Only escrita por Tricia


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos



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— Apoio é sempre bom – Soluço insistiu levemente irritado e com certeza preocupado, não era a primeira vez que eu via isso  em seus olhos e tão pouco seria a ultima.

— Não é preciso, são só alguns nadders mortais, nada que eu e a Heather não consigamos lidar – garanti dando de ombros.

 Os lábios finos dele comprimiram como sempre acontecia quando Stoico lhe dizia algo que ele claramente não concordava, mas precisava engolir.

— Não estou duvidando da capacidade dela e muito menos da sua, Astrid. Só um idiota faria isso. Só quero ter certeza que tudo ficara bem com vocês – argumentou gesticulando com os braços.

— Vai ficar. Isso levará só uns três ou quatro dias no máximo e de lá partiremos direto para Berk a tempo de participar do festival.

Relutante ele concordou balançando a cabeça. Aproximei-me, pegando o machado que deixara sobre a mesa ao lado de um mapa que Soluço fazia marcações anteriormente.  

— E se não estiver em Berk neste tempo, então eu e Banguela iremos atrás de vocês para salva-las.

Sorri.

— Se, eu estiver em perigo. Você poderá me salvar.

— Eu irei – garantiu segurando uma das minhas mãos. Não acontece com frequência, mas longe do olhar das pessoas às vezes nos permitimos ser mais próximos, toques respeitosos ( Soluço na maior parte das vezes) e vez ou outra um beijo roubado (sempre iniciado por mim, infelizmente) – Sempre irei.

Eu sei que iria. Sempre íamos salvar um ao outro.

 

~&~

 

Faltando três dias para o Snoggletog, uma grande árvore estava na praça da aldeia, toda decorada; barcos atracados no porto trazendo familiares de longe para festejar essa data tão importante para qualquer viking.

Uma figura sozinha no porto chamou nossa atenção. Cabeçaquente. A expressão emburrada da loira era no mínimo peculiar considerando o quanto seu humor se eleva alegremente com as diversas travessuras que costuma fazer com o irmão em datas comemorativas – pessoas novas, vitimas novas – porem, lá estava ela sozinha.

— Isso não tá me parecendo bom – Heather comentou o que se passava na minha cabeça.

Ao nos notar sua expressão suavizou e os passos que antes parecia não ter uma direção certa mudaram em direção a nós.

— Vocês chegaram – Cabeçaquente exaltou se animando um pouco.

— No tempo previsto – Heather disse com orgulho – Onde esta o seu irmão?

A loira bufou.

— Em algum lugar babando na senhorita viking perfeita de cabelos sedosos – respondeu balançando a cabeça passando a mão nos cabelos em uma pose de superioridade forçada.

Brevemente olhei Heather.

— Quem? – falamos juntas encarando Cabeçaquente.

 – A filha de um velho amigo do chefe, quando chegamos já estava aqui sendo adorada por todos como uma deusa na terra – Heather riu do desdém no tom da viking – São uns idiotas!

— Olha só Heather, pelo menos assim o Melequento não ficara no seu pé – disse.

— Não mesmo. Ele tá ocupado tentando impressionar ela com o Dente-de-anzol. Como é muito burro ainda não percebeu que ela só quer voar em um fúria da noite... De preferencia se o Soluço estiver lá.

Franzi o ceio fitando a loira novamente emburrada.

— Como é?

— Jogar verde pra cima do Soluço é o que ela mais faz. Ela deve ate estar com eles na academia agora.

— Vem Cabeçaquente – estendi a mão em direção a loira ouvindo-a perguntar por que, mas acatando enquanto Heather apenas me olhava – Vamos para academia.

— Astrid...

— Vamos lá Heather, vai dizer que não quer conhecer a senhorita viking perfeita de cabelos sedosos? – provoquei.

— Por que isso não esta me cheirando bem – ouvi-a dizer para si mesma antes de levantar voo atrás de mim.

