Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 73
Depois daquilo


Notas iniciais do capítulo

Vou nem falar nada. Só leiam.



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Um momento de tensão no caminho de volta para onde o restante dos amigos estavam acabou levando Luciano e Anne para uma situação inusitada. É, os dois acabaram se beijando. Inesperado ou talvez não. Seja como for, os dois estavam ali, dando um longo beijo de cinema, até Luciano finalmente se afastar, Anne olhar para ele, alguns milésimos de segundo durarem enquanto os dois olhavam profundamente um no olho do outro e, finalmente..

CLAP!

Isso foi o som de um tapa na cara de Luciano. Anne fez questão de deixar a marca de sua mão na face esquerda de Luciano bem vermelha.

—Abusado! - exclamou ela - Safado! Como é que você vai me beijando assim?

Luciano massageava seu rosto, enquanto olhava para Anne indignado.

—Do que você tá falando? Você me beijou também!

— “Também?” - Anne parecia pasma - Você acha que eu beijo qualquer um assim?

—Beijou! Beijou, sim! Beijou e estava beijando até agora!

—Mentira!

—Só confessa! - falou Luciano.

Anne estava quase explodindo de raiva.

—E você confessa que me beijou?

Luciano cerra os punhos para falar, mas acaba falando.

—Eu não sei o que deu em mim…

—Ah, agora vai dar essa desculpinha?

—Não sei mesmo! Eu devia estar maluco da cabeça! Nunca em sã consciência que eu ia te beijar!

—Mas beijou, não beijou?

—Como eu falei, não sei onde eu tava na cabeça. Sei lá. É como se eu não tivesse controlando o meu corpo.

—Como você é cínico, Luciano - acusou Anne - Você ficou com vontade de me beijar e beijou, sim. Se aproveitou de um momento de fraqueza pra fazer isso. Como você pôde?

Luciano estava quase explodindo de raiva por Anne não confessar que também retribuiu o beijo, mas já percebeu logo que não conseguiria tirar isso dela. Resolveu respirar fundo e só seguir em frente.

—Tá bom, vamos esquecer isso e voltar, vai. Foi só um beijo.

—Só um beijo? Só um beijo? - Anne parecia bem indignada - É só isso que foi para você mesmo?

Luciano percebeu o desconforto de Anne, o que foi uma ótima oportunidade para levantar outro ponto.

—Ué? O que foi? Não vai me dizer...não vai me dizer que esse foi o seu primeiro beijo, Anne?

Anne ficou vermelha. Hesitou um pouco para responder, mas acabou respondendo.

—P-primeiro beijo? Não é disso que eu estou falando!

—Então você não nega?

Anne mordeu os lábios, tentou desviar o olhar, mas, por fim, acabou respondendo.

—Não vou responder.

—Ah, entendi. Foi seu primeiro beijo mesmo - falou Luciano em tom provocativo - Pagando de menina da cidade toda pra frente, mas, no fundo, nunca deu um beijo na vida. Quem diria?

—Ah, então vai me dizer que você é o mestre do beijo? - agora Anne é quem estava provocando - Diz aí, então, quantas você já beijou antes de mim?

—Bem, não é o tipo de coisa que gosto de me gabar, sabe?

—Ah, foram tantas que nem lembra?

—Você fala como se eu fosse um depravado.

—Se não é, então foram poucas, não? Como que não lembra quantas foram?

—Vamos logo voltar para a trilha, vai? - falou Luciano - Deixa isso pra lá!

—Ou será que…

—Será nada, Anne. Vamos logo voltar para a trilha.

—Será que você também beijou pela primeira vez agora?

Luciano ficou vermelho nessa.

—Já falei. Vamos esquecer logo isso, vai? 

—Então é isso. Você também nunca beijou! - disse Anne, não conseguindo esconder seu riso. 

— “Também?” Ah, então você confessa mesmo que nunca beijou?

Anne suspirou e finalmente admitiu.

—Tá. Admito. Nunca. Agora admite você também, vai?

Luciano hesitou um pouco, mas acabou falando.

—É...eu também nunca - balbuciou ele.

—Como é? Eu não ouvi.

—Não, nunca beijei, você foi a primeira! Pronto! Tá feliz agora? - esbravejou Luciano.

—Então, fomos o primeiro beijo um do outro - disse Anne - Que coisa, né?

—Como eu falei, não sei onde eu tava na cabeça. Acho que, no fundo, só queria que você parasse de chorar. Daí a situação acabou levando nisso. É coisa do nosso corpo.

—Como assim?

—Sabe como é...você é uma menina bonita, eu sou um cara como qualquer outro, no calor do momento acabei não aguentando.

Anne ficou um pouco vermelha com isso.

—Então...você me acha bonita? - perguntou Anne.

—Não sou cego, né? Feia você não é. Essa é a pior parte. Nem posso te chamar de feia.

Anne riu.

—Bem, fazer o quê, né? - disse ela, jogando o cabelo para o lado.

—Mas o que tem de bonita, tem de chata e insuportável! - retrucou Luciano.

—Besta! - Anne deu outro tapa no braço dele, mas dessa vez bem menos agressivo.

—Bom, pelo menos funcionou.

—Funcionou o quê?

—Você não tá mais chorando - disse ele - Detesto gente chorando perto de mim.

Apesar do tom grosso de Luciano, Anne até que gostou da preocupação dele. Não conseguiu evitar um sorrisinho.

