For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 19
Capítulo 19 - Back to you arms


Notas iniciais do capítulo

tchã, nã nã nã!!!!
O momento tãO esperado por vocês está escrito aqui nesse capítulo...
rssss
Bjos!



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Apertei minhas mãos contra o mármore da pia. Foi fácil chegar até ali e me livrar do suéter, mas agora que eu via aquele sangue todo pingando de mim, aquele cheiro metálico saindo do meu corpo... Agora eu podia sentir aquela dor terrível, identificar o que a estava causando. Como é que eu não tinha percebido antes?

Inspirei profundamente, levantei depressa o meu rosto e finalmente enxerguei minha imagem refletida no espelho. Respirava cada vez mais ruidosamente; tentava de todas as formas inflar meus pulmões com oxigênio, mas parecia uma tarefa impossível. Os arranhões e cortes eram inúmeros e enormes, alguns começavam nos ombros e terminavam em meus pulsos e a maior parte deles concentravam-se em meu colo. Era possível ver a pele dilacerada em alguns pontos e o sangue vertendo, gota a gota.

_ Não! _ Gritei, foi inevitável. Apertei meus olhos, desejando abrí-los e não mais me ver em carne viva, embora soubesse que era uma esperança irrealizável.

_ Renesmee... _ Senti a mão de meu avô tocar minha cintura.

Ainda com a cabeça baixa, meus olhos se abriram novamente e de relance, eu vi Jacob estendido no chão. Eu até queria, mas eu não sentia raiva ou qualquer coisa parecida por ele ter feito aquilo. Pelo contrário, eu era grata por ele estar vivo agora e era isso o que mais importava nesse momento. Senti-me um tanto egoísta por ter, mesmo que por apenas um segundo, desejado poder culpá-lo pelo que tinha acontecido.

_ Eu estou bem. _ Engoli o choro. Mais do que nunca, eu precisava me controlar agora e me importar com a única coisa que precisava da minha completa atenção: Jacob. Andei até onde ele estava e me abaixei, mas não o toquei para não impregná-lo com meu sangue novamente. _ Pai, Carlisle, por favor, cuidem dele.

_ Primeiro você Ness. _ Carlisle me ajudou a levantar.

Arranquei a agulha que levava soro para minhas veias do meu antebraço.

_ Ninguém põe as mãos em mim enquanto Jacob não estiver aquecido e medicado. _ Aquilo não era um pedido, era uma ordem e eu realmente esperava que os dois cumprissem.

_ Edward, por favor, leve Jacob para outro quarto e faça o possível para que ele fique aquecido, como Renesmee pediu. _ Me surpeendeu a calma de Carlisle. Por outro lado, achei que ele não me queria mais nervosa do que eu estava.

_ Mas, Carlisle! _ Meu pai pareceu não concordar.

_ Renesmee precisa mesmo tomar um banho. Não há nada que eu possa fazer sem antes lavar o ferimento. _ Ele me olhou e eu concordei.

Depois disso meu pai não teve outra alternativa a não ser tirar Jacob dali, enquanto Carlisle foi atrás dele. Mas antes que este saísse do banheiro, eu segurei sua mão.

_ Carlisle... Cuide dele. _ Minha voz saiu alterada. Eu não suportava sequer imaginar algo de ruim acontecendo com Jacob.

Ele sorriu transparecendo tranquilidade.

_ Eu vou, confie em mim. Se apresse no banho, temos que dar um jeito também em você.

...

Conforme havíamos combinado, não me demorei no banho. Prendi o cabelo úmido no topo da cabeça, vesti uma calça de moleton e um top. Estava sim muito frio, mas os ferimentos não me permitiam vestir outra coisa. Na cozinha, Carlisle aplicou-me algumas injeções com algo que ele disse que não me permitiria sentir dor enquanto ele desse os pontos. Sim, pontos. Ele decidiu fechar os cortes mais largos e profundos com pontos, pois segundo ele, as cicatrizes ficariam menores. Ficaram expostos apenas os arranhões.