 Alguém um dia me disse que vikings são bem teimosos e como uma boa viking, eu sou teimosa. Todos sabem. Ela sabia. Assim como eu também sabia que ela queria descansar um pouco depois que chegássemos antes mesmo de falar com alguém. Mas ela podia esperar um pouco.

 

Como Cabeçaquente bem dissera, os cavaleiros estavam na academia. A equipe original e a equipe “A” treinada por mim um ano atrás, que agora treinava novos cavaleiros. Alguns conhecidos, outros nem tanto. Mas que nos olharam atentamente quando Tesoura de vento e Tempestade pousaram e nós descemos.

Ouvi meu nome ser citado por alguém em meio a alguma coisa que perdeu minha atenção no momento que avistei Banguela, sozinho. Soluço estava do outro lado da arena com um pequeno grupo de pessoas que claramente não eram de Berk explicando algo com um terror terrível de escamas esverdeadas em seu braço.

— Isso não é normal – Heather comentou olhando o fúria da noite vir em nossa direção com animação chamando a atenção de alguns vikings. Um fúria da noite sempre chamaria atenção para si afinal de contas.

— É bom te ver garoto – disse me deixando ser levada pela alegria do dragão. Soluço vinha em nossa direção com o pequeno grupo.

— Que bom que conseguiram chegar antes das festividades começarem.

— Eu disse que conseguiríamos – me apoiando em Banguela como Soluço fazia, Tempestade se pôs atrás – Sem nenhum contratempo e com o bônus de uma nova ilha adicionada ao mapa.

— Isso é ótimo, Perna-de-Peixe vai adorar saber dessa nova ilha e os dragões dela, e eu também. Ele está bem ocupado com visitantes.

— Não é só ele pelo visto – disse olhando ao redor e Soluço fez o mesmo soltando um curto risinho constrangido.

— É bom ver as pessoas querendo conhecer os dragões e não mata-los, e se eu posso ajudar nisso eu o farei.

Claro que fará.

— O que faz de você um ótimo líder – ouvimos para logo a dona de tais palavras surgir se pondo ao lado de Soluço passando a mão no pequeno dragão – Quer dizer que você é a grande Astrid Hofferson. Estava ansiosa para conhecê-la. Sou Mira Ferros, de Rochedo do Leste.

— É filha do líder de lá, certo – Heather intrometeu-se chegando mais perto para ser notada pela viking de madeixas ruivas longas o suficiente para cobrir toda extensão das costas – Sou Heather. Ainda não estive em Rochedo do Leste.

Senti Banguela bufar ao mesmo tempo em que Mira começava a relatar coisas sobre sua vila para Heather acompanhados de alguns vikings da própria ilha.

 

— Os Hoffersons são bastante estimados na minha tribo – Mira começou quando o pequeno grupo de pessoas estava longe, nem Heather estava mais perto – Como deve saber meu bisavô foi casado com uma Hofferson. Sempre tão orgulhosos e um tanto autoritários se me permite dizer.

Banguela grunhiu novamente.

— Não foi a melhor aliança pelo que contam.

— Ela não sabia respeitar a opinião do marido, sempre impondo sua opinião – Mira deu de ombros respondendo como se tal coisa fosse realmente ruim – Eu não faria isso. Você faria?

— Se eu não fizer isso não serei eu – sorri, acariciando Banguela e vendo Heather jogar um frango para Tempestade e outro para Tesoura de Vento a alguns metros a frente.

— Então nunca se case com um líder de tribo.

— O que quer dizer com isso?

E novamente a ruiva deu de ombros dando alguns passos ficando mais perto e abaixando sutilmente o tom.

— Eu ouvi boatos sobre o seu envolvimento com Soluço e bem, ele logo será um líder e como tal será o responsável por decisões difíceis e a ultima coisa que precisa é alguém que não põe fé em suas decisões. 

— Não é uma questão de fé, Soluço toma boas decisões...

— Mas você o contrariaria.

— Se for necessário, sim. 

— Então você jamais será uma boa esposa de chefe de tribo.

E com isso a ruiva se foi, sem olhar para trás.

