Marinette estava na sacada, encarando o céu estrelado, com uma caneca de chocolate quente nas mãos e enrolada no seu cobertor.

A noite de Paris estava fria, mas nada que impedisse a garota de ficar ali sentada.

— Achei que já tivesse ido dormir. – disse uma voz surgindo do nada. O que assustaria qualquer pessoa, mas Marinette já sabia perfeitamente de onde vinha e a quem pertencia.

— Você disse que viria. Então eu não dormi. – o garoto loiro sorriu de canto e desceu do telhado, parando em frente à sua namorada.

— A luta acabou demorando mais do que o esperado, sinto muito.

— Sabe que eu não me importo com isso, é o seu dever. – Chat Noir sorriu novamente, se aproximou da garota e selou seus lábios.

— E é por isso que eu amo você. – trocaram sorrisos e o herói mascarado sentou na cadeira ao lado da garota e relaxou. – Eu estou tão cansado. O dia foi longo.

— Tem um corte no seu braço. – Marinette apontou preocupada.

— Ah! Não se preocupe com isso, não é nada demais.

— Tá bom! – ironizou. – Toma aqui e bebe, vou pegar um kit de primeiros socorros. – entregou seu chocolate quente nas mãos do namorado e saiu antes que o mesmo tivesse chance de protestar. – Voltei. – Marinette sentou na cadeira que estava antes e começou a cuidar do ferimento no braço de Chat Noir.

— Ai!

— “Não é nada demais”. – imitou a voz dele em um tom de deboche.

— E não é, mas ardeu quando você passou esse negócio. – fez careta e ela riu.

— Então significa que é alguma coisa. – o loiro apenas tomou um gole do chocolate quente, sabia que mesmo que tentasse discutir, sairia perdendo de qualquer forma. – Terminei.

— Obrigado.

— Sem problemas. – a garota colocou o kit de lado e relaxou a postura na cadeira. – O que seria de você sem a sua enfermeira pessoal?

— Com certeza um garoto normal e de castigo. Se o meu pai visse meus ferimentos, nunca mais me deixaria sair de casa.

— Você não vai saber se não contar a ele que é o Chat Noir.

— Isso está fora de questão! Você não conhece o meu pai! – falou dando uma risada de leve.

— Realmente. – a azulada suspirou, fazendo com que o herói ficasse em silêncio.

Faz exatamente três meses que ele e Marinette namoravam. Três meses de visitas noturnas, conversas profundas e troca de beijos e carícias no meio da noite e em segredo. No entanto, Marinette ainda não sabia quem era o cara por trás da máscara.

O garoto já achava arriscado demais namorar Marinette sendo um herói. Logo, contar sua verdadeira identidade também parecia perigoso. Se descobrissem que na verdade ele era Adrien Agreste e que sua namorada era sua colega de classe que vivia perto do colégio, poderiam ferir Marinette ou algo do tipo. E ele temia isso.

Era difícil ver a azulada no corredor da escola e não poder dar um abraço nela. Mas Adrien achava melhor do que colocar Marinette em risco.

Ao contrário do que parecia, sua namorada não o pressionava para contar – o que fazia Adrien a achar ainda mais incrível, se é que era possível –, mas era óbvio que estava curiosa. Afinal, quem não estaria?

— Sobre isso... – Chat Noir pigarreou e coçou a garganta – Acho... Decidi que seria uma boa você saber quem eu sou por trás da máscara. – ainda pensava que era arriscado. Mas se martirizou por dias sobre o assunto e concluiu que uma hora isso teria que acontecer se quisesse um futuro com a garota.

— Você tem certeza disso? – era óbvio que ela estava doida para ver Chat Noir sem a máscara, no entanto, não queria que o herói fizesse isso somente por impulso e que se arrependesse depois.

Era um passo importante na relação deles. Não podia ser algo feito de maneira impulsiva.

— Ainda acho que é arriscado, mas...

— Vale a pena! – completou. – Não me importo se isso for um risco, porque eu sei que você sempre vai me proteger. – Chat sorriu. Tinha prometido isso depois do primeiro beijo deles.

— É, eu sempre vou te proteger. – entrelaçou seus dedos nos da amada – Custe o que custar. – beijou a mão dela. – E é por isso que antes de eu te mostrar quem eu realmente sou, preciso que me prometa que não vai surtar, me bater ou me atirar da sacada.

— E porque eu faria isso? – o encarou desconfiada.

— Bem, digamos que você me conhece por trás da máscara. – inclinou a cabeça pro lado.

— Isso é sério? – Chat Noir assentiu. – Eu prometo então.

O herói levantou e estendeu a mão para Marinette, que segurou e foi puxada para ficar de pé na frente dele.

— Preparada para esse momento? – ela respirou fundo e assentiu – Quando quiser então.

Marinette posicionou as mãos no rosto do garoto loiro e encarou profundamente os olhos verdes. Em seguida, lentamente deslizou as mãos para a máscara preta e levantou devagar e com cuidado.

Assim que o rosto por trás da máscara foi revelado, a garota deixou a mesma cair no chão e se afastou alguns passos para trás, em choque. Escorou suas mãos na cerca da sacada e permaneceu ali encarando o loiro.

— Adrien?

— Sim, sou eu. – ele se aproximou – Está brava?

— Eu... Eu normalmente ficaria, mas não fazia ideia que poderia ser você.

— Então está decepcionada?

— Não, claro que não. Só... Você realmente me surpreendeu! – Adrien sorriu e se aproximou mais, até encostar seu corpo no da namorada e segurar a cintura dela com as duas mãos.

— Eu amo você, Marinette.

— Também amo você. – passou os braços ao redor do pescoço do garoto e o puxou para si, selando os lábios com um beijo apaixonado.

— O Nino sabe? – parou o beijo de repente, fazendo Adrien rir.

— Sabe. Mas eu não contei, ele acabou aparecendo lá em casa sem avisar e me viu entrando pela janela vestido de Chat Noir. – os dois riram.

— Isso é bem a cara dele. E a sua.

— Ei! – protestou.

— Agora que eu sei quem você é, precisamos esconder que namoramos na escola? – Marinette não queria precisar esconder seu romance, mas respeitaria a decisão de Adrien caso ele achasse a melhor opção.

— Acho que não. Desde que você não diga que também namora o Chat Noir, porque eu não quero ser traído nem de mentirinha. – Marinette riu.

— Eu nunca trairia você. Nem de mentirinha.

Os dois continuaram trocando carícias na sacada, enquanto observavam as estrelas incrivelmente brilhantes na noite fria e calma de Paris.

No final das contas, o herói de Marinette era ninguém menos que Adrien Agreste, sua antiga paixão de infância. Que agora, havia se transformado em seu novo amor para a vida toda.