Os Vingadores - Entre Herois e Aliens escrita por Lia Araujo


Capítulo 8
O Torneio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775622/chapter/8

POV Natasha

No meu intervalo da escola, não queria brincar. Fiquei observando o Fernando brincar com os nossos colegas de classe. Não conseguia parar de pensar nisso, ser um espiã russa, trabalhar para a KGB, talvez pudesse ser a melhor forma de realmente entender o que aconteceu com minha família.

— Você está quieta desde o café-da-manhã - Victor comentou se sentando ao meu lado

— Deve ser impressão sua - falei olhando-o e desviei o olhar para os meus colegas que estavam brincando no pátio.

— O que tem naqueles papéis? - Victor perguntou e eu o olhei - Sei que abriu o envelope.

— Eu só o tirei da mesa e... - ele me interrompeu

— Enquanto eles dormiam, entrei no quarto deles e abri o envelope, quando estava tirando os papéis, o papai acordou, só deu tempo de me esconder enquanto ele ia ao banheiro - Victor falou olhando os outros alunos - Só deu pra ver o símbolo da Rússia e o da KGB. O que aquilo significa?

— Estão recrutando os jovens e crianças para serem usados a serviço do governo quando necessário - falei olhando na mesma direção que ele

— Espiões? - ele falou me olhando

— Se for da necessidade do governo, sim - foi tudo que eu respondi.

— Apenas os melhores dos melhores - Victor falou, eu assenti, Victor apoiou os cotovelos no joelho e abaixou a cabeça - Meu Deus

Fiquei em silêncio, não havia o que dizer.

— Acha que o Nando sabe? - ele perguntou sem mudar de posição e dei um sorriso.

— Nem sonha com isso - respondi e olhei para as minhas mãos no meu colo

— O Nando é bonzinho demais - Victor falou e nos olhamos - Como acha que ele vai se sair?

— Ele tem potencial - respondi simplesmente

— Ter potencial, não é suficiente - Victor rebateu - Dependendo do nível da luta, o acha que ele está disposto a fazer?

— Não sei - menti desviando o olhar, sei que o Nando não machucaria ninguém por maldade

— O treinamento físico e psicológico do meu pai pra ser policial foi pesado - Victor falou e me olhou - Se for pra ser um espião como acha que seria?

— Muito pior - sussurrei a resposta é suspirei - Não podemos contar a ele o que realmente é esse torneio.

— Não, não podemos - ele falou se sentando normalmente - Mas temos que prepara-lo pra isso.

— O que tem em mente? - perguntei

— Vamos treinar mais intensamente com ele - Victor falou me olhando - Você é mais forte que ele, vamos fazê-lo te derrotar, depois será a mim.

— Terá gente mais velha e mais forte que você - comentei olhando-o

— Vamos ensina-lo a pensar - ele falou simplesmente

— Se fizermos essas coisas, ele nunca mais será o mesmo - falei olhando-o nos olhos - Tem consciência do que está pretendendo?

— Quebrar a inocência e bondade do meu irmão, sim, sei o que estou propondo - Victor falou e me olhou de volta - Você está comigo nisso?

— Preciso, ou sabe-se lá o irá acontecer com ele durante o torneio - falei simplesmente, ele assentiu e olhamos na direção do Nando que brincava com nossos colegas.

— É pro bem dele - Victor falou tanto pra mim, quanto pra ele

— O papai parecia preocupado ao falar do torneio - falei olhando-o

— Em torneios comuns, corremos o risco de nós machucar até mesmo fraturas - ele disse olhando pro chão - Em uma competição nesse nível, uma fratura seria a menor das nossas preocupações. 