 

~&~

 

De cima de um dos penhascos dava para ver o pequeno grupo de vikings que Soluço e Melequento atualmente integravam, Mira estava com toda atenção sobre si enquanto mostrava seu manejo com uma lança.

— A postura dela é boa – Heather comentou ao meu lado.

— Só que ela é despreocupada com os pés. Não acontece com frequência, mas se alguém corta um dos pés você não luta muito bem – argumentei dando de ombros. Os olhos da morena estreitaram, talvez imaginando uma circunstância em que a garota de cabelos de fogo teria seus pés acertados e como agiria.

— Seria um tanto complicado – afirmou por fim, voltando-se para a figura de Perna de Peixe voando em nossa direção em Batatão. Alguém pelo menos ainda se importa com seu dragão.

— Heather, Astrid – saudou ao pousar e descer do dragão – Soluço me falou da ilha que vocês encontraram.

— Que bom que ele teve tempo de falar com você – a alegria do loiro com o Snoggletog, com uma nova ilha e alguma coisa a mais que eu desconhecia o fizeram felizmente não notar o pequeno toque de raiva que eu havia deixado sem querer escapar em minhas palavras, todavia, Heather claramente havia notado.

— Ele esta muito ocupado com os preparativos e parece que a Mira ficará um tempo a mais por aqui para aprender a montar em dragões. Ela é muito habilidosa em combate pelo que pude ver.

— É mesmo? – cruzei meus braços voltando a olhar a habilidosa guerreira em combate contra Melequento. Nos meus dias preguiçosos eu consigo o derrotar com uma mão presa as costas

Ela o derrotou com uma adaga.

— Precisa admitir Astrid, ela é boa, talvez melhor que você – Perna de peixe disse olhando maravilhando a cena de comemoração da viking.

Tsc.

 

Gostaria de poder dizer que os homens e mulheres de Berk não são facilmente impressionados por forasteiros e armas bem forjadas, mas seria uma mentira. Todos pareciam felizes com a presença do povo de Rochedo do Leste e eles sabiam bem administrar a atenção que recebiam.

Senti meu estomago comemorar ao provar o pedaço de carne de frango do meu prato na extensa mesa do salão de acordos em que todos jantavam. Os gêmeos ao meu lado devoravam com vontade a comida de seus pratos deixando pequenos pedacinhos de comida cair sobre a mesa e seus colos.

— Vocês poderiam tentar se comportar um pouco – Perna de Peixe tentou repreende-los, mas como se tratava do loiro e não Soluço ou eu os gêmeos apenas o ignoraram.

— Os deixe Perna de Peixe, se eles querem conhecer o povo de Berk pra valer é bom ver como realmente somos.

— Você ouviu, as palavras da Astrid é que valem – zombou a loira com apoio do irmão, Melequento certamente acompanharia, porém este estava com o pai sentado na mesa do Chefe fingindo ser alguém que claramente não é; soluço por outro lado parecia bem conversando com o pai e o líder visitante.

— Pobre Melequento – Heather lamentou vendo constrangimento na face do viking por algo dito pelo pai.

— Será que as coisas vão ser sempre assim depois que o Soluço se casar com a Mira? – Perna de peixe perguntou.

— Ele vai se casar com ela - Heather perguntou tão surpresa quanto eu.

— Bem... – O loiro encolheu os ombros.

Bufei apoiando os braços na mesa e me inclinando para frente.

—O que você sabe, Perna de Peixe?

— Não tente fugir – Heather o advertiu quando este desviou o olhar, a morena repetiu o meu gesto na mesa.

— Tudo que eu sei é que o líder de Rochedo quer casar a filha dele com Soluço e o chefe tá pensando sobre isso e o Soluço bem...

— O que tem o Soluço – a morena questionou sem se importar com a possibilidade de talvez estiver assustando o loiro com seu tom de voz.

— Ele não parece estar preocupado com isso – o loiro respondeu olhando de relance a mesa do chefe.

— Isso não pode ser verdade – Cabeçaquente exaltou chamando atenção de alguns vikings.

Apertei a caneca em minha mão soltando as únicas palavras mais plausíveis de acordo com tudo que vi nos últimos 2 dias.

