O Fantasma da Ópera escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 26
A Família Howe


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/7qhD7p8XXys-Jeremy canta para Mel.



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P.O.V. Melissa.

Ele não fugiu. Nem mesmo depois do que aconteceu no casamento dos meus avós, nem mesmo depois de saber o que eu era de verdade.

Bem que minha mãe fala que cada um tem a tampa da sua panela. Nunca entendi esse ditado e acho muito engraçado.

Estávamos sozinhos na casa de campo da minha família. Ele começou a me beijar, meu Deus eu adoro beijar ele. Posso ouvir o coração dele batendo, sentir o cheiro da adrenalina. Era tão... bom, mas as coisas saíram do controle.

—Ai.

Eu mordi o lábio dele.

—Sinto muito.

—Não. Tá tudo bem. Melissa, está tudo bem.

—Não. Não tá.

Corri e eu consumi todo o sangue que estava armazenado na geladeira.

—Você está... Uau!

—É horrível não é? Você não entende. Talvez se você soubesse a história, te esclarecesse.

Tentei colocar a minha mão nas têmporas dele.

—O que está fazendo?

—Relaxe. Não vai doer. Eu prometo. Me deixe entrar na sua mente, assim posso mostrar. Algumas das memórias não são minhas. A maioria não é.

—Tudo bem.

P.O.V. Jeremy.

Ela colocou uma mão de cada lado da minha cabeça sem tocar em mim.

—No princípio, minha família era humana. Já fazem mil anos agora.

Estávamos num vilarejo, o chão era de terra, cabanas e as mulheres de vestido.

—Apesar da minha vó Esther lidar com magia das trevas, eles eram apenas uma família tentando sobreviver numa época onde era muito difícil fazer isso. E para melhor ou pior, eles eram felizes. Entretanto, uma noite mudou tudo. O irmão caçula deles Henrik foi morto pela maior ameaça do vilarejo. Homens que podiam se transformar em lobos durante a lua cheia. O menino foi estraçalhado e a família ficou... devastada e nenhum deles mais do que o meu tio Niklaus. Klaus. Desesperado para proteger o resto de seus filhos, Mikael forçou Esther a usar sua magia das trevas para lançar um feitiço para fazê-los mais fortes.

Eu vi a mulher em frente a uma árvore enorme, então o homem matou os próprios filhos. Atravessou uma espada no peito deles. E eles beberam o sangue de uma aldeã.

—E foi assim que os primeiros vampiros não naturais nasceram. Mas, com a força, a velocidade, a imortalidade e todas as outras habilidades... veio uma fome terrível. E ninguém sentiu esta fome mais do que meu tio Niklaus. Quando ele matou pela primeira vez, descobriram o que ele era de verdade.

Vi o homem agachado, ouvi o barulho dos ossos dele quebrando, pude vê-lo se transformar, implorar por ajuda. E o pai virou ás costas para ele.

—Ele não era apenas um vampiro.

—Ele também era lobisomem. Você me contou como a tal maldição funcionava, não é ativada até tirar uma vida. E quanto a você? Se tirar uma vida você vai...

—Não. Não. Eu sou muitas coisas, mas não lobisomem.

—Que tal ir na minha casa esse final de semana?

—Na sua casa? Com sua família?

—Sim. Meus pais, estão loucos para conhecer você.

—Você não pode contar a eles sobre mim. Sobre minha família.

—Sua família é legendária. Literalmente.

Ela sorriu.

—É. Pior que é. Eu vou me lavar, porque tem sangue pra todo lado.

P.O.V. Melissa.

Tive que tomar banho na água fervendo para tirar o sangue, sequei meu cabelo, vesti uma roupa qualquer e desci.

—Então, o que o meu namorado mundano quer fazer agora?

—Mundano?

—Humano.

—E sou seu namorado?

—Não é? Eu só... pensei, deixa pra lá. A sociedade humana é tão simples que me confunde.

—Simples? Não tem nada de simples na nossa sociedade.

—Você ficaria surpreso. Ótimo seu lábio parou de sangrar. Isso é um alívio.

Chegou no domingo e ele me levou para a casa dos pais dele. Era uma baita casa.

