Os Vingadores - Entre Herois e Aliens escrita por Lia Araujo


Capítulo 14
Graduação




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Em menos de uma hora eu já estava no pátio, vi que todos os agentes, veteranos e calouros estavam lá, muitos com a roupa que iam dormir, mas para estarem ali daquela forma, com certeza tiveram autorização, pouco mais de quinhentos agentes estavam presentes no pátio. Me sentei próximos aos agentes que eu supervisionava, não demorou muito para que o Ivan chegasse com seus homens de confiança e o agente Federov. Eles subiram ao pátio e o Ivan se aproximou do microfone.

— Pedi que os chamassem porque essa noite tomei conhecimento de que o agente Federov andar praticando abuso de poder com agentes que estão níveis abaixo dele - Ivan falou nos olhando - Quero que fique em pé, aqueles que passaram por essa situação com o agente Federov.

Dos calouros, agentes de nível 4, eu e mais oito. Somando os agentes dos outros níveis, foram cento e oitenta agentes em média.

— Comportamentos como o do agente Federov, não são autorizados e muito menos tolerados por nós. - Ivan falou firme - O único poder a quem devem total obediência é da Rússia. Agentes que fazem uso do abuso de poder devem ser denunciados a mim como a agente Romanoff fez. Qualquer agente a ter comportamento semelhante ao do Federov, será acusado de traição a corporação. Entenderam?

— Sim, senhor. - todos falamos em unissom

— O agente Federov será rebaixado a agente nível 4 e será punido publicamente para que sirva de exemplo. Agente Romanoff, aproxime-se - Ivan falou e obedeci - Como foi a primeira a denunciar a má conduta do agente, quero que escolha a punição.

Eu olhei o agente Federov, seu olhar mostrava raiva, frustração e preocupação, mesmo seu rosto estando impassível, desviei o olhar dele para o diretor Ivan

— Cinco chibatadas - falei simplesmente, vi o Federov fechar os olhos brevemente em sinal de alívio e prosegui - De cada agente que ele abusou do poder.

O agente Federov ficou em choque, dessa vez não conseguiu conter a surpresa, Ivan deu um leve sorriso torto na minha direção, enquanto um agente foi buscar o chicote.

— Os agentes que estão em pé, uma fileira por vez, preparem-se para aplicar a punição - Ivan falou olhando os agentes e depois pro agente Federov - Ponha-se a frente, agente.

Um dos agente me entregou o chicote, Ivan assentiu para que eu desse início a punição. Me aproximei do agente Federov, parei a frente dele e comecei a desabotoar a camisa social dele.

— Já esteve no meu lugar, sabe como essas coisas funcionam, afinal - desabotoei o último botão, desci a camisa dele, olhei em seus olhos e dei um sorriso torto - Estou sob ordens, não leve para o lado pessoal.

Ele apenas respirou fundo se contendo, me posicionei atrás dele com o chicote em mãos, apliquei cinco chibatadas, o agente Federov apenas deixou escapar alguns gemidos de dor, passei o chicote para o próximo, algumas horas se passaram. O agente Federov não conseguia mais se manter em pé, estava quase inconsciente, no chão quando o último a gente aplicou as chibatadas. Contei exatamente, 173 agentes que subiram pra aplicar a punição, foram 865 chibatadas. As costas deles sangrava, estava em carne viva, seu rosto molhado pelo suor, sua boca seca pelo esforço.

— Espero que tenham entendido o que acontece ao irem contra o sistema da KGB - Ivan falou olhando os agentes - Estão dispensados.

Comecei a me afastar junto com os demais, quando um dos homens de confiança do Ivan me chamou.

— Agente Romanoff, como dos calouros você é a mais experiente com as regras daqui, ficará responsável por supervisionar todos os agentes nível 4, não apenas os novatos - O agente falou me olhando e assenti - A partir de agora, você é agente nível 5. Parabéns pela graduação.

— Obrigado, senhor - falei olhando-o

— Amanhã, após o café, esteja na sala do diretor pra saber as alterações das suas funções - O agente falou e eu assenti

— Sim, senhor - foi tudo que respondi antes que ele se afastasse.

Vi o agente Federov, sendo posto na maca e ser levado para a enfermaria. Quando ele se recuperasse, teria que se readaptar a realidade, deixar de ser um agente nível oito para regredir pro nível um, é uma grande mudança, mudança que ele provocou. A pior parte é que teria que lidar com ele diretamente após a sua recuperação, afinal agora serei sua supervisora por ser agente nível dois.