— Pode sim.

 

~&~

 

Novamente algo mudaria. Dessa vez a academia seria novamente destinada a combates, agora entre Vikings até que um não aguentasse mais ficar em pé. O novo ponto alto do Snnoggatok.

A plateia de vikings ia à loucura com o resultado final de uma luta na arena. Heather observava a movimentação encostada à parede me fazendo companhia.

 – Espero que não esteja fazendo isso pelos motivos errados.

Levantei-me do chão. O portão começava a ser erguido com um ranger das correntes grossas que o prendiam. Estava na hora. Inspirei o ar puxando as luvas de couro nos punhos como se estás estivessem mal ajeitadas.

— Não é – afirmei. Peguei o machado observado Heather partir após minha resposta embora claramente não parecesse acreditar.

A cada passo dado à imagem de Bocão tornava-se mais nítida, os vikings gritando atrás das grades que fechava a arena empolgados com o "show" que teriam e, Soluço, ao lado do pai em um lugar privilegiado que só sua posição de filho do chefe lhe rendia.

— E chegamos à última batalha deste dia – Bocão berrou de braços abertos ao público – Astrid Hoffeson VS Mira Ferros!

Os portões de onde os competidores saiam eram lado a lado, então era mais que certo a presença da viking ao meu lado. Mas como a competidora acostumada, Mira passou por mim colocando-se do lado de Bocão e, consequentemente em minha frente.

Os olhos esverdeados varreram a plateia até o ponto que a pouco tivera minha atenção também. Soluço.

A voz de Bocão soou novamente, um pouco mais baixa.

— Sabem as regras e consequências.

Maneei a cabeça segurando o machado com ambas as mãos. A atenção da viking deixou nossa plateia focando em mim.

— Será divertido derruba-la na frente de tantos – comentou ignorando Bocão e manejando seu machado entre as mãos com seu melhor sorriso de vitória.

Bocão se afastou gritando a frase tão esperada por todos ali.

— Que comece a luta!

A ruiva avançou. Golpes precisos, a guarda sempre alta e a vontade de quem gostaria muito de ter minha cabeça em uma lança na frente de casa para exibir fazia Mira transmitir-me a mesma sensação de estar enfrentado um caçador de dragões.

Bastava apenas um erro meu para ter minha cabeça na maldita lança...

— Esquivas, é tudo que a grande Aatrid Hoffeson tem? – provocou-me entre um golpe e outro que eu defendia – Esperava mais. É decepcionante, Astrid.

Trinquei os dentes, aproveitando sua investida e prendendo seu machado ao meu, trazendo seu corpo para perto.

— Você é muito irritante – desabafei entre dentes.

— Você se acostuma com meu jeito, afinal, quando eu me casar com Soluço viverei aqui – piscou.

 Nunca, quis gritar.

Chutando-me ela separou nossos machados o que me levou ao chão no processo. Pequenos flashes da noite anterior e posteriores invadiram minha mente.

 “Eu ouvi boatos sobre o seu envolvimento com Soluço e bem, ele logo será um líder e como tal será o responsável por decisões difíceis e a ultima coisa que precisa é alguém que não põe fé em suas decisões”

“Precisa admitir Astrid, ela é boa, talvez melhor que você”

“Se, eu estiver em perigo. Você poderá me salvar”

— Levanta Astrid! – a voz de Cabeçaquente distinguiu-se no meio dos outros gritos, seguida pela de Heather.

— Vamos lá, Astrid!

“Eu irei. Sempre irei”

— Como alguém pode dizer que somos parecidas? – Mira aproximou-se exibindo seu maldito sorriso de vitória.

“Espero que não esteja fazendo isso pelos motivos errados”

Não devia, mas meus olhos foram para cima, atrás da ruiva. No alto em seu lugar privilegiado, Soluço não estava mais sentado ao lado do pai, agora em pé segurando a grade movendo os lábios.

“Vamos lá Astrid”, repetia as palavras que Heather dissera.

— Você só é bonita. Não uma guerreira digna de ser a esposa do chefe.