Encostado no batente da porta, meu pai observava seriamente cada movimento de Carlisle e também, cada reação minha. Por um instante eu desejei ter o dom de ler mentes, só para saber o que ele estava pensando. Eu não queria que ele tivesse ódio de Jacob, pois ele realmente não teve culpa. Desejei também que ele pudesse entrar em minha mente naquele momento, para que ele soubesse que se fosse preciso, eu faria tudo de novo.

_ Pronto, terminamos por aqui. Você está bem? _ Carlisle tirou as luvas de látex e jogou-as no lixo.

_ Um pouco tonta, mas nada demais...

_ Você precisa se alimentar, precisa de intiflamatórios e de um pouco de soro para hidratar. _ Ele disse enquanto abria uma de suas bolsas de sangue e derramava o conteúdo dentro de um copo de vidro. Em seguida ele me entregou.

_ Mais soro? Mas para que?

_ Você perdeu sangue Renesmee. E outra, você mesma acabou de dizer que está tonta, não é mesmo?

Dei de ombros. Eu tinha que deixá-los cuidar um pouco de mim.

_ É sangue humano? _ Levantei o copo e questionei.

_ Não.

Bebi o conteúdo do copo todo de uma só vez. Eu estava mesmo com um pouco de fome.

_ Agora vamos para o seu quarto, você precisa descançar e eu vou lhe aplicar o soro com o antiflamatório e algo para dor.

Quando passei pelo batente da porta, abracei meu pai. Eu sei que eu ainda devia estar cheirando sangue, mas eu também sabia que ele era forte o suficiente para suportar.

_ Eu estou bem pai, não se preocupe...

Ele expirou severamente.

_ Renesme, você já parou para pensar em como vão ficar essas cicatrizes?

Não acreditei no que estava ouvindo. Jacob estava lá em cima, ainda desacordado e meu pai pensando nas cicatrizes? Que se danem as cicatrizes! Quem se importa com elas?

_ Mas o que você queria que eu fizesse? Ou melhor, o que você queria que eu não tivesse feito? Será que deixá-lo morrer seria uma boa opção? _ Minha voz saiu amarga, tal qual eu estava sentindo em meu coração agora.

_ Edward! É o que você teria feito filho! Lembre-se de quem você é, nunca esqueça. _ Carlisle o repreendeu, ainda que com toda a característica ternura em sua voz.

_ Boa noite pai. _ Eu o abracei novamente e dessa vez ele correspondeu e ainda beijou minha cabeça. _ Diga à mamãe que eu estou bem. Diga à ela que cuide do Jacob enquanto eu estiver dormindo. Você diz?

_ Eu digo. _ Ele sorriu debilmente.

Subi as escadas com Carlisle ao meu lado e acabei não agüentando a escalada. Os cortes doíam cada vez mais, então ele me levou. Antes de ir para o meu quarto, pedi que ele me levasse até onde Jacob estava.

Subimos mais um lance de escadas e Carlisle abriu a porta do sótão. Tinha algumas caixas com quinquilharias num canto e no outro havia uma cama, na qual Jacob estava deitado e parecia dormir profundamente.

Olhei par Carlisle e não foi preciso que eu perguntasse.

_ Ele está estável agora. A hipotermina foi controlada a tempo e não há riscos.

Aproximei-me da cama, sentei-me e afaguei seu cabelo. Então vi o pulso de Jacob enfaixado.

_ O que é isso?

_ Ele quebrou o pulso. Na verdade o ideial seria um gesso, mas de nada vai adiantar se ele se transformar involuntariamente, então por hora coloquei o osso no lugar e a faixa. Eu também diria que não é seguro ficar aqui com ele agora.

_ Entendi. Só isso? Eu quero dizer, não houve nada de mais grave?

Ele sorriu.

_ Apenas umas costelas quebradas, mas ele vai se recuperar. Não há sinais de água nos pulmões então ele só precisa descançar. Já está medicado, fique tranqüila. _ Carlisle me abraçou e eu finalmente respirei aliviada. _ Agora chega mocinha. Quem mais precisa de cuidados agora aqui nesta casa é você, mas parece que você ainda não se deu conta. _ Ele fechou a porta e nós descemos as escadas em direção ao meu quarto.

_ Carlisle, eu não sei o que eu faria se ele não tivesse resistido...

_ Tudo bem, eu posso entender.

_ Agora deite-se. _ Ele afastou o edredom.