Retornei ao meu dormitório, tomei um banho demorado, estava aliviada, não teria o Federov me incomodando, nem a mais ninguém, após meu banho fui dormir.

Na manhã seguinte, assim que acordei, me arrumei e fui ao refeitório, me certifiquei de que todos os calouros estivessem, tomei café e fui para o escritório do diretor. Bati na porta recebendo a autorização para entrar logo em seguida.

— Bom dia, agente Romanoff - Ivan falou e beijei seu anel

— Bom dia, senhor - falei olhando-o

— Você vem se destacando desde o recrutamento, aprende fácil, mostrou-se leal a KGB ao denunciar a má conduta de um agente e devido a isso se tornou agente nível 5, coisas que a maioria demora quase dois anos para alcançar - Ivan falou e me olhando - Suas tarefas serão, supervisionar os agentes nível 4, ajuda-los a desenvolver, a partir de agora eles são responsabilidade sua e haverá mudanças no seus cronograma.

— Sim senhor - falei simplesmente

— Aqui está todas as informações que precisa saber sobre seus agentes - ele falou me entregando uma pasta com todos os relatórios que eu poderia ter acesso - Certifique-se de que todos os agentes estejam bem pra servir.

— Sim senhor - falei sabendo exatamente o que ele quis dizer - Com licença

Sai do escritório e voltei para o meu dormitório. Guardei os relatórios e fui para a enfermaria, quando cheguei fui recebida pelo médico responsável.

— Bom dia, agente Romanoff - ele falou me olhando

— Bom dia, doutor - falei olhando-o - Como está o agente Federov?

— Acabou de acordar, está um pouco sonolento devido aos remédios - ele falou e olhou o prontuário - Chegou inconsciente depois da surra.

— Quanto tempo ele ficará aqui? - perguntei olhando-o

— Até que os ferimentos se fechem completamente, ficarão cicatrizem bem feias - o médico disse e acrescentou - Daqui a uns meses poderemos entrar com um procedimento cirúrgico para a remoção das cicatrizes.

— Acredito que não será necessário, essas marcas o farão lembrar que sempre há consequências em querer ultrapassar o poder da KGB - falei e o médico assentiu - Posso falar com ele?

— Claro, agente. Por aqui - ele falou e me guiou até ele

— Nós deixe a sós - falei e o médico saiu sem dar nem uma palavra

O agente Federov deu um sorriso fraco de ironia.

— Preocupada comigo, agente Romanoff? - ele perguntou enquanto me direcionava para a cadeira ao lado do leito

— Nem um pouco - falei me sentando

— Está feliz em me ver nesse estado, não está? - ele perguntou virando a cabeça pra me olhar

— Mentiria se dissesse que não sinto algo - falei olhando-o tranquilamente - Mas felicidade é uma palavra muito forte, satisfação talvez fosse a mais apropriada.

— Veio rir da minha desgraça - ele falou olhando o teto

— Não seja tão dramático - falei e ele me olhou

— Estou tendo que ficar a base de remédios para não gemer se dor e mesmo assim elas não somem completamente - ele falou me olhando - Fui rebaixado ao nível de um agente como você.

— Está errado - falei simplesmente - Não sou nível 4.

— Além de ferrar com a minha vida, teve uma graduação precoce - ele falou e deu ar de riso - Meus parabéns, agente Romanoff.

— Não estou aqui para receber seus cumprimentos - falei me levantando - Vim apenas me certificar de que logo estará apto para assumir suas novas funções.

— Você me manda pra enfermaria e age como se não fosse nada? - ele perguntou me olhando

— Eu não fiz nada. Você se colocou aí - falei olhando-o

— Foi sua a ideia da punição e foi você que a escolheu - ele falou me olhando tentando conter a raiva

— Fiz apenas para que aprendesse a nunca mais mexer comigo - falei firme - Não tenho nada contra você, da mesma forma que não tenho nada a favor. Mas esteja ciente, sempre que você ou qualquer um tentar um mexer comigo irei revidar a altura.

Me virei e dei alguns passos em direção a saída.

— Você é muito promissora - ele falou e eu parei o olhando - Não é a toa que se tornou a queridinha do diretor. Leva jeito pra esse ramo.

Ele não falava com raiva, nem com ironia ou mágoa, parecia sincero nas suas palavras, mas ele foi treinado para mentir, como eu fui. Não posso me dar ao luxo de confiar em ninguém aqui. Apenas me virei e sai da enfermaria, segui pelo corredor no meio do caminho encontrei o Victor, ele me olhou nos olhos, devido aos anos de convivência sabia exatamente o que ele queria dizer, desviei um caminho entrando em um corredor vazio, abri a porta de um dos depósitos e entrei, segundos depois o Victor entrou no cômodo fechando a porta.