Trinquei os dentes.

Com seu machado preso as duas mãos a ruiva veio, com força, decidida a acabar isso de uma vez por todas.

 Então ela achava que essa luta era por isso? Soluço?

Segurei firmemente o cabo e a parte de trás da lamina do mesmo, defendo-me do ataque.

Essa luta não é apenas por Soluço.

 Aumentei a força que mantinha o machado como meu escudo retendo ainda o ataque da viking.

É por mim também.

— Os que disseram que somos parecidos são tolos – sibilei levantando do chão, afastando seu machado do meu em um golpe – Eu sou a melhor aqui.

— Acha mesmo? – questionou voltando a posição de ataque.

— Mas do que tudo – afirmei ajeitando o machado e levantando uma das mãos gesticulando para que viesse. O sorriso na fase pálida vacilou por um momento transformando em mais ira.

Avançamos ao mesmo tempo. O ranger de nossos machados se chocando violentamente me instigava a continuar atacando e não apenas defender, pois agora eu já sabia como ela atacava, como se defendia e onde suas brechas estavam a cada movimento.

— Acaba com ela Astrid – ouvi Cabeçaquente gritar da plateia.

Dei alguns passos para trás para não cair com a rasteira e desviando logo da adaga que a viking atirou antes de avançar novamente contra mim. Forcei minha força em um dos braços para manter a defesa enquanto aguentava o chocar do machado contra o meu e ter a oportunidade de chutar o estomago de Mira com força.

O arfar seguindo de resmungo irritado fora um dos melhores sons para meus ouvidos que nem os gritos de todos os vikings poderiam me privar de apreciar com gosto.

Avancei manobrando bem meu machado e usando esquivas rápidas e às vezes golpes ocasionais nas costelas de Mira para desestabiliza-la mesmo que por poucos segundos.

Nossos ataques estavam mais ousados e ao ter nossos machados presos mais uma vez forcei minha força em puxar o meu puxando o de Mira também que voou para longe de nós. Os olhos da viking olharam a arma no ar. O erro.

Levei uma das mãos aos cabelos ruivos prendendo assim a cabeça e forçando para baixo e erguendo minha perna, fazendo a cabeça de Mira bater com força.

O corpo poucos centímetros mais alto que o meu perdeu a estabilidade, notei, a chutando com toda força que minha raiva poderia proporcionar para longe.

A viking caiu com a barriga para cima, os cabelos vermelhos espalhados no chão de pedra e a respiração acelerada. Aproximei-me rápido pisando no abdômen com um pouco mais de força que o necessário, sacando uma das adagas que sempre carrego comigo colocando a centímetros da garganta da guerreira.

— Você é uma boa lutadora e talvez venha a ser a esposa do Soluço, mas isso não mudara o fato que eu sou a melhor aqui. E nem você, nem ninguém mudara isso – afirmei.

— E a vitória da nossa ultima batalha vai para Astrid Hofferson – o grito de Bocão soou acompanhado de muitos gritos.

Levantei me afastando da viking e olhando para todos aqueles vikings comemorando, partes do meu corpo doíam pelos golpes que havia recebido e o suor fazia fios do meu cabelo grudar-se em meu rosto.

Caminhei lentamente na direção do meu machado o pegando e erguendo para a plateia.

Nunca deve se duvidar do potencial de Astrid Hofferson.

 

~&~

 

 Banquete, musica e muita bebida. Um ótimo jeito de derrubar um viking sem necessitar de uma espada. Os banquetes de Berk são sempre memoráveis e, mesmo que uma guerra começasse amanha ainda teríamos essa festa para nos lembrar em nossos últimos suspiros com alegria. Pelo menos era o que meu tio sempre dizia: “não podemos ser infelizes durante um bom banquete”.

— O que aconteceu com aquela lavagem que você fazia? – Melequento perguntou, assim como Perna-de-Peixe também mantendo com sigo uma caneca da bebida. Vários vikings estavam bebendo – Essa cidra de iaque esta incrível.

Sorri.

