Dear Mr. Potter escrita por JubsFeh


Capítulo 30
Capítulo Vinte e Nove: Todos Me Odeiam


Notas iniciais do capítulo

Não me odeiam por esse capítulo...


BOA LEITURA!

(Esse capítulo contém alguns gatilhos como depressão e suas consequências. Leiam as notas finais)



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Eles não conversaram a respeito do comportamento da loira. Porém, com o passar dos dias, Frida percebeu que deveria melhorar. Estava afastando muitos amigos e isso só piorava as coisas. 

Resolveu voltar a não ser tão evasiva e ríspida com os amigos. Também resolveu acabar com sua fase ninfomaníaca e não passar tanto tempo fisicamente com Sirius, mas sim como um amigo. Manterem a situação de relacionamento entre os dois estável. 

Havia percebido que aquilo nada mais era que uma forma que seus problemas psicológicos estavam se manifestando. Antes só possuía a maldita insônia, agora também estava começando a enfrentar sintomas que podiam ser relacionados a um quadro de depressão. Mas tentava a todo custo enfrentar da melhor maneira possível e, principalmente, não transparecendo às pessoas ao seu redor. 

Porém, enquanto melhorava de um lado, piorava do outro. Dormia apenas duas ou três horas por noite, vivia assustada ou dispersa, mas tentava não demonstrar ao máximo. Chorava e tinha pesadelos durante o sono. Cada vez mais ela regredia, afundando mais e mais em uma depressão, mesmo tendo ciência de seu estado e tentando evitar a todo custo. 

Quando conseguia dormir mais tempo era durante o dia. Às vezes passava o tempo livre dormindo, ou matava algumas aulas para descansar. Regulus a vazia companhia às vezes, pois havia adquirido medo de ficar sozinha. As noites ela fugia para a cama de Sylvia para não ter pesadelos. 

Aos poucos ia progredindo. Voltava a prestar atenção nas aulas e voltou a interagir melhor com os seus amigos. Mas os pesadelos ainda a perseguiam. Estavam no final de fevereiro, muitos até já se preparavam paras as provas. Porém, no sábado resolveram tirar uma folga e aproveitarem em Hogsmeade. 

Frida estava passeando pelHogsmead. Comprava alguns doces e passeava pelas ruas do vilarejo antes de dar seu horário de ir se encontrar com Sirius no bar Três Vassouras. Gostava de passar aquele tempo sozinha, principalmente enquanto caminhava pelas ruas do lugar. A primavera estava próxima e as ruas ficavam agradáveis. 

Os alunos e os moradores do vilarejo passeavam pelas ruas, ainda com pouca neve, porém com a temperatura mais agradável. Logo resolveu terminar seu passeio e decidiu ir para o bar, antes que acabasse ficando tarde. 

Caminhou apressadamente para lá, atraindo até certos olhares de algumas pessoas, que ela simplesmente ignorou. Mas, assim que abriu a porta do estabelecimento se surpreendeu. 

Seus olhos percorreram o salão e se depararam com Sirius sentado em uma das mesas como haviam combinado. O mais surpreendente nem foi esse fato, mas sim encontrar Avra McCormick sentada em seu colo e os dois se beijando. 

O ato mais prudente no momento foi sair dali batendo a porta, chamando atenção de muitos que estavam presentes. Saiu em passos firmes e se xingando mentalmente por ser tão estupidamente ingênua. Encolheu-se dentro de seu casaco e já estava no caminho para Hogwarts quando ouviu passos atrás de si. Praguejou alto por ter sido estúpida ao ponto de chamar atenção ao sair do bar. 

—Frida, espera _ouviu Sirius pedir correndo atrás dela. 

—Vá se ferrar, Black _ela mandou sem olhar para trás, sua expressão facial exibindo toda sua raiva e angústia. 

—Não é o que você está pensando _ele disse enquanto se aproximava. 

—Ah não, claro _ela revirou os olhos irônica, mas ainda com ódio. Mantinha as mãos em fechadas em punho e os nós de seus dedos doíam._ Até porque quando vemos uma garota no colo de um cara é apenas uma conversar. Só não sabia que pra isso precisava falar dentro da boca um do outro. 