Apenas assenti, a sirene tocou e voltamos para nossas respectivas salas. Assistimos as últimas aulas e voltamos para casa. Assim que cheguei fui tomar um banho, fiz uma trança no cabelo e desci para almoçar. Hoje teríamos aula de luta, adiantamos nossa lição de casa e nos preparamos para ir, como sempre o senhor West nos levou. Durante a aula, o nosso Mestre nos colocou para lutarmos em duplas, Victor foi lutar com um colega da idade dele. Eu lutei contra o Nando, ele era um bom lutador, mas cada movimento era calculado pra não ferir a pessoa, se ele quisesse sobreviver aquilo, não poderia ser assim. Comecei a lutar com mais firmeza assim ele era obrigado forçar seus movimentos.

Ele tem instinto de sobrevivente. Se adapta a situação, pude perceber no olhar dele a confusão pelo meus movimentos, mas não questionou apenas seguiu a luta, os movimentos precisos.

— Muito bem, pessoal. Por hoje já chega. Nos vemos em dois dias - o nosso Mestre falou e nós obedecemos.

Sai e fui em direção ao vestiário feminino, tomei banho e troquei de roupa. Quando estava indo em direção a saída vi os meninos me esperando. O cabelo molhado indicava que saíram do banho recentemente.

— Você tá bem? - Nando perguntou me olhando

— Estou, por quê? - perguntei olhando-o

— Você parecia zangada no treino - ele respondeu simplesmente

— Tá ficando paranoico - Victor falou dando as costas - Se ela tivesse zangada, ela teria nos contado.

Antes que ele dissesse alguma coisa, ouvimos a buzina de um carro, olhamos e vimos o senhor West. Deixamos o assunto morrer, entramos no carro e voltamos pra casa.

Quando chegamos, fui direto para o meu quarto. Me joguei na cama e fiquei encarando o teto por alguns minutos, não estava em clima pra ficar com eles. Eu precisava focar, eu tenho que fazer melhor, ser melhor, eu tenho que passar, eu preciso passar, preciso saber exatamente o que fez a minha vida ficar de ponta cabeça, o que destruiu minha família a ponto de causar a morte da minha mãe.

O que deve ter acontecido no acidente com meu pai? Como será que ele sentiu muita dor? Será que ele agora está em paz? Será que que eles estão satisfeitos com a família West? Será que o papai sofreu muito com a morte da mamãe? Céus, o Nick. Como ele deve ter se sentido quando tudo aconteceu? Em alguns dias ele estaria completando 11 anos, será que ele ainda iria gostar de festas ou acharia que está grande demais para essas coisas?

Não... Não posso pensar na minha família agora. Não posso me distrair, não agora. Mas mesmo assim, levei a mão no peito, como se pudesse tocar meu coração e sussurrei a seguinte promessa

— Vou descobrir o que aconteceu e vingarei cada perda da família Romanoff - falei olhando um ponto qualquer da cama.

A porta foi aberta e olhei na direção, vi a senhora West entrando. E me sentei na cama.

— Está tudo bem, querida? - ela perguntou se sentando ao meu lado

— Só estou com dor de cabeça - respondi baixo

— Tenta descansar um pouco, vou trazer um remédio pra você - ela falou com carinho e eu assenti.

Ela saiu e me deitei novamente na cama. Fechei os olhos e minutos depois acabei acontecendo.

Senti uma mão no meu ombro, abri os olhos e vi o Victor.

— Como você tá? - ele perguntou me olhando

— Melhor, mas não quero descer - respondi e ele assentiu

— Trouxe seu jantar - ele falou e indicou a bandeja que estava no meu criado mudo

— Estou sem fome - falei olhando a comida

— O que está acontecendo, Tasha? - Victor perguntou me olhando nos olhos

— Nada. Só estou indisposta - falei voltando a me deitar

— Não vou sair até que você coma alguma coisa - ele falou me olhando sério - Por favor, Tasha.

Me sentei na cama, tome o suco e comi um sanduíche

— Feliz agora - falei tomando um gole de suco

— Bastante - ele falou quando coloquei o copo na bandeja - O que está acontecendo?

