Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 111
Deu efeito?




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Anne estava de olhos vendados para não bater os olhos em algum rapaz ou homem sem querer e acabar se apaixonando por tempo indeterminado (talvez para sempre). Mas Ema, combinada com Abílio, estava disposta a garantir que Anne cruze seus olhares com Luciano. Abílio “deu um jeito” de deixar Luciano desacordado para ser visto por Anne. Ele estava escondido perto da casa dela segurando seu filho. Agora, só restava a garota realmente olhar para ele. 

“Nem acredito”, pensava Abílio. “Finalmente meu filho vai se casar com uma família com futuro e eu vou tirar o pé da lama. Daqui uns anos os Montecarlo vão ser o maior restaurante da cidade e meu filho vai ser genro deles. Mal posso esperar!”

Esse povo adora sonhar, né? 

Ema chamou Anne na porta e o plano era aproveitar que ela poderia ver a amiga sem as vendas e colocar Luciano na cara dela. Era o que Ema estava esperando e, assim que Anne apareceu na porta de sua casa, qual não foi sua surpresa.

—Anne? Por que está vendada?

—Por quê? - repetiu Anne - Por causa dessa droga que eu engoli, lembra? Enquanto o Luís não voltar com o antídoto não tenho como ficar sem a venda.

—Ah, qual é? - falou Ema, como quem não quer nada - Somos duas meninas. Já sabemos que a pílula do amor não funciona com o sexo que não te interessa.

—Até poderia tirar, mas...você está armando para eu ver o Luciano, não está?

Ema arregalou os olhos com a sagacidade da garota, mas logo deu um jeito de se esquivar.

—Eu? - disse ela - Como você pode pensar isso de mim? Acha que eu iria me aproveitar dessa situação para juntar vocês dois?

—Acho - Anne disse secamente - Por isso coloquei a venda assim que abri a porta para te ver.

—Como pode pensar isso da sua amiga? - falou Ema, em tom ofendido, mas brincalhão.

—Deixa de drama, vai? - falou Anne - Ir até o portão é fácil vendada. Eu já abro.

“Tudo bem”, pensou Ema. “Só preciso arrancar a venda dela assim que ela se aproximar”

Mas bem nessa hora, Luís se aproximava da casa de Anne.

—Anne! Anne, meu amor! - disse ele, chegando em seus patins turbo. Infelizmente, ele não viu Abílio e Luciano que estavam no caminho, tropeçando neles e, por inércia, sendo lançado na parede da casa da menina.

—As pessoas costumam usar o portão antes de entrar, sabia? - falou Anne - É você, né, Luís?

“Justo agora”, pensou Ema, com lamentação.

—Sim, sou eu - falou ele, já esquecendo a colisão dolorida que teve - Eu terminei o antídoto!

—Já era hora. Não aguento mais ficar com esse negócio no meu olho - disse Anne - Espero que esse negócio funcione mesmo, pelo amor, heim?

—Claro que funciona. Fiz todos os ajustes necessários - disse Luís.

—Anne! - gritou Ema - Você confia mais no Luís do que em mim?

—E que outra escolha eu tenho, lindona? - falou Anne - Ele é o único que pode criar um antídoto para essa porcaria. Além disso, eu já estou sob efeito da pílula. Por que ele me daria mais uma?

—Exato - disse Luís - E, como prometido, tentarei conquistar Anne pelo método tradicional mesmo.

—Tem gente que não se enxerga mesmo - resmungou Ema.

—Como se eu me importasse com o que você pensa! - retrucou Luís.

—Ei, dá para deixar essa briga de comadre para mais tarde? - reclamou Anne - Vai, Luís. Dá logo o antídoto.

—É pra já - disse ele.

Luís segurou a pílula para tentar colocar na boca de Anne, mas ela apenas estendeu a mão para ele.

—Err...o que é isso? - perguntou Luís.

—Entrega o antídoto, por favor - disse Anne.

—Ah, achei que você quisesse tomar ele agora - falou Luís - Poderia testar aqui mesmo.

—E correr o risco de não fazer efeito? Vou tomar em casa enquanto vejo uma foto do Brad Pitt no meu celular. Se for para me apaixonar por alguém que seja por ele, né?

—Brad Pitt! - repetiu Luís, contrariado - O que ele tem que eu não tenho?

—Não tenho tempo para ficar falando por duas horas aqui, Luís. Por favor, o antídoto.

“Tudo bem. Só preciso arrancar a venda dela quando ela chegar mais perto”, pensou Luís.

Enquanto isso, Abílio, já recuperado do encontrão com Luís, tentava ouvir a conversa.

“O que aquela Ema tá fazendo?”, pensou ele. “Tira logo a venda da Anne que eu empurro o Luciano pra lá!”

—Ai, ai… - Luciano acabou acordando, finalmente - O que aconteceu?

—Desculpa, garoto - disse Abílio, tampando a boca do filho e falando em voz baixa - Foi por uma boa causa.

