Frida voltou com sua "vida normal" no dia seguinte. Conseguiu dormir durante quatro horas sem interrupção durante a noite. Levantou cedo e se arrumou para as aulas com ajuda de Sylvia. Não andava comendo direito e estava fraca então Sylvia a ajudou a se vestir. 

Tomou seu café da manhã sentindo os olhares dos amigos vindo da mesa da Grifinória, porém não ousou encarar. Sabia que deveria estar horrível esteticamente e eles estariam preocupados. Então preferiu apenas comer seu café em silêncio, apenas com Sylvia. Regulus preferiu ficar com Severo, mas ela não o culpava. Deveria ter o magoado o suficiente na noite anterior. 

Sua primeira aula foi História da Magia. Foi a primeira a chegar à sala e se sentar em qualquer mesa. Logo os alunos começaram a surgir e ela ficou com medo de Sirius se sentar ao seu lado e querer conversar. Mas quem fez isso foi Lily. O silêncio entre as duas foi constrangedor até a aula realmente começar. 

A ruiva pegou um pedaço de pergaminho e escreveu algo, colocando em frente à Frida em seguida. A loira olhou e leu o pedaço de pergaminho. Lily havia escrito "Oi" e desenhado um rosto sorridente. E aquilo foi o suficiente para Frey sorrir. Virou o rosto para a amiga que aguardava resposta e sorriu, escrevendo "Oi" em seguida no pergaminho e desenhando uma estrela, entregando a ruiva. 

Vindo daquele grupo, poderia se esperar qualquer coisa. Era primeiro de março e aniversário de Alice. Todos planejavam uma festa para a garota, mas apenas para os mais próximos e o tema seria “branco”. Em plena quinta-feira eles resolveram fugir durante o dia e comprar algumas coisas em Hogsmeade. 

Enquanto os marotos estavam encarregados de comprar bebidas e algo para comer, as meninas e Frank arrumavam a sala precisa. Lily convenceu Frida a participar da festa e ela parecia estar mais feliz. Ninguém lhe perguntou se estava tudo bem ou como ela estava. E isso para ela era maravilhoso, já que não queria falar a respeito. 

—Eu estou cansado _Frank declarou se sentando no sofá que a sala havia criado. As meninas penduravam luzes e fitas coloridas. 

—Querem uma pausa? _Alice perguntou e as meninas suspiraram aliviadas, se jogando no chão. Alice se sentou no sofá ao lado do namorado. 

Logo eles começaram com trocas de olhares e Sabina, que estava sentada de frente para eles estreitou os olhos. Virou-se para as meninas e gesticulou com a cabeça para dos dois. 

—Tem alguma coisa acontecendo? _Perguntou Sabi cruzando os braços. 

—É meu aniversário, oras _Alice respondeu sorridente. 

—Não é só isso _Lily constou também notando a diferença no sorriso da morena de cabelos curtos.— Conhecemos você. 

A morena trocou um olhar rápido com o namorado e eles sorriram um para o outro. Alice se voltou para as amigas e estendeu a mão direita. 

—Estamos noivos! _Alice exclamou e só faltou Frida desmaiar. Sabina, Lily e Marlene começaram a gritar e correram para abraçar os dois. 

Após digerir a informação, Frida se levantou e foi parabenizar os dois. 

—Quando aconteceu isso? _A dona e os cabelos prateados perguntou sorrindo. 

—Hoje de manhã. 

—De madrugada _disseram os dois ao mesmo tempo. Eles trocaram um rápido olhar após a discordância. 

—Ferrou _Marlene cruzou os braços._ Mal noivaram e já vão ter a primeira discussão de relação no aniversário dela. 

Frank e Alice gargalharam com o comentário da loira. 
Ninguém comentou sobre eles serem jovens demais. Ninguém disse que era errado. Todos parabenizaram e ficaram felizes pelos amigos. Sabiam que Frank e Alice se amavam como ninguém, então não tinha motivos para criar caso com a escolha dos dois. Apoiavam uns aos outros como ninguém. 

A festa foi agradável. Todos usavam roupas compostas apenas de branco e isso agradou a aniversariante, o que era a intenção. Porém a situação para Sirius e Frida não era uma das mais agradáveis. 

Ele ouviu os avisos de Alice antes da festa e resolveu não tentar falar com ela, para que a loira não fugisse ou se isolasse novamente. Então, qualquer olhar distante que ele lançava para a jovem, ela desviava os olhos, fugia do campo de visão do moreno, fazia o possível para manter distância. 

E toda essa distância parecia o estar sufocando. Nunca pensou que pudesse se sentir assim alguma vez na sua vida e isso o incomodava de uma forma absurda. Sentia uma abstinência muito grande da loira e isso lhe tirava o sono muitas noites. 

Não quis falar sobre isso com ninguém. Estava agindo normalmente, apenas mais quieto. Passou toda aquela semana indo para a cozinha durante a madrugada com esperança de ela aparecer, mas isso não aconteceu. 

James escreveu para seus pais explicando tudo o que aconteceu e sobre Sirius estar abatido. Ele sempre tentava conversar com o amigo, mas ele sempre desviada do assunto ou dizia que estava tudo bem, mas todos podiam ver que era o oposto. 