— Como assim? - perguntei me encostando na cabeceira da cama

— Você está estranha - Victor falou

— Não é nada - falei simplesmente

— Não mente pra mim - ele falou me olhando - O que anda muito pensativa, o que aconteceu?

— Nove dias - foi tudo que respondi

— Para quê? - Victor perguntou curioso

— Meu irmão iria fazer 11 anos daqui a nove dias - respondi e ele entendeu

— Saudades do seu irmão? - perguntou olhando-me

— De mais. Em épocas assim sinto mais a falta deles - falei

— Porque nunca nos contou? - Victor perguntou colocando a bandeja no criado mudo

— Para não parecer mal agradecida - falei abraçando uma almofada

— Tasha, sabemos que não tem o mesmo carinho por nós como teve com sua família - Victor falou se sentando a minha frente - Respeitamos isso, mas também sei que tem um carinho por nós e é recíproco.

— Obrigada - falei e ele me abraçou

— Sempre que precisar conversar estou aqui, tampinha - ele usou o nome que me chama quando quer me provocar pra me fazer rir e conseguiu

— Obrigada. Vou tentar descansar um pouco, os treinos estão me deixando esgotada - falei ao desfazer o abraço

— Verdade, vou fazer o mesmo - ele falou se levantando - E ainda faltam 4 meses pro torneio.

— Vamos estar prontos até lá - falei e ele assentiu saindo do quarto com a bandeja

Quatro Meses Depois

Já eram 10h, estávamos no carro seguindo caminho até o ginásio onde aconteceria o torneio. Que iria iniciar às 11h. Todos mudamos nos últimos meses, eu ganhei um pouco de massa muscular, assim como o Victor e o Fernando. A medida que a seriedade do torneio foi se tornando mais explícita, Nando passou a se dedicar mais. Agora ele entende que aqui é bater ou apanhar, que é vencer ou perder, e que vence não é o mais forte é o mais inteligente.

Agora ele não é mais tão ingênuo, ele entendeu que pra ser o melhor dos melhores. Victor e eu, nunca contamos o qual é a finalidade do torneio, apenas falamos de consequências, que pessoas cruéis poderiam lutar contra nós, que não teriam pena de nós por sermos crianças, que talvez essa seja a razão da preocupação da Sra West.

Ele passou a treinar com mais intensidade, buscar realmente ser melhor, nos treinos na academia sempre derrota a quem lutava com ele. Em casa, ele desenvolveu mais força física lutando com o irmão, comigo ele desenvolveu o raciocínio de batalha.

Chegamos ao ginásio, havia centenas de pessoas, as categorias de classificação iam dos 7 aos 20 anos. 14 grupos com 20 integrantes cada. Pelo que entendi o torneio seria dividido por etapas.
Primeiro: Eliminatórias, onde metade de cada grupo seria desclassificado pela derrota. Deixando 140 lutadores fora do torneio.
Segunda: Classificatória, lutas entre grupos próximos. 7/8, 9/10 e assim por diante. Deixando 70 lutadores fora do torneio
Terceira: Quartas de finais, serão sorteados os lutadores. Deixando 35 de fora do torneio.
Quarta: Semi-finais, os 5 melhores lutadores entre os que foram desclassificados nas quartas de finais. Terão uma nova oportunidade nas semi-finais. No final da etapa, 20 lutadores serão deixados de fora do torneio.
Quinta: Finais, onde os dez melhores participarão de uma cerimónia especial de condecoração.

Espero que tudo der certo e que nada de ruim aconteça.

POV AUTOR

As etapa de eliminatória foi as mais simples, a Natasha apenas torcia pra não ter que lutar com o Victor ou o Fernando. Ivan Petrovick estava junto com a equipe técnica para assistir o desempenho dos lutadores, em especial da Natasha.

A de classificatória foi fácil para os que realmente se dedicaram aos treinos nos meses de preparação. Aos que não, foi vergonhoso ver a facilidade que foram derrotados.