—O quê? O que aconteceu? Ai, levei uma pancada na cabeça...e se essa pancada me deixar idiota? Ai, ei, eu não devia estar arrumando o estoque?

—Depois você faz isso - disse Abílio, fazendo sinal para Luciano falar baixo - Agora fica quietinho, fica.

—Ei, aqui não é a casa da Anne? O que eu tô fazendo aqui? - falou Luciano, andando bem na frente da casa dela.

Anne ouviu a voz de Luciano na mesma hora.

—Eu sabia! Você não tem jeito mesmo, heim, Ema? - ralhou Anne.

Luciano não resistiu em provocar Anne ao vê-la com venda nos olhos.

—O que é isso? - falou ele, rindo - Tá fazendo o quê vendada assim, Anne?

—Idiota! - retrucou Anne - Eu não posso tirar essa venda!

—Andou assistindo Bird Box, é? - provocou Luciano.

—Não é nada disso. Para de falar do que você não sabe! - reclamou a garota.

—Tá, tá, não me interessa nada o que uma menina chata como você tá fazendo - falou Luciano - Vou é voltar para a lanchonete.

Anne não resistiu em se aproximar mais do portão para dar a última palavra.

—Pode ir - falou ela - Ninguém mandou se meter e…

Ema aproveitou a chance para tirar a venda de Anne assim que ela passou.

—Ops - disse Ema - Desculpa, querida. Achei que tinha um fiapo solto na sua venda. Mas você não amarrou direito, né? Não tenho culpa.

—Ema, sua…- Luís estava mordido de raiva.

Anne sentiu o coração bater mais forte. Luciano achou estranho.

—O que foi? - estranhou o rapaz - Tá me olhando por quê?

“Vai, vai!”, pensava Ema. “Agarra ele e lasca um beijão!”

“É agora! Apesar de tudo, deu certo!”, Abílio também estava torcendo à distância.

Após alguns instantes, Luciano quebrou o silêncio.

—O que foi? Vai ficar me olhando com essa cara de retardada até quando? - reclamou ele.

—Retardada é a sua vó, idiota! - disse Anne, dando um belo tapa em Luciano.

Luís ficou todo sorridente.

—Ai, não acredito - reclamou Ema, mordendo o lábio de raiva - Já passou o efeito.

—Nossa, passou - falou Anne, toda feliz - Sim, passou. No fim, não durou nem um dia!

—De fato, tempo indeterminado - disse Luís, ajeitando os óculos - Poderia ser mais ou menos.

—Livre, estou livre! - comemorou Anne - Ah, moleque! Como é bom não precisar usar a venda!

—Não entendi foi é nada, mas você é louca mesmo - reclamou Luciano.

—Nem precisa entender - falou Anne voltando-se para Ema com um olhar irônico - E então, Ema, quer pegar a pecinha do seu brinco ainda?

—Amiga, você não vai acreditar - disse ela - Imagina que achei ela no meu bolso?

—Sério, amiga? - falou Anne, sorrindo com todo o sarcasmo que podia - Você nem imagina como eu tô surpresa!

—Então é isso. Vou indo nessa - falou Ema, saindo de cena - Tchauzinho!

—Até mais, Ema - falou Anne, ironicamente - Mais sorte no seu próximo plano.

—Plano, é? - disse Luciano, coçando a cabeça - Bem que meu pai estava estranho. Ah, que se dane. Vou voltar para o estoque ou vou acumular mais trabalho.

E foi o que ele fez.

“Não foi dessa vez!”, pensou Abílio, frustrado após ver toda a cena.

—Ai, ai, tudo está bem, quando acaba bem - disse Luís, ficando de braços dados com Anne como quem não quer nada.

—Então, Luís - disse Anne, soltando o braço dele de modo nada sutil - Obrigado pelo esforço. Por hoje chega, né?

—C-Claro - falou ele, frustrado.

E assim terminou a confusão toda. Na volta ao seu laboratório, Luís olhava em suas mãos a pílula antídoto e uma outra pílula do amor que ainda restou das que preparou.

“Essa porcaria não serve para nada mesmo”, pensou ele. “Só me trouxe problemas. Nunca mais vou tentar manipular as emoções das pessoas com química”

Nisso, Luís acabou tropeçando em uma pedra, deixando cair a última pílula de tempo intederminado e uma porquinha que passava por ali, acabou comendo. Infelizmente, a porquinha olhou para Luís na mesma hora.

—Espera, não me diga que…

A porquinha começou a se esfregar na perna de Luís com um ar de apaixonada.

—Não me diga que ela funciona em humanos e porcos?! - exclamou ele - Vou te que anotar isso, mas agora como é que eu me livro desse bicho! Aaah, socorro!

O amor está no ar...por tempo indeterminado.


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Notas finais do capítulo

Citei Bird Box mas ainda não assisti esse filme, acredita? Preciso ver.

É isso aí, gente. No próximo capítulo, começamos um novo arco. Até lá! :)



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