Querido Joseph escrita por Ragnar


Capítulo 2
Capítulo 2




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Um mês se passou com a Kidman batendo o pé e quase iniciando uma discussão com Sebastian. Um maldito e doloroso mês em que ele se viu encarando a garrafa de bebida no alto do armário da sala e olhando de soslaio para a sua filha, brincando e falando com a sua imaginação, não vendo ou talvez o deixando pensar como os outros adultos faziam. Lilly tinha o seu mundo da qual Sebastian se recusava a tocar e estragar com um erro estúpido envolvendo a bebida.

A maior parte da reintegração da socialização da Lilly era levá-la ao parquinho e brincar com as crianças da sua idade, correr e por consequência, se machucar e sentir que não estava presa ao STEM e que o perigo era no máximo cair da árvore ou da bicicleta. Ele dava risadas com ela, sorria por ela e olhava atento para o ambiente e as pessoas ali, cauteloso e sempre com aquele medo de perde-la novamente diante dos seus olhos. Não se distraia com nada.

Nesse momentos ele sempre planejava acampar já que estavam com Kidman, mas essa havia sumido no mundo para achar alguém que deveria estar morto... Alguém.

Era de noite e ele ainda pensava nisso, estava jogado na própria cama e não tinha coragem de fazer a vigília aquele dia, não queria fazer algo importante com a cabeça cheia de pensamentos perigosos. Lembrar de Joseph não era uma escolha, não gostava de lembrar do homem que o manteve na linha e o impediu de cometer... Uma barbaridade. Ele o ajudou mais do que qualquer um naquele maldito departamento de polícia.

Fechava os olhos e lembrava quando o mesmo o acompanhava até a sua antiga casa, o deixava jogado na cama e o deixava naquele cômodo vazio. A não ser que Sebastian pedisse e... Foi apenas uma vez que ele sentiu o beijo de Joseph, mas estava bebado demais e o Oda se recusava a fazer qualquer coisa com alguém alterado, por isso que na época Joseph tinha deixado isso de lado, porque Sebastian tinha se feito de idiota e falando que não lembrava de nada.

Ele não queria arrastar o outro na desgraça dele. Simples.

Seu tempo de ficar preso em pensamentos acabou no momento que alguém batia com força na porta de casa, com força e sem paciência nenhuma. Não estava esperando ninguém e pegou sua arma, destravando e saindo do corredor e trancando o quarto de Lilly para então descer.

— Abre essa droga, Sebastian! — Kidman gritou do lado de fora e ele fez o que a mulher disse, destrancando a porta e vendo a mesma, cansada e suada — Vem, precisa me ajudar — e sem ouvir uma resposta dele, o puxou pelo pulso e o arrastou até a caminhonete.

Da traseira da camonhonete, esse perceptível algo de valor e enorme, vários cobertores e... Joseph.

Sem os seus costumeiros óculos, sem toda aquela roupa pomposa de trabalho e nem mesmo a cara séria, apenas.. A face mais serena que Sebastian já viu, adormecido e resoando sereno em seu sono.

— Kidman...

— Cala a boca e me ajude a carregar ele lá pra dentro — vociferou bem baixo para supostamente não acordar Joseph.

Dito e feito, eles o fizeram com cautela e levaram para o quarto onde Juli costumava dormir, levandi depois os cobertores e como estavam seguros, Sebastian destacou o quarto de Lilly e viu de relance que a mesma ainda dormia tranquila e estava no sexto sono, Dante parecia um protetor estando deitado ao lado dela, acordado ao ver Sebastian ali.

— Como diabos ela fez isso...? — resmungou para si mesmo.

Recordava sim quando Kidman tinha mencionado no STEM que Joseph estava vivo, mas achava que era apenas um jogo de palavras por ela estar sendo observada e trabalhando para aqueles filhos da puta. Achava... Achava que tinha sido o culpado pela morte do próprio parceiro.

Andando até o quarto de hóspedes e abrindo a porta para ver Kidman ajeitando as coisas, exagerando nas almofadas atrás da cabeça de Joseph e o deixando mais confortável. 

Caralho, era mesmo ele.

— Que sorriso é esse Sebastian? — Kidman o tirou dos pensamentos, o olhando com um sorriso também — Bem, não importa — declarou, se sentando na ponta da cama e suspirando longamente — Deu um trabalho buscar o Joseph, mas creio que ainda não terminei ainda... Tenho que queimar a caminhonete e deixá-la longe daqui, mesmo que não tenha rastreador nela, medida de segurança e tudo mais.

— Como sabia onde encontrá-lo, Juli? — a chamou pelo nome, mostrando a seriedade do assunto e a importância dele, não queria apenas detalhes, queria a história completa.

— Eu disse a voc—.

—  Não, você só me disse que ele estava vivo e um lugar feito de porcelana — falou, a interrompendo — Não venha com mentiras a essa altura do campeonato, Juli.

— Está bem... — respirando fundo e olhando uma última vez para Joseph — Consegui arquivos contendo informação onde ele estava depois que ajudei na sua fulga e durante a morte de todos da corporação, mas... Só consegui agora buscá-lo. As pessoas de lá ainda acham que a corporação está inteira e que alguém vivo está no comando, mas não têm — contou, o olhando no final — Eles não são uma ameaça, mas ainda acho necessário queimar a caminhonete.