—Misericórdia. É grande á beça. Quantos membros da sua família vivem ai?

—Só meus pais.

Era um palacete, uma casa estilo colonial com um enorme jardim.

—Eu não deveria colocar as lentes de contato?

—Não. Se é desconfortável pra você. 

—Ao menos vou colocar óculos de sol, deixa que eu explico.

—O que?

—A cor dos olhos, é claro.

É reconfortante o Jeremy usar calça jeans e camiseta. Os britânicos são sempre tão... chiques e formais.

Senti ele segurar minha mão. Me escoltou para dentro. O interior da casa era incrível. O piso era de mármore carrara branco, haviam vários quadros nas paredes e entre eles estava...

—A Crucificação de São Pedro.

—Oh, então entende de arte?

—Um pouco.

Ele pintou em quatorze de maio de mil quinhentos e cinquenta, estava pensando no dia em que o vovô Mikael amarrou ele na cruz.

—Porque está usando óculos de sol?

—Eu tenho uma... mutação. A cor dos meus olhos é diferente e sou mais sensível a claridade. Bem mais.

—Você deve ser a Melissa, eu sou Felicity Howe. E este jovem rapaz bem ai é o meu filho.

Disse a mulher elegante de cabelos loiros e olhos azuis. Então, o homem apareceu.

—Olá.

—Minha nossa! Parece que passaram o senhor na máquina de xerox. Jeremy, você é muito parecido com o seu pai. Poderiam ser Doppelggangers. Oh, certo. Olá, eu sou Melissa Volturi. É um prazer conhecê-los.

—Pode tirar estes óculos menina.

—Steven! A menina tem um problema na visão.

—Você é cega. Sinto muito.

—Não sou cega senhor, lhe asseguro, só que meus olhos tem uma coloração diferente, muito diferente. Pode assustar algumas pessoas. É uma mutação. Minha retina é mais sensível á claridade.

—Bom, pode tirar os óculos. Não vamos nos assustar.

—Muito bem.

P.O.V. Felicity.

Ela tirou os óculos e... meu Deus! É uma coisa impressionante. Os olhos dela são tão azuis que são quase violeta. Juro por Deus que há uma luminescência ao redor do interior da íris.

—Incrível! Que gene é esse?

—Eu não sei. O meu avô sabe. Ele fez testes em mim, ele é médico.

—Geneticista?

—Ah, um pouco de tudo. Clínico Geral.

—Eu sou geneticista. E nunca encontrei nenhuma mutação igual a sua.

Então, Jeremy falou:

—Eles brilham no escuro. No escuro total, eles brilham.

E ela olhou feio pra ele.

—O que?! Oh! Desculpe. Mas, é legal. Um pouco assustador, mas legal.

Ela riu.

—Bem, espero que esteja com fome. Eu pedi á cozinheira que fizesse peixe com batatas fritas.

—Estou sempre com fome e tenho um apetite voraz.

Desta vez foi meu filho que riu, riu como se houvesse algo implícito naquela frase. Algo que eu desconhecia mas, ele não.

—A Beverly vem?

Foi só ele fechar a boca que ouvi a voz da minha filha.

—A mais bonita chegou.

P.O.V. Melissa.

E ela era realmente linda. O cabelo Channel, ondulado, castanho escuro. Olhos verdes e um rosto digno duma boneca de porcelana. Se não estivesse ouvindo o coração dela poderia jurar que ela era uma vampira.

—Bev, querida. Esta é Melissa, a namorada do seu irmão.

—Uau! Belas lentes.

—Não estou de lentes. É uma mutação.

—Maneiro. Agora vamos passar o almoço todo discutindo sobre seu código genético e o que levou á sua cor de olhos.

Disse ela meio entediada.

—Beverly, tenha modos.

P.O.V. Felicity

Nos sentamos á mesa e realmente, ela tinha um apetite voraz.

—Minha nossa! Como você come.

—Beverly!

—Não. Tudo bem, é verdade. Eu como muito mesmo.

—Você é a primeira moça que o meu filho trouxe pra casa.

—Uau! É... bom saber disso.

Então, minha caçula soltou aquela frase:

—Você já transou com ele?

