Marcados escrita por Elan


Capítulo 1
O erro cometido


Notas iniciais do capítulo

Estou tentando manter uma constância na postagem então inicialmente um capítulo por quinzena ou mês.

Espero que apreciem.

Boa leitura!



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Julho de 2019

Hermione não parava de andar de um lado para o outro na cozinha. Na mão estava o segundo copo de whisky de fogo da noite. Olhou para o relógio, eram quase oito horas, Rony devia estar chegando na casa de Harry e Gina após o trabalho nesse momento, se é que havia ido trabalhar naquele dia.

Ela olhou para a sala escura de sua casa. Tão fria, sua casa e sua vida haviam ficado tão frias desde que...

Ela voltou a atenção para a papelada em cima da mesa. Ser Ministra da Magia atualmente mais um fardo do que qualquer outra coisa. Enquanto enchia o terceiro copo, Hermione lembrou do pedido que fez a Harry.

"- Harry ele está entrando em depressão desde que as crianças... - um nó se formou em sua garganta e seus olhos arderam, Harry segurou sua mão confortando-a. - se foram.

— Mione esse tipo de perda, é normal Rony estar assim. - ele respondeu tentando acalmá-la - Só se passaram dois anos.

— Setecentos e noventa dois dias desde que Hugo se foi e setecentos e noventa e quatro desde que Rosa disse que iria encontrá-lo. Eu sei Harry, eu sei, mas eu conheço meu marido e você também, há algo mais no brilho de dor nos olhos dele. Ele nem me olha diretamente mais, parece sentir vergonha, eu só queria que passássemos por isso juntos. Você é a única pessoa a quem ele contaria algo que não pode me contar.

— Certo, vou convidá-lo para jantar amanhã. Depois de conversarmos eu vou ter com você. - falou Harry abraçando-a."

Esperar, era o que Hermione devia fazer naquele momento.

O jantar já devia estar terminando e eles conversariam. Rony já devia estar na décima dose do dia e Hermione sabia que ele baixaria a guarda com Harry.

Ela nem mesmo tocou a varinha, já fazia algum tempo que precisou usá-la para algum feitiço. Foi para o meio da rua, pois na sua casa havia um feitiço protetor que impedia que aparatassem nela.

Assim que piscou estava na rua dos Potter.

Claro que aparatar na casa também era impossível, mas Hermione era uma das pessoas que conseguiam atravessar a proteção com sua autorização permanente da família.

Ela entrou de fininho. Gina havia saído com as crianças para eles conversarem a sós, logo Hermione não seria pega ouvindo atrás da porta.

Como ela havia imaginado, os rapazes já estavam no escritório de Harry, que era tão bagunçado que dava arrepios em Hermione.

Ela mentalmente usou um feitiço de amplificação da audição, se soubessem disso quando eram jovens teria sido tão útil.

— Rony sério, quem você quer enganar? Todos sabemos que há algo de errado. - falou Harry.

— Meus filhos morreram, este mundo nasceu errado, eles faziam valer a pena o que fiz. - Rony respondeu exasperado.

— Rony, eles viveram em um mundo sem Voldermort, não diga que nossa batalha não valeu a pena.

— Claro, a batalha, era exatamente nisso que eu estava pensando. - ele falou bufando e então Hermione ouviu o som dele mandando mais uma dose para baixo.

— Então o que seus filhos faziam valer a pena Ron? - perguntou Harry. - A Mione...

— Aí que está Harry, a Mione. Filhos foram a única coisa boa que dei a ela nesse casamento, a única coisa que compensou o meu ato.

— Do que está falando? Vocês se amam, Hermione jamais...

— Pode saber o que vou lhe contar agora. - completou Rony. - Lembra-se de 1998?

— Como poderia esquecer o ano da Batalha de Hogwarts?

— Não Harry, depois da Batalha, as férias antes de Hermione entrar no sétimo ano.

— Foram férias turbulentas. - falou Harry.

— Mais do que isso. Eu tinha perdido um irmão, nossa escola havia sido destruída, éramos perseguidos pelas pessoas em todos os cantos...

— Desembucha logo Rony.