Antes de me deitar, coloquei uma malha branca de mangas compridas com botões na frente. Enfim, deite-me de costas. Eu não tinha muita opção.

_ Está com dor?

_ Sinto uma ardência, umas fisgadas. _ Eu disse enquanto ele pegava a veia do meu antebraço. Depois injetou alguns medicamentos na bolsa de soro.

_ Entendi. Os remédios vão ajudá-la. _ Ele afagou meu cabelo. _ Durma tranqüila. Amanhã Jacob já estará de pé, eu prometo.

...

Acordei assustado e a princípio, achei que tudo não havia passado de pesadelo. Sentei-me depressa naquela cama desconhecida, buscando desesperadamente por ar. Senti uma dor brutal em meu abdomem, mas bastou que eu me espreguiçasse e escutasse alguns estalos para que a dor desaparecesse quase que por completo.

Fui então tomando consciência de que eu não havia tido um sonho ruim, mas sim, eu havia vivido aquele pesadelo todo. Eu podia perfeitamente lembrar de mim caindo na água fria, de Renesmee tentando me puxar para fora e, em seguida, Seth efetivamente me tirando daquele buraco. No entanto, depois disso eu não conseguia me lembrar de nada.

_ Renesmee! _ Senti um arrepio percorrer minha coluna. Eu precisava saber como ela estava, se tinha saído ilesa desse pesadelo.

Eu já tinha estado naquele sótão, então sabia muito bem como sair de lá. Sem pensar duas vezes, corri escada abaixo até alcançar a porta do quarto de Renesmee. Girei a maçaneta, empurrei a portar e coloquei meu rosto para dentro. Ainda era muito cedo e o quarto estava escuro, mas eu podia vê-la ao longe, deitada, enrolada em seu edredom. Parecia estar mnuito bem e vê-la dormindo tranquilamente começava a acalmar o meu coração. Era mesmo reconfortanete saber que nada de ruim havia acontecido a ela.

Antes que eu fechasse completamente a porta, percebi um movimento atrás de mim.

_ Jacob! Vejo que já se recuperou. _ Dr. Carlisle sorriu.

_ Estou bem melhor, obrigado. Imagino que o Dr. tenha cuidado de mim depois do que aconteceu.

_ Você não se lembra? Ele disse enquanto tirada a agulha do meu braço.

_ Eu me lembro até quando Seth me puxou para fora. Depois disso, a lembrança mais próxima que tenho foi de ter acordado aqui, há alguns minutos.

_ Bem, você não estava nada bem quando foi tirado do lago. Tinha muita água nos pulmões, apresentava sinais de hipotermia e algumas fraturas.

Olhei para meu pulso esquerdo e entendi o motivo daquela faixa.

_ Se julgarmos pela sua recuperação acelerada, dentro de uns dois dias seu braço já estará curado, mas é preciso um gesso.

_ Se você diz... _ Concordei.

Descemos até a cozinha, onde Carlisle engessou do meu pulso, até o antebraço.

_ Jacob! _ Bella apareceu de repente e pulou em meus braços. Eu a segurei no ar. _ Graças a Deus você está bem! _ Ela beijou meu rosto, como há anos não fazia, mas depois que eu a coloquei no chão ela começou a me esbofetear.

_ Hey, Bella! _ Eu tentei segurar os braços dela, mas foi em vão, afinal, ela era uma vampira agora. Ela só parou quando Edward apareceu e segurou-a, tirando-a dali.

_ O que deu nela? _ Perguntei a Carlisle.

_ Ela ficou muito preocupada com você, muito. Deve ser por isso.

Eu sorri para mim mesmo. Era uma atitude típica da Bella. Era típico de Renesmee também. Tal mãe, tal filha.

_ E Renesmee? Ela está bem.

_ Está, você viu. Está dormindo. _Carlisle respondeu.

_ Legal. Fico feliz que ninguém mais tenha se machucado além de mim. _ Levantei-me da mesa em que estava sentado. _ Bom, eu preciso ir embora agora. Leah deve estar preocupada.

_ Eu estou certo de que Seth deu o recado a ela. Não podíamos levá-lo a um hospital, com você correndo o risco de se transformar a qualquer momento, mas ainda sim, você precisava de cuidados médicos.

