O Fantasma da Ópera escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 31
Uma pessoa complicada




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P.O.V. Jeremy.

Fiz muita pesquisa e descobri o que era aquele ritual. Um ritual de invocação, Melissa invocou Veritas, a deusa da verdade.

—Melissa, porque Samara se matou?

—Porque ela era uma mentirosa. Como todos. Mas, as mentiras dela eram tóxicas, venenosas. Ela não contava mentiras para proteger quem amava ou para se proteger, ela o fazia para prejudicar os outros. Calúnias, fofocas, intrigas. Veritas forçou-a a ouvir a verdade de todos até que finalmente se afogasse em seu próprio veneno e sucumbisse.

—Ouvir a verdade?

—Sim. A verdade nua e crua sobre o que todos, absolutamente todos pensavam dela. Este é um dos rituais mais cruéis que conheço.

—Porque você faria isso?

—Minha mãe protegeu a minha inocência o máximo de tempo que conseguiu. Mas, a verdade sempre encontra um caminho. Olha, Jeremy eu sei tudo sobre a reputação do meu pai. Alec Volturi, o gêmeo bruxo, assassino, sanguinário, impiedoso. Só que ele mudou. Por minha causa, para o melhor ou pior, eu faço meu pai ser uma pessoa melhor. Depois que minha vó nasceu e descobriram que com muito auto-controle um vampiro podia procriar.... apareceram esses malucos. Nazistas, vampiros obcecados pela pureza do sangue. Começaram a caçar os híbridos. Éramos uma ameaça. Predadores alfa, predadores que caçavam outros predadores.

—Você caça vampiros?

—Não. Nem nenhum dos meus parentes híbridos, mas somos mais poderosos, mais fortes, mais rápidos, mais letais. Eu tenho todos os dons de todos os membros da minha família. Sou vidente, um escudo mental, telepata,  empata, tenho a névoa paralisante que herdei do meu pai e a habilidade da "dor" da minha tia Jane, isso sem contar a telecinesia que eu desenvolvi sozinha e isso tirando a magia de bruxa. Ás vezes, acho que eu nem deveria ter existido pra começar.

—Porque diz isso?

—Pense á respeito. Meu vô Edward vive duzentos e se apaixona por uma humana que é um aborto ou seja filha de dois bruxos, mas sem magia nenhuma. Eles se casam e tem um bebê híbrido Doppelgganger e esse bebê tromba num Original, Elijah que viveu mil anos, eles tem um lance de uma noite só e ela fica grávida da minha vó. E a loucura continua porque... minha vó é uma time-walker, então ela viaja no tempo, salva meu avô de morrer, o trás para o futuro onde ele faz uma cirurgia plástica, eles tem a minha mãe. E meu pai vive novecentos e tantos anos, se apaixona pela minha mãe e ai... eu. Como alguém pode ser um milagre e um erro ao mesmo tempo?

—Ninguém é um erro, Melissa.

—Eu sou. Quando penso nas coisas loucas que me levaram a nascer... sou um erro cósmico. Uma piada de mau gosto ambulante. Com todo esse Poder, se algum dia eu surtar de vez... levo o mundo inteiro pro buraco comigo. Minha família lutou com unhas, dentes, lâminas serafim e feitiços para me manter viva desde o momento em que souberam da minha existência, mas... o universo tá tentando me matar desde antes de eu nascer.

Naquele exato momento vendo aquela que eu sempre pensei que fosse o ser mais forte e invencível do mundo falar daquele jeito. Quebrar como um vaso de cristal derrubado no chão. Se estilhaçando em milhares de cacos.

—Talvez eu devesse, desistir. Deixar os malucos fanáticos me matarem, mas ai eu penso no que isso faria com o meu pai, minha tia, minha família. Se estando viva eu caso danos, morrendo causaria mais ainda.

P.O.V. Melissa.

Tudo o que eu estava guardando simplesmente saiu. Foi praticamente vomitado encima do Jeremy. Este pobre ser humano mortal que foi pego no fogo cruzado.

—Eu sinto muito que eu trouxe tudo isso para a sua vida. Talvez, eu devesse te compelir. Te fazer esquecer tudo, tudo isso, me esquecer. Você merece melhor.

—Quem pode ser melhor do que você? Apesar de tudo, você Melissa é a pessoa mais humana que eu conheço. Você é leal, amorosa, protetora, carinhosa, caridosa. Eu já tive namoradas, namoradas humanas. Mas, nunca durava. Elas eram egoístas demais, fúteis, descabeçadas. Mas, você? Tudo bem seu lado negro é horrível, assustador. Me pelo de medo, só que... seu lado bom... poderia iluminar o mundo.