— E meu namoro com Hermione estava morrendo.

— Vocês tiveram uma fase de brigas bobas no começo, mas isso é normal, afinal você e Mione são bem diferentes, mas o amor passou por tudo.

— Que piegas. Amor reforçado você quer dizer.

— Não entendi.

— O amor não é tudo Harry. Mas eu fiz que fosse tudo. Na última noite antes dela ir para o sétimo ano, eu coloquei uma poção no chá dela, uma poção do amor.

— Rony deixa de ser idiota, poções do amor não duram para sempre e Hermione não age como alguém sob o efeito de uma.

O coração de Hermione batia tão alto que parecia que eles poderiam ouvi-la.

— Não seja burro Harry, você como auror sabe que existem vários tipos de poção do amor, as legalizadas duram poucas horas, mas naquele mês eu havia participado de uma interceptação de um lote ilegal. Não eram poções do amor exatamente, eram intensificadores de sentimento, o cara usava isso para aumentar o medo nos interrogados. Mas na Hermione...

— Aumentou o amor dela a ponto dela passar por cima de tudo. - falou Harry desabando na cadeira. - Por isso Mione usou sua influência para com Kingsley na época e adiantou o próprio N.I.E.M.'s para dois meses depois de ter voltado a Hogwarts, estar longe de você com a poção tão fresca no corpo... E nós achamos que era algum tipo de stress pós-traumático.

— É a noite do reencontro mostrou tudo que a poção era capaz. - falou Rony bebendo novamente. - Depois disso nos casamos e eu achei que filhos pagariam minha dívida com ela, mas agora os meus pequenos se foram e Hermione está arrasada, seus olhos não brilham mais, está dormindo mal, comendo pouco e mesmo assim vejo aquele amor nos olhos dela e me sinto nojento.

Hermione foi para a sala em direção à porta da frente. Precisava sair dali, Rony não havia pensado o quanto aquela poção havia feito suas emoções aflorarem, ela sofria mais, sentia mais medo, mais raiva, amava mais que o normal, se não fosse sua racionalidade ela seria completamente instável.

A falta de ar foi total, ela ficou até mesmo tonta e foi escorar-se na árvore do quintal. Escondida ali nas sombras, os rapazes não notaram quando passaram por ela agitados.

— O que vai fazer Rony?! - berrou Harry.

— Vou consertar tudo. - respondeu o ruivo gritando saindo pela porta.

— Você não deve alterar o passado!

— Tarde demais Harry já tomei minha decisão. - falou Rony correndo com algo brilhante nas mãos.

Harry estava estagnado na porta da casa. Hermione se aproximou dele desesperada.

— O que ele vai fazer? - ela perguntou.

— O que faz aqui? - falou um Harry de olhos arregalados.

— O que ele vai fazer Harry?! - Hermione explodiu.

— Ele vai dar vinte e três voltas no aro do ano do vira-tempo e impedir que cometa aquele erro.

— Como ele conseguiu um vira-tempo para começar? Eu enrijeci muito as regras de uso, saberia se Rony tivesse um. Vamos ao meu escritório, eu tenho um na minha... Merda! Ele me roubou.

— Onde podemos achar outro?

— Tem um guardado na 3° Prisão de Detenção Mágica de Londres. Foi extraviado pelo correio.

— Vamos então.

Ambos foram para a rua e aparataram na 3° PDM, o guarda assustou-se.

— Ministra Weasley é uma honra tê-la aqui, no que posso ajudá-la e ao Senhor Potter?

— Quero um malote que foi extraviado.

— O Senhor Peak responsável pelo setor não cobre este turno, eu...

— Deixe-nos entrar, eu resolvo isso. - ela falou nervosa.

Eles correram pelas escadarias até o segundo andar e começaram a revirar as caixas até encontrar o vira-tempo.

Quando Hermione tocou no vira-tempo, a realidade começou a dissolver em fumaça.

— Tarde demais. - ela falou.

1° de setembro de 1998

A estação King Cross estava lotada como sempre, o trem logo partiria para Hogwarts, tudo parecia normal para o sétimo ano escolar de Hermione, fora é claro o fato que seus melhores amigos não iriam ingressar esse ano com ela. E que um deles havia acabado de terminar o namoro com ela.