A menina que estava tomando refrigerante, se afogou. E acabou cuspindo um pouco da bebida.

—Desculpem. Me perdoem.

Disse enquanto tossia. Ela se limpou com o guardanapo.

—Eu sinto muitíssimo.

—Tudo bem. Beverly! Isso é maneira de se falar com alguém?

—O que? Foi só uma pergunta.

—Não. Jeremy e eu nunca... você sabe.

—Você sabe? Você é virgem?!

—Sou. Minha família é bastante tradicional. E eu pessoalmente gosto de ir com calma.

—Oh, então é uma santinha. Prazer Marie.

—Beverly pare agora!

Então, a menina respirou fundo tentando conter a raiva e falou:

—Você está com raiva. Sente-se negligenciada, sente que nada do que faz é bom o suficiente. Nada do que faz é bom o suficiente comparado ao seu irmão mais velho.

E finalmente Beverly se calou.

—Eu acertei não foi? Olha, tome de alguém que veio de uma longa linhagem de ferrados. Mamãe feliz, papai feliz, bebê feliz. Faça o seu melhor e coisas boas vão acontecer.

—Bev? Oh, Bev, porque nunca me contou?

—Eu realmente precisava? Quer dizer, quero ser cantora, mas ser cantora não enche barriga. Consegui uma audição mãe. Tudo o que eu ganho é uma torcida de nariz. Jeremy entrou na faculdade de história, ele ganha um abraço, um sorriso, um aperto de mão. Estamos comendo peixe com fritas assim como todo o domingo porque é o prato favorito do filhinho preferido. Você nunca se orgulhou de nada! Absolutamente nada do que eu já fiz! E eu te odeio por isso. Odeio todos vocês!

—Contenha-se minha filha.

Disse Steven. Mas, a nossa convidada o contestou.

—Não. Sabe, esse balão cheio dentro você? Que tá flutuando, se inflando enquanto falamos? Deixa ele explodir. Não se contenha não. Se não falar, vai enlouquecer.

—Ela está certa. Não sei como não explodiu ainda. Mas, querem saber? Eu não preciso da sua aprovação para nada. Sou legalmente e biologicamente adulta, foda-se o que vocês querem que eu faça ou seja. Eu quero ser cantora. E é o que eu vou ser.

—Você gosta de ópera Beverly?

—Não muito.

—Qual é o seu tom de voz?

—Mezzo-soprano.

—Então, você tem sorte.

—E qual é o seu?

—Soprano.

—Soprano não é voz de cantora de Ópera?

—Sim. Eu fui treinada desde menina, meu avô me ensinou. Vocalizar, segurar o fôlego, cantar.

—Você tem sorte.

—Meu avô é Tenor, pianista, compositor.

—Porque não canta uma música para nós?

—Eu?

—Sim.

—Bem, se não houverem objeções não vejo porque não.

—Manda ver.

P.O.V. Beverly.

A voz dela era... incrível. Era uma coisa extraordinária, como se não viesse deste mundo.

—O Fantasma da Ópera? Gosta desta peça?

—Na verdade não. Mas, foi a primeira música que meu avô me ensinou.

—Esses seus olhos são muito esquisitos.

—Mm. 

—Gosta de nadar?

—Gosto. Sempre fui boa em segurar o fôlego.

—Então, Melissa á quanto tempo você e Jeremy estão juntos?

—Uns três meses. Isso sem contar o tempo que ele passou correndo atrás de mim.

Disse a garota sorrindo para o meu irmão.

—Muito engraçado.

—Não precisa ter vergonha não. Os garotos gostam do prazer da conquista. As garotas fáceis não tem graça.

—Você é uma peste.

—Esse é o seu jeito de dizer que gosta de mim?

O meu irmão ficava cada vez mais envergonhado e pistola.

—Eu gostei dela.

—A música era sobre ela não era filho?

—Mãe!

—Música? Que música?

—Ah, vamos lá filho. Todos vamos cantar.

P.O.V. Jeremy.

Eu conheço a minha mãe, ela não vai parar até eu cantar. Então subi as escadas, fui para o meu quarto e peguei meu violão.