_ Eu compreendo e agradeço mais uma vez Dr. Carlisle. _ Apertei a mão dele. _ Então eu já vou indo.

_ Jacob, só mais uma pergunta.

_ Claro.

_ Quando você estava lá, no lago, por que você não se transformou de volta?

Eu realmente ainda não tinha parado para pensar nisso...

_ Eu me lembro que tentei... Eu me lembro... _ Em minhas lembranças, eu via alguns rostos. Eu podia identificar Renesmee e Seth, sem dúvida, mas... Era um tipo de visão diferente, não era como um humano enxerga. _ Isso nunca me aconteceu. Sabe, essa coisa de não consegui me transformar, mas...

_ Mas? _ Ele parecia realmente interessado em saber.

_ Mas eu me lembro de Renesmee, de Seth, até do Rian eu lembro. Mas não são lembranças humanas. Eu sinto como se nunca tivesse deixado o lado do animal que existe em mim falar mais alto. Isso só aconteceu uma vez, quando...

_ Quando?

_ Quando eu parti de La Push, assim como Edward tinha feito, antes do casamento dos doos. _ Eu não gostava de lembrar daquilo, definitivamente era algo que eu queria apagar de minha memória.

_ Entendo... _ Carlisle pareceu se conformar com minha resposta. Ele não era um vampiro burro.

_ Mas por que? Por que esse interesse todo?

_ Curiosidade. _ Ele sorriu. _ É que foi difícil tirar um lobo de três metros de altura do lago. Se Seth não tivesse chegado a tempo, temo que Renesmee não teria conseguido sozinha.

_ Eu sei. Por isso eu queria falar com ela. Sabe, agradecer.

_ É melhor deixar para outra hora.

_ Tem razão. Eu ligo pra ela mais tarde. Até mais.

...

Saí da casa dos Cullen e passei em casa. Por sorte, Leah não estava lá. Era bom, pois eu não estava com cebeça e paciência para explicar-lhe agora o que tinha acontecido. Enrolei a manhã toda em casa; na frente da TV; assistindo bobagens. Depois de comer qualquer coisa de almoço, fui direto para a loja. Encontrei Seth e Ângela na porta.

_ Hey, Seth! _ Acenei de longe.

Cumprimentamos-nos como sempre; batendo os punhos. Também era bom vê-lo são e salvo.

_ E esse gesso? _ Ângela perguntou.

_ Segundo Carlisle, quebrei o pulso. Pelo menos fui só eu quem se machucou. _ Eu sorri e Seth fez uma cara estranha. _ O que foi?

_ E Renesmee? Teve mesmo que receber sangue?

Novamente, aquele mesmo calafrio que eu havia sentido no início da manhã passou pelo meu corpo.

_ Como assim cara? Do que você está falando?

Ângela olhou para Seth com olhos de reprovação, então eu tive a certeza de que estavam escondendo algo.

_ O que tem a Renesmee Seth?

_ Nada, nada... _ Ele gaguejou um pouco.

_ Eu a vi hoje pela manhã. Ela eestava lá, dormindo e não tinha sangue nenhum.

_ Claro, claro. _ Ele atropelava as palavras de um jeito que não era dele. _ Então deve ter ficado tudo bem. Foi só um arranhãozinho mesmo.

Senti meu coração dilacerar-se dentro do meu peito. Aquela palavra... “arranhão”... Eu só esperava o pior.

_ Arranhão? _ Senti os pelos do meu corpo arrepiarem sobre meu couro, bem como o tremor característico tomar conta de meus músculos.

_ Jacob, estamos na rua. Controle-se! _ Ângela avisou.

_ Eu preciso saber... _ Até minha voz tremia.

_ Foram alguns arranhões Jacob, é isso... _ Ele finalmente contou.

_ Alguns? Quantos? Como? _ Eu tinha noção de que estava quase gritando, mas era mais forte do que eu.

_ Você estava fora de si Jacob, não teve culpa. Nós... Nós só descobrimos mais tarde. Depois que te tiramos da água e os Cullen chegaram, ela desmaiou. Achamos um rastro de sangue atrás dela, no lago e então descobrimos que não era o seu sangue; era o dela.