— Nisso eu não vou discordar, agora... Ele não precisa de acompanhamento médico ou psiquiatra? Kidman, não sei qual inferno ele passou com você, mas eu lembro quando ele estava cedendo a maluquice do lugar, do STEM — enfatizou a lembrança e ela negou com a cabeça — Eu não tenho dinheiro o suficiente para conseguir ajudá-lo na mente e o psicologo mais acessível fica a quilômetros daqui.

— Estavam fazendo experimentos nele... Em tentar tirar os danos colaterais que a máquina trouxe... — explicou — Não sei se pode ter dado certo, mas... Ele estava com a ficha e indicativos normais, sem alteração cardíaca, nada falando ou relatando o estado psicológico... Vamos apenas descobrir quando ele acordar — comentou, se levantando e indo até o armário, pegando alguns lençóis — Vou dormir na sala, quem sabe montar uma vigília por lá — falou, se retirando.

E Sebastian ficou sozinho com um Joseph dormindo. O olhando de longe e sorrindo fracamente, ele era um covarde e um tolo por tê-lo deixado sozinho, por vê-lo sucumbir a doença que aquela mente doentia do Ruvik foi... Deveria ter lutado mais.

Ele se juntou ao sono e preferiu... Dormir no mesmo quarto que Joseph para que nenhum imprevisto acontecesse a ele, estar ao lado dele quando acordasse e ser o primeiro a... Sebastian preferia não concluir esse pensamento.

Quando ele acordou e levantou, Joseph ainda estava dormindo e Sebastian se ligou a sua rotina, andando pela casa e preparando o café da manhã, recebendo Lilly e Juli na cozinha sendo atraidas pelo cheiro da comida. Ele dava risadas com comentários bobos da filha e teve que lidar sim com as perguntas da mesma sobre algo do dia anterior, essa deveria ter notado que havia alguém além deles ali e Sebastian não escondeu, contou sobre quem estava ali e Lilly perguntou se era o homem da foto que ele tinha... E ele concordou e ela teve os olhos brilhando, largando o café e correndo para o quarto de hóspedes.

E é claro que ele olhou para Juli e correu atrás da pequena, um pouco atrás e olhando surpreso para a cena.

— Meu nome é Joseph, é um prazer conhecê-la Lilly — e Sebastian não sabia como reagir.

Com a aparência debilitada e fraco, Joseph estava sentado na cama e Lilly sentada ao lado dele, sendo acolhedora como sempre.

Não foi apenas Juli que parou ao lado dele na porta e sim Dante, o felino não perdia a chance de ficar perto da pequena e nem mesmo a chance de olhar o novo desconhecido, pulando na cama e sentando para encarar o estranho ali.

— Esse é o Dante, meu melhor amigo — contou, acariciando a cabeça do mesmo — E aquele é o meu papai — apontou para Sebastian, deixando com que o olhar de Joseph caísse sobre ele.

Aquele olhar escuro... Droga!

Foi tudo muito rápido, a ficha poderia ter caído pra ele só naquele momento, mas Sebastian se aproximou depressa ainda mais quando o olhar de Joseph se iluminou ao vê-lo, lágrimas no canto de seus olhos escuros e olheiras marcadas, a pele pálida e ele... Fraco.

Sebastian o abraçou com força ao chegar a cama, o agarrando com força e a culpa diminuído. Ele nem conseguiu notar quando as próprias lágrimas vieram... O parceiro dele, o melhor amigo, seu ombro... Joseph.

— Não terminamos o café da manhã, papai — Lilly chamou sua atenção, o fazendo se afastar do abraço de Joseph — Ele têm que comer, eu fritarei ovos e farei chá.

— Você não sabe fazer chá, Lilly — Sebastian brincou, vendo a mesma estufar as bochechas — Mas deixarei fazer os ovos, vá com a tia Juli, tá bom? — pediu e a mesma se afastou, indo com Kidman até a cozinha e os deixando sozinhos com o gato.

Dedos passaram em seu rosto, o limpando e acariciando cada traço, como se estivesse pintando com os dedos.

— Você está sóbrio agora... Estamos a salvo, Seb... — sorriu fracamente.

— Sóbrio e sem fumar a oito meses, estou limpo... — outra lágrima e pensamento de quando ele tinha ficado tão sensível — Droga! Me perdoa, Joseph... Me perdoa...

Mãos quentes envolvendo todo o seu rosto, beijando delicadamente sua testa, seu olho molhado pelas lágrimas e a beirada da sua boca. Achava injusto uma coisa que ele sempre se negou merecer acontecer justamente quando ele estava limpo de qualquer vício, quando tinha recuperado tudo, quando TUDO tinha voltado para ele e sem perda alguma.

— Perdoo, mas vai ter que trazer o café na cama pra mim... — pediu — Eu não quero acordar... Não quero...

— Não vai — respondeu b o sussurro de sua voz contra a boca de Joseph — Eu vou atirar na cara de qualquer um que levar você daqui, Joseph, isso eu prometo com o meu sangue.

— Tão sutil, Seb... — brincou, encurtando e dando o que Sebastian achou que não receberia.

Um tenro beijo.

Estavam todos seguros agora.


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