situação. – Ludmila conspirou. – Eis o que você vai fazer...

Elisabeta ouviu o plano de Ludmila até o final, fez questão de não puxar qualquer conversa com Darcy no carro, fingiu que estava indo dormir mais cedo. Percebeu, então, que seus cachorros eram ótimos aliados. Ela soube o exato momento em que Cecília entrou no quarto de Darcy, o momento em que a conversa começou. E céus, eles falavam muito, ainda que Elisabeta não conseguisse ouvir nada.

Não era uma surpresa. Darcy gostava de falar enquanto fazia qualquer coisa. E sua irritação aumentava cada vez que imaginava o que ele poderia estar dizendo para Cecília. Provavelmente coisas que já dissera para ela em algum momento. Não havia problema em admitir para si mesma que estava com ciúme. Mas, mais do que isso, sentia-se desrespeitada.

Não levava Darcy a sério. Ele era claramente um mulherengo, um homem do mundo. Era completamente irracional acreditar que ele seria fiel, que seria de uma mulher só. Por isso evitava se apaixonar por ele. Terminaria em sofrimento, ela sabia disso. Não haveria outra opção. Ainda assim, estava surpresa e irritada com ele. Em sua própria casa era completamente fora do aceitável.

Os dois continuaram falando por algum tempo, as vezes riam. Elisabeta viu Jamie e Olive se aproximarem da porta e soube que era o exato momento. Fingiu que o quarto estava escuro, se aproximou da porta, e quando ouviu o som do quarto ao lado, a abriu. Cecília a encarou espantada. Estava com a mesma roupa do dia, e não parecia ter um fio de cabelo fora do lugar.

Darcy, pelo contrário, usava uma de suas regatadas e tinha um sorriso convencido no rosto. Elisabeta fez o melhor para manter uma expressão neutra, controlada. Cecília corou, e Jamie e Olive correram até ela. Malditos traidores. Elisabeta olhou de um para o outro e então abriu um sorriso completamente falso.

— Me desculpem. – ela disse, suave. – Os cachorros estavam inquietos. – justificou.

— Bem, eu vou dormir. – Cecília disse, completamente envergonhada. – Boa noite, Darcy. Boa noite, Elisa.

Elisabeta manteve o sorriso até que Cecília – e seus cachorros – estivessem fora de visão. E então o desfez em um olhar irritado que encontrou os olhos de Darcy. E ele permanecia ali, sorrindo. Talvez tenha sido essa a gota d`água. Se ele ao menos parecesse constrangido, fingisse que se importava com o que fazia. Mas estava ali, como um rei. Elisabeta desistiu de confrontá-lo, não valia a pena.

Tentou fechar a porta, mas ele foi mais rápido. Em menos de um segundo havia fechado a porta dele e impedido que Elisabeta o deixasse do lado de fora. Ela desistiu de fazer qualquer esforço. Entrou em seu quarto e Darcy a seguiu, fechando a porta atrás dele. Elisabeta respirou fundo, tentando controlar as palavras.

— Vá embora. – ela disse, em voz baixa, de comando.

Parou praticamente do outro lado do quarto, os braços cruzados. Darcy permanecia com aquele sorriso, a encarando. Elisabeta acendeu o abajur, e arrependeu-se na mesma hora, quando teve vontade de bater nele. Fazia muito tempo que não sentia-se tão fora do controle quanto naquele momento.

— Você ouviu. – ela repetiu, quando ele não se moveu. – Saia daqui, e agradeça por eu não estar mandando você fazer as malas.

— Você quer me demitir e me expulsar de casa? – Darcy a provocou. – Achei que você era mais generosa.

— Não me faça repetir uma terceira vez. – ela sibilou.

— Eu não vou sair. – Darcy cruzou os braços, encostando-se na porta. – Você não quer saber o que Cecília fazia no meu quarto?

— Não. – ela disse, certa de que já sabia. – O que você faz da sua vida não é problema meu.

Darcy sorriu, irônico.

— Aliás, quer saber? É problema meu quando acontece dentro da minha casa. – Elisabeta bufou. – Eu achei que esse tipo de decência você tivesse.

— Esse tipo? – ele arqueou a sobrancelha.

— É claro que eu não esperava nada diferente de você ter outras mulheres. – ela tentou controlar o volume da voz. – Só não achei que seria no quarto ao lado do meu.

— Você está sendo um pouco ofensiva. – Darcy riu, mas ela viu o olhar dele mudar.

— Então por que você não vai ficar ofendido no seu quarto, no quarto de Cecília? – Elisabeta disse, com desprezo. – Ou no clube, no raio que o parta?

— Porque é você quem está me ofendendo, princesa. – Darcy disse, irônico. – Eu sei que deveria esperar essa reação, afinal Lud já havia dito que você não gostava de dividir, mas estou surpreso.

Elisabeta respirou fundo. Sua vontade era jogar alguma coisa nele. Respirou novamente. Darcy deu alguns passos em sua direção, parecendo um predador.

— Vai pro seu quarto. – ela disse, novamente. – Eu não quero olhar pra você.

— Feche os olhos, então. – ele disse, desdenhoso.

— Então fique. E fique à vontade. Durma na minha cama, chame quem você quiser para uma festa. – Elisabeta apontou ao redor de si.