_ Ela desmaiou?? _ Eu não podia acreditar. Para alguém desmaiar tem que tem algo de muito sério.

Seth apenas confirmou com a cabeça.

Irrevogavelmente, eu só pensava em uma coisa agora: ver, com meus próprios olhos, o dano infeliz e permanente que eu tinha causado à Renesmee. Às vezes eu me pegava pensando, me abraçado a uma falsa esperança de que não podia ser assim tão ruim; não tão ruim... Mas aí eu me lembrava do animal que eu era, fora de controle, agressivo. A prova disso eram minhas memórisa do que havia acontecido. Não eram nada humanas; eram borrões nos quais eu podia identificar algumas das pessoas mais importantes em minha vida. No entanto, para um lobo, aqueles eram apenas borrões.

Sem pensar duas vezes, corri para a casa dos Cullen, embora tivesse visto Leah de relance, atrás da porta de vidro da loja. Não me senti culpado, não houve remorço, não houve nada. O que eu sentia agora, o que se passou dentro de mim nas últimas 24 horas era exclusivamente relacionado à Renesmee e eu sentia, do fundo do meu coração, que tudo o que importava agora era ela.

...

Dormi por 16 horas sem interrupções. Quando abri os olhos, a primeira coisa que senti foi uma onda de dor intensa. Meu colo, os ombros, os braços queimavam feito brasas, então eu tentei não me mexer. Apesar da dor, fisicamente eu percebi que estava melhor do que ontem, embora eu me sentisse ainda mais angustiada e melancólica. Eu tinha começado a pensar nas cicatrizes e isso me deixava meio chorosa. Aí eu lembrava do Jacob; eu lembrava de nós dois naquele iate e depois, de tudo o que eu planejei para mantê-lo definitivamente longe de mim.

Eu já sentia aquele inchaço característico em minha garganta, mas eu não podia deixá-lo se transformar em lágrimas... Ía doer ainda mais, só ía abrir um pouco mais a maior das feridas que eu tinha. Então eu respirei fundo e oprimi meus sentimentos, empurrando aquele bolo de volta para dentro da minha garganta.

Tentei me sentar na cama, mas aquilo era realmente impossível, pois a dor era desmedida; era como se tivessem me rasgando novamente.

Olhei para a porta quando a maçaneta foi girada. No primeiro instante, senti-me aliviada, pois alguém iria me ajudar, mas quando vi quem era...

_ Renesmee. _ Jacob cruzou rapidamente o espaço entre a porta e minha cama, e em questão de segundos, já estava sentado ao meu lado.

Eu estava desarmada, eu não esperava que ele tivesse se recuperado tão rápido. Eu não esperava vê-lo no meu quarto; eu não queria que ele me visse daquele jeito; que ele soubesse o que tinha feito.

Jacob segurou minhas mãos e eu rezava para que ele não as puxasse ou apertasse como ele costumava fazer. Eu não sabia o que dizer ou como me portar com ele ali na minha frente. Eu não podia ser rude com ele agora, afinal de contas ele era “o meu Jacob” e eu quase o tinha perdido para sempre. Por outro lado, eu não podia ser a mesma Renesmee de sempre; aquela “Renesmee condescendente” em que eu me transformava quando estava perto de Jacob.

O jeito que ele me olhava me incomodava cada vez mais, segundo a segundo. Ele parecia aflito, sua respiração estava acelerada, seus olhos me fitavam inquietamente, embora eu pudesse enxergar através deles uma espécie de expectativa por algo. O pior de tudo é que ele não falava nada, apenas me fitava, desesperadamente.

...

De repente eu tinha perdido todas as palavras que saltavam à minha boca e isso aconteceu assim que eu entrei no quarto dela. Agora não tinha mais nada na minha cabeça, ela estava vazia e nada mais importava senão Renesmee. Eu anciava em estar perto dela e assim que me vi dentro de seu refúgio, tratei de sentar-me ao seu lado. Apertei suas mãos, afinal, eu precisava ter certeza de que ela estava bem, de que eu não a tinha ferido.

Eu não conseguia deixar de vislumbrar seu rosto delicado e femino, mas assim que a fitei, percebi que havia algo errado. Ela realmente parecia abatida e cansada. Será mesmo que estava tudo bem?

