Os Vingadores - Entre Herois e Aliens escrita por Lia Araujo


Capítulo 18
Dimitri Vanko




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Dimitri Vanko continuava parado, a minha frente, parecia em choque.

— Senhor Vanko - o chamei e isso pareceu traze-lo de volta a realidade - O senhor está bem?

— Estou, eu só... - ele parou de falar passando a mão pelo cabelo - Eu sinto muito, Natalia.

— Tudo bem - falei olhando-o - Mas preciso saber de algumas coisas.

— O que quiser saber - ele falou me olhando

— Preciso que me faça um favor - disse olhando-o - Peço que continue trabalhando na caixa enquanto conversamos.

— Algum problema? - ele perguntou intrigado

— Posso está sendo vigiada e preciso que haja naturalmente, tudo bem? - perguntei e ele assentiu

Ele seguiu de volta para a mesa dele e começou a trabalhar na caixinha.

— Quem estaria te vigiando? - ele perguntou

— KGB - respondi e ele me olhou por cima do ombro - Sou agente desde os meus 8 anos, mas não vim falar disso.

— O que quer saber, Natália? - ele perguntou trabalhando

— Meu pai é um homem ruim? - perguntei olhando-o

— Seu pai é um dos melhores homens que conheci - ele falou e suspirou pesadamente - Receio que seja minha culpa você não estar com ele agora.

— O que quer dizer? - questionei olhando-o

— Naquele dia nós voltamos para buscar você e sua mãe, quando chegamos a casa estava em chamas, um bombeiro havia saído da casa e me dito que você e sua mãe haviam morrido no incêndio - Eu contei ao seu pai, ele não acreditou, queria procurar por vocês, mas insisti que estavam mortas e que o filho precisava dele.

— Você pensou no meu irmão - afirmei normalmente - Fez o que achou certo. Agradeço por isso.

— Isso fez com que seu pai vivesse achando que estava morta todos esses anos - ele falou com tristeza - Sempre soube que eles estavam vivos?

— Soube noite passada, a KGB cuidou para que eu acreditasse que eles morreram poucos dias depois - respondi e ele suspirou

— Me perdoe, Natália. De certa forma ajudei a causar sofrimento pra sua família - ele disse enquanto trabalhava

— Pode me compensar me falando sobre meus pais - falei olhando-o - Preciso saber quem eles eram.

— Não conheci a sua mãe - ele comentou - Apenas conheci seu pai.

— O que sei dele é que era um traidor, um espião americano da SHIELD que tentou prejudicar a Rússia, mas não acredito nisso - falei firme - Quem realmente era o meu pai?

— Seu pai é um agente da SHIELD, ele veio com a missão de atrasar a corrida armamentista - ele respondeu - Felipe é um gênio que escolheu salvar vidas ao invés de propagar destruição criando armas.

— Você também é da SHIELD? - perguntei olhando-o e ele pareceu ficar tenso

— Não. Mas faço parte de uma organização muito mais secreta que a KGB, SHIELD ou qualquer outra agência - ele falou sem parar o trabalho - Seus avôs fazem parte, seu pai também, por isso conseguimos tira-los daqui.

— Quem vocês são? - questionei curiosa

— Somos conhecidos como encanadores - ele respondeu - Mas não posso explicar o que fazemos no momento.

— Fica para uma próxima visita - falei e ele assentiu - Sabe me dizer como eles estão?

— Eles conseguiram seguir em frente, na medida do possível - ele respondeu simplesmente - Ele nunca se casou novamente e seu irmão se tornou agente da SHIELD.

— Você mantem contato com eles? - perguntei disfarçando o receio

— Não, mas sempre procuro saber como eles estão - Dimitri respondeu abrindo um pote de tinta - Seu pai sofreu muito achando que estava morta, imagino a felicidade dele quando souber que está viva.

— Ele não pode saber - falei e Dimitri me olhou - Não agora, tenho assuntos inacabados ainda.

— Que tipo de assuntos? - ele perguntou intrigado

— Preciso concluir uma missão - dei de ombros

— Que seria? - ele perguntou sem muito interesse

— Preciso matar a minha familia adotiva - fale e me olhou espantado - Não me olhe assim.

— Você se escutou? - ele questionou me olhando

— Perfeitamente - respondi simplesmente - Sei que parece cruel fazer isso com a família que me acolheu, mas é o único meio de chegar ao desgraçado que matou a minha mãe

— Você quer vingança? - ele questionou

— Se estivesse no meu lugar, não iria quer? - perguntei e ele permaneceu em silêncio - Não posso esperar que a justiça seja conforme a lei, sendo que ele é pago para assegurar o cumprimento da mesma.

— Natália, você não precisa passar por isso - ele falou se aproximando - Eu posso tirar você daqui e te levar a sua família.

— Faria isso? - perguntei e ele assentiu

— Claro, cometi um erro anos atrás e está na hora de repara-lo - ele disse firme e sorri

— Obrigada! Mas só poderei ir embora quando eu conseguir o que passei os últimos anos procurando - falei olhando-o, percebi que ele iria falar algo - Não irei mudar de opinião, senhor Vanko.

