Os Vingadores - Entre Herois e Aliens escrita por Lia Araujo
Dimitri Vanko continuava parado, a minha frente, parecia em choque.
— Senhor Vanko - o chamei e isso pareceu traze-lo de volta a realidade - O senhor está bem?
— Estou, eu só... - ele parou de falar passando a mão pelo cabelo - Eu sinto muito, Natalia.
— Tudo bem - falei olhando-o - Mas preciso saber de algumas coisas.
— O que quiser saber - ele falou me olhando
— Preciso que me faça um favor - disse olhando-o - Peço que continue trabalhando na caixa enquanto conversamos.
— Algum problema? - ele perguntou intrigado
— Posso está sendo vigiada e preciso que haja naturalmente, tudo bem? - perguntei e ele assentiu
Ele seguiu de volta para a mesa dele e começou a trabalhar na caixinha.
— Quem estaria te vigiando? - ele perguntou
— KGB - respondi e ele me olhou por cima do ombro - Sou agente desde os meus 8 anos, mas não vim falar disso.
— O que quer saber, Natália? - ele perguntou trabalhando
— Meu pai é um homem ruim? - perguntei olhando-o
— Seu pai é um dos melhores homens que conheci - ele falou e suspirou pesadamente - Receio que seja minha culpa você não estar com ele agora.
— O que quer dizer? - questionei olhando-o
— Naquele dia nós voltamos para buscar você e sua mãe, quando chegamos a casa estava em chamas, um bombeiro havia saído da casa e me dito que você e sua mãe haviam morrido no incêndio - Eu contei ao seu pai, ele não acreditou, queria procurar por vocês, mas insisti que estavam mortas e que o filho precisava dele.
— Você pensou no meu irmão - afirmei normalmente - Fez o que achou certo. Agradeço por isso.
— Isso fez com que seu pai vivesse achando que estava morta todos esses anos - ele falou com tristeza - Sempre soube que eles estavam vivos?
— Soube noite passada, a KGB cuidou para que eu acreditasse que eles morreram poucos dias depois - respondi e ele suspirou
— Me perdoe, Natália. De certa forma ajudei a causar sofrimento pra sua família - ele disse enquanto trabalhava
— Pode me compensar me falando sobre meus pais - falei olhando-o - Preciso saber quem eles eram.
— Não conheci a sua mãe - ele comentou - Apenas conheci seu pai.
— O que sei dele é que era um traidor, um espião americano da SHIELD que tentou prejudicar a Rússia, mas não acredito nisso - falei firme - Quem realmente era o meu pai?
— Seu pai é um agente da SHIELD, ele veio com a missão de atrasar a corrida armamentista - ele respondeu - Felipe é um gênio que escolheu salvar vidas ao invés de propagar destruição criando armas.
— Você também é da SHIELD? - perguntei olhando-o e ele pareceu ficar tenso
— Não. Mas faço parte de uma organização muito mais secreta que a KGB, SHIELD ou qualquer outra agência - ele falou sem parar o trabalho - Seus avôs fazem parte, seu pai também, por isso conseguimos tira-los daqui.
— Quem vocês são? - questionei curiosa
— Somos conhecidos como encanadores - ele respondeu - Mas não posso explicar o que fazemos no momento.
— Fica para uma próxima visita - falei e ele assentiu - Sabe me dizer como eles estão?
— Eles conseguiram seguir em frente, na medida do possível - ele respondeu simplesmente - Ele nunca se casou novamente e seu irmão se tornou agente da SHIELD.
— Você mantem contato com eles? - perguntei disfarçando o receio
— Não, mas sempre procuro saber como eles estão - Dimitri respondeu abrindo um pote de tinta - Seu pai sofreu muito achando que estava morta, imagino a felicidade dele quando souber que está viva.
— Ele não pode saber - falei e Dimitri me olhou - Não agora, tenho assuntos inacabados ainda.
— Que tipo de assuntos? - ele perguntou intrigado
— Preciso concluir uma missão - dei de ombros
— Que seria? - ele perguntou sem muito interesse
— Preciso matar a minha familia adotiva - fale e me olhou espantado - Não me olhe assim.
— Você se escutou? - ele questionou me olhando
— Perfeitamente - respondi simplesmente - Sei que parece cruel fazer isso com a família que me acolheu, mas é o único meio de chegar ao desgraçado que matou a minha mãe
— Você quer vingança? - ele questionou
— Se estivesse no meu lugar, não iria quer? - perguntei e ele permaneceu em silêncio - Não posso esperar que a justiça seja conforme a lei, sendo que ele é pago para assegurar o cumprimento da mesma.
— Natália, você não precisa passar por isso - ele falou se aproximando - Eu posso tirar você daqui e te levar a sua família.
— Faria isso? - perguntei e ele assentiu
— Claro, cometi um erro anos atrás e está na hora de repara-lo - ele disse firme e sorri
— Obrigada! Mas só poderei ir embora quando eu conseguir o que passei os últimos anos procurando - falei olhando-o, percebi que ele iria falar algo - Não irei mudar de opinião, senhor Vanko.
