A filha dos mediadores escrita por Samanta Chatham


Capítulo 3
Sou uma garota (mediadora) normal.


Notas iniciais do capítulo

Estou nervosa, como estava a quase seis anos atrás



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Eu me considero bastante normal para uma adolescente de 16 anos, tipo assim, não era muito problemática. Eu disse não muito, isso não significa que não seja um pouco. Eu era, mas em minha defesa não era exatamente culpa minha.

Na verdade, ser uma mediadora não era exatamente minha parte problemática, era mais minha parte esquisita. Tudo bem, sei que essa é uma palavra muito forte, mas qual é, quem aos 16 anos conseguia comunicar, falar e chutar fantasmas? Eu sei. É muita esquisitice para não denominar assim.

 — Baby? Chegamos — ouvi a voz do meu pai, que dirigia com suavidade e naturalidade impressionante para alguém que viveu e morreu antes de inventarem o carro. Sempre que eu levantava essa questão para o meu pai, ele respondia revirando os olhos e dizendo: “Eu não fiquei sentado comendo chocolate nos centos e cinquenta anos que fui fantasma”.

Era meio impossível ser normal quando seu próprio pai falava algo assim.

Olhei para fora, estava chovendo e pelo o que andei pesquisando sobre minha nova cidade, Forks, a chuva e o tempo fechado eram as características mais dominantes aqui. Como o sol era onde eu morava na Califórnia. Tudo bem, eu já tinha me despedido do sol. Mas, voltando, minha mãe apontou a placa que dizia: “ Bem-vindo à Forks”.

Juro que tentei ficar animada, juro que sim. Mas mudar de cidade, para uma tão longe e diferente da sua cidade natal, não era exatamente algo que me deixaria feliz. Olhei para os meus pais, que conversam animadamente sobre alguma coisa que não escutava direito — estava escutando minhas músicas e lendo —. Todos diziam que eu era uma mistura perfeita deles.

Tinha os cabelos e olhos negros do meu pai. Ele tinha toda uma sensação latina, uma cicatriz que cortava uma das suas sobrancelhas e um sorriso que segundo mamãe, fazia qualquer mulher ficar com as pernas bambas. Eu também tinha o sorriso dele. Já mamãe, tinhas os cabelos castanhos e intensos olhos verdes e se tem alguma coisa que mais puxei a ela — segundo meu pai — era o gênio forte, que ele chamava de teimosia.

Meu pai era médico pediatra, Dr. Jesse de Silva e minha mãe, Suzannah era psicóloga. Papai tinha recebido um convite para trabalhar no hospital de Forks e só concordou com a oferta porque soube que ia trabalhar com Carlisle Cullen, um antigo amigo. E também um o figurão da cidade.

E aqui estávamos nós, atravessando a pequena e chuvosa cidade de Forks para chegar a nossa nova casa.

 — A casa é muito antiga? — Perguntei a eles, os olhos verdes de mamãe se encontraram com os meus e sorriu.

— Não. Já verificamos a casa — me disse com carinho. — Nenhum fantasma vai assombrar seu quarto querida — falou e piscou para papai, em uma piada que poucos entendiam.

Mas eu, como filha deles, entendia.

Essa era a história deles. Papai tinha sido um fantasma que assombrou o quarto da minha mãe, quando ela ainda era adolescente — acho que tinha minha idade — mudou para Carmel. Ela conseguia vê-lo e interagir com o meu pai fantasma porque era uma mediadora.

 Como eu e meu pai.

  Mediadores são pessoas que conseguem interagir com fantasmas e como mamãe sempre diz “ chutar os fundilhos deles e mandá-los para o inferno” ou para qualquer outro lugar onde as pessoas vão depois que morrem. É por isso que perguntei se a casa era antiga.

Geralmente, casas antigas são cheias de histórias, cheias de pessoas mortas e em muitos casos, essas pessoas viram fantasmas e enchem meu saco. Meu primeiro fantasma foi aos 4 anos e pensei que todo o mundo deveria ver aquela senhora que chorava no parquinho da minha escola. Claro que quando uma criança senta no balanço e conversa com o ar — era a senhora, mas as outras pessoas não a viam e eu não entendia isso — acham que é coisa de criança e mesmo assim, a professora chamou meus pais.

 E foi quando eles me explicaram o que eu era e como se conheceram.

Senti o carro parar e ao olhar para a janela, vi a casa. Como já tinha parado de chover, sai do carro ao mesmo tempo que meus pais.

   — Não é linda? — Minha mãe perguntou ao meu lado.

  E era charmosa. Podia ver que tinhas dois andares e uma garagem ao lado. Era de um tom pastel e estava brilhando por causa da chuva.

— Vamos entrar Mi Amada — ouvi meu pai e pegamos nossas malas. 

Particularmente, eu não tinha trazido muita coisa. Não era como se eu tivesse muitas roupas de inverno em Carmel e das duas malas grandes, uma estava cheia de livros. É, quando eu não tinha que lidar com fantasmas, eu amava ler.

Ajeitei minha bolsa nos ombros, peguei as malas e ouvindo Vênus do SHINHWA, entrei na casa logo atrás do meu pai. Passei pela pequena cozinha, a aconchegante sala e subi as escadas, onde sabia que ficaria os quartos. Como meus pais pegaram a suíte principal, eu fiquei com o único quarto e não era uma suíte. O que realmente não era um problema, já que tendo a suíte deles, meus pais deixaria o outro banheiro para mim.

Deixei as malas no chão e fui logo abrir a janela do quarto abafado. Senti o vento frio me atingir e apertei a jaqueta preta de couro que usava ao sentir o frio. Vi que na casa ao lado tinha uma picape muito velha estacionada e uma garota — que parecia ter a minha idade, saiu do carro. De longe, pude ver que seus cabelos eram castanhos e que ao entrar na casa, escorregou caindo de bunda no chão.

   Eu ri, afinal tinha sido o tombo mais hilário que tinha visto.

   É talvez eu não odeie tanto Forks.

   — Baby? —Ouvi minha mãe bater levemente na minha porta e virei-me para ela. — Você está bem?

   Ela veio até mim e seus olhos verdes me analisaram.

    — Estou mãe, é uma bela casa — falei, sem ter certeza das minhas palavras e parece que ela percebeu, já que pegou minha mão entre as suas.

   — Eu falei a mesma coisa para a sua vó quando nos mudamos para Carmel, quando eu tinha a sua idade. Eu sei como é, querida.

   Eu sei que ela sabia e a amava profundamente por isso.

  — Eu sei — falei e a abracei. — Vou ficar bem, só preciso me acostumar.

  — Tudo bem — ela suspirou. — Vou preparar nosso jantar.

 Quando ela saiu, coloquei novamente meu fone e aumentei o volume e comecei a arrumar meu quarto.


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Notas finais do capítulo

Ahhh comentem! ♥



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