Tentou passar por ele, mas Darcy segurou seu braço, a mantendo no lugar. E então a puxou contra o corpo dele. Elisabeta tentou relutar, mas ele a segurava com firmeza, e ela percebeu que era em vão.

— Você realmente acha que eu faria isso? – ele perguntou, em voz baixa.

— Sim. – ela respondeu, sincera.

— E você não cogita haver outra explicação? – Darcy olhou nos olhos dela.

— Para um homem e uma mulher passarem as madrugadas trancados no quarto? – Elisabeta bufou, sustentando o olhar dele. – Você subestima a minha inteligência ou superestima a sua.

— Madrugadas? – Darcy abriu um sorriso. – Mais de uma?

— Você sabe que sim, não banque o inocente. – Elisabeta sibilou.

— Foi por isso que você não foi ao meu quarto? – ele perguntou. – Você ouviu Cecília?

— Pare de parecer tão orgulhoso. – Elisabeta disse, com desprezo. – Cecília é uma menina, um pouco mais velha do que a sua irmã.

— Cecília sabe bem o que está fazendo. – Darcy manteve o sorriso. – Você é quem parece confusa.

— Eu? Ah, por favor... – Elisabeta resmungou.

— Mas você está controlada pra quem está guardando isso há três dias. – Darcy acariciou o rosto dela. – Eu não teria tanta paciência se ouvisse um homem no seu quarto.

— Pare de fazer piada, saia daqui. – Elisa tentou sair dos braços dele, sem sucesso.

— E perder a chance de apontar esse ciúme todo, princesa? – Darcy segurou os cabelos dela com delicadeza. – Parece que alguém quebrou um brinquedo seu.

Elisabeta resmungou, sem falar nada. Darcy aproximou-se do pescoço dela. Elisabeta fez menção à empurrá-lo, mas perdeu a coragem quando os lábios dele tocaram sua pele.

— O que é engraçado... Você só me procura quando precisa e treme de raiva com a ideia de outra mulher comigo. – ele riu contra a pele dela, lambendo de leve o local.

— Você não precisava fazer isso na minha casa, Darcy. – ela reclamou.

— Se fosse na rua você não teria nenhum problema com isso? Com outra mulher me tocando? – Darcy sussurrou no ouvido dela.

Elisabeta não respondeu. Não conseguiu.

— Admita que está com ciúmes. – Darcy acariciou as costas dela. – Que a ideia de qualquer mulher comigo deixa você louca.

— Para que? Pra massagear seu ego?

Darcy a ergueu sem esforço algum, fazendo Elisabeta passar as pernas pela cintura dele, os braços por seu pescoço. Ele deu alguns passos até encostá-la na porta do banheiro do quarto.

— Para que eu saiba que não sou o único a perder a cabeça ao imaginar você com outro. – Darcy disse, olhando nos olhos dela.

— Eu não estou recebendo homem nenhum no meu quarto. – ela disse, irônica. – Não vejo motivos pra você imaginar.

— Nem seu amigo West? Os passeios de algumas semanas atrás? – Darcy revirou os olhos.

— Não é a mesma coisa. – Elisabeta suspirou.

— Não é mesmo. – Darcy sorriu. – Eu tenho certeza que Cecília vai querer se explicar amanhã.

— E eu vou dizer à ela para tomar cuidado com homens como você.

— Não vai. – Darcy lambeu o pescoço dela. – Você vai dizer pra ela ficar longe de mim.

— Vou mesmo. – Elisabeta segurou os cabelos dele.

— Mas não é por ela, é, princesa? – ele a mordeu. – É por sua causa, porque não quer ninguém ameaçando seu reino.

— Você é ridículo. – Elisabeta resmungou.

E era. Porque a tocava de um jeito que fazia a irritação se dissipar. Porque a olhava como se fosse um absurdo completo a ideia dele estar com outra mulher. E ele se divertia com tudo aquilo, como se soubesse que ela engoliria cada palavra.

— Você também. – Darcy beijou o colo dela. – Eu adoro essa ideia que você tem de que eu coleciono mulheres.

— Porque é um canalha. – ela suspirou com o toque dele.

— Não. – Darcy riu contra a pele dela. – É porque eu me divirto com seu ciúme.

— É mesmo? – Elisabeta segurou os cabelos dele com força.

Darcy riu, e Elisabeta descruzou suas pernas, fazendo com que ele a deixasse em pé. Então aproximou-se do pescoço dele, sugando com a maior força que conseguiu. Darcy suspirou e depois soltou uma risada que correu por Elisabeta. Ela o largou e avaliou a marca vermelha.

— Então amanhã você explica o que foi isso no seu pescoço. – ela sorriu, com malícia. – Diga que gosta de provocar.

Darcy sorriu, e tentou se aproximar dela, mas Elisabeta o empurrou.

— Agora saia daqui. E torça para Cecília ter uma explicação convincente. Caso contrário, essa foi a última vez que você chegou tão perto de mim.

Ele abriu um sorriso de lado, e se aproximou dela novamente, a segurando em seus braços. Desceu seus lábios pelo pescoço dela e sugou sua pele, exatamente do jeito que ela havia feito. Elisabeta derreteu em seus braços, e então ele se afastou com um sorriso. Darcy cruzou os braços, convencido, e saiu do quarto dela. Ela mal podia acreditar que ele havia virado aquele jogo.


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