— Rony idiota. - ela falou ao lembrar-se dele dizendo na noite anterior que deviam terminar logo, antes que tudo acabasse mal para os dois. Ela mal dormiu de tanta raiva e choro, seis anos de amizade turvada com amor para o namoro terminar em menos de quatro meses. Rita Skeeter provavelmente ridicularizaria sua vida amorosa de novo na coluna de fofocas do Profeta.

— A Senhorita Granger parece ter abandonado o mais novo coração partido de sua lista, o jovem amigo de infância... - murmurava para si mesma em uma imitação da irritante voz de Skeeter.

— Acha que é isso que ela vai escrever? - falou Harry ao por a mão em seu ombro.

— Se ela estiver de bom humor. Talvez eu deva trancafiá-la em um pote de novo.

Harry riu.

— Isso é bom, não está chorando e já fez uma piada. - ele falou.

— Não foi uma piada. Se ela escrever mais de três linhas sobre o assunto vou colocá-la em um insetário quando a vir. - ela falou bufando. - E sobre o choro, bem existem poções calmantes muito boas.

— Está indo grogue para o primeiro dia de aula? - perguntou Harry fitando-a, como não recebeu resposta continuou. - Sabe que vou ter que bater nele assim que você e a Gina partirem.

— Vai ser a briga mais ridícula do século. - falou Hermione rindo um pouco.

— Ainda bem que este século está acabando. - complementou Harry. - Vamos atrás dos Weasleys eles querem se despedir de você.

Como Harry havia dito Molly, Arthur, George e Rony estavam despedindo-se de Gina e esperando-a. Molly tinha os olhos mais chorosos do que todas as mães dos primeiranistas juntas.

— Oh querida. - ela disse quando puxou Hermione para um abraço quase brutal de tão apertado. - Queria tanto que isso não estivesse acontecendo, mas você sabe que A Toca é sua casa agora não sabe? Eu e Arthur até vamos reformar o seu quarto e da Gina para que possamos por uma cama fixa para você, então nem pense em sumir está bem? Espero cartas e que me conte como tudo está indo...

— Mãe a senhora vai matá-la desse jeito. - falou George.

— Calado George eu...

Então o apito do trem soou, faltavam três minutos para a partida.

— Tchau Granger, até o Natal. - falou George bagunçando o cabelo da garota com uma mão e pegando o malão dela com a outra. - Pegue o da Gina pai, vamos chutar uns calouros de uma cabine para elas.

O Senhor Arthur despediu-se de Hermione e Gina e seguiu seu filho.

Hermione virou-se então para Rony e o sorriso que dera a Molly murchou.

— Es-espero que tenha um bom ano Mione. - falou Rony corando até as orelhas.

— Err... olha Rony, nesse exato momento eu queria muito quebrar o seu nariz. - ao ouvir aquilo o garoto protegeu o mesmo fazendo-a rir. - Mas sei que depois vou me arrepender de ter machucado um dos meus melhores amigos.

Ela estendeu a mão para ele que a apertou e depois se abraçaram.

— Vou sentir sua falta, se desistir do N.I.E.M.'s vá fazer o curso de auror comigo e com o Harry. - falou Rony fazendo os olhos dela aguarem.

O segundo apito soou, um minuto para a partida.

— Vamos Mione precisamos embarcar. - falou Gina pegando a mão da amiga e puxando-a para o trem.

Rapidamente elas acharam a cabine que Arthur e George haviam separado para elas, mas o cheiro estava terrível.

Gina correu para a janela.

— George Weasley o que você fez? - ela gritou.

— As cabines não se esvaziam sozinhas. Boa viagem baixinha!

George havia testado parte de seu novo arsenal odorífero das Gemialidades Weasley na cabine.

Por sorte Hermione tinha um feitiço na manga que resolveu 90% do problema, mas elas viajaram de janela aberta.

Luna e Neville logo juntaram-se as duas.

Harry havia enviado através da mulher do carrinho de doces uma cortesia para os amigos: o carrinho inteiro.