Eu só... beijei ele. Me atirei encima daquele homem maravilhoso que me dizia coisas tão bonitas.

P.O.V. Jeremy.

Eu a senti me beijando, me abraçando como se eu fosse a única coisa que a impedisse de se afundar. Senti o gosto salgado das lágrimas.

O lado negro de Melissa realmente me apavora, é uma coisa monstruosa. Só que ela faz coisas monstruosas por motivos nobres. Faz qualquer coisa por quem ama. Mata e morre. 

Agora analisando bem, acho que é o fato dela ser tão sensível que a torna tão monstruosa.

Quando precisei respirar ela parou, mas continuava chorando.

—Não chore. Me atinja com uma rajada da sua magia negra, me faça atravessar o pátio da faculdade, mas não chore. Isso me dói mais do que qualquer coisa, isso eu não posso suportar.

Minha camisa já tinha ido parar em algum lugar.

—Você nem faz, ideia do quanto eu te amo Jeremy Howe. Se eu... machucar você... não poderia me perdoar jamais, não conseguiria viver comigo mesma se te machucasse. E nunca para alguém como eu... é muito tempo.

Aqueles olhos azuis/violeta cheios de lágrimas me encarando, sua mão fria para mim tocou o meu rosto.

—Eu não te mereço. Seu britânico maluco.

Peguei na barra da camiseta dela, meus olhos fizeram uma pergunta muda e a resposta que obtiveram foi um simples levantar de braços. Logo, estava beijando cada mísera parte daquele corpo maravilhoso, aquela pele pálida e macia. O quarto começou a tremer.

—Espera.

—O que?

A híbrida pegou uma embalagem de preservativo.

—Só por precaução. Não estou preparada para ser mãe.

—Nem eu estou para ser pai.

—Então, estamos de acordo. Se eu exagerar na força, se sentir que estou te ferindo... deve me dizer imediatamente.

—Tudo bem.

Foi uma noite memorável, uma noite quente de amor. Quando acordei, notei que o quarto tinha ido para o espaço. Estava destruído, queimado e parecia que tinha passado um furacão aqui dentro.

—Minha nossa!

—Você está bem? Está machucado?

—Não que eu saiba.

—Está sim. Sinto muito.

Então, Melissa expôs suas presas. Era a primeira vez que eu via suas presas, pensei que iria me atacar, mas ela se mordeu. E ofereceu pra mim.

—Aqui. Cura.

—Então é verdade? Sangue de vampiro cura ferimentos e doenças?

Ela fez que sim.

—Rápido Jeremy ou o ferimento vai...

A híbrida nem conseguiu terminar de falar e a mordida curou.

—Sei que deve ser meio nojento, mas por favor. Por favor, me deixa curar você.

Tive que beber o sangue dela, mas nem foi tão ruim assim.

—Você tem o sono agitado.

—O que?

—Eu não durmo muito. Então, fiquei te olhando e você fala dormindo.

—E o que eu falei?

—Meu nome. Tive que me controlar para não... te beijar e te acordar.

Disse com um sorriso de total satisfação estampado no rosto.

—Eu te amo.

—Também te amo. Bom, eu já tomei metade do café da manhã só por precaução.

—Tomou café sem mim?

—Acho que o que eu ingeri não te apeteceria, pelo contrário. Lhe causaria náuseas.

Sabia do que ela estava falando. Sangue.

—Então, o que o meu querido namorado vai querer de café da manhã?

—Vai me fazer café?

—Vou tentar. Serve?

—Não sabe cozinhar?

—Um pouco. Só sei o que aprendi nos programas de culinária.

Ela vestiu a minha camisa com um sorriso maroto e jogou as calças e a cueca pra mim. A vi colocar a calcinha vermelha de renda.

Peguei-a no colo e nós descemos as escadas. Enquanto cozinhava ela cantava.

—É a mesma música que estava cantando quando nos conhecemos pela primeira vez. Você estava sentada debaixo do carvalho, escrevendo no seu caderno.

—Na verdade é um diário. Mas... não acredito que lembra disso.

—É claro que eu me lembro. Você mudou meu mundo de várias maneiras e irreversivelmente.

—Eu chacoalhei o seu mundo.

—Como um tornado desgovernado. Me fez ver coisas que nunca pensei que fossem possíveis e coisas que estavam na minha cara este tempo todo e nunca notei.


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