_ Renesmee... _ Minha voz oscilou.

Ela virou o rosto, evitando-me.

_ O que você faz aqui? _ Arfou.

_ Como assim Ness? _ Meu coração bateu mais forte. Na verdade eu sentia-me questionando a mim mesmo, mais do que a ela. Aquela pergunta ressoava dentro da minha cabeça continuamente, tão alto que eu mal podia pensar em outra coisa, me ordamendo que eu raciocinasse; que eu compreendesse os motivos; que eu respondesse no lugar Renesmee.

_ Você devia estar trabalhando agora. _ Ela mudou o tom. Talvez tivesse sentido remorso pelos seus modos. Mas eu não me importava sobre como ela me tratava, pois eu sabia que por trás daquilo tudo o que ela sentia por mim era apenas amor.

_ Eu vim te ver. Você me salvou e...

Ela não me deixou terminar. Teimava em querer me irritar, mas... Eu ri por dentro. Ela não ía conseguir me irritar, porque eu...

_ Eu estou bem, nada aconteceu. Seth te salvou, não eu.

_ Me deixe terminar, “dona teimosa”! _ Sorri brandamente e sacudi um pouco seus braços. Repentinamente ela empalideceu e num instante uma lágrima escorreu em seu rosto alvo. Então senti um líquido morno escorrer debaixo de uma de minhas mãos, que continuavam segurando os pulsos dela. Quando olhei aquilo... Ela não precisa mais tentar me enganar, dizer que estava tudo bem. Ela estava sangrando e só tinha um motivo para isso.

Todos os músculos do meu corpo se contraíram enquanto eu tentava conter o tremor característico da transformação. Uma fúria assombrosa estava tomando conta de mim e eu queria acabar com tudo o que tinha ao meu redor, pois era abominável o que eu tinha feito a ela.

Renesmee gemeu, certamente de dor. Eu finalmente me contive e soltei os pulsos dela. Não pensei duas vezes e abracei-a apertado, para sentir que ela estava viva, para ter ceteza de que eu não a tinha matado, mas ao invés de retribuir ao abraço ou ao menos aceitá-lo, ela gritou e chorou alto.

Então eu comecei a supor os motivos daquela reação. Seth havia dito que ela estava machucada, mas eu não via nada, apenas a mancha de sangue em seu pulso, na t-shirt branca de manga comprida que ela vestia, e que eu julgava ser um arranhão que eu tinha provocado. Ela continuava a chorar, meio que encolhida e encostada na cabeceira da cama, como se não tivesse suportando a dor.

_ Ness, você está me escondendo algo... Algo pior do que eu tinha imaginado.

Ela balançou a cabeça negativamente, em meio ao soluço. Não podia não ser nada.

Olhei; desta vez com olhos atentos; a nódoa de sangue em seu pulso. Toquei-a delicadamente, mas Renesmee recuou.

_ Não! _ Ela não deixou que eu continuasse a explorar seu ferimento.

Percebi que embaixo de tecido fino na manga havia um volume diferente do habitual. Percorri a delgada linha que ía do pulso ao ombro. Definitivamente, tinha algo mais ali do que o braço dela.

Sentei mais perto de Renesmee e fitei os botões na parte frontal de sua camisa. Dessa vez eu não ía aceitar um não, eu tinha que ver com meus próprios olhos.

Rennesme parecia derrotada e não me impediu de abrir os botões. Bastaram apenas três para que eu visse os inúmeros arranhões e cortes costurados delicadamente, na esperança de deixá-la menos odiosa quando as cicatrizes aparecessem.

Não havia nada que eu pudesse dizer agora para confortá-la, para fazê-la parar de sentir dor. Eu não conseguia olhá-la nos olhos, acho que eu jamais conseguiria.

Eu a abracei devagar e dessa vez sem apertá-la. Renesmee chorou em meus ombros e eu também chorei nos ombros dela.

_ Eu queria poder fazer passar... Eu queria poder fazer alguma coisa. _ Sussurrei no ouvido dela. _ Me perdoe Ness, me perdoe...