—Bom, seja como for, é, você tem razão. Melhor esquecer isso.

—Sem dúvida. Se a Ema sonhar que isso aconteceu, estamos fritos!

Anne sentiu arrepios só de imaginar isso.

—Nossa, nem me fala. Pelo amor de tudo que você acredita. Isso nunca aconteceu! Nunca! O que aconteceu na floresta, fica na floresta.

—Concordo. Vamos fingir que nada disso aconteceu.

—É. Isso mesmo. Nada aconteceu - concordou Anne - Vamos esquecer esse beijo.

—Que beijo? - perguntou Luciano.

—Beijo? Eu falei beijo? Não falei nada - disse Anne, entrando no jogo.

—Mudando de assunto. Acho que ainda sobrou uma jabuticaba. Quer?

Anne aceitou, mas será que eles vão esquecer isso tão fácil mesmo?

“Não acredito que perdi meu BV com o traste do Luciano”, pensou Anne. “Mas até que não foi tão ruim assim. Ai, o que estou pensando? Esquece logo disso!”

Luciano, por sua vez, também não estava tão pronto para deixar aquela sensação de lado.

“Realmente, não sei onde eu tava na cabeça de beijar essa chata”, pensou Luciano. “Ela é uma chata. Insuportável. Marrenta.”

Luciano pensava nesse insultos, mas, ao mesmo tempo, olhava para Anne meio de lado, não resistindo em colocar os olhos nela apesar de toda a richa que tinha com a garota.

—O que foi? - perguntou Anne, percebendo o olhar de Luciano - Tá olhando o quê?

—Não tô olhando nada - disse ele - Para de imaginar coisas, vai.

Os dois deixaram de se olhar. Anne não resistiu em dar um sorrisinho. Seja como for, os dois finalmente terminaram a trilha e chegaram onde o resto da turma estava.

—Oh, eles chegaram! - comentou Ian, com lágrimas nos olhos - Querida Anne, você está viva! Graças a Deus!

—Deixa de drama - disse Anne, já empurrando a cara de Ian antes que ele a abraçasse - Foi só seguir a trilha.

“Só? Falou a menina que se desesperou porque pensou ter sido picada por uma cobra”, pensou Luciano.

—Anne! - Luís chegou até ela, com um olhar mais sério - Preciso falar uma coisa.

—O quê?

Luís se ajoelhou com a testa no chão.

—Perdão! Foi culpa minha tudo isso ter acontecido! Minha invenção acabou se descontrolando. Eu devia ter sido mais cuidadoso. Por favor, me bata o quanto quiser. Por minha culpa, você passou por todos esses perigos.

—Ei, eu também fui jogado pra longe por sua causa, sabia? - lembrou Luciano.

—Ah, é. Você também estava aí, Luciano - comentou Luís - Nem reparei.

—Ora, seu… - Luciano estava furioso. 

—Levanta daí, vai? - disse Anne - O que aconteceu, aconteceu. Deixa isso pra lá.

—Tão generosa - disse Luís, chorando - Não mereço uma namorada como você!

—Isso quer dizer que desiste dela? - perguntou Ian.

—Ei, não coloque palavras na minha boca! - ralhou Luís.

—Anne! - Briana veio correndo abraçar sua irmã - Que bom! Você tá bem! Tava super preocupada!

—Relaxa. Você ainda vai ter que me aguentar muito - falou Anne para sua irmã.

—Te amo - disse Briana, abraçando Anne mais forte.

—Também te amo, baixinha - disse Anne, beijando a cabeça de Briana.

—Amiga, isso é uma lágrima no seu olho? - perguntou Cíntia, olhando para o rosto de Samanta.

—Que lágrima o quê? - falou Samanta - Para de ficar imaginando coisa.

—Ah, desculpa.

“Como ela pode ser tão fofa”, pensou Samanta, em um misto de raiva e comoção.

—Vocês chegaram bem na hora - disse Caxias - O rango já vai sair.

—Vem, Anne - disse Kelly - É só pegar os pratinhos de plástico aqui.

E sim, caso você esteja ecologicamente preocupado, eles tinham um saco de lixo próprio para levar os descartáveis e não poluir o ambiente.

—Ah, maravilha. Tô morrendo de fome! - falou Luciano.

—E então? - perguntou Ema, chegando perto dele de fininho - Como foi?

—Como foi o quê? - indagou Luciano.

—Vocês dois, dois jovens...sozinhos...no meio da floresta...só com roupa de banho - Ema já parecia devanear - Alguma coisa aconteceu, não aconteceu?

—A única coisa que aconteceu foi ter aturado essa menina fresca da cidade reclamando - falou Luciano, tentando ao máximo evitar contato visual - Ema, por que você não desiste logo disso, heim? Admita. Você errou nesse casal.

Ema não falou nada e só deixou ele ir encher a pança.

“É óbvio que aconteceu alguma coisa”, pensou ela. “Agora eles nunca mais vão ser os mesmos. É só questão de tempo para eles perceberem”

De fato, depois disso, Anne e Luciano certamente não foram mais os mesmos. Mas eles ainda precisam amadurecer mais antes de Ema comemorar mais um de seus ships. Essa história ainda está longe de acabar.


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Notas finais do capítulo

Tá mesmo. Ainda tem chão pela frente. Hehe.

No próximo capítulo, começamos um novo arco. Até lá! :)



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