Tanto que, enquanto todos se divertiam na festa, Frida estava conversando com Sabina e a namorada de Remus afastadas e Sirius observando ao longe, com o terceiro como de whisky de fogo em mãos. Era evidente a expressão de derrota do moreno ao olhar para a loira do outro lado do salão. 

Estava acabado, mas nada que um copo de whisky de fogo não resolvesse. 

Ou não. 

Sexta-feira, dia da final de quadribol da escola. Já era a segunda semana de abril e a situação melhorava para todos, menos para Sirius. Apesar das contradições dos amigos, tentou falar com a loira, mas não teve muito êxito, já que Sylvia interviu e levou a garota embora. 

E nesse meio tempo ele começou a pensar em como a situação foi chegar até aquele ponto. Lembrou-se que nada teria acontecido se não tivesse ido atrás dela no trem. Talvez se não houvesse se apaixonado, ou não ter reconhecido que estava apaixonado, tudo poderia ter sido diferente. 

Com todos esses pensamentos ele se distraia da aula do professor Slughorn, olhando para o nada. Logo a aula terminou e a maioria ali foi para a sala onde haveria aula de DCAT. Frida ia à frente com Remus e Lily, enquanto Sirius caminhava alguns metros atrás, perdido em pensamentos, enquanto James tagarelavam em seu ouvido sobre o jogo que haveria mais tarde. 

Logo chegaram à sala e todos entraram, ajeitando-se em seus devidos lugares. Alunos vindos de outras aulas também se aproximaram e se aprontaram para a aula. O professor sorridente entrou na sala e passou pelas fileiras de cadeiras, indo até sua mesa e se sentando nela. 

—Sei que estão no último ano e preocupados apenas com as notas do N.I.E.M.s, mas hoje a aula é mais retrospectiva _ele disse sorridente, agitando a varinha e fazendo um grande armário aparecer ao lado da sua mesa._ O medo é algo irracional preso em nosso subconsciente. Porém ele sempre pode mudar e devemos aprender a lidar com ele. Levantem-se. 

Os alunos obedeceram e logo as cadeiras foram parar nas extremidades da sala. Muitos cochichavam sobre o que os outros veriam e isso deixava muitos nervosos. O professor foi chamando vários nomes aleatórios para se apresentarem a frente do armário e realizar o feitiço Riddikulus. 

Em alguns casos o bicho-papão se tornava uma serpente, algo que lembrasse a escuridão, dragões, aranhas, medos mais típicos entre as pessoas. Em outros casos se tornavam uma pessoa, um lobisomem, entre outros. 

Quando chegou a vez de Remus um lobisomem apareceu para ele. Em seguida foi a vez de Frida. Em sua cabeça ela achava que quem apareceria para ela seria Bellatrix ou o próprio Lord das Trevas, mas o improvável apareceu e a assustou. 

 O que saiu do armário parecia ser seu reflexo. Frida com um sorriso torto saiu do armário, o que deixou a original sem reação e espantada. Essa outra Frida parecia destemida e um tanto diabólica. 

—O que foi? _A cópia perguntou sorrindo ameaçadora._ Não me reconhece? Eu sou você, querida. Porém melhor. 

Quando Frida ergueu a varinha para lançar o feitiço em sua cópia, seu reflexo ergueu a manga da blusa e exibiu uma marca das trevas em seu antebraço. A loira arregalou os olhos com a imagem e seu corpo e sua mente apagaram. 

Tão rápido quanto o desmaio da loira, Sirius que estava próximo conseguiu correr e segurá-la a tempo de não cair ao chão. Logo surgiu um alvoroço na sala com o que aconteceu e o professor pediu silêncio para a classe. 

—Sabem o que houve? _O professor perguntou se agachando próximo a Sirius, a loira desmaiada em seus braços, Remus e Lily que estavam em pânico. 

—E-eu não sei _Lily respondeu desesperada gesticulando com as mãos. 

James se aproximou e puxou Lily, tirando-a de perto deles, que estava em estado de choque. 

—Você, senhor Black _o professor chamou._ Leve-a para e enfermaria. E leve Lily com você, antes que ela entre em colapso. 

O rapaz assentiu e pegou a loira nos braços, saindo da sala com a ruiva em seu encalço. Andou o mais depressa possível, o que não era difícil, devido à loira estar um pouco abaixo de seu peso normal. A ruiva atrás de si estava quase aos prantos, apavorada com o que aconteceu a amiga. 

Chegaram à enfermaria e Lily foi atrás da Madame Pomfrey. Sirius levou a loira até uma das camas e a colocou ali, endireitando-a no lugar. Logo a ruiva voltou com a enfermeira e ela tratou de checar o estado em que a loira se encontrava. 

—Ela ficará bem _disse a senhora._ Foi só um susto. Darei a ela uma poção para que acorde mais depressa e que lhe dará forças. Mas não precisam se preocupar. 

Lily suspirou aliviada e informou para a enfermeira que ficaria ali como companhia. A senhora saiu atrás das poções. 

—Acho melhor você ir se preparar para o jogo _a ruiva disse, já se sentando ao lado da maca._ Talvez ela piore se te ver aqui quando acordar. Eu te dou notícias. Sinto muito. 

O moreno assentiu cabisbaixo e deu uma última olhada no rosto adormecido e pálido da garota antes de sair da enfermaria.