—Foi um acidente _ele exclamou exasperado ainda andando atrás dela. 

—Sua língua escorregou acidentalmente para dentro da boca dela? _A loira perguntou com raiva e uma pontada de sarcasmo na voz. Apenas pensava em como era ingênua. 

—Gracinha, espere _o rapaz a puxou pelo pulso, porém Frida se virou com a varinha em punho, colocando-a apontada no pescoço dele. Nem havia percebido como tirou do cós da calça que estava escondida dentro do sobretudo vermelho que usava. 

No momento o ódio tomava conta dos olhos da loira. Sirius se assustou. Era a primeira vez que a via naquele estado e se lembrou das palavras de Sabina. Que ela poderia sucumbir às trevas. E tudo o que via naquele momento era uma comensal da morte puro-sangue. 

"Mate-o", "ele feriu você", "prometeu que não te abandonaria e foi se esfregar com outra na primeira chance que teve", "acabe logo com isso". 

Frey percebeu o que estava fazendo e recuou a varinha. Suas mãos tremiam de ódio e pavor e ela suava frio. Os olhos se arregalaram com o ato que percebeu que havia tomado. Deu passos para trás espantada. 

—Vá embora _ela pediu com a voz falha. 

—Frida eu... 

—Não chega perto de mim! _Ela gritou em desespero._ Deixe-me em paz! 

Então a jovem saiu correndo. Correu o mais rápido possível e até suas pernas doerem. Chegou rápido à escola e passou pelos corredores como uma louca. Sua expressão de medo era o que os outros viam enquanto ela ia rapidamente em direção à torre de astronomia. 

Subiu as escadas de três em três degraus e entrou na sala, porém ela não estava vazia. Lá estavam Marlene McKinnon e um aluno da Grifinória. Frida se assustou. 

—D-desculpe _ela gaguejou ainda com a voz embargada pelo desespero e agora também pelo cansaço._ E-eu vou indo. 

—Nem se incomode _Marlene deu de ombros._ Já estamos de saída. 

Frida assentiu e entrou na sala de cabeça baixa. Sentou-se no chão e enterrou a cabeça entre as pernas. 

O rapaz grifinório começou a descer a escadas e Marlene começou a segui-lo, porém parou na entrada e olhou para a outra loira na sala. Em um gesto, indicou para o rapaz que parou para lhe esperar ir embora e encostou-se ao batente da porta, cruzando os braços e olhando para Frida. 

—Dia difícil? _Marlene perguntou indiferente. 

—E você se importa com isso, por acaso? _Frida perguntou ríspida ainda com o rosto escondido. 

—Está bem então _ela ergueu os braços em rendição. Novamente, cruzou os braços._ Deixe-me adivinhar... Sirius. 

—Está querendo caçoar da minha cara? _Frey perguntou encarando ferozmente a loira da porta. 

—Que língua afiada a sua _Marlene constatou e começou a andar até Frida. Sentou-se ao lado da loira e cruzou as pernas._ Quer conversar? 

—O que você quer? _Frida perguntou finalmente. Suas feições eram um misto de raiva com a confusão de não entender porque Marlene Mckinnon estava tentando falar consigo._ Se quiser zombar de mim, vá em frente. Nunca nos demos bem mesmo e essa é a sua deixa perfeita. Faça. 

Frida pegou seu maço de cigarros do bolso e tirou um, colocando na boca. Procurou seu isqueiro, mas não o achou. Marlene estendeu um isqueiro vermelho e Frida a encarou. A loira com cachos dourados deu de ombros e apontou para o isqueiro com a cabeça. Frey receosa pegou o isqueiro e acendeu seu cigarro. 

—Você é igual a ele _Marlene constatou pegando o isqueiro após Frida acender seu cigarro. 

—Não me compare com aquele imbecil _Frida pediu enquanto tragava o seu cigarro. 

—Eu sei o que está sentindo. 

—Ah sabe? Vai me dizer que ele fez a mesma coisa com você e que eu fui estúpida e ingênua demais para cair na dele _Frida revirou os olhos. Estava se segurando para não chorar de raiva e dor. 