Nas duas primeiras etapas, a Natasha, Victor e Fernando passaram quase que sem cansar, mas nas quartas de finais foi a etapa que as coisas começaram a dificultar, pelo menos pro Fernando, o proprio Ivan ordenou que o Fernando lutasse contra uma pessoa sete anos mais velho que ele, para que o garoto fosse desclassificado, enquanto a Natasha e o Victor lutaram com pessoas de mesma idade.

Deram uma hora de intervalo para os lutadores recuperarem sua energia, enquanto a equipe técnica reavaliava os videos dos desclassificados para selecionar os 5 melhores, Natasha, Victor e Fernando se aproximaram do Sr e Sra West, que tirou da mochila uma maleta de primeiros socorros e começou a limpar o pequeno corte na testa de Fernando.

— Isso é loucura - ela falou limpando o sangue do rosto do filho - O garoto tinha o dobro da idade e do tamanho do Nando.

— Eu vacilei, mãe - Fernando falou fazendo careta, enquanto a mãe passava o algodão no corte

— Vacilou mesmo - Victor falou após tomar um gole d'água

— Não fala assim com seu irmão - a Sra West repreendeu

— Desculpa, mãe. Mas o Victor tem razão - Natasha falou colocando a bolsa de gelo no punho esquerdo - O cara e maior e mais forte, mas tinha um péssimo equilíbrio. Se o Nando, tivesse se arriscado um pouco e avançado focando os golpes nos pés, possivelmente teria vencido e ileso

— É insanidade. Todo esse torneio é insano - a sra West falou jogando o algodão no lixo 

— Fale baixo, ou quer que ouçam? - o sr West repreendeu e a esposa que ficou em silencio

Enquanto os lutadores descansavam para lutar novamente, Ivan Petrovick assistia os videos das lutas, ele havia designado uma pessoa pra filmar discretamente a Natasha, tanto durante a luta, quanto nos bastidores. Ele viu a preocupação estampada no olhar da Natasha durante a ultima luta do Fernando. Desde o dia que foi encontrada, Ivan se manteve informado do desenvolvimento da Natasha, de como elas estava na escola, nos treinos de luta, nas aulas de ginastica que ela fazia no lugar da educação física. Ivan queria transforma-la em uma agente para exterminar a SHIELD e para isso ela teria que se provar capaz de ignorar seus sentimentos.

— Chistyakova - Ivan chamou o organizador do torneio

— Sim, senhor - falou parando ao lado dele

— Coloque entre os 5 o lutador Fernando West - Ivan falou olhando a expressão da Natasha cada vez que o Fernando era atingido - E certifique-se que ele ira lutar contra a Natasha Romanoff.

— Como quiser, senhor - foi tudo que ele falou antes de se afastar para cumprir as exigências do Ivan.

Após a hora de descanso, foi anunciado no alto falante o nome dos cinco lutadores que teriam uma nova oportunidade. Quando o nome do Fernando foi anunciado, Natasha e Victor comemoraram a volta do irmão ao torneio.

— Todos os lutadores das semi-finais, por favor se encaminhem para o patio - a voz no alto falante disse

O sr e a sra West ficaram no "camarote" reservado para a família dos lutadores, Natasha e os meninos foram para o patio formando uma linha com os demais lutadores. A medida que os nomes iam sendo anunciados os lutadores formavam um corredor ficando frente a frente com o oponente.

O nome do Victor foi o primeiro a sair seguindo de outro lutado dois anos mais velho que ele, o segundo nome foi o da Natasha, seguido do nome do Fernando

— Não pode ser - ela murmurou vendo o Fernando ficar a sua frente

Natasha olhou para o Victor que parecia tão surpreso quanto ela.

— Acho que comemoramos cedo demais - Victor falou apenas para a Natasha ouvir.

Da arquibancada Ivan observava atentamente a garota que seria a chave para tornar seu plano real.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Vingadores - Entre Herois e Aliens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.