— Eu dei uma mudada na receita desta vez – hoje eu sei que minha primeira cidra de iaque não era lá tão boa como imaginava ser.

— Os deuses agradecem a isso – Cabeçadura exclamou batendo sua caneca com a de Melequento.

Stoico fizera um discurso agradecendo a presença de todos os lideres presentes e em meio a toda festa desapareceu com Soluço e dois dos líderes (sendo um deles pai de Mira). Provavelmente o motivo de Melequento estar sendo tão ele mesmo, longe da mesa do chefe, bebendo e dando em cima de algumas vikings ocasionalmente e fracassando miseravelmente.  

A voz de Baldão destacava-se de forma engraçada em meio aos outros músicos e sua animação era sem duvidas contagiante. Só isso para explicar o porquê do carrancudo Alvin estar dançando com uma viking poucos sentimentos mais baixa que ele e tão assustadora quanto ele.

 – Amo iaques feitos em banquetes, o tempero parece ser mais especial – Cabeçaquente comentou chegando com um prato abarrotado da carne e algumas coisas a mais. Heather veio atrás segurando duas canecas cheias de cidra de iaque. Agradeci aceitando uma das canecas e ela se pôs a encostar-se à pilastra ao meu lado enquanto os garotos e Cabeçaquente estavam sentados em uma das mesas.

— Já conseguiu falar com o Soluço?

— Não – o olhar da morena estreitou. Bebi um pouco da cidra – E mesmo que eu falasse o que deveria dizer?

Soluço é grande o suficiente para tomar as próprias decisões e fazer o que bem entender. Antes mesmo ter idade para tal, ousaria dizer.

— Eu não sei. Perguntar o que esta acontecendo...? Vocês precisam conversar, Astrid.

Suspirei. Enfrentar caçadores lunáticos parece ser claramente mais fácil que isso.

Á musica parou e aplausos soaram animados antes de outra musica começar com frases de Baldão animando os vikings.

— Que tal dançar esta musica comigo, Cabeçaquente? – Melequento convidou.

— Não mesmo – a resposta veio acompanhado de uma careta.

Bebi um longo gole da cidra e Heather fez o mesmo enquanto assistíamos o pequeno desenrolar da tentativa de Melequento de fazer a Thorston o acompanhar para o salão com os demais vikings.

— Não pode fugir disso – A morena tornou a dizer um pouco mais baixo.

O real significado da pequena frase só viera para mim quando dentre os vikings surgira Soluço sozinho vindo em nossa direção.

— Pessoal – saudou, educado como sempre, porem de certa forma mais contido que o normal – O que esta acontecendo?

— Isso é o que nós perguntamos caro amigo Soluço – Cabeçadura falou apontando para Soluço com uma coxa de frango que provavelmente roubara do prato da irmã – O que anda fazendo por ai que não esta nos contando?

— Nada demais, vocês sabem, coisas de filho de chefe.

— Com a filha de outro chefe – Cabeçaquente alfinetou. Heather abafou uma risada ao meu lado. Se havia uma boa desculpa para aquilo, Soluço não estava sabendo qual é a julgar pelo modo como trocou o peso da prótese para o pé desconfortável.

— Nunca pensei que você usaria sua posição para conseguir garotas – Melequento comentou com desdém bebendo um pouco mais da própria cidra –Esse é o tipo de coisa que eu faria.

— Não duvidamos disso – Heather e eu afirmamos juntamente.

— Eu não estou usando nada, Melequento – Soluço defendeu-se bufando, voltando-se para mim – Podemos conversar, Astrid.

— Ela vai – antes que eu pudesse responder qualquer coisa que fosse Heather tomara a frente respondendo por mim. Todavia, Soluço sendo Soluço continuou imóvel esperando uma resposta que viesse realmente de mim.

— Todo bem.

Ele maneou a cabeça guiando-me para o lado de fora do salão sob o olhar de nossos amigos e uma musica agitada sobre navegar em mares e enfrentar ondas que diminuía para nós à medida que nós afastávamos do grande salão, descendo todos os degraus da escadaria antes do Haddock finalmente voltar a falar algo novamente.