—Não, ele sempre deixou claro que não queria nada sério comigo e eu também _Marlene comentou com o olhar distante. Sorriu ao se lembrar do passado._ Mas antes dele  teve alguém. E eu gostava muito dele. Porém ele me deixou pela primeira oportunidade de alguém mais bonita ou sei lá. Sirius foi só alguém que apareceu muito tempo depois que eu já havia superado o outro. Mas era apenas diversão. 

"Sabe, eu não sei o que aconteceu com vocês dois. Para mim, pareceu que ele gostava de você. Mas não dá para confiar em homens. São uns idiotas." 

Aquela foi a gota d'água. Frida começou a chorar. Sem soluços, sem escândalo. Apenas lágrimas frias caindo, borrando sua maquiagem. 

—Não fique assim _Marlene pediu levando uma das mãos para afagar as costas da Malfoy._ Você foi ingênua? Infelizmente sim. Mas não pode reparar o que fez, apenas superar. Esqueça. 

—Por que está tentando me ajudar? _Frida perguntou, com a voz começando a falhar._ Você não gosta de mim. Na verdade, todo mundo me odeia. 

—Eu não odeio você. Apenas sou um pouco antipática e não ia com a sua cara. Mas, olhando agora, você não é uma pessoa ruim. 

—Eu sou _Frida secou as lágrimas das bochechas e jogou o filtro do cigarro fora._ Eu o ameacei com a varinha. Involuntariamente. Eu não queria machucar ninguém, mas quase fiz isso sem pensar. 

—E daí? _Marlene perguntou e Frida a olhou incrédula._ Fazemos coisas ruins quando não estamos bem. Agimos sem pensar. Não acho que isso nos torna, sei lá, um bruxo das trevas. Alice e Lily dizem que você é uma pessoa boa, então você deve ser. Acredito nelas. 

—Achei que não gostasse de Sonserinos. 

—E não gosto. Mas, vendo como você é agora, percebo que somos um pouco parecidas. Posso abrir uma exceção. 

—Isso é uma trégua? _Frida perguntou sorrindo um pouco. 

—Acho que sim _Lene gargalhou e se levantou, estendendo a mão para a outra loira se levantar. Frida aceitou._ Agora limpe esse rosto e enfrente essa situação como só vocês Malfoy conseguem fazer. 

Frey riu e seguiu a garota, indo em direção ao banheiro dos monitores. 

  

Pior do que sair do salão comunal durante a manhã era chegar a noite, quando todos estavam no salão. Assim que Frida passou pela parede das masmorras os olhares foram voltados para ela. Ergueu o olhar e se fez de indiferente, passando pelas pessoas como se nem ligasse. 

—Vejam só se não é a pequena órfã que chegou _ouviu Greengrass caçoar sentado em um dos sofás. 

Tratou de ignorá-lo e passar reto. Contudo, travou ao ouvir a próxima frase vinda do loiro: 

—Não basta a vadia ter perdido os pais, agora perdeu o namoradinho. Parece que não tem sorte, não é mesmo? 

O sangue da loira ferveu e ela se virou depressa, indo para cima de Edward e lhe acertando um soco. Puxou-o pela gola da camisa e o tirou do sofá, jogando-o no chão. Subiu em cima do rapaz e começou a desferir tapas e socos no rapaz, com lágrimas de ódio a cegando. 

Foi tirada de cima do loiro enquanto esbravejava por Regulus. Ela se debatia tentando se soltar e xingava o amigo, dizendo que estava defendendo o maldito Greengrass. Ao longe, Avra e mais outros alunos se aproximaram para acudir o rapaz caído, que estava com a boca sangrando. 

—Gostou, Edward? _Frida perguntou rindo diabólica. O olhar sádico e divertido em cima do loiro, enquanto os braços de Regulus a impediam de sair._ Se quiser apanhar mais, avise a vadia aqui. Vou adorar te dar outra surra. 

—Venha, Frey _Regulus a puxava em direção ao dormitório. 

Ele a carregou para o quarto e a deixou ali, voltando para o salão e indo resolver a situação que Frida causou. Sylvia logo apareceu e tentou falar com a amiga, porém Frey não ouvia nada, apenas entrou no banheiro e se enfiou dentro da banheira. 