—Você toca violão? E compõe? E tem uma irmã. Algo mais que eu deva saber?

—É. Agora vai saber, o quanto eu sou ruim cantando.

Comecei a cantar e a tocar o violão e vi os olhinhos dela encherem de lágrimas. E no fim, senti ela me beijar.

—Essa foi a coisa mais bonitinha que já fizeram pra mim. Bom, agora é sua vez Beverly!

Minha irmã tinha uma bela voz. Era uma voz comercial.

Melissa aplaudiu.

—Você tem futuro. Não desista do seu sonho.

—Obrigado.

—Com licença, onde fica o banheiro?

—Segunda porta á direita.

—Obrigado senhora Howe.

P.O.V. Melissa.

Eu estava no banheiro e acidentalmente ouvi a conversa.

—E então? Quantos são? Onde estão?

—Mãe, eu não quero fazer isso. Eles são pessoas, tem famílias.

—Não me entenda mal, mas essa menina e a gente dela valem bilhões de dólares. Um frasco do sangue dessas coisas é a cura para o câncer. Faz alguma ideia do quanto as pessoas vão pagar por isso?!

—Nem tudo é sobre dinheiro mãe!

P.O.V. Jeremy.

De repente, eu a ouvi cantando.

—Angel of music you deceaved me.

Ela estava cantando pra mim.

—Eu te dei o meu coração, minha mente e minha alma cegamente. 

—Melissa...

—The tears I might had shed for your dark fate... grow cold and turn to tears of Hate! E você? Você quer sangue de vampiro? Muito bem, então.

Num movimento tão rápido que nem deu pra ver Melissa estava enfiando seu sangue pela goela abaixo da minha mãe. E então... eu ouvi o estalo.

Melissa havia quebrado o pescoço da minha mãe.

—Felicity!

—Não se preocupem.

Ela colocou minha mãe num quarto e uma bolsa de sangue ao seu lado e então recitou um encantamento.

—O que está fazendo?!

—Dizem que todo o amor, começa e acaba com ela. Aquela que nos deu a vida. Mil anos atrás, minha tatataravó transformou seus filhos em monstros. E ainda assim, ela alegava amá-los. Mesmo ela tendo jurado destruí-los. O nobre Elijah, atormentado por segredos obscuros e vergonhosos á muito enterrados. Kol, o incorrigível encrenqueiro que nunca se importou com ninguém além de si mesmo. Finn, o acólita devoto, seu amor facilmente ganho por uma mãe cheia de um ódio louco. A feroz Rebekah, disposta a arriscar tudo na chance de que um dia ela talvez pudesse encontrar felicidade e amor. E então, temos ele. O filho bastardo. A maior vergonha de Esther.

—E o que tudo isso tem a ver com a minha mãe?

—Não é óbvio? Eu derrotei ela. Dei a ela a escolha que a vó Esther jamais pensou em dar aos seus filhos. Viver como um dos monstros que ela tanto ansiava por encontrar e explorar ou sofrer a morte lenta e agonizante que ela tanto merece.

Ela tinha transformado minha mãe numa vampira.

—Ainda não. Ela vai acordar, logo e se não se alimentar de sangue humano em menos de vinte e quatro horas... vai morrer e desta vez, de vez.

Então, Melissa sumiu num piscar de olhos.

P.O.V. Felicity.

Eu acordei e estava no quarto que dividia com meu marido.

—O que houve?

—Mãe, você tem que se alimentar.

—O que?

—Melissa te deu o próprio sangue e ai quebrou seu pescoço. Você morreu com o sangue dela no seu sistema, está em transição. Se não beber o sangue da bolsa ai ao seu lado, vai morrer permanentemente.

—O que?! Não. Não! Não era para isso acontecer.

—E o que era pra acontecer exatamente?

—Mamãe descobriu que vampiros existiam através duma amiga dela e dai descobriu que o sangue deles poderia curar qualquer doença. Me aproximei da Melissa com o intuito de saber se ela era uma deles e se haviam mais, assim poderíamos...

—Drená-los e usar o sangue deles pra ganhar dinheiro? Você é um imbecil. E você é uma vaca.


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