— Tudo bem - ele falou voltando para a mesa se trabalho - E por favor, me chame de Dimitri. Senhor Vanko faz eu parecer mais velho do que realmente sou.

— Por mim, tudo bem - concordei olhando-o - Dimitri, quando poderá me contar sobre os encanadores?

— Quando estiver pronta - ele respondeu vagamente

— E quando seria? - questionei intrigada

— Saberá quando o momento chegar - ele disse sem me olhar

— Quando ficou tão misterioso? - indaguei olhando-o

— Há muitas coisas que se eu te contasse agora, não conseguiria compreender - ele falou trabalhando

— Tudo bem - falei cedendo parcialmente

— Isso era tudo que queria saber? - ele perguntou me olhando

— No momento, sim - respondi e ele assentiu - Posso pedir uma coisa?

— O que seria? - ele perguntou simplesmente

— Conseguiria alguma foto do meu pai e do meu irmão? - perguntei incerta

— Posso dar um jeito - ele falou normalmente

— Obrigada - falei e ele sorriu de leve

Ele continuou o trabalho e ficamos em silêncio até que ele finalizasse.

— Aqui está - ele falou colocando a caixa a minha frente

— Obrigada, Dimitri - falei guardando a caixinha e entreguei o dinheiro

— Deixa por conta da casa - ele falou e neguei com a cabeça

— Não esqueça que não nos conhecemos, sou apenas mais uma cliente - falei pondo o dinheiro sobre o balcão - Até porque, terei mais peças para restaurar.

— Nos vemos em breve então - ele disse pegando o dinheiro

— Até breve - disse seguindo o caminho para a saída do antiquário

— Natália? - ele me chamou e o olhei - Pensa bem nas coisas que pretende fazer, não faça nada que irá se arrepender depois.

— Eu já pensei muito nos últimos anos - respondi olhando-o - Agora está na hora de fazer alguma coisa.

Sai seguindo o caminho de volta para a casa do West, no percurso vi um garoto da minha idade, roupas velhas, andando de cabeça baixa, ele esbarrou em mim.

— Me desculpe - ele falou sem me olhar e seguiu andando, mas o impedi segurando o braço dele

— Devolve meu relógio - disse o surpreendendo e procurei o relógio no bolso dele - A sua sorte é que estou de bom humor

— Sinto muito - ele falou tentando se soltar

— Porque fazer isso? - falei pegando meu relógio

— Minha mãe adoeceu, meu pai mal está conseguindo pagar as pela comida - ele falou nervoso - Por favor, não chama a polícia.

— Só não chamo se puder provar que fala a verdade - falei e ele assentiu

— Não moro muito longe - ele falou e começou a andar em direção a casa dele

Depois de quinze minutos de caminhada chegamos a uma casa, se é que eu posso chamar assim. Nas paredes de fora precisavam de um camada de gesso e uma pintura, obviamente os moradores tinham problemas financeiros.

— Viu? Eu havia dito a verdade - ele falou me olhando

— Isso não é a verdade, é apenas uma casa quase caindo aos pedaços - falei friamente

— Mas é tudo que posso chamar de lar - ele falou com tristeza

— De qualquer modo isso não comprova sua história - falei simplesmente ignorando o comentário anterior dele - Prove que seus pais estão no estado que diz.

— Meu pai não vai gostar que uma estranha na nossa casa - ele falou nervoso

— Acho que ele vai gostar bem menos da polícia na sua porta - falei olhando-o e me virei - Mas se é isso que prefere.

— Não - ele falou segurando o meu braço - O coração da minha mãe é frágil, se souberem que ando roubando minha mãe pode morrer.

— O que prefere? Receber bronca pela visita de uma estranha ou causar a morte da sua mãe? - perguntei simplesmente

— Está bem - ele falou se rendendo - Vamos entrar.

Ele empurrou o portão que se abriu com um rangido, ele seguiu em direção a porta e eu o acompanhei, a casa era ainda mais decadente por dentro, alguns móveis sendo sustentados por blocos e tijolos pois as pernas estavam quebradas, sofás com alguns rasgos devido ao idade, as cortinas com remendos, apesar da degradação dos móveis, eles tentavam manter as coisas o mais organizadas possíveis e limpas.

— Há quanto tempo moram aqui? - perguntei olhando-o

— Durante a minha vida inteira - ele respondeu pondo as mãos no bolso

— Onde está a sua mãe? - questionei

— Deve estar nos fundos - ele falou começando a andar e o segui

Quando estávamos chegando nos fundos ouvimos uma tosse muito forte, o garoto apressou os passos e o acompanhei.

— Mãe, se senta - ele falou ajudando a mulher a sentar - Já falamos pra senhora não fazer esforço quando estiver sozinha.