Inspirei o cheiro suave de sua pele e meu coração voltou a se agitar, assim como aquela pergunta voltara em minha mente. O que eu estava fazendo ali? Por que eu estava abraçado a ela agora? Por que eu tinha voltado para ela quando tudo ficaria mais fácil se eu continuasse com Leah pra sempre longe de La Push?...

Eram tantas perguntas e de repente, algo dentro de mim soprou-me a única resposta para todas as minhas dúvidas. Eu a amava. Acho que levei apenas alguns segundos para compreender, mas para mim, pareceu uma eternidade. Eu me lembrei de tanta coisa... Da minha partida de La Push, da saudade desmedida que eu sentia daquela criança única no mundo, de quando eu a vi pela primeira vez depois de ter regrasseado, da mulher maravilhosa que ela havia se tornado... Era ela, o tempo todo... Eu a amava loucamente e nunca consegui enxergar. 

O que era apenas um sopro; uma levre bisa; tornou-se um grito dentro de mim. Entorpecido e convicto por aquela nova e ao mesmo tempo antiga idéia, segurei seu rosto entre minhas mãos, ancioso por contar-lhe minha mais nova descoberta.

_ Ness... _ Falei baixo, embora meu coração pulssasse aceleradamente.

_ Não fala mais nada, você não teve a intenção, eu sei. Claro que eu perdôo você, mas acho melhor você ir embora por que...

_ Shhh... _ Toquei seus lábios pálidos com meus dedos e puxei o rosto dela para mais perto do meu. Aproximei-me um pouco mais, deixando que meu rosto se encostasse ao dela. Encostei meus lábios em sua pele macia e beijei-a suavemente; inúmeras vezes; enquanto eu sentia as mãos dela apertarem meus braços com força.

_ Jacob, o que estamos fazendo? _ Ela murmurou assustada. Devia estar tão entorpercida quando eu, afinal, era o momento mais sensual e íntimo que já havíamos experimentado.

Eu olhei para ela e sorri. Sem demorar mais do que todos os anos que já havíamos esperado, sem contar todos os últimos meses de erros e desencontros, segurei o rosto de Renesmee e, sem pressa, encostei meus lábios nos dela.

E eu que um dia cheguei a acreditar que amava Leah...

...

O gosto doos lábios quentes de Jacob misturava-se às minhas lágrimas humanas. Eu não podia acreditar no que estava acontecendo; que estávamos nos beijando... E eu achei que já sabia de tudo depois de ter beijado Rian, mas agora eu percebia que estava completamente engana. Não havia nada igual no mundo; nada igual ou semelhante à sensação de beijar quem se ama. 

Por outro lado, aquele beijo era a coisa mais errada que podíamos estar fazendo; que eu podia ter permitido. Mais uma vez eu estava me deixando levar por meus sentimentos; sendo complacente aos caprichos de Jacob. Assim que pensei nisso, eu o empurrei com força para longe de mim.

_ Pára!

_ Não! _ Ele voltou a me abraçar e eu já não conseguia dizer outra coisa a não ser chorar. Ele não tinha o direito de fazer aquilo comigo, de continuar me machucando daquele jeito. E agora, como é que eu ía viver depois do que tínhamos feito?

_ Eu te amo, eu te amo... _ Ele sussurrou ao pé do meu ouvido.

_ Pára de mentir! _ Eu solucei.

Então ele segurou firme meu rosto entre as mãos e olhou no fundo dos meus olhos.

_ Eu amo você Renesmee, eu te amo. Desa vez é sério, dessa vez é para sempre.

Eu sempre achei lindas aquelas três palavras mágicas quando pronunciadas juntas, mas hoje, pela primeira vez, eu tive medo delas. Eu me acalmei e olhei para ele. Então um arrepio gelado e ao mesmo quente passou por todo o meu corpo. Jacob não estava brincando.

Ele apoiou minhas mãos em seu peito e beijou meu rosto todo, enquanto continuava repetindo em voz baixa aquela frase; aquela que eu sempre sonhei ouví-lo sussurrar em meus ouvidos.

_ Você ama Leah... _ Eu concluí.

_ Não, eu estava errado o tempo todo. Eu lamento que tenha preciso chegar a esse ponto para eu entender... Eu só voltei por você Ness. O tempo todo, era você que me chamava de volta, o tempo todo! _ Ele sorria lindamente, mas eu ainda custava a acreditar. Voltei a chorar, mesmo com ele segurando meu rosto. Então ele riu de mim.