Tomou banho e chorou. Chorou tudo o que precisava. As imagens de Sirius com Avra a torturavam e vinham em flashes direto em sua memória. Toda a dor acumulada por todos aqueles meses resolveram sair com aquela última rachadura em seu coração. 

Saiu do banho e vestiu um roupão. Foi até a pia do banheiro e a abriu o armário que havia abaixo dela, pegando uma tesoura que encontrou. Passou o polegar pela lâmina e notou que estava bem afiada ao sentir o corte no dedo, vendo o vermelho de seu sangue pingar sobre a pia de mármore claro. 

Pensou em passá-la por seu braço. Não seria uma morte rápida como uma das maldições imperdoáveis ou se jogar de uma altura muito grande. Estava cega por seus pensamentos ruins e isso a fazia ter atitudes imprudentes. Havia perdido tudo. Sua família, seu lar e a pessoa que jurou que não a abandonaria. Estava sozinha. Do que adiantaria continuar vivendo se fosse apenas para sofrer como vinha sofrendo? 

Só não enfiou a lâmina na artéria de um dos seus braços por sentir as mãos suaves de Sylvia no seu braço. A amiga puxou Frey para trás e a acolheu em seus braços, fazendo-a soltar a tesoura, que fez um barulho ressoar pelo banheiro ao ir de encontro com o chão. 

—Pode chorar, minha querida _Sylvia disse, afagando os cabelos loiros da garota._ Eu vou estar aqui pela manhã com você. 

Sylvia puxou a jovem de volta para o dormitório e a levou para cama, deitando-a e a cobrindo. Ela deu a volta e se enfiou de baixo das cobertas. Pegou as mãos de Frey e entrelaçou os dedos nos dela. Sorriu para a amiga. 

—Eu protejo você essa noite _ela sorriu. Frida assentiu e chorou, sem se interrompida pela morena. E ela gostava disso. Sem explicações, sem lhe darem conselhos ou motivações, apenas o silêncio aconchegante e os afagos da amiga, indicando que estava ali para o que precisasse. 

Quando tudo finalmente parecia começar a melhorar, a vida aparecia e conseguia estragar tudo. Sem esperanças. Era assim que Frida se sentia. Por perder toda sua família. Por se afundar em um grande poço de mágoas e sofrimento, sentindo como se nunca fosse haver um fim. Por assistir a pessoa por quem estava apaixonada não dar a mínima e estar com outra. E tudo o que conseguia fazer era chorar. 

Demorou em cair no sono mais do que o normal naquela noite. Sylvia passou o tempo todo abraçada na amiga, tentando deixar tudo menos complicada. Mas não seria um simples abraço e aconchego que resolveria a vida da Malfoy. Para ela, nada e nem ninguém poderia resolver. Estava fadada a dor. 


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Notas finais do capítulo

Sei que é um assunto um tanto quanto pesado para tratar em uma história e que pode afetar algumas pessoas por conter gatilhos como tentativa de suicídio. Alguns podem estar até achando extremamente exagerado e não condizente a personagem cogitar tirar a própria vida por conta de uma dia ruim e um término de namoro. Porém a personagem sofre de depressão, como talvez tenha ficado evidente ou não ao longo dos capítulos e ainda será um assunto recorrente na história.
Insônia, dificuldades para se relacionar ou confiar nas pessoas, aprisionamento a lembranças ruins do passado, falta de ânimo para qualquer coisa, incluindo sair da cama, ausência ou excesso de fome, entre outros podem ser indícios de depressão. Caso você sofra com alguns desses sintomas e suspeite de estar deprimido, por qualquer motivo grande ou menor que for pense que sua vida não vale mais apena, entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida) a qualquer hora pelo site https://www.cvv.org.br/ ou pelo número 188. Lá eles dão apoio emocional caso você chegue próximo a um ato extremo.
Procure apoio psicológico, algum atendimento psiquiátrico. Sua vida importa!

Esperam que tenham gostado do capítulo! Comentem o que acharam, sugestões, etc.

Até o próximo capítulo!



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