— Pobres calouros, começar o ano sem um doce é triste. - falou Neville.

— É nosso último ano em Hogwarts, não vou deixar de comer doces por ninguém. - disse Gina.

Hermione tinha uma caixinha de feijões de todos os sabores em mãos e olhava para a janela.

Assim como Gina, Neville e Luna já sabiam do ocorrido e souberam respeitar o silêncio da amiga. Eles haviam iniciado namoro após a Batalha também e podiam imaginar o quão difícil seria se seu parceiro do nada surtasse e terminasse tudo.

O vento batia furiosamente no rosto e cabelo da menina que apenas fechou os olhos e se deixou banhar pelo frescor.

— Doninha passando. - falou Gina sussurrando.

Hermione abriu os olhos esperando ver algum animal passear pela cabine como trote de alguém, mas a doninha a que Gina se referia era o Malfoy passando pelo corredor do trem. Estava sozinho e com pressa.

— Não acredito que depois de tudo ele ainda conseguiu voltar para as aulas. - falou Neville bravo.

— Harry me disse que a mãe dele fez várias delações para mantê-los do lado de fora de Azkaban, além disso, você sabe, Narcisa salvou Harry.

— E quanto ao pai do Malfoy? - perguntou o rapaz.

— Lucio não foi incluso no pacote de negociações, mas não sei se essa decisão foi do Ministério ou da Narcisa. - falou Gina ainda mais baixo.

— Por que está cochichando? - perguntou uma Luna curiosa.

— Não sei. - respondeu uma Gina confusa.

— E quanto às outras famílias de Comensais? - perguntou Luna.

— Muitas foram inteiramente trancadas em Azkaban, nem todas, no entanto. Ao contrário dos Malfoy, algumas famílias mantiveram seus jovens herdeiros com os "braços limpos". - falou Gina fazendo aspas no ar. - Um seguro que tomaram para caso tudo desse errado, afinal eles tem que manter aquela nojeira de sangue-puro casando os filhos esnobes deles e gente presa não casa, muito menos...

— Já entendemos Gina. - falou Neville meio desconcertado.

— Claro que os herdeiros negam qualquer envolvimento e os puro-sangue ainda têm muita influência social, Harry sente vontade de arrancar os cabelos quando pensa nisso.

— Se é assim, por que Draco está sozinho? - perguntou Luna.

— Não sei. - respondeu Gina. - Talvez ele seja insuportável demais até para os sonserinos.

Todos riram, até mesmo Hermione que estivera em silêncio.

Algumas horas depois os contornos das torres de Hogwarts já estavam visíveis e as luzes abriam-se como pequenos sois de suas janelas.

Ao saírem da estação de trem eles seguiram de carruagem com os testrálios para o castelo.

Quando desceram, Hermione olhou bem para uma carruagem que chegava.

— O que foi Hermione? - perguntou Luna.

— Acho que aquele é o Tanatos. - ela falou indo em direção à criatura.

— Quem? - perguntou Neville.

— O testrálio que nos levou ao Ministério, bem quando voltamos Hermione já havia presenciado uma morte de perto e nunca mais esqueceu aquele testrálio, acho que foi o choque, depois disso até batizou-o, deu-lhe guloseimas, mas nunca mais quis montá-lo.

Hermione se aproximou do animal e estendeu a mão para tocar seu rosto.

— Você está ótimo garoto. - ela falou ao acariciá-lo. - É incrível que tenha sobrevivido aquela batalha.

A porta da carruagem abriu-se e de dentro dela, vestido em um elegante sobretudo negro e calçando coturnos, desceu Draco Malfoy com seu malão.

Hermione apenas olhou-o com o canto dos olhos e continuou acariciando Tanatos.

Draco demorou dois segundos para perceber que o motivo de Hermione Granger estar em frente a sua carruagem não era ele e sim a criatura soturna que o guiara. Ele soltou um suspiro que pareceu alívio. Balançou sua varinha e o malão começou a flutuar. Não trocaram uma palavra e então Malfoy seguiu em direção ao castelo.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima pessoal!



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