_ O que é que foi Ness?

_ É que eu não estou conseguindo acreditar... _ Solucei. Desesperadamente, eu segurei uma das mãos dele e a beijei. Depois a apertei contra meu próprio rosto.

_ Você ainda me ama?

_ Que pergunta estúpida Jacob! Você quer o que, me fazer sentir-me humilhada?

_ Não há nada de errado em dizer... _ Ele arrumou meu cabelo. _ Está bem, você não precisa dizer, porque eu sei que você ama.

_ Bobo! _ Empurrei-o de leve, mas em seguida, encostei meu rosto no peito dele. _ Eu te amo... _ Foi estranho dizer aquilo. Era como se eu estivesse contando a ele o meu maior segredo.

Ele afagou minhas costas com suas mãos grandes e quentes. Aquilo era tão bom que até diminuía a dor que eu estava sentindo.

Mas em meio àquele abraço, como um tapa no rosto, a verdade veio à tona. Por mais que Jacob tivesse finalmente descoberto que me amava, por mais que eu quisesse aceitar esse amor, em breve, muito em breve eu seria uma vampira, o que iria nos separar para toda a eternidade.

Meu corpo estremeceu e o pânico começou a tomar conta de mim.

Quando abri os olhos, vi Carlisle parado na porta, nos observando. Separei-me rapidamente do abraço de Jacob.

_ Você está com dor? _ Ele perguntou.

Eu não consegui falar, apenas assenti com a cabeça, indicando que estava. Então Carlisle se aproximou e Jacob se levantou. Meu avô sentou-se no lugar de Jacob e eu logo senti a picada da agulha em meu ante-braço, seguido pelo líquido gelado e transparente entrando em meu corpo. Ele ainda aplicou outra seringa de medicamento, bem na entrada da agulha em meu braço.

_ Pronto, isso vai ajudar...

Ainda tomada pelo terror, agarrei os pulsos de Carlisle e olhei no fundo de seus olhos.

_ Carlisle, tem que haver algum jeito de reverter isso. Eu não posso me transformar, eu não quero ser uma vampira! Você sabe de algum jeito de fazer isso parar, não sabe? Eu sei que sabe, eu sei! _ Eu disse em meio aos soluços.

Ele olhou para Jacob espantado.

_ O que aconteceu aqui entre vocês dois?

_ Nada. _ Jacob negou. Eu olhei para Jake, que parado, próximo à janela e então compreendi. Não seria do dia para a noite que ficaríamos juntos e talvez não fosse uma boa idéia contar para todo mundo agora a nossa intenção.

_ Eu lamento Renesmee... _ Carlisle não conseguiu manter seus olhos em mim quando me deu a resposta e meu choro de desespero ecoou pela casa.

Ele se levantou, já que não podia fazer nada a respeito e olhou para Jacob. Este, voltou a sentar-se próximo à mim, mas sem me tocar.

_ Eu vou deixar vocês dois a sós. Vou fingir que eu não sei que alguma coisa está acontecendo aqui, mas fiquem tanquilos, eu ainda não vi nada que comprove. Ainda. _ Ele sorriu brandamente antes de sair do quarto, mas eu não consegui retribuir.

Assim que Carlisle fechou a porta atrás dele, apertei as mãos de Jacob forte, muito forte.

_ Eu não quero ser uma vampira, eu não quero!

Ele me abraçou.

_ Shhh...

_ Jake, eu não quero olhar pra você e desejar te matar... Tem que ter um jeito, tem que ter!

_ Fica calma Ness. Uma coisa de cada vez. _ Eu disse apenas para tentar acalmá-la e apertei-a um pouco mais contra meu peito. Eu entendia o que ela estava sentindo e também sentia o mesmo medo e desespero. Mas ao contrário de Renesmee, eu estava convicto de que não havia alternativa; a transformação iria ocorrer mais cedo ou mais tarde e isso iria nos separar para sempre.

_ A gente vai dar um jeito nisso. _ Menti, para mim e para ela. Não havia esperanças para nosso amor.


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Notas finais do capítulo

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