— Tudo bem - ele falou voltando para a mesa se trabalho - E por favor, me chame de Dimitri. Senhor Vanko faz eu parecer mais velho do que realmente sou.
— Por mim, tudo bem - concordei olhando-o - Dimitri, quando poderá me contar sobre os encanadores?
— Quando estiver pronta - ele respondeu vagamente
— E quando seria? - questionei intrigada
— Saberá quando o momento chegar - ele disse sem me olhar
— Quando ficou tão misterioso? - indaguei olhando-o
— Há muitas coisas que se eu te contasse agora, não conseguiria compreender - ele falou trabalhando
— Tudo bem - falei cedendo parcialmente
— Isso era tudo que queria saber? - ele perguntou me olhando
— No momento, sim - respondi e ele assentiu - Posso pedir uma coisa?
— O que seria? - ele perguntou simplesmente
— Conseguiria alguma foto do meu pai e do meu irmão? - perguntei incerta
— Posso dar um jeito - ele falou normalmente
— Obrigada - falei e ele sorriu de leve
Ele continuou o trabalho e ficamos em silêncio até que ele finalizasse.
— Aqui está - ele falou colocando a caixa a minha frente
— Obrigada, Dimitri - falei guardando a caixinha e entreguei o dinheiro
— Deixa por conta da casa - ele falou e neguei com a cabeça
— Não esqueça que não nos conhecemos, sou apenas mais uma cliente - falei pondo o dinheiro sobre o balcão - Até porque, terei mais peças para restaurar.
— Nos vemos em breve então - ele disse pegando o dinheiro
— Até breve - disse seguindo o caminho para a saída do antiquário
— Natália? - ele me chamou e o olhei - Pensa bem nas coisas que pretende fazer, não faça nada que irá se arrepender depois.
— Eu já pensei muito nos últimos anos - respondi olhando-o - Agora está na hora de fazer alguma coisa.
Sai seguindo o caminho de volta para a casa do West, no percurso vi um garoto da minha idade, roupas velhas, andando de cabeça baixa, ele esbarrou em mim.
— Me desculpe - ele falou sem me olhar e seguiu andando, mas o impedi segurando o braço dele
— Devolve meu relógio - disse o surpreendendo e procurei o relógio no bolso dele - A sua sorte é que estou de bom humor
— Sinto muito - ele falou tentando se soltar
— Porque fazer isso? - falei pegando meu relógio
— Minha mãe adoeceu, meu pai mal está conseguindo pagar as pela comida - ele falou nervoso - Por favor, não chama a polícia.
— Só não chamo se puder provar que fala a verdade - falei e ele assentiu
— Não moro muito longe - ele falou e começou a andar em direção a casa dele
Depois de quinze minutos de caminhada chegamos a uma casa, se é que eu posso chamar assim. Nas paredes de fora precisavam de um camada de gesso e uma pintura, obviamente os moradores tinham problemas financeiros.
— Viu? Eu havia dito a verdade - ele falou me olhando
— Isso não é a verdade, é apenas uma casa quase caindo aos pedaços - falei friamente
— Mas é tudo que posso chamar de lar - ele falou com tristeza
— De qualquer modo isso não comprova sua história - falei simplesmente ignorando o comentário anterior dele - Prove que seus pais estão no estado que diz.
— Meu pai não vai gostar que uma estranha na nossa casa - ele falou nervoso
— Acho que ele vai gostar bem menos da polícia na sua porta - falei olhando-o e me virei - Mas se é isso que prefere.
— Não - ele falou segurando o meu braço - O coração da minha mãe é frágil, se souberem que ando roubando minha mãe pode morrer.
— O que prefere? Receber bronca pela visita de uma estranha ou causar a morte da sua mãe? - perguntei simplesmente
— Está bem - ele falou se rendendo - Vamos entrar.
Ele empurrou o portão que se abriu com um rangido, ele seguiu em direção a porta e eu o acompanhei, a casa era ainda mais decadente por dentro, alguns móveis sendo sustentados por blocos e tijolos pois as pernas estavam quebradas, sofás com alguns rasgos devido ao idade, as cortinas com remendos, apesar da degradação dos móveis, eles tentavam manter as coisas o mais organizadas possíveis e limpas.
— Há quanto tempo moram aqui? - perguntei olhando-o
— Durante a minha vida inteira - ele respondeu pondo as mãos no bolso
— Onde está a sua mãe? - questionei
— Deve estar nos fundos - ele falou começando a andar e o segui
Quando estávamos chegando nos fundos ouvimos uma tosse muito forte, o garoto apressou os passos e o acompanhei.
— Mãe, se senta - ele falou ajudando a mulher a sentar - Já falamos pra senhora não fazer esforço quando estiver sozinha.