— Eles estão bem irritados comigo – comentou bagunçando os cabelos com uma das mãos.

— Pode culpa-los? – arqueei uma sobrancelha, ele tornou a balançar a cabeça ciente do que eu queria dizer.

— As coisas ficaram um pouco estranhas com meu pai – começou, mas o interrompi não porque realmente queria, mas porque não consegui de fato evitar.

— Não pareceu – os Haddocks estavam juntos em uma sincronia estranha pouco vista por qualquer habitante de Beck.

— Eu sei. Você parece mais calma do que eles – disse tombando a cabeça e estreitando os olhos – Consegue convencer bem que as coisas estão bem. Que não esta tão irritada comigo. Quando nós dois sabemos que você esta furiosa.

Cruzei os braços. Soluço me conhecia como ninguém.

— O que você espera, Soluço?

— Que você seja sincera e grite comigo por tudo que esta te irritando ate agora e me fale sobre o que esta te incomodando que eu fiz.

— Eu poderia fazer uma lista – disse fazendo manear a cabeça em concordância, continuei – Mas teria que ser sincera comigo mesma também. Não tenho o direito de surtar por tudo que esta me incomodando quando você e eu... Você sabe.

Meus ombros caíram, cansada da conversa que conseguia tirar minhas forças como uma luta não conseguiria facilmente e mal havíamos começado. Os olhos verdes deixaram os meus caindo para o chão à medida que uma das mãos voltava para os cabelos novamente.

— Eu estava tentando resolver isso – disse não tão confiante.

Franzi o ceio.

— Sozinho?

— Não, claro que não. Eu só precisava resolver com meu pai por causa da posição de chefe – os olhos voltaram a se erguer, temerosos – O líder de Rochedo do Leste ofertou uma consolidação melhor da aliança com Berk através do matrimonio.

— Seu com a Mira – completei.

— Se não com ela, com a irmã mais velha dela – cruzei meus braços apertando-os para mantê-los mais firmes como o melhor escudo usado por uma Valquíria – Não poderia fazer isso. Com elas, comigo, com você.

Suspirei.

— Chefes tem responsabilidades – disse com a maior firmeza que consegui, com a consciência dos fatos já descobertos antes e os novos (não eram muitos) – Alianças são importantes. Você sabe disso.

— Eu sei que eu te amo Astrid e faço o que precisar por você.  Você me ama também e mostrou isso na arena.

— Eu não estava lutando por você – argumentei a contra gosto.

— Uma parte sua sim, mas você estava lutando mais por você, porque você é Astrid Hofferson e ninguém pode tentar derrubar Astrid Hofferson como ela estava tentando fazer desde que chegou aqui.

— Soluço.

— Só me escuta – ele se aproximou, embora um pouco cauteloso – Esses últimos dias foram decisivos para que eu convencesse eles de que eu vou ser o futuro líder de Berk e líderes tomam decisões, eu tomei a minha primeira.

— E qual é?

— Que só irei me casar com uma viking, e ela se chama Astrid Hofferson. Você é única de todas as formas existentes no mundo Astrid – senti minhas mãos serem seguradas e levantadas ate estarem sendo beijadas por pelo Haddock – Por favor, acredite em mim, Astrid.

— Eu acredito, só não quero ser a responsável por começar uma guerra de tribos.

Soluço sorriu, aquele sorriso sarcástico.

— Se começarmos, nós vamos lutar juntos nela.

— Sempre. 


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Notas finais do capítulo

A ideia inicial era de fazer algum tipo de especial de natal, mas foi mudando conforme eu escrevia e quando chegou natal eu dei conta de esquecer completamente que tinha uma one para postar nesse dia.
E agora eu estou tentando escrever uma fanfic decente com mais de um capítulo, porem sinto que não ter postado essa esta me incomodando muito.
De qualquer forma, se você leu ate aqui e gostou eu fico muito feliz e se você assistiu o terceiro filme, me conte o que achou, se você chorou. Foi emocionante o final.
bjss