Fernanda e Guilherme aproveitavam a tarde juntos, como se estivessem em uma bolha particular onde não se lembravam ou mencionasse as outras pessoas. Suas famílias. De Clarice.

Algo encantador e especial para os dois, que estavam preenchidos da presença um do outro. Mesmo que por volta daquele mesmo momento, alguém em especial estivesse sofrendo silenciosamente em sua cama, onde até dormindo, os sonhos que estava tendo eram dolorosos demais, e que só iriam piorar o seu estado ao acordar.

Nisso, Fernanda decide retornar para casa pois tinha combinado mais cedo com o seu pai assim que ele a deixou na escola, de fazerem alguma coisa juntos. E como era algo ainda estranho para ela ter o pai de volta em casa, sem a ideia de que talvez ele fosse embora novamente.

— Oi mãe, cheguei! – Fernanda diz de forma alta para que sua mãe pudesse a ouvir.

— Estamos aqui – era a voz de seu pai gritando na direção da cozinha. O que fez ela sorrir instantaneamente por confirmar que ele realmente tinha voltado para casa, e que talvez fosse realmente verdade que ele tinha voltado de vez.

— Oi – Fernanda os cumprimentou assim que os viu, ambos estando sentados lado a lado na cadeira da mesa da cozinha, comendo pão. Decidindo também comer pelo menos um pedaço também, se sentou de frente para eles na mesa.

Quando começou a cortar um pedaço de pão, o seu pai começou a dialogar sem parar como tinha sido o seu dia, e como estava precisando urgentemente de férias. Sua mãe percebendo que tinha se lembrando de algo o cortou, para lhe dizer que Clarice havia lhe procurando mais cedo, e que tinha apontado onde ficava a casa de Guilherme caso ela decidisse lhe chamar.

O que pegou Fernanda desprevenida não somente por se lembrar de Clarice e que estava ignorando a mensagem deixada por ela, mas por saber que ela chegou a procurar por ela. Ainda mais sabendo da Informação que estaria na casa de Guilherme, mas não foi chamar por ela ou por ele, na casa dele. Ou será que tinha ido? Se auto questionava.

Se lembrando rapidamente que alguém tinha tocado a campainha na casa de Guilherme, e para alguém que ele tinha dito que estava procurando pela mãe dele, ele demorou bastante na porta. Tanto que foi por essa razão que ela foi atrás dele, colocando a roupa novamente e saindo de seu quarto, achando que poderia ser alguém que estaria entrando na casa dele.

Enquanto ela mastigava devagar, os seus pensamentos corriam rapidamente para várias possibilidades. Mas logo decidindo ignorar essa questão, pois se tivesse sido Clarice obviamente ela teria entrado, há menos que Guilherme a tivesse dispensado ali mesmo na porta de sua casa.

Um pensamento que a fez rir instantaneamente. Seria cruel demais, ele não faria algo assim, continuou pensando mais consigo mesma do que dialogando juntamente com os seus pais.

Ainda não sabia o que iria acontecer daqui pra frente, mas ver os seus pais juntos e felizes, e ter passado a tarde com Guilherme a fazia se sentir feliz e realizada. Mesmo sabendo que deveria conversar com Clarice imediatamente, optou por não enviar uma mensagem, ou pensar sobre essa questão, pelo menos não naquele dia em que estava transbordando de alegria.

NA CASA DE CLARICE

Clarice despertava do sono que a embalou logo após chorar por muito tempo deitada em sua cama, percebendo ao se levantar que já tinham se passado algumas horas da tarde, e já estava anoitecendo.

Decidiu se levantar e ir tomar um banho antes que a sua mãe chegasse em casa, para que ela não percebesse que havia chorado e sofria com o término do relacionamento que durou tão rapidamente que ainda não conseguia processar que era real.

Por automático olhou para o celular e via que não tinha chegado nenhuma mensagem de Fernanda. Será que ela ainda não tinha voltado para casa? Sua mãe não tinha lhe contado que ela havia ido na sua casa? Guilherme..

Ao pensar nele sua mente e o seu coração começaram a entrar em certa agonia. Não conseguia ainda processar o término, nem compreender bem o que havia dado de errado.

Para ela tudo estava caminhando tão bem.

Naquele momento só queria conversar com Fernanda, decidindo ligar para ela novamente e percebendo que só caia na caixa postal. Desistindo de continuar ligando, e foi tomar um banho logo de uma vez antes que sua mãe chegasse em casa.