— De onde está vindo, Natasha? - ele perguntou sério, parecia irritado

— Cuidado com o tom que usa pra falar comigo, Victor - alertei olhando-o

— Não estou falando como agente, estou falando como sua família - ele falou sério - Me responde, Natasha. De onde estava vindo?

— Enfermaria - respondi simplesmente e ele riu incrédulo

— Eu não acredito nisso - ele falava com ironia - Mesmo depois de tudo o que aconteceu ainda foi visitar o desgraçado?

— Eu tinha que fazer - falei firme - É minha...

— O que você tinha que fazer é esquecer que esse desgraçado existe - ele falou simplesmente - Aquele cara abusou de você, te machucou, se você o denunciou provavelmente ele tentou novamente e ainda assim foi visita-lo?

— Porque toda essa história parece afetar mais a você do que a mim? - perguntei olhando-o intrigada

— Porque aquele imbecil te machucou, enquanto eu não pude fazer nada pra te proteger - ele falou me olhando - Não sei como ele consegue viver com esse peso na consciência.

— Não preciso de proteção, Victor - falei olhando-o e ele balançou a cabeça em negação - Mas você parece que precisa.

— Não muda de assunto, Natasha - ele falou e foi então que percebi o que ele falou

— Você fez a mesma coisa que ele, não foi? Você abusou de alguém na sua iniciação - falei entendendo e ele não me olhou - Seu problema não é com ele, é com você mesmo.

— Você não sabe como foi ruim fazer aquilo, mas a forma que ele falava, parecia sentir prazer com isso - Victor falou sem me olhar

— Não precisa se preocupar comigo, não sinto nada por ele, nem ódio, nem mágoa, ele é só... insignificante - falei olhando-o - Mas você precisa aprender a lidar com isso.

— Como consegue? Ser tão forte, mesmo depois te tudo que aconteceu? - ele perguntou me olhando - Lidar com tudo que nada tivesse acontecido?

— No momento que fomos escolhidos, tivemos que abrir mão do passado, dos gostos, de tudo - falei olhando-o e me aproximei - Viver cada dia como se fosse o único, sem se importar com o antes ou o depois, não existe lugar para sentimentos aqui.

— Existe um lugar pra um irmão? - Victor perguntou me olhando nos olhos

— Nunca fomos irmãos, Victor - falei simplesmente

— Não, não somos - ele falou e me puxou pela cintura, me beijando logo em seguida.

Fiquei surpresa a princípio, mas retribui o beijo, que logo foi aprofundado por ele, rompemos apenas quando o ar se fez necessário.

— O que...? - tentei formular uma pergunta mais não consegui

— Fiquei louco pra fazer isso no momento que te vi depois de todos esses anos - ele falou me olhando

— Não faça isso novamente - falei me afastando

— Tasha, me ouve - ele pediu e eu o ignorei

— Se quer ter sentimentos por alguém estar no lugar errado, agente West - falei indo abrir a porta

— Tasha - ele me chamou

— Me chame de Agente Romanoff - pedi olhando-o e suspirei pesadamente - Você é bom demais pra estar aqui.

— E você não é? - ele rebateu

— Não existe mais nada de bom em mim - falei simplesmente e sai antes que ele dissesse alguma coisa.

Mas que droga, depois de tudo tenho mais esse problema pra resolver. Se o Victor continuar a ter sentimentos por mim e alguém descobrir, teremos um grande problema. Fomos treinados para não sentir nada, apenas fazer o que foi ordenado. Isso vai ser o ponto fraco dele aqui dentro, que será usado contra ele, caso não consiga conte-los.

Ignorei esse preocupação quando entrei no dormitório e fui ler os relatórios, preciso trabalhar em cima disso, para fortalecer os agentes do nível 4. Preciso ganhar a confiança do Ivan para poder crescer aqui dentro e ter acesso aos arquivos que preciso para descobrir quem foram os desgraçados que ferraram com a minha vida e a da minha família. Tudo que tenho feito, que tenho passado é unicamente com esse propósito e irei fazer valer a pena, cada segundo, cada sacrifício, eles merecem isso, eu mereço isso. Talvez assim poderei ter um pouco de paz, sabendo que dei um fim ao destinos daqueles homens, que fizeram de mim quem sou hoje.

No momento que fiz essa promessa, fiz disso meu propósito de vida e se o preço que eu tiver que pagar para alcançar meu objetivo for a morte. Pagarei com a maior satisfação do mundo.


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