— Eu... tô bem - a mulher respondeu entre as tosses

— Quer que eu pegue uma água? - perguntei olhando-o e o garoto assentiu

Fui em direção a cozinha, procurei rapidamente um copo e coloquei água, levando para o garoto.

— Obrigado - ele falou pegando o copo e entregou o copo a mulher

— Quem é a garota? - a mulher perguntou me olhando

— Uma amiga - falei olhando e sorri levemente - Me chamo, Sarah.

— Você nunca disse que tinha uma amiga tão bonita, Pavel - a mulher falou olhando o filho, que ficou vermelho

— Mamãe - ele repreendeu a mulher e acabamos rindo.

— Não se preocupe, Pavel - falei docemente e ele estranhou

— Tive conhecimento das condições de vocês e quis saber como eu poderia ajudar - falei simplesmente

— Não precisa se preocupar, minha jovem - a mulher falou com um sorriso fechado

— Mesmo assim, tentarei ajudar de alguma forma - disse segurando as mãos dela - Não se preocupe.

— Obrigada - ela sussurrou e vi seus olhos lacrimejarem

— Não precisa agradecer - falei e comecei a me levantar - Acho melhor ir pra casa, antes que minha mãe comece a se preocupar.

— Tudo bem - a mulher falou me olhando - Foi um prazer te conhecer

— Igualmente, senhora - falei o Pavel começou a me acompanhar até a saída

— Porque mentiu para a minha mãe? - Pavel perguntou quando chegamos ao portão

— Se você tivesse uma oportunidade de livra você e a sua familia desse sofrimento, você faria? - falei olhando-o

— Mas é claro, o que eu mais quero é acabar com isso de uma vez - ele respondeu e eu assenti

— Então irei te ajudar - falei simplesmente

— Como? - ele perguntou intrigado

— Tenho meus meios - disse olhando-o

— Pavel? - ouvi uma voz atrás de mim e nos olhamos na direção - Quem é ela?

— Sarah, é uma... amiga - Pavel falou olhando-o - Esse é meu pai.

— É uma satisfação conhece-lo, senhor - falei educadamente e com um sorriso discreto

— Igualmente, Sarah - o homem falou me olhando e desviou o olhar para o filho - Não demore para entrar, Pavel. Sua mãe precisa de ajuda nas tarefas de casa

— Sim, senhor - ele falou enquanto o pai entrava

— Não foi tão ruim - falei quando o pai dele havia sumido das nossas vistas

— É, obrigado Sarah - o garoto falou me olhando - Havia dias que não via minha mãe sorrir

— Fico feliz que eu tenha conseguido trazer alguma especie de conforto a ela - disse simplesmente - Agora eu preciso ir, venho assim que possível.

— Mais uma vez, obrigado - falou me olhando

— Eu que agradeço - disse e comecei a me afastar.

Comecei a seguir o caminho para a casa dos West, pouco mais de trinta minutos de caminhada para chegar, abri a porta e entrei.

— Mãe? - chamei fechando a porta

— Estou na cozinha - ela respondeu e fui até ela - Demorou mais do que esperava. Deu tanto trabalho assim pra restaurar?

— Nem tanto - falei tirando a caixinha da bolsa - Encontrei uma pessoa no caminho.

— Alguém da escola? - ela perguntou olhando a caixinha

— Não, ele tem mais ou menos a minha idade, mas estava trabalhando - disse e ela me olhou - A família está em péssimas condições, a mãe doente e o pai está tendo dificuldades pra suprir as coisas mais básicas.

— Coitados - a senhora West sussurrou triste

— Será que tem algumas peças de roupa que não usamos para doar? - perguntei olhando-a - Não é muita coisa, mas acredito que seria uma ajuda.

— Posso dar uma olhada e te aviso - ela falou sorrindo e assenti

— Mãe, eu poderia chama-los para jantar aqui? - perguntei e ela me olhou - Talvez os conforte saber que alguém se importa com eles e pelo que notei, não sei há quanto tempo não ele não comem uma refeição descente.

— Irei falar com seu pai - a senhora West falou emocionada e se aproximou de mim - Estou tão orgulhosa de você, minha filha. Tem um coração tão generoso.

— Tenho o coração que me ensinaram a ter - falei sorrindo e ela me abraçou

— Você trouxe a felicidade de volta às nossas vidas, no momento em que passou por aquela porta - a senhora West falou e desfez o abraço - Nunca irei esquecer do dia que te vi, soube que mesmo não sendo minha filha de sangue, te amaria como se fosse.

— Obrigada, mamãe - falei sorrindo e nós abraçamos

— Vou terminar o almoço - ela falou secando a lágrima que escorreu

— Quer ajuda? - questionei olhando-a

— Não precisa, querida - ela respondeu voltando a mexer nas panelas

— Então vou tomar banho e volto para ajudar a por a mesa - falei e ela assentiu.

Subi a escada, entrei no meu quarto e fechei a porta controlando a respiração para não ceder ao desespero. Como vou matar as pessoas que ainda considero minha família?

 


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