— Eu... tô bem - a mulher respondeu entre as tosses
— Quer que eu pegue uma água? - perguntei olhando-o e o garoto assentiu
Fui em direção a cozinha, procurei rapidamente um copo e coloquei água, levando para o garoto.
— Obrigado - ele falou pegando o copo e entregou o copo a mulher
— Quem é a garota? - a mulher perguntou me olhando
— Uma amiga - falei olhando e sorri levemente - Me chamo, Sarah.
— Você nunca disse que tinha uma amiga tão bonita, Pavel - a mulher falou olhando o filho, que ficou vermelho
— Mamãe - ele repreendeu a mulher e acabamos rindo.
— Não se preocupe, Pavel - falei docemente e ele estranhou
— Tive conhecimento das condições de vocês e quis saber como eu poderia ajudar - falei simplesmente
— Não precisa se preocupar, minha jovem - a mulher falou com um sorriso fechado
— Mesmo assim, tentarei ajudar de alguma forma - disse segurando as mãos dela - Não se preocupe.
— Obrigada - ela sussurrou e vi seus olhos lacrimejarem
— Não precisa agradecer - falei e comecei a me levantar - Acho melhor ir pra casa, antes que minha mãe comece a se preocupar.
— Tudo bem - a mulher falou me olhando - Foi um prazer te conhecer
— Igualmente, senhora - falei o Pavel começou a me acompanhar até a saída
— Porque mentiu para a minha mãe? - Pavel perguntou quando chegamos ao portão
— Se você tivesse uma oportunidade de livra você e a sua familia desse sofrimento, você faria? - falei olhando-o
— Mas é claro, o que eu mais quero é acabar com isso de uma vez - ele respondeu e eu assenti
— Então irei te ajudar - falei simplesmente
— Como? - ele perguntou intrigado
— Tenho meus meios - disse olhando-o
— Pavel? - ouvi uma voz atrás de mim e nos olhamos na direção - Quem é ela?
— Sarah, é uma... amiga - Pavel falou olhando-o - Esse é meu pai.
— É uma satisfação conhece-lo, senhor - falei educadamente e com um sorriso discreto
— Igualmente, Sarah - o homem falou me olhando e desviou o olhar para o filho - Não demore para entrar, Pavel. Sua mãe precisa de ajuda nas tarefas de casa
— Sim, senhor - ele falou enquanto o pai entrava
— Não foi tão ruim - falei quando o pai dele havia sumido das nossas vistas
— É, obrigado Sarah - o garoto falou me olhando - Havia dias que não via minha mãe sorrir
— Fico feliz que eu tenha conseguido trazer alguma especie de conforto a ela - disse simplesmente - Agora eu preciso ir, venho assim que possível.
— Mais uma vez, obrigado - falou me olhando
— Eu que agradeço - disse e comecei a me afastar.
Comecei a seguir o caminho para a casa dos West, pouco mais de trinta minutos de caminhada para chegar, abri a porta e entrei.
— Mãe? - chamei fechando a porta
— Estou na cozinha - ela respondeu e fui até ela - Demorou mais do que esperava. Deu tanto trabalho assim pra restaurar?
— Nem tanto - falei tirando a caixinha da bolsa - Encontrei uma pessoa no caminho.
— Alguém da escola? - ela perguntou olhando a caixinha
— Não, ele tem mais ou menos a minha idade, mas estava trabalhando - disse e ela me olhou - A família está em péssimas condições, a mãe doente e o pai está tendo dificuldades pra suprir as coisas mais básicas.
— Coitados - a senhora West sussurrou triste
— Será que tem algumas peças de roupa que não usamos para doar? - perguntei olhando-a - Não é muita coisa, mas acredito que seria uma ajuda.
— Posso dar uma olhada e te aviso - ela falou sorrindo e assenti
— Mãe, eu poderia chama-los para jantar aqui? - perguntei e ela me olhou - Talvez os conforte saber que alguém se importa com eles e pelo que notei, não sei há quanto tempo não ele não comem uma refeição descente.
— Irei falar com seu pai - a senhora West falou emocionada e se aproximou de mim - Estou tão orgulhosa de você, minha filha. Tem um coração tão generoso.
— Tenho o coração que me ensinaram a ter - falei sorrindo e ela me abraçou
— Você trouxe a felicidade de volta às nossas vidas, no momento em que passou por aquela porta - a senhora West falou e desfez o abraço - Nunca irei esquecer do dia que te vi, soube que mesmo não sendo minha filha de sangue, te amaria como se fosse.
— Obrigada, mamãe - falei sorrindo e nós abraçamos
— Vou terminar o almoço - ela falou secando a lágrima que escorreu
— Quer ajuda? - questionei olhando-a
— Não precisa, querida - ela respondeu voltando a mexer nas panelas
— Então vou tomar banho e volto para ajudar a por a mesa - falei e ela assentiu.
Subi a escada, entrei no meu quarto e fechei a porta controlando a respiração para não ceder ao desespero. Como vou matar as pessoas que ainda considero minha família?
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